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Seguro garantia à brasileira dispara e atrai estrangeiros

O seguro garantia judicial, em grande medida uma criação do mercado brasileiro, está crescendo a toque de caixa. E, no processo, atraindo atores internacionais para o mercado de seguros e resseguros do Brasil.

Daniela Durán, da Aon
Daniela Durán, da Aon

De acordo com dados da Susep, os prêmios de seguro garantia, incluindo tanto o segmento judicial quanto o de infraestrutura, expandiram-se mais de 60% nos primeiros oito meses de 2017. Isso na comparação com o mesmo período do ano passado.

Corretores consultados por Risco Seguro Brasil afirmam que entre 70% e 80% dos prêmios são derivados de contratos de seguro garantia judicial. Eles são utilizado por empresas na hora de colocar garantias financeiras para apresentar recursos contra decisões judiciais.

“Algumas emissões judiciais foram responsáveis pelo crescimento do mercado de seguro garantia no primeiro semestre”, disse Daniela Durán, gerente de Produtos Financeiros da Aon. “Estimamos que aproximadamente cinco apólices foram responsáveis por 50% do volume total. Assim sendo que a principal delas foi uma emissão da Petrobras.”

O garantia judicial à brasileira tem poucos similares no mercado global. Da mesma forma, experts dizem que o peso que o produto ganhou no Brasil não tem comparação em outros países.

Isso porque se trata de uma cobertura elaborada para resolver uma ineficiência típica da economia brasileira. A saber, a grande demora do Poder Judiciário em tomar decisões relacionadas a casos complexos em áreas como disputas tributárias ou trabalhistas.

“A situação no Brasil é única no mundo”, disse Eduardo Cruci, gerente de Linhas de Crédito da AIG no Brasil. “A demanda pelo garantia judicial está sendo movida por um sistema tributário extremamente complexo que está sempre mudando. Em consequência, gera altos níveis de judicialização.”

Para inglês entender

Portanto, o garantia judicial constitui um exemplo de cobertura desenvolvida pelo mercado de seguros para satisfazer as necessidades muito específicas de clientes corporativos no país.

Stephanie Zalcman, da JLT
Stephanie Zalcman, da JLT

O produto se beneficiou de decisões legais que autorizaram a utilização das coberturas como garantias em processos judiciais. Especialmente após 2014.

Também ganhou força porque os bancos, tradicionais fornecedores de cartas de crédito para as empresas apresentarem como garantias, estão tendo que se adaptar a normas de solvência mais rigorosas. Por esse motivo, se sentem menos dispostos a prestar este serviço.

Outras modalidades de garantia, como os ativos físicos ou os depósitos de capital próprio das empresas, constituem usos bastante ineficientes dos recursos de uma organização. Considerando que podem ter de ficar imobilizados por vários anos. Ou até décadas nos casos mais extremos. Como naqueles em que a Justiça se mostra particularmente demorada.

“As empresas perceberam a economia em contratar o seguro garantia judicial em relação à fiança bancária. Além da agilidade do seguro, a melhoria nos seus balanços. Também o não comprometimento das linhas de crédito junto aos bancos etc”, afirma Álvaro Igrejas, diretor executivo de Financial Lines da Willis Towers Watson.

Contudo, a procura cada vez mais forte pelo produto atraiu novos atores para o mercado. Incluindo seguradoras e resseguradoras internacionais. Elas tiveram que aprender como funciona essa cobertura tipicamente brasileira.

Garantia judicial

“Alguns aspectos do garantia judicial são difíceis de explicar para parceiros internacionais”, disse Luis Menezes, superintendente de Seguro Garantia da Marsh. “Por exemplo, a duração das apólices, que normalmente é de cinco anos. Porém, em alguns casos, precisam ser renovadas por até 20 anos.”

Conforme afirmou Menezes, seguradores e resseguradores acostumados a trabalhar em mercados com baixos níveis de inflação e taxas de juros civilizadas também precisam entender como é importante que os contratos abordem a questão da correção monetária dos valores envolvidos.

Mas a estranheza não está impedindo a chegada de novos subscritores. Corretores lembram que, há uma década, havia meia dúzia de provedores de seguro garantia no mercado. O monopólio de resseguro do IRB limitava as alternativas de coberturas e uma seguradora, a JMalucelli, controlava cerca de três quartos do segmento. Dessa forma voltado puramente ao setor de infraestrutura.

