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Produto com defeito lidera perdas de responsabilidade, diz AGCS

Produtos com defeito constituem a principal origem das perdas de seguros corporativos de responsabilidade em todo o mundo. Isso de acordo com a Allianz Global Corporate & Specialty.

Segundo relatório divulgado em abril pela unidade de seguros corporativos da empresa alemã o setor traz peculiaridades. Por exemplo, o estudo revela que sinistros envolvendo produtos ou serviços que apresentam defeitos constituíram quase um quarto das indenizações pagas pela empresa e outros subscritores que compartilharam riscos com ela entre 2011 e 2016.

A segunda maior causa são os acidentes envolvendo colisão de veículos. Esse tipo de acidente motivou 22% dos pagamentos feitos no período. Apesar de estar em baixa graças a melhorias nos sistemas de segurança.

Em terceiro lugar vêm as perdas causadas por erro humano. Representam 19% do total. A AGCS analisou mais de 100 mil sinistros registrados em mais de 100 países. O relatório apontou US$ 9,3 bilhões em indenizações.

No Brasil, a maior causa de perdas de seguros de responsabilidades nos cinco anos pesquisados foram os danos ao meio-ambiente. Representam quase 60% dos pagamentos.

Em grande parte, este resultado foi influenciado pela tragédia de Mariana (MG). O resultado foi as empresas envolvidas (Samarco e suas controladoras, Vale e BHP Billiton) concordando em pagar US$ 48 bilhões em indenizações e multas. Além de US$ 2,8 bilhões para sanear danos ambientais.

O valor médio dos sinistros de seguros de responsabilidade pagos pela Allianz e outras seguradoras pesquisadas no Brasil no período foi de €219,6 mil. Para comparar, nos Estados Unidos, o valor foi de € 32 mil. E, em todo o mundo, € 88,4 mil. O que também aponta para uma influência de Bento Rodrigues nos números.

Tendências

Segundo a AGCS, a tragédia de Mariana ilustra uma tendência que já vinha sendo observada no Brasil. O aumento da exposição das empresas a perdas derivadas de danos ambientais.

Outra tendência é a de que há um potencial cada vez maior para grandes perdas de responsabilidade no setor industrial. Isso na medida em que as atividades das empresas se concentram em alguns nichos. Por exemplo, como os portos e as zonas industriais e as companhias expandem sua presença no exterior.

“O potencial para grandes sinistros no Brasil está crescendo. E vemos grandes sinistros tornarem-se ainda maiores,” afirma Tiago Santos Baldim no relatório. Ele é gerente de Sinistros da AGCS no Brasil.

Da mesma forma, o documento destaca como exemplo o incêndio que atingiu o porto de Santos em abril de 2015. Foi quando o fogo em um depósito de combustíveis da Ultracargo causou não apenas pesadas perdas materiais, mas também perdas de lucros cessantes e danos ambientais. Igualmente para as empresas diretamente afetadas como para terceiros.

Os riscos cibernéticos constituem outro tipo de sinistro em que o Brasil se destaca no relatório da AGCS.

A empresa estima que o Brasil é o quarto país que mais tem perdas deste tipo em todo o mundo, com US$ 7,7 bilhões por ano. Apenas Estados Unidos (US$ 108 bilhões), China (US$ 60 bilhões) e Alemanha (US$ 58 bilhões) sofrem mais com o problema.

Situação global

A estudo da AGCS mostra que as causas mais frequentes de sinistros de responsabilidade em todo o mundo são os acidentes envolvendo colisão de veículos e os tombos, tropeções e quedas de objetos, com 48% do total.

Como muitas destes sinistros envolvem baixos valores, porém, sua frequência não corresponde a uma proporção equivalente no total de valores pagos pelas seguradoras.

De fato, as dez maiores perdas ocorridas nos cinco anos analisados corresponderam a cerca de um terço do total de indenizações pagas, segundo a empresa. Quase três quartos do total de indenizações foram resultantes de apenas 754 sinistros.

A empresa também observa que são cada vez mais comuns os sinistros sofridos por grandes empresas que envolvem várias jurisdições diferentes, como a falsificação dos testes de emissão envolvendo a Volkswagen.

Esse caso também ressalta um dos motivos por que as perdas causadas por produtos e serviços defeituosos estão em alta. Com ações coletivas se tornando mais comuns em vários países (incluindo o Brasil) e órgãos supervisores se mostrando cada vez mais rígidos, esta é uma tendência que deve continuar no futuro, afirma a empresa.

Por exemplo, nos Estados Unidos, houve recall de 53,2 milhões de automóveis em 2016, contra 15,5 milhões há cinco anos. Outro caso ilustrativo foi o do Samsung Galaxy Note 7, um smartphone que foi alvo de um recall global por risco de explosão de sua bateria. O custo deste evento para a Samsung chega a US$ 5 bilhões, aponta o estudo.

Clique aqui para acessar o relatório em inglês.

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Axa do Brasil espera dar lucro um ano antes do previsto

A Axa do Brasil espera conseguir ainda em 2017 atingir o ponto de equilíbrio nas operações, que começaram em 2014. Assim já estima começar a dar lucro para sua matriz.

De acordo com Philippe Jouvelot, presidente da Axa do Brasil, a empresa se beneficiou das condições de mercado nos últimos anos. Mesmo apesar da crise econômica vivida pelo país,. Assim, deve chegar ao “breakeven point” de suas operações no país um ano antes do esperado.

“A crise não teve efeito negativo no nosso caso; pelo contrário”, disse Jouvelot a Risco Seguro Brasil. “Quando chegamos, a taxa cambial era muito favorável para quem estava entrando no país. E como consequência nossos gastos foram mais baixos do que havíamos previsto. As altas taxas de juros também ajudam os resultados das seguradoras. Assim obtivemos uma renda financeira bem superior à que havíamos previsto.”

“Neste ano nós esperamos dobrar nossa receita, ultrapassando R$ 1 bilhão. Mas o mais importante é que já em 2017 vamos chegar ao ‘breakeven’. Ou seja, um ano antes do que havíamos planejado,” acrescentou o executivo. “Logo o Brasil vai dar lucro para o nosso grupo.”

Integração

Jouvelot afirma que a Axa do Brasil tem hoje cerca de R$ 650 millhões em prêmios em todas as áreas de atuação. O número já inclui os negócios absorvidos com a aquisição da área de grandes riscos da Sul América, em 2015, que somavam R$ 188 milhões.

“O time se integrou muito bem. Estamos todos no mesmo organograma”, afirmou Jouvelot. “Agora os subscritores de grandes riscos fazem parte de uma empresa que vê a atividade deles como um core business.”

A aquisição deu à Axa uma presença mais forte nos segmentos corporativos em mercados como o Rio de Janeiro, e a integração ocorreu sem problemas, de acordo com o executivo. Hoje a Axa possui dez escritórios espalhados pelo Brasil.

