Contratos inteligentes vão automatizar o seguro
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- Rodrigo Amaral, rodrigo@riscoseguro.com.br
- 6 de agosto de 2019
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Os contratos inteligentes estão chegando. E, com eles, uma maior automatização do processo de subscrição de seguros.
Contratos inteligentes, mais conhecidos no mercado pela definição em inglês, smart contracts, são acordos entre duas partes. Nesse caso, o papel e a tinta do documento tradicional são substituídos por código de programação.
A ideia é que, dessa maneira, ninguém possa escapar das obrigações contidas no contrato. Assim, já que eles são auto-executáveis, podem ser integrados, através de tecnologias como o blockchain, a todos os aspectos de uma relação comercial. Por exemplo, no mercado de seguros.
Mas até que ponto essa tecnologia emergente pode de fato revolucionar o setor de seguros para empresas? O Lloyd’s londrino publicou recentemente um estudo sobre o tema.
Leia abaixo as ideias mais interessantes:
Rapidez e menor preço
O caráter auto-executável dos contratos inteligentes cria o potencial de aumentar a automatização das apólices de seguros.
Para quem compra uma cobertura, isso significa que a execução de uma cláusula, no caso por exemplo de um sinistro, não depende da interpretação de peritos, de advogados ou do setor de gestão de sinistros da seguradora.
O Lloyd’s destaca que isso pode reduzir os níveis de litígio e eliminar etapas do processo. Isso possibilita uma redução dos custos em todo a linha de produção do seguro.
E, potencialmente, preços mais baixos.
Subscrição turbinada
Uma outra vantagem dos contratos inteligentes é que eles permitirão o armazenamento de uma elevada quantidade de dados sobre riscos e clientes.
Com esses dados na mão, por meio de ferramentas de inteligência artificial e machine learning, os subscritores terão condições de entender melhor os riscos e as necessidades de seus clientes.
Se fizerem bom uso desta riqueza de informações, poderão cobrar preços mais adequados. Além disso, a cada risco podem oferecer limites e condições mais ajustados.
Também já terão mais informações sobre seus clientes, reduzindo o tempo necessário para os trabalhos de due diligence e análise de risco.
Em tempo real
Em contrapartida, os contratos inteligentes abrem a possibilidade de adaptar as condições da apólice a mudanças nos parâmetros do risco.
Por exemplo, se um navio decidir cortar o caminho por uma zona de risco de pirataria, a fim de economizar combustível, pode fazê-lo sem que resulte na anulação da apólice.
Isso porque as duas partes podem firmar um acordo prévio. No acordo o preço e as condições da apólice são automaticamente atualizados. Isso pode ocorrer de acordo com as rotas tomadas pela embarcação e informadas ao contrato inteligente através do GPS.
Contratos inteligentes agilizam pagamentos
Mas não há dúvida de que, para o comprador de seguro, o potencial mais atraente dos contratos inteligentes é a possibilidade de agilizar o pagamento de sinistros.
A ideia é integrar este tipo de contrato. Isso através de tecnologias como o blockchain em coberturas de seguros como os produtos paramétricos. Eles podem ser acionadas por meio de critérios objetivos e mesuráveis.
Isso evitaria em grande parte as dores de cabeça que as empresas muitas vezes sofrem hoje em dia quando têm um sinistro de grande porte.
Uma vez que o sinistro – por exemplo, o nível de chuva em um determinado dia – ultrapasse o valor acordado no contrato inteligente, o pagamento da indenização se dará automaticamente e de forma irrevogável.
Em programas de grande porte, o contrato também já pode fazer com que as empresas que seguem o subscritor líder já autorizem o pagamento. Afinal, uma vez que o líder aprovar o sinistro, isso será feito automaticamente.
O Lloyd’s admite, porém, que este tipo de novidade tende a se consolidar. A princípio em sinistros de alta frequência e baixo valor. Nos grandes riscos, o mais provável é que os contratos inteligentes agilizem parte do processo de gestão de sinistro, e não sua totalidade.
Menos fraudes
O Lloyd’s também acredita que a adoção de contratos inteligentes pode também reduzir o número de fraudes nos sinistros de seguros.
Isso devido ao elevado nível de automatização e parâmetros objetivos incluídos no contrato. Todavia também porque as seguradoras terão maior capacidade de aprender com fraudes passadas.
Além disso, esses contratos devem ser viabilizados através de tecnologias como o blockchain. Esse tipo de tecnologia produz registros individuais para cada mudança feita no contrato.
Assim fica difícil para alguém tentar alguma malandragem sem ser notado.
Inteligência tem desafios
O Lloyd’s acredita que nem todos os segmentos do mercado de seguros corporativos vão poder adotar estas tecnologias de forma completa.
Seu maior potencial está em áreas como os seguros de aviação, transporte marítimo e agricultura, afirma o estudo.
No resseguro, há potencial nos contratos de resseguro automáticos, mas não tanto nos facultativos, onde há maior variedade de parâmetros envolvidos.
Para tudo isso se tornar realidade, porém, o mercado terá que lidar com desafio. Como a adaptação dos contratos inteligentes às novas políticas de proteção de dados. Além de criar mecanismos para que os clientes possam contestar decisões de pagamentos de sinistros ou de atualização de preços tomadas automaticamente pelos contratos.
Porque, por mais inteligente que seja o contrato, sempre vai haver clientes que não concordarão com a negação do pagamento de seus sinistros ou um aumento de preço na renovação da apólice.
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