Álvaro Igrejas, da Willis Towers Watson
Álvaro Igrejas, da Willis Towers Watson

Porém, agora,  há mais de 30 empresas registradas na Susep . Um mercado amplo para oferecer seguro garantia. Isso com a modalidade judicial emergindo como o principal foco dos novos participantes. Recém chegados ao mercado incluem a Cesce, Euler Hermes, BMG e Axa.

Internacionais

Resseguradores internacionais também estão cada vez mais de olho neste setor. Afinal, estima-se que cerca de dez resseguradores provêm capacidade para seguro garantia, muitos deles participando de contratos da modalidade judicial.

“Por um tempo, o mercado de resseguros não entendia o seguro garantia no Brasil. O que é realmente bastante particular”, disse Stephanie Zalcman, diretora da Garantia da JLT.

Contudo, atualmente alguns resseguradores que preferiam entrar neste segmento em contratos facultativos, a fim de aprender a lidar com os riscos, já aceitam participar também de contratos automáticos. Alguns estão buscando aumentar suas cotas nos contratos. E há rumores de que novos resseguradores baseados em Miami, na Europa e até na Ásia estão planejando participar deste mercado.

Potencial

O que atrai tantos novos participantes é o potencial do mercado. Rogério Gonçalves, superintendente de Garantia da Axa no Brasil, cita algumas estimativas. Segundo as quais há hoje mais de R$ 100 bilhões em garantias financeiras imobilizadas nos tribunais. Elas poderiam ser trocadas por apólices de seguro garantia.

Ainda que seja improvável que as coberturas substituam todas essas garantias, não é difícil imaginar que R$ 1 bilhão em prêmios de seguro garantia judicial seja gerado. Principalmente na medida em que tais garantias precisem ser renovadas. E, assim, as empresas decidam liberar capital. Ou ainda utilizar suas linhas de crédito bancárias para fins mais produtivos.

Segundo a Susep, os prêmios do seguro garantia, em todas as modalidades, chegavam a R$ 1,8 bilhão nos oito primeiros meses do ano.

No entanto, o potencial do seguro garantia, não se limita ao segmento judicial. O mercado também espera que a demanda por produtos de garantia para obras, como os performance bonds, bid bonds e completion bonds, ganhem força nos próximos anos. Principalmente na medida em que voltarem os investimentos em infraestrutura.

Foi esta possibilidade que animou a Axa, por exemplo, a montar um departamento de seguro garantia no Brasil. O setor começou a funcionar em junho de 2016. Mesmo mês do impeachment da presidente Dilma Rousseff.

“Nós demos início a operação no auge da crise”, disse Gonçalves. “Mas queríamos estruturar nosso departamento e estar preparados para quando a economia começasse a crescer outra vez.”

Retomada

A perspectiva é que isso aconteça a partir de 2018. Uma vez que a economia já começou a dar sinais de retomada. Eo sucesso de recentes de leilões de concessões de petróleo, energia e aeroportos indicam que os investimentos podem voltar em breve.

“Estamos vendo um número maior de empresas estrangeiras com planos de entrar no mercado brasileiro de infraestrutura”, afirma Cruci, da AIG. “Como temos uma forte relação com essas empresas, estamos otimistas para o ano que vem.”

“Esperamos que o mercado de garantia continue a crescer. E a um ritmo ainda mais forte”, acrescentou Gonçalves. “Além do garantia judicial, o aumento da parcela dos projetos de infraestrutura a ser coberta pelo seguro garantia também deve dar um impulso ao mercado.”

Nova lei

O aumento mencionado por Gonçalves elevaria os níveis de cobertura do seguro de garantia de infraestrutura. Dos atuais 5% para 30% do valor do projeto, quando este supera R$ 100 milhões.

Também está sendo discutido a elevação do limite para 20% nos casos de projetos inferiores a esse patamar. Da mesma forma, de 1% para 5% no caso dos bid bonds, apresentados pelas empresas a fim de participar de uma licitação.

Essas mudanças estão sendo discutidas no Congresso Nacional. Isso no âmbito da nova Lei de Licitações, que ainda está em tramitação .

Especialistas consultados por Risco Seguro Brasil acreditam que, se tais mudanças se tornarem realidade, o mercado receberá um forte impulso. Ao mesmo tempo em que será menor o risco de projetos de infraestrutura não serem concluídos.

