Tokio Marine lança D&O para abrir portas a outros produtos
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- Oscar Röcker Netto
- 18 de abril de 2016
- Sem categoria
Diretor Felipe Smith diz que apólice permite contato direto com tomadores de decisão; empresa quer se tornar uma das cinco maiores do segmento
A Tokio Marine está apostando em seu novo seguro D&O para ganhar espaço junto às empresas e atrair novos compradores para sua gama de seguros corporativos.
É o que afirmou à RSB o diretor executivo para produtos Pessoa Jurídica da seguradora, Felipe Smith. Segundo ele, por suas características, o D&O permite a uma seguradora ter acesso direto aos principais tomadores de decisão da empresa, o que pode render frutos também na hora de negociar outras apólices.
“Você fala com o presidente da empresa, com o diretor financeiro, jurídico. Isso nos ajuda a mostrar a companhia”, disse Smith. “No futuro, quando esse cliente receber de outras seguradoras propostas de property, empresarial, frota de veículos ou vida em grupo, já vai saber como a Tokio trabalha. Esse é um aspecto importante para entrarmos no D&O.”
A aposta, no entanto, exige bom preparo técnico acerca do produto, que, segundo Smith, demanda conhecimentos de outras áreas além do seguro, como o mercado de ações, por exemplo.
“Se o cliente não sente firmeza, já complica. Pode dar o efeito contrário da vantagem esperada se ele gostar”, diz o diretor. “Não é um produto para quem não conhece e não tem apetite. É preciso analisar qual é o risco de uma empresa com ação na Bolsa, de uma sem ação na Bolsa, das que têm ADRs [ações nos Estados Unidos], que tem acionista minoritário, grandes acionistas… Tem de ter um conhecimento técnico muito grande.”
O potencial do produto, no entanto, não deve estar passando batido por outras seguradoras que atualmente não trabalham com D&O. O executivo acredita que haverá aumento da concorrência, “o que é muito bom para o cliente”.
Lançamento
A Tokio Marine lançou oferta em D&O no mês de março, embalada por um crescimento médio de 20% ao ano desta carteira nos últimos três anos.
“Era um mercado concentrado e que ficou mais concentrado com a junção de players”, disse Smith. Em 2015, ACE e Chubb, que se juntaram a partir deste ano, dominaram quase metade dos prêmios da carteira.
“Não é bom para o cliente comprador nem para o corretor ter poucas opções”, avalia Smith. “Respeitamos os players que estão aí há mais tempo, mas não faz sentido ter uma concentração tão grande. É uma oportunidade boa para a gente.”
Movimentando R$ 300 milhões em prêmios por ano, o D&O, afirmou, “é bem razoável, importante e vem crescendo mais que outras carteiras”.
O diretor vê sua empresa como a “quarta ou quinta” maior força deste setor em um prazo de até cinco anos. “Toda área que a gente entra é para ser no longo prazo uma das grandes naquela linha de negócio.”
A empresa de origem japonesa que atua no Brasil há 56 anos tem uma forte presença nos seguros corporativos. Segundo levantamento da RSB com 37 produtos da área, ela foi a terceira que mais arrecadou prêmios nesta área em 2015, num total de R$ 887 milhões, para um índice de sinistralidade de 51%.
Segundo Smith, como empresa multiprodutos, a Tokio analisa permanentemente todos os mercados potenciais para grandes riscos. O D&O, diz ele, vinha sendo estudado havia um bom tempo pela companhia, que também entrou recentemente no seguro agrícola.
Proteção
Voltado a proteger o patrimônio pessoal de executivos contra eventuais danos causados por decisões tomadas no exercício de seus cargos, como questões trabalhistas e prejuízos financeiros, o D&O sofreu recentemente algumas mudanças em seu perfil de cobertura após a série de processos judiciais decorrentes da Lava Jato, alguns dos quais na Justiça dos Estados Unidos, além da brasileira.
Os preços subiram nos últimos meses, e as exclusões aumentaram nos clausulados — como é o caso do pagamento antecipado de custos de processos judiciais.
Vale e a Petrobras, por exemplo, — implicadas no desastre da Samarco em Mariana (MG) e na Operação Lava Jato, respectivamente — vêm enfrentando processos movidos por acionistas na Justiça norte-americana, uma que vez que ambas negociam ações por lá.
Smith afirma que a cobertura padrão da Tokio é muito semelhante à corrente no mercado e que a empresa pretende se diferenciar por meio dos serviços embutidos no seguro e por um preço competitivo (ainda que não necessariamente o mais baixo). “Vamos fazer precificação o tempo todo, cliente a cliente, analisando os riscos de cada um.”
Restrição
Segundo Smith, a Tokio Marine vai ter uma ação “um pouco mais restrita” em alguns setores mais arriscados devido principalmente ao momento atual, como o de empresas que participam do mercado de ações norte-americano.
“Não que não vamos fazer, mas vamos evitar”, diz ele. “Estamos começando do zero [no D&O], então vamos investir em áreas com menos risco para não ter possibilidade de sinistro no curto prazo.”
Sobre o efeito da Lava Jato no crescimento do produto, o executivo lembra que “infelizmente o seguro sempre é mais procurado quando se tem notícia ruim”.
Ele diz, no entanto, que quem vai atrás do seguro por conta do noticiário precisa prestar atenção às coberturas e estar ciente do uso que pode ser feito do seguro.
Serviço
Clique aqui para ver as condições gerais do novo D&O da Tokio Marine.
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