Vice da ABGR cobra apoio do mercado contra ‘vírus mutável’ que são os riscos
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- Oscar Röcker Netto
- 13 de outubro de 2015
- Sem categoria
Para Vanderlei Pires Moreira, seguradoras e resseguradoras devem dar mais atenção a outras linhas além de property, e Susep, interferir menos
Os riscos a que uma empresas está exposta são como “um vírus mutável”, que se adapta a diferentes situações e podem causar estragos onde se achava que não mais poderiam. E as seguradoras e resseguradoras, assim como a Superitendência de Seguros Privados (Susep), poderiam prestar uma ajuda melhor às empresas no tratamento deste vetor de enfermidades corporativas.
É como Vanderlei Pires Moreira, vice-presidente da Associação Brasileira de Gerência de Riscos (ABGR) e gerente global de Riscos e Seguros da Weg Equipamentos, analisa o setor atualmente.
O executivo da empresa catarinense, que conta com filiais em 32 países e operações em 162, será um dos palestrantes do seminário bianual promovido pela ABGR entre os dias 26 e 28 de outubro em São Paulo (clique aqui para saber mais). Trata-se de um dos maiores eventos de gestão de riscos em todo o mundo.
Em entrevista à Risco Seguro Brasil, Moreira disse que as seguradoras estão muito focadas nos seguros de bens e propriedades (as chamadas linhas de property), não cobrindo apropriadamente outros riscos que as empresas enfrentam.
“Infelizmente neste ponto, não somente o Brasil, mas todos os mercados de seguro precisam ainda amadurecer e trabalhar intensamente com seus segurados”, afirmou. “As seguradoras e resseguradoras deixam esta tarefa com os corretores e, infelizmente, caímos no mesmo ciclo vicioso.”
Ele espera, no entanto, que a recente abertura do setor de resseguros no Brasil melhore a oferta de produtos corporativos no país. “Principalmente com clausulados mais claros e objetivos, com cobertura real ‘all risk’ e sem a interferência no órgão regulador”, disse ele. “A Susep neste ponto deveria apenas fiscalizar e não atuar como hoje atua.”
Continuidade dos negócios
Gestor de risco de um empresa de alta complexidade e atuação em várias partes do mundo, Moreira entende que a definição dos riscos prioritários de uma empresa é uma tarefa complexa cujo objetivo é evitar a interrupção das atividades.
“Nem sempre é fácil mapear os riscos a que empresa está exposta”, disse ele. “Mas nosso foco é sempre a continuidade dos negócios, para que tenhamos sempre o sinal de alerta ligado para todos os riscos possíveis de serem analisados.”
Mesmo com esse cuidado, que deve ser permanente, fatores excepcionais exigem atenção mais detalhada. Atualmente, afirmou, os riscos político e macroeconômico estão emitindo fortes sinais de alerta para os administradores brasileiros.
Ele também considera que ameaças emergentes como os riscos cibernéticos, de reputação e de cadeia de suprimentos, pedem atenção especial das empresas.
“São riscos que podem abalar a estrutura de muitas empresas solidas e consequentemente redução de mercado ou na pior dos casos o encerramento de operações”, observou.
Mão de obra dá trabalho
A complexidade dos desafios enfrentados pelas empresas, além das várias crises econômicas no Brasil e no mundo nos últimos, tem impulsionado a gestão de riscos no Brasil, na opinião do vice-presidente da ABGR.
Mas a atividade ainda se encontra em grande medida restrita às grandes corporações. “A maioria das empresas ainda nem ouviu falar [da função]”, avalia.
Ainda assim, o aumento da demanda por profissionais da área significa que não é fácil encontrar no mercado o talento em gestão de riscos que as empresas necessitam. “Para as empresas está cada vez mais difícil encontrar profissionais capacitados que lidam com a gestão de riscos”, afirmou.
A Weg, por exemplo, aposta na formação de seus próprios gestores de riscos, e metade dos profissionais que trabalham no setor foram recrutados dentro da própria empresa.
Para Moreira, as dificuldades com as quais o gestor de risco tem de trabalhar também incluem o serviço prestado hoje pelas consultorias da área, que, em sua opinião, têm um foco de prestação de serviço um tanto imitado.
“Todas [as consultorias] estão focadas em riscos específicos, o que torna o trabalho demorado e custoso para a empresa que optar por essa linha”, afirmou. “É preciso buscar a consultoria correta e sempre explicar os objetivos da empresa.”
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