Em contrapartida, a nova lei também prevê que as seguradoras assumam a responsabilidade de conclusão de um projeto. Isso caso o concessionário que comprou a apólice se torne inadimplente. O que seria feito buscando uma nova empresa para terminar as obras.

Outras importantes inovações da Lei de Licitações incluem exigências de matrizes de riscos mais rigorosas. Além da apresentação de projetos executivos para as concessões de obras de infraestrutura.

A nova lei também permitirá ao Estado que exija outras coberturas. Como a garantia dos participante das licitações. Isso poderá dar um novo gás para segmentos como os seguros de engenharia ou responsabilidade civil.

Riscos

Mas o projeto também apresenta riscos para o setor. Como a pressão feita por alguns parlamentares no sentido de que as apólices de seguro garantia cubram 100% do valor das obras. Da mesma forma como ocorre nos Estados Unidos.

Para André Dabus, diretor de Infrastructura na Marsh, tal medida inviabilizaria o produto. Teria um efeito contrário ao objetivo da lei, que é o de garantir que as obras sejam finalizadas.

“A indústria tem procurado mostrar ao Congresso que o que o Estado realmente espera do seguro garantia é uma ferramenta que lhe possibilite cumprir sua missão de prover infraestrutura de qualidade para a população”, observou Dabus. “Para isso, tudo que esta ferramenta precisa fazer é cobrir os custos de substituir uma empresa inadimplente por uma outra.”

Para isso, em sua opinião , o limite de 30% é adequado. A cobertura do valor total da obra colocaria pressão excessiva sobre a capacidade dos subscritores. Faria com que menos empresas participassem do mercado.

Conforme afirmou Dabus, a Lei de Licitações também traz outros riscos em potencial para o setor. Por exemplo, há planos de impingir às seguradoras passivos da empresa segurada. Ainda que não estejam relacionados com o projeto coberto pela apólice

Coberturas

Outro possível vetor de desenvolvimento do seguro garantia pode vir de uma maior aceitação das coberturas por parte do BNDES, Banco do Nordeste e outros do gênero.

“Outro desafio é ampliar a demanda por parte dos bancos de desenvolvimento do produto completion bond”, disse Gustavo Henrich. Ele é vice-presidente da JMalucelli Seguradora.

“Trata-se de um instrumento que aumenta a segurança destes bancos nos financiamentos de longo prazo ao garantir que o empreendimento financiado será concluído. Consequentemente gerará os recebíveis necessários que irão compor o pacote de garantias para repagamento da dívida exigido pelos bancos.”

Há ainda mais um fator que pode pesar no desenvolvimento do mercado. O aumento da sinistralidade observado nos últimos meses. Isso como resultado da interrupção de vários projetos de infraestrutura, como a concessão do aeroporto de Viracopos.

Em agosto, a sinistralidade chegou a 40%, de acordo com a Susep. Comparada com 21% no mesmo mês do ano passado. E, como o garantia judicial é um produto ainda recente, o mercado ainda não sabe que níveis de sinistralidade vão ser a característica desse produto.

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O ano que pode quebrar recorde de perdas catastróficas

Sim, são perdas catastróficas. Pois o acúmulo de eventos catastróficos dos últimos meses pode levar a perdas seguradas de até US$ 190 bilhões em 2017. Isso de acordo com a agência de avaliação de crédito Fitch.

Neste caso, as perdas acumuladas podem ter um impacto significativo sobre as reservas de capital de seguradoras e resseguradoras. Assim afetando suas avaliações de risco, conforme afirmou a empresa em uma nota.

Nos últimos dois meses, os Estados Unidos e o Caribe foram afetados pelos furacões Harvey, Irma e José. Na última semana, outro furacão, o Maria, causou grande devastação no Caribe e no território americano de Porto Rico.

Além disso, dois fortes terremotos atingiram o México em setembro. O segundo dos quais destruiu propriedades na Cidade do México, capital e principal centro econômico do país.

Por motivos variados, apesar das grandes perdas econômicas causadas, nenhum dos eventos foi suficiente para, sozinho, afetar as reservas do mercado de seguros.

Porém, a indústria pode sentir os efeitos da agregação de perdas seguradas. Segundo a Fitch, elas devem superar US$ 100 bilhões.