Para Jouvelot, o investimento nos sistemas tecnológicos utilizados pela empresa e a manutenção de equipes de profissionais altamente qualificados têm sido chave para que os negócios cresçam ao mesmo tempo em que a empresa garante a robustez e a produtividade da operação.

“Em geral seguradoras que têm R$ 1 bilhão de reais de faturamento contam com cerca de 2.000 funcionários. Nós temos 420 na área de seguros”, disse Jouvelot. “Isso mostra a qualidade da digitalização da empresa, a qualidade da informática que isso requer, e a senioridade da equipe que necessitamos para conseguir tal produtividade.”

“Não acredito no sistema de ter milhares de funcionários com pouca formação e baixa produtividade ligada a uma burocracia manual. Esse não é o nosso modelo”, acrescentou. “Queremos ter poucas pessoas, mas bem formadas e bem pagas, e que têm ferramentas eficientes à sua disposição.”

Produtos massificados

Jouvelot disse que a Axa decidiu reunir na mesma estrutura tanto sua operação de seguro para empresas quanto a de produtos massificados. Isso significa que, ainda que as equipes de subscrição operem de acordo com suas especialidades, as operações de marketing e outras tarefas de apoio são comuns a todas as áreas da empresa.

“No Brasil, ao chegarmos em 2014, nós começamos diretamente desta forma”, disse Jouvelot. “Criamos um único comitê executivo e um time comercial também único. Obviamente temos departamentos técnicos especializado para as diversas linhas de atuação.”

Desta maneira, a seguradora francesa quer competir com os grandes do setor no Brasil. “Nossos concorrentes naturais são a Mapfre, a Bradesco, a Itaú, a Sul América, ou seja, as grandes seguradoras gerais”, disse o executivo. “Nós começamos com os riscos corporativos no Brasil, mas temos foco em todo o mercado. Estamos lançando mais ou menos um novo ramo a cada trimestre.”

Ele citou os setores de aviação, casco marítimo, transportes, garantia estendida, prestamista e vida como alguns ramos em que a Axa começou a operar desde que chegou ao país. “Também fechamos um negócio, por exemplo, com as Casas Pernambucanas, que chega a R$ 2 bilhões em prêmios para os próximos dois anos. Isso mostra a importância que damos ao mercado varejista para gerar negócios em seguros massificados.”

Dois em um

No sistema de estatísticas da Susep, os negócios da Axa do Brasil aparecem registrados sob duas rubricas diferentes: Axa Corporate Solutions (que reúne os prêmios adquiridos da Sul América) e Axa Seguros.

A primeira ocupa o 20º lugar no ranking de 39 linhas de seguros corporativos elaborados pela RSB, e a segunda, a 24ª colocação. A operação combinada das duas razões jurídicas fica na nona posição do ranking, com R$ 468,7 milhões em prêmios de seguros.




Brasil fecha 2016 como 15° maior mercado de seguros

Apesar de apresentar uma redução no ritmo de crescimento, o Brasil fechou 2016 como o 15o maior mercado de seguros do planeta em volume de prêmios. A informação é da Allianz.

Dessa forma, estimativas da empresa indicam que o mercado brasileiro chegou a €47 bilhões no fim de 2016. O equivalente a quase R$ 160 bilhões.

Com isso, o mercado brasileiro avançou oito posições no ranking global na última década. De acordo com a Allianz, o país era o 23o maior mercado do mundo em 2006.

Segundo a empresa alemã, os maiores mercados do mundo são os Estados Unidos. Os EUA representam €1,125 trilhão em prêmios. Seguido do Japão, com €399 bilhões. E da China, com €365 bilhões (ver ranking no gráfico acima).

Mercado se seguros

Porém, a classificação do Brasil muda muito, quando se mede o volume de prêmio de seguros por habitante. É quando o país aparece distante das primeiras colocações.

Portanto, neste ranking, a liderança pertence a Hong Kong, com €6.410 por habitante. Seguido pela Suíça, com €5.200. E a Dinamarca, com €4.470.

Todavia, considerando a população de 206 milhões estimada pelo IBGE no ano passado, o volume de prêmios per capita no Brasil se resume a menos de €230. Isso coloca o Brasil bem longe do ranking dos 20 principais mercados do mundo. Mas também indica o grande potencial de crescimento para a indústria seguradora no país.

Entre os maiores mercados do planeta, o Brasil é o que tem a mais baixa taxa de penetração,. São 2,9% do PIB. Nos Estados Unidos, a proporção chega a 6,7%. E na China, a 3,6%.

Negócio da China

A Allianz calcula que o volume global de prêmios de seguros aumentou 4,4% em 2016. O que estaria dentro das expectativas de longo prazo do setor. Isso apesar de uma leve desaceleração na comparação com 2014 e 2015.

Assim, o volume global de prêmios teria chegado portanto a mais de €3,65 trilhões.

Mas o número pode ser algo enganoso, segundo a empresa, já que boa tarde deste crescimento se deve ao forte desempenho do mercado chinês.

A Allianz nota que, dos €150 bilhões de prêmios adicionados ao mercado global no ano passado, cerca de €70 bilhões foram acumulados na China.

Da mesma maneira, eem a China, o desempenho do setor é bem menos impressionante. Uma vez que o crescimento global teria se resumido a 2,7%.

A influência chinesa é especialmente marcante nos ramos de seguros de vida. Setor em que o crescimento global de 4,7% teria se resumido a 2,3% sem o impulso dado pelo mercado chinês. O setor de seguros de vida cresceu cerca de 30% na China em 2016.

Dessa forma, o processo de expansão está apenas começando. Segundo a Allianz, os €170 que cada chinês gasta por ano em seguros de vida estão muito abaixo dos padrões dos países desenvolvidos.

No Brasil, os prêmios de seguros de vida, calculados em euros, caíram 2,1% no ano passado, diz a Allianz.

Retração europeia

A Allianz observa que em economias emergentes como a Índia, a Indonésia, a Rússia e Turquia, os prêmios de seguros estão se expandindo a um ritmo de dois dígitos. O que ajudou a manter o crescimento global no ano passado.

No Brasil, o volume de prêmios, medido em reais e incluindo planos de pensão, aumentou 9,2%. A informação é da CNSEG.

Em contrapartida, o setor também está crescendo de maneira saudável nos Estados Unidos. Na direção oposta vão os mercados europeus. Eles se retraíram no ano passado pela primeira vez desde 2012.

A Allianz estima que os prêmios medidos em euro baixaram 1,2% na Europa ocidental. Na Polônia e na República Checa, a queda já dura quatro anos.

Outro país em que os prêmios diminuíram em 2016 foi a Austrália.

Bens e responsabilidades

Pelos cálculos da Allianz, os mercados latino-americanos cresceram quase 5%, patamar comparável com o da América do Norte.

