Gestor de risco deve ter papel central contra ameaças cibernéticas
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- Rodrigo Amaral, em Deauville (França)
- 1 de fevereiro de 2017
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Presidente da francesa AMRAE diz que principal ameaça para as empresas é não tirar proveito das oportunidades criadas por novas tecnologias
O gestor de risco deve assumir um papel de liderança em suas empresas. Isso para enfrentar os riscos cibernéticos e outros temas ligados às novas tecnologias. É o que afirma uma das principais representantes europeias da profissão.
Brigitte Bouquot, presidente da AMRAE, a associação de gestão de riscos da França, convocou os profissionais do setor a ganhar espaço em suas empresas. Eles devem mostrar “liderança” em temas como os riscos cibernéticos. Bem como providencir uma visão estratégica sobre o tema para os conselhos de direção.
Da mesma forma, ela também afirmou que o mercado de seguros está trabalhando duro para oferecer soluções de transferência deste risco. Porém, que elas ainda seguem sendo uma mistura “barroca” de produtos e serviços.
“Em um mundo em que a conectividade entre as organizações está aumentando de forma exponencial, a gestão de riscos é global. E os gestores de riscos (ocupam um lugar) central”, disse Bouquot em discurso. A fala foi proferida na abertura da 25ª edição dos Rencontres de l’AMRAE. Trata-se da reunião anual dos gestores de riscos franceses, em Deauville, no norte da França.
“Gestão de risco, neste caso, não é algo que podemos impor: é algo que temos que conquistar”, acrescentou ela. Também observando que isto se faz mostrando liderança na hora de enfrentar os novos desafios das organizações.
Riscos e oportunidades
Antes de mais nada, o encontro anual da AMRAE é um dos principais eventos do setor em todo o mundo. Fica atrás apenas do americano RIMS em termos de presença de público e de companhias do setor.
Assim, neste ano, os riscos cibernéticos e novas tecnologias como a biotecnologia e a nanotecnologia ocupam lugar de destaque no evento. O encontro celebra em 2017 um quarto de século de existência.
O tema ganhou relevância ainda maior com os efeitos que as redes sociais e as chamadas “verdades alternativas” tiveram nas recentes eleições americanas. Bem como na difusão de ideologias contrárias à globalização.
Afinal, a própria França enfrenta eleições presidenciais e legislativas em 2017. Da mesma maneira, partidos contrários à globalização, como a Frente Nacional de Marine Le Pen, estão ganhando espaço nas pesquisas de intenção de votos.
Em seu discurso de abertura, Bouquot ressaltou que, quando a AMRAE começou a organizar os encontros, não havia nem sinal dos riscos tecnológicos que as empresas estão enfrentando hoje.
Porém, ela também lembrou que as novas tecnologias também trazem grandes oportunidades para as empresas. E que o principal risco que elas enfrentam é não ter a capacidade de aproveitar tais oportunidades.
Uberização da profissão
Os próprios profissionais de riscos podem ter de enfrentar ameaças. Como a de se tornar obsoletos devido ao surgimento de atores que rompem com os modelos de negócios em seu campo de atuação.
“Precisamos ter cuidado para não ser ‘uberizados’ pelos sistemas preditivos. Sistemas que visam causar um curto-circuito nas atividades de gestores de riscos e seguradores”, disse Bouquot. Ela também é a chefe de gestão de riscos e seguros da gigante de defesa Thales.
Igualmente, ela expressou uma visão otimista do papel que os gestores de riscos podem desempenhar no seio das organizações. Assim como da sociedade como um todo. Principalmente como resultados das transformações que estão ocorrendo atualmente.
“Vendo o quadro mais amplo, a gestão de riscos é uma das forças positivas que estão unindo interesses macro e micro. Isso ao reconciliar (os interesses de) acionistas e empregados, consumidores e eleitores”, afirmou a presidente da AMRAE.
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