Após aquisição, AXA promete mais flexibilidade em contratos
- 1000 Visualizações
- Rodrigo Amaral
- 11 de junho de 2015
- Sem categoria
Seguradora francesa, que comprou unidade da Sul América, prioriza oferecer produtos sob medida para clientes corporativos
Uma maior flexibilidade nos clausulados dos contratos é o diferencial que a AXA Corporate Solutions promete oferecer ao mercado brasileiro após a aquisição, em maio, da unidade de grandes riscos do Grupo Sul América.
Em entrevista exclusiva à Risco Seguro Brasil, Philippe Jouvelot, presidente e CEO da seguradora francesa no país, também afirmou que a operação vai acelerar a estratégia do grupo de crescer no Brasil pelo segmento dos seguros comerciais.
“A aquisição é chave para a empresa porque a AXA decidiu entrar no mercado brasileiro por meio das linhas de riscos corporativos”, disse Jouvelot. “A integração da nova unidade nos proporciona um avanço de quatro anos no plano de investimentos para o desenvolvimento da AXA CS no Brasil, que tem um prazo de 25 anos.”
QBE refaz planejamento para AL e retoma seguros corporativos no Brasil
Travelers parte para voo solo e aposta em gestão de risco para PMEs
Clausulado imposto pela Susep é ‘tecnicamente atrasado’
Yasuda Marítima quer crescer 20% ao ano em grandes riscos
Vice da ABGR cobra apoio do mercado contra ‘vírus mutável’ que são os riscos
Tokio Marine aposta em grandes riscos com investimento e novos produtos
Aumento de interesse atrai novos atores ao seguro de crédito
Além disso, para ele, a nova dimensão do negócio serve como um atrativo para os grandes clientes brasileiros.
“As grandes corporações gostam de fazer negócios com grandes seguradoras”, afirmou Jouvelot. “Pode ser um tema mais psicológico que outra coisa, mas a verdade é que agora somos grandes seguradores corporativos também no Brasil.”
A intenção é visar não apenas as empresas brasileiras que transferem grandes riscos para o mercado, mas também multinacionais que necessitam comprar coberturas no Brasil e integrá-las a seus programas internacionais.
“Cerca de cem subscritores vão se integrar à AXA CS com a aquisição”, informou o executivo. “A expertise que os novos colaboradores nos trazem é extremamente valiosa. Tendo em vista especialmente os programas internacionais, é muito interessante ter em nossos quadros gente que conhece o mercado local a fundo. E eles também nos proporcionam de forma imediata um novo escritório brasileiro, no Rio de Janeiro, que é o segundo maior mercado de seguros do país.”
Produto sob medida
Em uma afirmação que deve soar como música aos grandes compradores de seguro no Brasil, Jouvelot prometeu que a companhia vai se diferenciar por uma maior capacidade de elaborar contratos sob medida para seus clientes corporativos.
“A AXA CS aporta um nível extra de capacidade, especialmente financeira, e muito mais flexibilidade com os clausulados”, garante. “É importante ter flexibilidade com os clausulados para refletir as necessidades reais dos clientes e para tornar possível a integração das coberturas a programas internacionais.”
A rigidez dos clausulados é uma queixa comum de gestores de risco no Brasil. Seguradoras costumam reclamar, por sua vez, que a Superintendência de Seguros Privados (Susep) lhes dá pouca margem para inovação ao exigir que os clausulados sejam aprovados pelo órgão antes de ser vendido aos clientes.
Jouvelot, no entanto, acredita que desde o fim do monopólio do resseguro, em 2008, aumentou a possibilidade para as seguradoras darem uma resposta às necessidades de seus clientes. “Durante o monopólio, todo mundo tinha os mesmos clausulados nos contratos”, disse. “Mas a Susep tem o objetivo de modernizar o setor, mesmo que ainda exista no mercado alguma resistência contra mudanças.”
Transferência diversificada
Mesmo as restrições de transferências de riscos ao resseguro não precisam ser um obstáculo para uma empresa como a AXA CS, argumenta Jouvelot. Como exemplo, ele cita o fato de que as seguradoras não podem passar mais do que a metade de seus riscos para o mercado ressegurador.
“A restrição dos 50% de transferência de prêmios não se aplica a cada contrato de seguro”, afirma o executivo. “Ela se aplica ao portfólio total de uma seguradora. Portanto, se uma empresa possui um portfólio diversificado, ela tem a possibilidade de transferir ao mercado ressegurador uma proporção mais elevada de um grande risco para um cliente em particular, no contexto do programa internacional deste cliente.”
Otimismo
A AXA CS entrou no mercado brasileiro em 2013 e no passado recebeu autorização para montar uma resseguradora local. Segundo Jouvelot, a estrutura do grupo no Brasil permite oferecer coberturas requeridas por clientes cada vez mais globalizados. Ele também segue acreditando no potencial do mercado brasileiro, apesar do fraco desempenho da economia.
“O desenvolvimento do mercado de seguros no Brasil está mais relacionado com a penetração do setor na economia do que com o crescimento do PIB”, avalia. “Cinco anos atrás, os seguros representavam 1,7% do PIB. Hoje, a proporção ainda é de apenas 3%. Em comparação, na França atinge quase 10%. Há, portanto, potencial de crescimento, e a CNSeg estima que o volume de prêmios vai aumentar 15% neste ano.”
Leia Mais:
Empresa aprova 46 novos clausulados e vê margem para flexibilização
- Brasil 97
- Compliance 66
- Gestão de Risco 200
- Legislação 17
- Mercado 247
- Mundo 102
- Opinião 25
- Resseguro 105
- Riscos emergentes 10
- Seguro 198