Porém, a região se destacou no que diz respeito aos seguros de bens e responsabilidades (P&C no jargão do setor). Os seguros se expandiram quase 12% nos mercados latino-americanos.

Trata-se de um desempenho superior ao da China. País em que estes ramos aumentaram 9% no ano passado. Em todo o mundo, os seguros P&C cresceram 4%.

No Brasil, porém, o crescimento não chegou a 3%.

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Crescimento é destaque na AXA, XL, Austral e Sompo em 2016

Seguro corporativo: graças à aquisição da área de grandes riscos da Sul América, a AXA Corporate Solutions fechou 2016 com um volume de prêmios 775% maior do que no ano anterior. Tornou-se assim a 20ª maior seguradora do Brasil.

Com isso, a empresa francesa foi a que mais cresceu na área de produtos para clientes empresariais em 2016. Está entre as 20 maiores do setor.

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Porém, em termos de crescimento orgânico, os destaques do ano entre as top 20 foram a XL. Cujo volume de prêmios de seguros aumentou 67% em 2016. E a Austral, cujo aumento chegou a 38,4%.

Já a Sompo, antiga Yasuda, foi a empresa que mais registrou crescimento de prêmios entre as cinco líderes do ranking. Com um aumento de 36,46%. O que a fez superar o patamar de R$ 1 bilhão em prêmios de seguros nas 38 linhas de seguros para empresas analisadas pela RSB a partir de dados da Susep.

Em contrapartida, no outro extremo da tabela entre as top 20 aparecem a Itaú Seguros, a AIG e a Aliança do Brasil. São empresas cujos prêmios caíram 25,3%, 15,3% e 13,1%, respectivamente.

As companhias cujo negócio cresceu mais rápido foram duas empresas de pequena presença no setor: a Previsul, cujos prêmios aumentaram em mais de 4.000%. E a Investprev, em que o crescimento chegou a 495%.

AXA CS X seguro corporativo

Contudo, a absorção do portfólio da Sul América Seguros levou os seguros corporativos da AXA a R$ 252,6 milhões em prêmios. Isso nos 38 segmentos pesquisados.

Em 2016, a AXA CS aumentou sua presença consideravelmente em ramos como Riscos Nomeados e Operacionais. Assim passando de R$ 2,2 milhões em prêmios de seguros para R$ 71,8 milhões, RC Transporte Rodoviário de Carga, de R$ 6,2 milhões para R$ 29,8 milhões, e Marítimos (cascos), de R$ 4,4 milhões para R$ 54,3 milhões.

A maior parte do crescimento, sem dúvida, se deve à transferência do negócio da Sul América. Cujo volume de prêmios nos segmentos analisados caiu em R$ 176,4 milhões no ano passado.

Mas a AXA CS também obteve importante crescimento orgânico. Principalmente porque já que reportou um aumento total de prêmios de R$ 224,1 milhões.

Curiosamente, outra unidade do Grupo AXA, a AXA Seguros, apresentou um crescimento de 168% em seu volume de prêmios de seguros corporativos. Assim chegando a R$ 216,1 milhões. Se os prêmios das empresas forem combinados, o grupo francês ocuparia a décima colocação do ranking.

XL

Da mesma maneira, a XL fechou o ano com R$ 267,5 milhões de prêmios. Foi o 18º maior portfólio no ranking da RSB.

Todavia, os ramos que mais impulsionaram seu crescimento foram Riscos Nomeados e Operacionais, que mais do que dobraram para atingir R$ 48,6 milhões. RC Geral, que passou de R$ 14,1 milhões para R$ 38 milhões. E Transporte Nacional, que aumentou em R$ 20 milhões para chegar a R$ 50 milhões.

Ao mesmo tempo, a empresa também apresentou notável crescimento em áreas como Riscos de Engenharia (de R$ 1,9 milhão para R$ 10,8 milhões), D&O (de R$ 13,2 milhões para R$ 18,1 milhões). Bem como RC Profissional (de R$ 3,1 milhões para R$ 7,2 milhões). Além das linhas de Transporte.

Contudo, em seu balanço anual, a XL reportou um prejuízo de R$ 19 milhões em suas operações no Brasil. Isso devido de uma alta da sinistralidade, que fechou o ano em 82% nas linhas pesquisadas.

Austral

Ainda assim, o braço segurador da resseguradora fluminense conseguiu aumentar seu negócio. Especialmente graças aos segmentos de Riscos de Petróleo e Garantia.

No primeiro, o volume de prêmios de seguros passou de R$ 70,3 milhões para R$ 103,1 milhões.

Já nas coberturas de garantia em que o segurado é o setor público, a Austral acrescentou quase R$ 50 milhões em prêmios no período de um ano. Assim chegando a R$ 136,6 milhões.

Enfim, com R$ 270,8 milhões em prêmios de seguros no final de 2016, a empresa chegou ao 17º lugar no ranking.

HDI

Por sua vez, a HDI Global reportou prêmios 71% maiores em 2016. Porém, grande parte do crescimento está relacionado à reorganização do negócio da HDI no país. Isso após a recente criação de sua unidade especializada em riscos de empresas.

Como resultado,  o volume de prêmios empresariais da outra unidade do grupo no Brasil, a HDI Seguros, caiu 69% nos ramos pesquisados. Computando os prêmios das duas unidades, a variação de 2016 para 2015 foi de 1%.

A reorganização da empresa fez com que a HDI Global acumulasse um importante portfólio em áreas como Riscos Nomeados e Operacionais (R$ 134,8 milhões em prêmios de seguros), RC Geral (R$ 48,8 milhões). Além de Transporte Nacional e Internacional (mais de R$ 52 milhões nas duas linhas).

Em seu relatório anual, a HDI Global reportou um lucro de R$ 2,2 milhões em 2016. Contra um prejuízo de R$ 7,8 milhões no ano anterior.

Sompo

Por sua vez, a Sompo obteve grande parte de seu crescimento graças ao bom desempenho do segmento de Riscos Nomeados e Operacionais,. Setor onde os prêmios de seguros passaram de R$ 90 milhões para R$ 175,6 milhões.

Também se destacaras os Riscos de Petróleo, onde a companhia tinha R$ 4,2 milhões de prêmios ao final de 2015. Porém, chegou a R$ 79,9 milhões no ano passado.

Em Riscos de Engenharia, os prêmios quase dobraram. Chegando a R$ 30,4 milhões. Da mesma forma, a empresa também registrou crescimento significativo em vários ramos de transportes.

Quem mais cresceu

A empresa que mais apresentou crescimento em 2016 foi a Previsul. Uma unidade da Caixa Seguradora especializada em seguros para famílias e pequenas e médias empresas.

O volume de prêmios entre os ramos pesquisados cresceu mais de 4.000% em um ano. Número totalmente concentrado no segmento de Crédito Interno. Ramo que a Previsul fechou o ano com mais de R$ 14,4 milhões em prêmios. Assim ocupando a 50ª posição no ranking da RSB.