No cenário mais negativo, o número pode ser de até US$ 190 bilhões. Nesse caso, será uma das maiores perdas já sofridas pela indústria de seguros e resseguros em um só ano.

Maria

Em sua nota, a Fitch cita estimativas da empresa de modelação de riscos Air Worldwide. Segundo a qual o furacão Maria terá causado perdas asseguradas de até US$ 85 bilhões.

O Maria foi especialmente destruidor em Porto Rico. Na região, matou 16 pessoas de acordo com as últimas estimativas.

O custo do Irma, que atingiu a Flórida e o Caribe, é estimado em US$ 50 bilhões, e o do Harvey, em US$ 25 bilhões.

Já os terremotos do México devem custar US$ 3 bilhões ao setor. Dessa forma, a esses números devem-se somar os US$ 20 bilhões em perdas no que foi um benéfico. Porém já distante primeiro semestre para a indústria.

A Fitch estima que as empresas de seguro patrimonial dos Estados Unidos, mais afetadas pelos eventos catastróficos, acumulam cerca de US$ 700 bilhões em reservas de capital regulatório.

Já a indústria global de resseguros, que vai absorver parte do baque, tem outros US$ 600 bilhões, incluindo fontes de capital alternativo.

Estes números mostram que, ainda que as perdas acumuladas se confirmem no ponto mais alto das estimativas, a indústria tem capital suficiente suficiente para absorvê-las.

Mas as perdas são de tal magnitude que empresas individuais mais expostas aos furacões e terremotos podem ver suas reservas de capital afetadas.

Em alguns casos, segundo a Fitch, esse pode resultar no corte das avaliações de risco de crédito dessas companhias. As mais expostas são seguradoras locais de Porto Rico e da Flórida.

A empresa cita, no caso portorriquenho, a Universal, que faz parte do grupo Mapfre entre as seguradoras patrimoniais com maior parcela do mercado.

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Tecnologia prepara segurador versão ‘Exterminador do Futuro’

A tecnologia está em alta. E sua empresa está preparada para a chegada para o subscritor de riscos versão Exterminador do Futuro?

Segundo especialistas em tecnologia, o profissional de subscrição “bombado” pode ser o resultado da implementação de novas tecnologias. Por exemplo, como a inteligência artificial e machine learning no dia-a-dia das seguradoras.

A previsão da chegada da tecnologia.  Um subscritor de riscos com poderes comparáveis aos do androide celebrizado por Arnold Schwarzenegger nos anos 1980, foi feita por Paul Taffinder. Ele é o diretor de Estratégia e Inovação da MS Amlin. A previsão foi divulgada em um seminário em Londres, em junho.

Taffinder se referia à possibilidade, cada vez mais concreta, de que a tecnologia vai permitir aos profissionais de subscrição deixar de lado o rame-rame da burocracia. O que atola as seguradoras atualmente para dedicar mais tempo ao trabalho de avaliar riscos. Assim como precificá-los e negociar as melhores coberturas com seus clientes.

Contudo, para que isso aconteça, as seguradoras estão implementando tecnologias capazes de transformar operações típicas do back office. Como o preenchimento de formulários regulatórios, em processos automáticos.

Tecnologia X investimentos

Além disso, logaritmos podem fazer com que a pesquisa de informações sobre um risco complexo, que é parte importante do processo de subscrição, dure alguns minutos. Ao invés de dias, como acontece hoje.

Contudo, esse processo está acontecendo na medida em que as seguradoras e resseguradoras internacionais. E tanto as grandes como as de menor porte. Investem em estruturas para desenvolver, avaliar ou fomentar pesquisas em novas tecnologias. Assim como depois gerir sua implementação.

“Hoje podemos conversar com vários CTOs, CDOs ou CCOs, que são posições que, até pouco tempo, não existiam nas seguradoras”, disse Keith Stonell. Ele é diretor executivo para a Europa, Oriente Médio e África da Guidewire, uma empresa tecnológica americana voltada ao mercado de seguros.

Os cargos mencionados são os de Chief Technology Officer (Executivo-chefe de Tecnologia), Chief Data Officer (Executivo-chefe para Dados e Informações) e Chief Customer Officer (Executivo-chefe para os Clientes).