A Caixa Seguradora pertence à CNP Assurances e à Caixa Econômica Federal. O grupo francês detém 51% do capital da empresa. A própria Caixa Seguradora apresentou um crescimento de 2,33% no volume de prêmios em 2015 nos ramos de seguro para empresas.

Já a Investprev quase sextuplicou suas atividades de seguros empresariais. Isso graças ao forte crescimento registrado em segmentos de transportes. Neste segmento, os prêmios passaram de R$ 9,2 milhões para mais de R$ 59 milhões em um ano. A linha de RC Facultativo para Ônibus foi o grande destaque da empresa, que fechou o ano na 36ª colocação no ranking.

As que encolheram

A redução do portfólio da Itaú Seguros se deu principalmente na área de Crédito Interno, onde o volume de prêmios caiu de R$ 151 milhões para R$ 63,2 milhões.

Já no caso da AIG, a principal queda ocorreu em Riscos de Engenharia: de R$ 45,9 milhões de prêmios em 2015 para R$ 1,4 milhão em 2016. O portfólio da empresa também caiu significativamente em RC Geral (de R$ 67,9 milhões para R$ 35,3 milhões) e Riscos Nomeados e Operacionais (de R$ 70,3 milhões para R$ 60,8 milhões).

A Aliança do Brasil, que faz parte do grupo BB Mapfre, apresentou quedas de prêmios significativas em Compreensivo Empresarial, Riscos Diversos, Crédito Interno e Marítimos (cascos).

Fora do grupo das 20 maiores, vale ressaltar a queda no volume de prêmios observada pela Generali. Nas 38 linhas selecionadas, a redução foi de quase 77%.

As principais linhas a encolherem na empresa italiana foram os segmentos de Transportes. Os seguros compreensivos empresariais também tiveram queda significativa.

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Mapfre e Chubb crescem pouco, mas mantêm liderança em 2016

Ranking dos seguros: em 2016, a Mapfre se manteve na liderança do ranking de seguros para empresas no Brasil.

Dessa forma, a seguradora, que atua no país em uma joint venture com o Banco do Brasil, fechou o ano com R$ 1,94 bilhão em prêmios de seguros. Porém, o volume de prêmios quase não variou com relação ao ano anterior. Já que cresceu apenas 2,66% nos 38 segmentos analisados pela RSB.

Isso significa que o negócio corporativo da Mapfre cresceu menos do que a média do mercado de seguros para empresas, que foi de 5,12%, e que a inflação, que bateu 6,29%, segundo o IBGE.

Contudo, a segunda colocação também não mudou com relação a 2015. Portanto, a Chubb chegou ao fim de 2016 com R$ 1,64 bilhão em prêmios. Isso se computados os prêmios registrados pela Susep tanto para a Ace Seguradora S/A quanto para Chubb do Brasil.

A Ace adquiriu a Chubb e assumiu o nome da tradicional seguradora americana em 2015. Igualmente, os prêmios combinados pelas duas marcas praticamente não variaram com relação a 2015, aumentando 0,4%.

A terceira colocada no ranking foi a Tokio Marine, repetindo o pódio de 2015. Ainda assim, a empresa japonesa teve um crescimento superior ao das outras duas líderes. Afinal, o volume de prêmios de seguros aumentou 7,21% durante o ano passado. Assim superando tanto a média do mercado quanto a inflação e fechando o ano em R$ 1,06 bilhão.

Ranking dos seguros: domínio de estrangeiros

Ao mesmo tempo, mais notável foi o crescimento da Sompo. A empresa conseguiu aumentar o volume de prêmios de seguros em 36,46% no ano passado, abocanhando a quarta posição e fechando o “clube do bilhão” com com R$ 1,02 bilhão em prêmios.

Dessa forma, a Sompo superou assim a Bradesco Auto/Re, que chegou a R$ 835 milhões após 10,89% de crescimento no ano. Mas a sucursal do Grupo Bradesco deve cair mais no ranking assim que for contabilizada a transferência de prêmios para a Swiss Re CS, como parte do acordo fechado pelas duas empresas em outubro.

Quando isso acontecer, é provável que a Bradesco Auto/Re saia do grupo das cinco maiores seguradoras corporativas do país.

Pelo ranking do final de 2016, a quinta posição seria então ocupada pela Allianz, cujos prêmios aumentaram 18,67% no ano passado, chegando a R$ 791 milhões.

A análise dos dados de 2016 confirmam o predomínio dos grupos estrangeiros no mercado de seguros para os clientes empresariais. Das 10 maiores do setor, 7 fazem parte de grupos internacionais: Mapfre, Chubb, Tokio Marine, Sompo, Allianz, Zurich e Sura.

Bradesco Auto/Re, Porto Seguro e Aliança do Brasil são as únicas brasileiras entre as dez maiores.

Se o ranking inclui as 20 maiores empresas, a proporção de estrangeiras para brasileiras é de 13 contra 7 (ver quadro acima).

Sinistralidade

As principais empresas do setor também conseguiram em 2016 reduzir de forma notável seus níveis de sinistralidade, um importante desdobramento em tempos de mercado brando, em que os resultados técnicos estão sob pressão.

Em alguns casos, a queda foi dramática. Na Chubb, de 129% em 2015, a sinistralidade baixou para 28% no ano passado. Na Fairfax, a redução foi de 125% para 23%, e na AIG, de 134% para 59%.

Nove das 20 líderes do ranking apresentaram sinistralidade em alta, mas os aumentos não foram tão fortes. A Tokio Marine, por exemplo, passou de 51% para 65%, e a Sompo, de 41% para 50%.

A maior variação aconteceu na XL: o índice de sinistralidade nas 38 linhas analisadas aumentou 26 pontos percentuais, chegando a 82%.

As linhas incluídas no levantamento:

Compreensivo Empresarial
Lucros Cessantes
Riscos de Engenharia
Riscos Diversos
Global de Bancos
Riscos Nomeados e Operacionais
Riscos de Petróleo
Riscos Nucleares
Satélites
D&O
Responsabilidade Civil (RC) Ambiental
RC Geral
RC Profissional
Transporte Nacional
Transporte Internacional
RC Ônibus
RCFV Ônibus
RC Transportador de Carga em Viagem Internacional
RC Transporte Ferroviário de Carga
RC Viagem Internacional de Pessoas
RC Transporte Aéreo de Carga
RC Transporte Rodoviário de Carga
RC Transporte Desvio de Carga
RC Transporte Aquaviário de Carga
RC Operador de Transporte Multimodal
Stop Loss
Crédito Interno
Crédito à Exportação
Garantia Segurado – Setor Público
Garantia Segurado – Setor Privado
Seguro Compreensivo de Operadores Portuários
RC Facultativo para Embarcações
Marítimos (Cascos)
DPEM
RC Facultativo para Aeronaves
Aeronáuticos (Cascos)
RC Hangar
Responsabilidade do Explorador ou Transportador Aéreo

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Seguro para empresas cresce abaixo da inflação em 2016

O mercado de seguro para as empresas cresceu abaixo da inflação em 2016, refletindo a difícil situação econômica enfrentada pelo setor.