“As seguradoras hoje estão mais abertas a aprender sobre novas tecnologias e a investir nelas”, continuou Stonell. “Isso não quer dizer necessariamente que as decisões serão mais rápidas, mas há mais diálogo hoje do que três ou quatro anos atrás.”

Inteligência artificial e drones

As mudanças adotadas pelo mercado e que chegam às manchetes dos jornais tendem a ser vistosas. Como a adoção de drones para avaliar os danos causados por catástrofes naturais.

Da fato, nos Estados Unidos e Canadá, hoje até há uma empresa, a Fluttrbox, que criou um serviço que funciona de forma similar ao Uber para colocar drones à disposição das seguradoras com um clicar de botões.

Porém, as que realmente podem mudar a maneira de ser do mercado de seguros têm um caráter mais discreto. Como, de passagem, costuma acontecer em um setor célebre por seu conservadorismo.

Tratam-se de tecnologias como o uso de inteligência artificial. E machine learning para acelerar tanto o processo de subscrição como a avaliação do sinistro quando a apólice é acionada.

Isso implica utilizar logaritmos para comparar a história de sinistros de uma empresa, de um setor ou de um tipo de evento em particular no banco de dados de uma seguradora ou consórcio de subscritores.

Com máquinas superpoderosas. Igualmente capazes de aprender com a experiência de comparar milhões de dados a cada vez, o processo, que hoje pode durar vários dias, poderá ser resolvido no futuro em um par de minutos.

D&O

A análise rápida de dados fornecidos pelos clientes é especialmente útil na venda de seguros massivos. Assim onde já está algo avançada nos mercados mais desenvolvidos.

Mas Anand S. Rao, um expert em novas tecnologias da PwC nos Estados Unidos, afirma que este processo, conhecido como “augmentation”, também pode ter efeitos dramáticos no dia-a-dia dos subscritores de riscos comerciais.

“Nós vamos ver os subscritores reunindo informações para dar suporte a suas decisões com a ajuda de profissionais de inteligência artificial”, afirmou Rao. “Ao invés de precisar três dias para pesquisar todos os dados. E mais um dia para tomar a decisão baseadas neles. A informação estará disponível em uns poucos segundos.”

Como exemplo, ele cita a subscrição de riscos complexos e alto valor em segmentos como D&O e E&O. Em que o subscritor necessita realizar pesquisas aprofundadas a respeito dos riscos propostos.

Histórico de riscos

Nesses casos, é necessário coletar informações sobre a empresa que está adquirindo a apólice e seu histórico de riscos. Bem como a incidência do risco em todo o setor que ela opera Assim como casos antigos de processos judiciais envolvendo a empresa e o setor. Além de consultar documentos de tribunais, artigos de jornais e outras fontes de informações.

Um trabalho e tanto para um subscritor e sua equipe. Porém, não tanto para computadores capazes de coletar e ruminar milhões de dados por segundo.

Com menos tarefas deste tipo em seu dia-a-dia, o subscritor terá mais tempo para buscar novos clientes. Dessa forma, garantir que os atuais estão contentes.

Processos semelhantes podem ajudar as empresas a tomar decisões rápidas sobre o pagamento de sinistros. A liberação do dinheiro pode ser automatizados através dos chamados “contratos inteligentes”. Eles decidem se o pagamento é devido ou não sem a interferência de um humano. Também utilizam a tecnologia blockchain para fazer o dinheiro chegar rapidamente à conta bancária do cliente.

Regulamentação

“Definitivamente, há sinais de que as seguradoras estão acordando para os benefícios que as novas tecnologias podem trazer. Não só para forma em que a indústria opera. Mas também para os segurados,” afirmou Justin Emrich, que é CIO, Executivo-chefe de tecnologias da informação, na Atrium Underwriters.

Da mesma forma, entre os benefícios está também uma maior facilidade para cumprir as crescentes demandas regulatórias das autoridades do setor.

Empresas como a TigerRisk Partners, uma corretora de resseguros que também oferece serviços tecnológicos para as resseguradoras, desenvolveram logaritmos que permitem aos resseguradoras aferir de forma imediata o impacto que um risco proposto pode ter sobre o seu portfólio geral de exposições e, consequentemente, suas necessidades de capital de solvência – um trabalho que, em geral, demanda muitas horas de análises e cálculos.

“Os reguladores estão procurando entender o perfil de risco das companhias”, disse Vladimir Kostadinov, um especialista da TigerRisk.