Análise feita pela Risco Seguro Brasil com os dados referentes a 38 linhas de seguros empresariais disponibilizados pela Susep mostra que os prêmios acumulados aumentaram 5,12% no ano passado, comparado com uma inflação de 6,29% calculada pelo IBGE.

Em 2015, o crescimento fora de 6,62%. De acordo com a CNseg, o mercado de seguros como um todo, incluindo as linhas individuais e planos de pensão, expandiu-se em 9,2% no ano passado.

Assim, das linhas de seguros analisadas, apenas 17 conseguiram bater a inflação em termos de aumentos de prêmios. Portanto, quinze segmentos mostraram recuo no volume de prêmios de seguros.

Da mesma forma, a lista dos que encolheram em 2016 inclui o segmento de Riscos Nomeados e Operacionais. Igualmente, o segmento responde por 17% do mercado. Todavia, fechou 2016 0,3% menor do que em 2015.

O segundo maior segmento, Compreensivo Empresarial, também cresceu abaixo da inflação (2,3%), enquanto o terceiro colocado no ranking, Riscos Diversos, teve um desempenho bem mais notável, crescendo 15,12%.

Seguro para empresas por ramo

Entre as dez maiores linhas empresariais, o seguro Garantia para o setor público, que expandiu em quase 30% em 2016, teve o melhor desempenho, seguido por Tranporte Nacional, com quase 14%.

Mas a maioria das grandes linhas ficou abaixo da inflação, com Transporte Internacional (-6,3%) e Crédito Interno (-2,57%) puxando a rabeira.

O levantamento não inclui seguros agrícolas nem as linhas de seguro de vida coletivas adquiridas pelas empresas.

Os três segmentos que apresentaram maior evolução no ano passado foram seguros ligados aos transportes: Operador de Transporte Multimodal (76,7%), RC Hangar (75,3%) e RC Transporte Ferroviário de Carga (52,05%).

O seguro Global de Bancos, por sua vez, expandiu quase 45%. Linhas de responsabilidade nas quais o setor deposita esperanças de crescimento, como RC Profissional e RC Ambiental, também tiveram boa performance, com 29,2% e 21,5% de evolução positiva.

Já algumas linhas foram claramente afetadas pela crise econômica, além das vicissitudes enfrentadas por alguns setores específicos da economia. É o caso dos Riscos de Petróleo, que encolheram mais de 10%, o Crédito à Exportação (-7,2%), o Crédito Interno e o Transporte Internacional.

Sinistralidade

Outro efeito da crise no seguro para empresas foi a redução da sinistralidade nos setores pesquisados. A experiência internacional mostra que períodos de desaceleração econômica causam uma redução dos níveis das perdas nas linhas de seguros para empresas.

Em 2015, a sinistralidade das 38 linhas analisadas chegou a 71%, enquanto que em 2016 foi de 46%.

O efeito da fraca atividade econômicas pode explicar em grande parte porque a sinistralidade na maior das linhas empresariais, a de Riscos Nomeados e Operacionais, caiu de 107% para 34% no período de um ano.

No Compreensivo Empresarial, a redução foi de 57% para 50%, enquanto que nos Riscos Diversos foi de 35% para 24%.

Mas a queda da sinistralidade também pode ser atribuída a um maior cuidado dos subscritores na hora de trabalhar em algumas linhas onde o nível de risco aumentou sensivelmente no último ano.

Um exemplo claro é o dos seguros D&O, onde a sinistralidade passou de 47% para 38%. O segmento vem se mostrando cada vez mais seletivo como resultado da operação Lava Jato.

A linha de RC Profissional apresentou uma melhoria de 23 pontos na sinistralidade (de 61% para 38%), enquanto que a de RC Ambiental passou de 54% para apenas 16%. Mais uma vez, isso pode ser uma prova de maior rigor de subscrição após o desastre da Samarco, no final de 2015.

O maior aumento da sinistralidade ocorreu no ramo de Operador de Transporte Multimodal, onde chegou a 361%, comparado com 186% no ano anterior.

Mas os números deste segmento em particular tendem a se mover de forma violenta devido ao pequeno volume de prêmios envolvidos. Com apenas R$ 2,6 milhões de prêmios de seguros ao final de 2016, trata-se do segundo menor ramo analisado por Risco Seguro Brasil.

As linhas incluídas no levantamento:

Compreensivo Empresarial
Lucros Cessantes
Riscos de Engenharia
Riscos Diversos
Global de Bancos
Riscos Nomeados e Operacionais
Riscos de Petróleo
Riscos Nucleares
Satélites
D&O
Responsabilidade Civil (RC) Ambiental
RC Geral
RC Profissional
Transporte Nacional
Transporte Internacional
RC Ônibus
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RC Transporte Desvio de Carga
RC Transporte Aquaviário de Carga
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Stop Loss
Crédito Interno
Crédito à Exportação
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Garantia Segurado – Setor Privado
Seguro Compreensivo de Operadores Portuários
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Marítimos (Cascos)
DPEM
RC Facultativo para Aeronaves
Aeronáuticos (Cascos)
RC Hangar
Responsabilidade do Explorador ou Transportador Aéreo

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Seguro para riscos de petróleo espera reverter tendência de queda

Em queda há quatro anos, o mercado de riscos de petróleo vê perspectivas de melhora. Isso com a recuperação dos preços no mercado internacional. Bem como o esperado lançamento de novas rodadas de licitação de campos de exploração no Brasil.

Da mesma forma, o otimismo também se explica pelas medidas já implementadas  em estudo pelo governo para tornar o setor mais atraente para os investidores internacionais. Como o fim da obrigatoriedade de participação da Petrobras em todos os projetos do pré-sal, aprovado em outubro. Além da possível mudança dos critérios de conteúdo local nos projetos de exploração.

“O ambiente de negócios está melhorando na área de petróleo e gás. E as perspectivas para o setor segurador também são positivas”, disse Paulo Niemeyer Neto, diretor de óleo e gás da Aon Brasil, em entrevista a RSB.

A reversão de tendência seria muito bem-vinda. Uma vez que o volume de prêmios do segmento de riscos de petróleo caiu quase que pela metade em meia década.

Em 2013, os prêmios chegaram a R$ 720 milhões. Porém, no ano passado fecharam em R$ 390 milhões. Isso de acordo com dados da Susep compilados pela Aon.

Retração

A retração se explica pela crise econômica. Assim como a falta de novas rodadas de licitação e o envolvimento da Petrobras e outras empresas no escândalo da Lava Jato, entre outros fatores. “Como principal player do mercado, a Petrobras movimenta toda a cadeia de fornecedores”, disse Niemeyer. “Quando ela é impactada, toda a cadeia de petróleo e gás é afetada.”

Em contrapartida, a conjuntura doméstica foi agravada pela queda acentuada dos preços do petróleo no mercado internacional. A cotação do barril de petróleo cru Brent, referência do mercado, passou de uma média de US$ 112 em 2012 para US$ 46 no ano passado. Também segundo dados da Aon.

Porém, nos últimos meses, os preços têm se recuperado, passando de US$ 55. E o governo americano estima que o valor médio deve chegar a US$ 57,20 no ano que vem.

Mercado brando

De acordo com Niemeyer, a expectativa de que a Agência Nacional de Petróleo volte a promover rodadas de licitação de campos de exploração é bastante positiva para o setor.

“Afinal, sem novas rodadas de licitação, não há atividades exploratórias. E a cadeia produtiva da indústria não se move”, afirmou. “É fundamental que as rodadas tenham uma regularidade para gerar segurança jurídica para as empresas que vêm de fora.”

Assim, o governo estuda realizar três rodadas de licitação em 2017. Uma ainda no primeiro semestre e duas no segundo, de acordo com notícias publicadas pela imprensa. Espera-se que uma delas inclua campos do pré-sal.

Porém, como o setor de petróleo e gás exige enormes investimentos, que levam tempo para se concretizar, as melhoras não devem ser sentidas imediatamente pelo mercado de seguros.

“Neste ano o mercado segurador deve reagir. Porém, é em 2018 que devemos ver uma melhora um pouco mais nítida no mercado”, disse Niemeyer.

Segundo o executivo, hoje em dia,  o segmento de riscos de petróleo está bastante brando no mercado internacional. Motivo por que os compradores estão desfrutando de preços mais acessíveis.

“Contudo, não existem sinais de que o mercado pode endurecer em 2017”, afirmou. Segundo Niemeyer, houve um forte aumento de capacidade global no setor. Assim passando de US$ 5 bilhões para US$ 7 bilhões em um período de dois ou três anos.

No Brasil, Niemeyer disse que as seguradoras oferecem capacidades de US$30 milhões a US$100 milhões, e em alguns casos abaixo destes patamares.

Riscos de maior porte

Para os riscos de maior porte, portanto, a participação do resseguro internacional é fundamental.

“Para riscos de menor porte, conseguimos colocar até 100% do risco no mercado local”, afirmou. “Para riscos de médio e grande porte, é necessário envolver o resseguro. Cerca de 80% dos riscos de petróleo e gás emitidos no Brasil são hoje ressegurados.”

Niemeyer disse que há mais empresas trabalhando hoje com seguros de petróleo no Brasil, com cinco ou seis companhias bastante ativas no segmento.

Segundo os últimos dados da Susep, a Mapfre lidera o segmento com R$ 142 milhões em prêmios de seguros no final de 2016, ou cerca de 36% do mercado. Em seguida vêm a Austral (R$ 103 milhões), Sompo (R$ 79 milhões) e Fairfax (R$ 52 milhões).

Em 2013, a Itaú Seguros (hoje parte da Chubb) concentrava, sozinha, quase dois terços do mercado.

A Aon calcula deter 56% do mercado de riscos de petróleo entre as corretoras ativas no Brasil. A empresa está ampliando sua estrutura no país para lidar com este segmento, segundo o executivo.

Outros setores

Além dos riscos de petróleo, outros segmentos podem se beneficiar de uma retomada das rodadas de licitação, afirmou Niemeyer.

Ele observou, por exemplo, que a ANP exige garantias financeiras para as concessões, e que neste quesito as apólices de seguro garantia podem se apresentar como uma alternativa mais viável do que as fianças bancárias que muitas empresas ainda privilegiam.

Outro segmento que pode receber um empurrão é o de seguros D&O, ainda que neste caso alguns desafios se apresentam devido ao impacto da Operação Lava Jato, que atingiu em cheio empresas do setor.

A Aon está realizando reuniões do mercado com clientes do setor, mostrando para os subscritores que nem todas as empresas de petróleo e gás estão envolvidas na Lava Jato e  buscando soluções também no resseguro internacional.

Mas segue sendo um mercado difícil, com os preços dos prêmios em alta, e uma proliferação de exclusões, inclusive várias focando especificamente em possíveis sinistros relacionados ao trabalho dos promotores de Curitiba.

“É um mercado hoje que exige um certo critério, há ceticismo por parte das seguradoras, mas temos tido sucesso em renovações dos nossos clientes”, disse Niemeyer. “Acreditamos que em 2017 a tendência é de melhora para o seguro D&O.”

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CEO da XL Catlin prevê preços mais baixos com revolução digital

Revolução digital: o uso mais intensivo de novas tecnologias vai obrigar a indústria de seguros a modificar sua forma de trabalhar. Porém, também resultará em preços mais baixos para os compradores.

A previsão acima não foi feita por um guru tecnológico ou um fundador de uma fintech revulsiva. Mas pelo líder de uma das maiores seguradoras patrimoniais do planeta.

Mike McGavick, CEO da XL Catlin, afirmou durante reunião de gestores de riscos na França que a indústria seguradora está finalmente abraçando as revoluções tecnológicas. E que os efeitos para o seu futuro serão ao mesmo tempo empolgantes e ameaçadores.

Para os gestores de riscos presentes na plateia, a previsão mais sonora feita por McGavick foi a de que os preços das coberturas que eles costumam comprar devem ficar mais acessíveis. Um dos motivos é que os subscritores terão condições de utilizar um maior volume de dados. Isso para precificar os riscos e avaliar com maior acuidade sua exposição a perdas.

“Nós seremos capazes de ter uma maior precisão sobre o risco em si”, disse o executivo. “Assim poderemos fazer muito mais para evitar sinistros. E também para que as perdas que ocorram tenham um custo mais acessível.”

Momento extraordinário

“Estamos vivendo um momento extraordinário em nossa indústria”, disse McGavick durante o último dia dos Rencontres de l’AMRAE. Trata-se da reunião anual da associação dos gestores de riscos da França, em Deauville, no norte do país. “A indústria dos seguros finalmente se uniu à revolução digital e está usando as novas tecnologias para grande benefício das pessoas e das empresas.”

Ele afirmou que avanços em áreas como inteligência artificial e a capacidade dos equipamentos de aprender com as informações coletadas estão abrindo possibilidades antes inimagináveis para os subscritores.

McGavick afirmou que estes avanços estão fomentando seis grandes mudanças no setor. “Três delas são muito positivas. Uma é assustadoramente negativa. E duas simplesmente têm que acontecer”, disse o executivo.