“Eles querem mais informações e estão utilizando novas métricas, e isso está forçando as seguradoras e resseguradoras a buscar soluções para entender melhor e com mais detalhes os seus próprios portfólios de riscos.”

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Miami se firma como centro de resseguros e mira Brasil

Resseguradoras baseadas em Miami estão de olho no mercado brasileiro, que aos poucos está se tornando mais aberto ao resseguro internacional.

Segundo fontes ouvidas pela Risco Seguro Brasil, companhias estabelecidas na Flórida vêem no Brasil um mercado promissor. Porém,  protecionista. Mas agora pode entrar de vez nas suas estratégias de negócio.

Em 2020, a reserva do resseguro local terá caído para 15% no Brasil. Comparado com 40% dois anos atrás. No mesmo ano, subscritores registrados no Brasil poderão transferir até 75% de seus prêmios a empresas do mesmo grupo. Antes de 2016, o limite era de 20%.

O mesmo vale para a Argentina. Assim como o Brasil, o país está gradualmente reabrindo seu mercado ressegurador para os atores globais.

“Uma parcela dos prêmios (de resseguro) da Argentina deve vir para Miami no futuro”, disse José Astorqui. Ele comanda o escritório da corretora BMS na cidade americana. “Quando o mercado do Brasil abrir, os cedentes brasileiros vão buscar os melhores preços e condições. Da mesma forma, alguns podem optar por colocar seus riscos em Miami também.”

Crescimento

De fato, Miami tem crescido de forma sólida como uma opção ao Lloyd’s, de Londres, para seguradoras e clientes corporativos baseados na América Latina.

Igualmente o mercado local começou a se desenvolver no início dos anos 1990. Por exemplo, com a chegada de um punhado de empresas como Odissey Re, Trans Re, Everest e Scor. Nos últimos anos, o ritmo de crescimento tem se acelerado. Com vários sindicatos londrinos e resseguradoras globais optando pela cidade como sede de suas operações latino-americanas.

Foi o caso, por exemplo, da MS Amlin, que abriu escritório em Miami em outubro de 2014. “Quando abrimos, tínhamos um pequeno portfólio na região, primariamente de resseguros automáticos”, disse Louis de Ségonzac. Ele lidera a operação latino-americana da empresa desde a cidade na Flórida.

“Desde então, nosso portfólio já aumentou em dez vezes. E com negócios que a empresa não tinha em Londres.”

A MS Amlin hoje tem 12 pessoas trabalhando em Miami. Incluindo um responsável por sinistros e uma capacidade de modelização catastrófica, disse o executivo.

Todas as linhas

“Miami começou como um centro de resseguros automáticos. Porém, agora, oferece todos os tipos de linhas facultativas também”, disse Astorqui. “É verdade que, nos casos de linhas mais técnicas, como aviação ou energia, Londres continuar a ter um papel proeminente. Mas hoje Miami pode satisfazer praticamente todas as necessidades dos cedentes latino-americanos.”

“Miami provavelmente detém uma das maiores capacidades de resseguros automáticos para a América Latina. Da mesma forma,  a capacidade facultativa segue crescendo. Especialmente em linhas patrimoniais, mas em especialidades também,” observou Segonzac.

Estima-se que mais de 30 resseguradoras já instalaram o comando de seus negócios latino-americanos na cidade. O grupo inclui desde grandes grupos globais até sindicatos do Lloyd’s londrino. Assim como resseguradoras especializadas em nichos, como a suiça Helvetia.

A experiência tem sido satisfatória para várias delas. E ao menos duas empresas, Everest e Navigators, ampliaram as responsabilidades de executivos baseados em Miami para outras economias emergentes, além da América Latina.

Entre as vantagens oferecidas por Miami para as resseguradoras encontra-se a regulamentação local, uma vez que a lei da Flórida é bastante rigorosa com os seguros vendidos nos EUA, mas mais relaxada com operações que visam mercados estrangeiros.

“O regulador de seguros da Flórida aplica regras favoráveis para contratos de resseguros assinados com cedentes latino-americanos”, disse Alex Guillamont, que lidera a prática latino-americana do escritório de advocacia Kennedy’s em Miami.

Língua e férias

Também há fatores mais prosaicos, mas ainda assim importantes, que beneficiam o progresso de centro de seguros de Miami, segundo os especialistas.