A possibilidade de otimizar a precificação das coberturas, provendo seguros mais baratos, é incluída por McGavick no primeiro grupo. Outro avanço que ele considera positivo é a criação de novas maneiras de mutualizar o risco. Ao invés de focar nos usuários ou fornecedores dos ativos, as seguradoras agora cada vez mais vão olhar para os fornecedores de serviços na hora de avaliar o risco.

“Nós sabemos que hoje há mais de dez bilhões de equipamentos (conectados) no mundo. Desde máquinas e aviões a telefones e geladeiras. Eles estão comunicando-se entre si e criando cada vez mais informações”, afirmou. “Por volta de 2020, esse número deve chegar a algo entre 20 e 50 bilhões de dispositivos.”

Segundo ele, isso vai mudar a forma de mutualizar o risco. Já que o foco será cada vez menos nos usuários ou fornecedores. Dessa forma, deve se concentrar nos provedores de serviços utilizados através dos dispositivos. Será assim que a indústria terá acesso a mais informações. São dados que permitirão a redução de preços. Assim será possível reduzir tanto a frequência quanto a intensidade dos sinistros.

Grande risco

A terceira boa notícia é que, na visão de McGavick, tanta riqueza de informação vai ajudar a indústria a encarar o problema dos baixos níveis. Assim como a inexistência de capacidade que prevalece em algumas áreas do mercado.

“Hoje, o que ouço dos gestores de riscos é que, quando há algum novo desafio, nossa principal resposta é dizer ‘não’”, afirmou. “No futuro, esta nova capacidade de ter melhores informações sobre os riscos nos ajudará a dizer ‘sim’ com maior frequência.”

Contudo, a parte apavorante do processo é que a crescente interconexão do mundo significa que os malfeitores terão oportunidades cada vez maiores de realizar seus maus intentos.

“Trata-se de um nível espantoso de interconexões,” disse McGavick. “São riscos emergentes contra os quais as ferramentas de que dispomos hoje são claramente insuficientes.”

O que não há como evitar, observou o executivo, é a necessidade de elaborar novas teorias para avaliar exposições em responsabilidades. Um campo de estudo conhecido pela expressão inglesa “liability theory”. Segundo McGavick, hoje em dia já está difícil identificar quem é responsável pelo quê. E isso só vai se complicar ainda mais com a evolução das interconexões entre indivíduos, organizações e dispositivos.

E tudo isso levará a novas formas de parcerias entre os diversos atores do mercado. Como os subscritores, corretores, peritos e compradores. Eles terão que aprender a trabalhar com outros tipos de parceiros envolvidos na revolução digital. “Todo o ecossistema vai ter que mudar”, afirmou.

Tema quente

O encontro anual da AMRAE é uma das grandes oportunidades disponíveis para aprender quais são os temas que preocupam os compradores de seguro no mercado global.

Neste ano, ficou claro que a revolução digital e suas consequências estão no topo das preocupações de todos os atores do mercado.

Por exemplo, há quem acredite, que eventualmente os riscos cibernéticos vão se tornar a principal cobertura adquiridas pelas empresas. Outros tipos de coberturas, como as patrimoniais e de responsabilidade, acabariam se tornando complementos ao cobrir riscos não contemplados pela apólice cibernética.

A princípio, um tema quente é a possibilidade de adquirir coberturas contra perdas de lucro cessante quando não há dano físico. Um risco cada vez mais presente na época dos ataques cibernéticos. E que podem afetar a cadeia de suprimento de uma empresa mesmo que ela não seja diretamente atingida.

Especialistas presentes na conferência afirmaram que o mercado evoluiu na provisão de coberturas CBI. São aquelas coberturas conhecidas por sua terminologia em inglês (Contingent Business Interruption). Tanto que hoje elas já podem ser integradas tanto em contratos patrimoniais quanto em apólices específicas para cobrir este risco.

Porém, continua sendo uma cobertura difícil de contratar. Isso porque os limites das extensões em contratos patrimoniais tendem a ser baixos. E as apólices específicas feitas sob medida para cada cliente têm um custo elevado. Por esse motivo, ainda que o mercado aceite tomar o risco, ainda são poucas as apólices do tipo já firmada pelo mercado.




D&O deve ganhar versão para gestor público

João Francisco Borges da Costa, presidente da FenSeg.
João Francisco Borges da Costa, presidente da FenSeg.

Depois de ampliar sua presença entre executivos do setor privado, o seguro D&O (Responsabilidade Civil de Administradores, na sigla em inglês para Directors & Officers) deverá ganhar uma versão para gestores do setor público, que estão cada vez mais expostos a processos por conta de atos durante o exercício de suas funções.

O produto vem sendo desenhado por um comitê da Fenseg, a federação das seguradoras. Segundo João Francisco Silveira Borges da Costa, presidente da instituição, há boa possibilidade de ele entrar no mercado ainda em 2017 — é necessário também cumprir os procedimentos de aprovação na Susep.

A essência do novo D&O será a mesma do seguro tradicional, adiantou Borges em encontro com jornalistas em dezembro. Mas há algumas mudanças no perfil do produto. Os detalhes, no entanto, ainda não estão sendo informados pelo grupo de trabalho.

De acordo com ele, o seguro deverá ajudar na atração de gestores ao setor público, já que é comum a preocupação de profissionais com eventuais processos decorrentes de sua atuação.

Um dos casos recentes, por exemplo, foi o da troca de comando na Petrobras. Embora a empresa possa contratar o D&O tradicional, durante o processo que culminou na nomeação de Pedro Parente para presidência da estatal um dos motivos de resistência do executivo para aceitar o cargo foi a série de processos que enfrentou por conta do período em que foi ministro chefe da Casa Civil no governo Fernando Henrique Cardoso. Conforme noticiado pela imprensa, Parente levou dez anos para se livrar das pendências originadas.

Desempenho

Recentemente, o seguro D&O registrou forte alta, processo que no entanto também foi afetado pela crise econômica.

Em 2015, o seguro movimentou R$ 368,1 milhões em prêmios diretos, uma alta de 61,7% sobre os R$ 227,6 milhões comercializados em 2014, de acordo com dados da Susep.

Em 2016, os prêmios somaram R$ 272,2 milhões até outubro, uma alta nominal de 2,7% frente ao mesmo período de 2015 — mas bem atrás dos 10,8% de inflação registrada pelo IGPM no período.

O mercado é dominado pela Chubb, que em 2017 (até outubro) ficou com 45,7% do total de prêmios diretos. Em seguida, vêm a AIG (17%), Zurich (13,7%) , XL e Liberty (4% cada) e Fator (2,9%).

O aumento da demanda reforçou o time de players na carteira, como mostram o ingresso da Tokio Marine e da Travelers no mercado.

O produto também passou a ter mais penetração em empresas de menor porte, haja vista a crescente possibilidade de responsabilização de executivos na esfera civil.

Por outro lado, a alta na sinistralidade gerou algumas mudanças no perfil do produto. As apólices passaram a ser mais rigorosas, e os preços subiram nos segmentos mais arriscados. Isso, entretanto, abriu espaço para comercialização de coberturas extras no seguro.

O D&O é alvo de polêmica entre a Susep e os agentes do mercado desde outubro do ano passado, quando a superintendência publicou regras específicas para o produto que desagradaram tanto compradores do seguro quanto seguradores.

Guarda-costas

O seguro D&O protege os executivos caso eles venham a ser responsabilizados por algum ato do exercício de suas funções que tenha gerado dano ou prejuízo a terceiros. Entram neste cenário, por exemplo, danos ambientais causados pela empresa, ações tributárias ou trabalhistas, entre outras situações. A cobertura pode valer também para os herdeiros do segurado.

A cobertura é para os custos com advogados e também de indenizações. Segundo a corretora Aon, por exemplo, é muito comum os custos de defesa nestes casos superaem os milhões de reais.




Queda na subvenção trava crescimento do seguro rural

José Cullen, head de agro da Swiss Re CS.
José Cullen, head de agro da Swiss Re CS.

O governo federal destinou até meados de dezembro R$ 400 milhões ao Programa de Subvenção ao Seguro Agrícola (PSR). De acordo com o Ministério da Agricultura, a cifra é 42% maior do que a de 2015 e beneficiou ao longo do ano 75 mil produtores rurais e 5,5 milhões de hectares.

O valor está muito distante dos R$ 700 milhões destinados ao programa em 2014. Como o seguro é muito dependente dessa subvenção, o crescimento da carteira — que apresentou forte alta no começo da década — travou.

Para o head de agro para América Latina da Swiss Re Corporate Solutions, José Cullen, o valor atual subvencionado é baixo e deixa uma demanda grande represada no seguro agrícola. “O mercado utilizaria tranquilamente entre R$ 700 milhões e R$ 1 bilhão”, afirma.

Cullen calcula que o crescimento acumulado do mercado em 2016 fique entre 5% e 10% sobre o ano anterior — na melhor das hipóteses, portanto, um tanto acima da inflação estimada para o ano (6,4%, segundo o Boletim Focus do BC); na pior, um pouco abaixo.

Os prêmios diretos do seguro agrícola somaram entre janeiro e outubro, segundo os dados mais atualizados da Susep, R$ 1,5 bilhão — mesmo patamar registrado em 2015 inteiro. As altas antes da crise, no entanto, vinham dando mais envergadura à carteira, cujos prêmios cresceram 89% em 2013 frente a 2012, 32% em 2014, e 11% em 2015 (já sob efeito da crise).

A subvenção arca em média entre 30% e 70% do prêmio do seguro, dependendo da cultura a ser protegida pela apólice. Alguns estados, como São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais, entram com mais uma fatia do custo. Com isso, o produtor desembolsa em média entre 15% e 25% do prêmio.

A Swiss Re CS é um dos principais players do setor no país. O seguro agrícola representa, de acordo com os dados da Susep, 44,5% dos prêmios diretos da companhia em 2016, ou R$ 107 milhões do total de R$ 240 milhões até outubro.

À frente da seguradora suíça, estão a Aliança do Brasil, que somou um total de R$ 865 milhões em prêmios diretos, a Mapfre (R$ 208 milhões) e a Essor (R$ 130,8 milhões). Nove seguradoras registraram prêmios na carteira em 2016.

Sinistralidade

A crise atrapalha, mas o seguro também encarou um problema que vinha dando uma folga em anos recentes: o clima.

Esses problemas, no entanto, têm efeitos distintos entre as seguradoras. Entre as quatro grandes, por exemplo, a Swiss Re CS foi a que mais sofreu com sinistros em 2016. A sinistralidade saltou de 21% de janeiro a outubro de 2015 para 91% no mesmo período de 2016. “O ano foi complicado em termos de sinistralidade”, resume Cullen, notando que a seguradora passou por um processo de redesenho desta carteira.

Já os principais concorrentes — Mapfre, Essor e Aliança do Brasil — registraram queda na sinistralidade, passado respectivamente de 70% para 35%, 121% para 11% e 110% para 108%, sempre segundo a Susep.

Cullen cita que chuvas excessivas na safra 2015/16 afetaram a produtividade da soja; a seca atrapalhou a produção no Centro-Oeste; e as geadas complicaram os resultados da safrinha e do trigo.

Clima representa, desde sempre, o principal risco para produção agrícola. Tanto que desde 1966 há um mecanismo para garantir a estabilidade neste seguro. Trata-se do Fundo de Estabilidade do Seguro Rural (FESR). Em anos bons, as seguradoras fazem aporte neste fundo; nos ruins, sacam dinheiro para equilibrar as contas. O critério de saque é sinistralidade entre 100% e 150%. Entre 150% e 250%, de acordo com a Susep, não se aplica o fundo, sendo necessário um contrato de resseguro.

Em 2016, até outubro, a sinistralidade superou os 100% na carteira da Allianz (109%), Aliança do Brasil (108%), Excelsior (184%), Fairfax (108%) e  Sancor (114%) — a média de todo o mercado foi de 85%.

Potencial

Percalços como o risco político e o clima fazem parte do negócio. E como o Brasil é uma potência agrícola, o potencial do seguro é enorme na área.

Para a CNseg, os 61,5 milhões de hectares não cobertos por seguro rural são uma das grandes oportunidades para a indústria de seguro se desenvolver mais no país.

Segundo Cullen, só 10% das lavouras contratam o seguro atualmente — um número que já chegou a 15% em anos recentes. Outra forma de proteção, o Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), beneficia, de acordo com o especialista, outros 10% da produção. Quem opta por ele não pode receber o benefício do PSR.

Nos Estados Unidos, um dos mercados mais desenvolvidos no setor, entre 80% a 90% das lavouras fazem seguro, com o governo bancando subsídios da ordem de US$ 4 bilhões por ano, diz o especialista da Swiss Re.

Subvenção pública, aliás, é uma prática em todo mercado onde o seguro agrícola é mais desenvolvido, afirma Cullen. “Onde há seguro agrícola que funciona, há algum tipo de participação e apoio do governo.”

O norte-americano, por exemplo, além de bancar os prêmios também participa de alguns riscos e cobre alguns custos administrativos do seguro.

Risco político

O especialista da Swiss Re nota que, apesar do valor mais curto para o programa brasileiro, houve melhora do processo e da previsibilidade sobre os valores que de fato serão empenhados pelo governo no PSR.

“O planejamento dos recursos está mais bem definido”, avalia. “O governo está empenhando o dinheiro de uma forma mais rápida do que vinha fazendo.”

De qualquer forma, com as dificuldades recentes na política, as seguradoras acabaram sendo mais conservadoras em seus planejamento com a carteira.