Um deles é a língua. Com uma grande população de origem latina, o espanhol é uma língua franca em Miami, o que facilita em muito a redação dos contratos.

Mesmo especialistas capazes de falar português do Brasil podem ser contratados com relativa facilidade na cidade.

O fuso horário também ajuda, especialmente na competição com Londres, e também o fato de que a cidade está conectada, por meio de avião, a praticamente todas as cidades economicamente importantes da região.

Outro atrativo é o fato de que muitos executivos latino-americanos estudaram nos Estados Unidos e alguns até possuem propriedades na Flórida.

Além disso, não deve ser ignorado o fascínio que Miami exerce sobre as classes abastadas da América Latina como um centro de turismo e compras.

A rua dos seguros

Para completar, o hub de resseguros de Miami acabou se concentrando em uma região em particular, a Brickell Avenue, no coração financeiro da cidade.

No decorrer dos anos, dezenas de subscritores se instalaram na avenida, e logo foram seguidos por corretores, escritórios de advocacia, peritos e outros profissionais ligados ao seguro e ao resseguro.

Com isso, os executivos das empresas cedentes podem se deslocar a pé de um lugar ao outro, perdendo pouco tempo ao visitar diversos potenciais parceiros comerciais.

A boa qualidade de vida oferecida pela cidade também facilita a atração de executivos especializados em resseguros, muitos dos quais poderiam mostrar relutância em se comprometer a viver no longo prazo em uma metrópole latino-americana.

“Com frequência, as resseguradoras estabelece seus quartéis-generais regionais em Miami, e depois criam escritórios locais em países latino-americanos”, observou Guillamont.




IRB Brasil cresce e já é a 28ª maior resseguradora do mundo

O IRB Brasil subiu oito posições no ranking mundial de resseguradoras. Já é a 28ª maior empresa do setor em volume de prêmios.

Ranking elaborado pela agência de avaliação de riscos AM Best mostra que o IRB Brasil fechou 2016 com US$ 1,52 bilhão em prêmios brutos de resseguros. Isso em uma performance ajudada tanto pelo crescimento da carteira da empresa quanto pela valorização do real com relação ao dólar americano.

Da mesma forma, outro levantamento, da corretora Willis Re, confirmou a posição do IRB como a resseguradora mais lucrativa do planeta.

A empresa reportou um índice de retorno sobre patrimônio líquido de 27,5% no primeiro semestre. Contra uma média de 4,6% do mercado como um todo.

São números como esses que estão levando analistas a recomendar a recém-listada ação do IRB a seus clientes. Por exemplo, o banco JP Morgan recentemente lançou um relatório classificando a ação do IRB como OW (Overweight). Ou seja, recomendando um peso maior do que o normal em um portfólio de ações.

O JP Morgan estabeleceu uma meta de R$ 34 para a ação do IRB, que foi lançada no mercado no final de julho a R$ 27,23. No dia 14 de setembro fechou o pregão da B3 em R$ 31,15.

IRB: Teste à vista

Os bons resultados do IRB Brasil devem ser colocados à prova. Porém, neste trimestre, uma vez que as perdas catastróficas enfrentadas pelo setor de resseguros estão se acumulando de forma notável.

Nos últimos anos, o IRB fez um esforço para aumentar seu portfólio de riscos no exterior. Iso em uma estratégia que visa reduzir a dependência da empresa aos resultados dos investimentos financeiros.

Com vários anos benéficos em termos de perdas catastróficas, a estratégia tem dado resultado. Como resultado,  o IRB vem reportando elevado crescimento de prêmios. Assim como baixos índices combinados que, bombados pelos resultados dos investimentos, proporcionaram fortes retornos aos acionistas.

Porém, a maior exposição a clientes no exterior também significa uma exposição maior a riscos catastróficos. Algo que pouco existe no Brasil.

Segundo o prospecto final da IPO, em março de 2017, o IRB tinha 5% de sua receita líquida ligada a contratos de resseguros nos Estados Unidos. Eles foram fortemente afetados pelos furacões Irma e Harvey nas últimas semanas.

Já outros 13% são originados na Europa. É onde as resseguradoras estiveram bastante expostas aos furacões e outras catástrofes nos últimos meses. O IRB pode estar exposto a estes mesmos riscos através de contratos de retrocessão.

O impacto das recentes catástrofes no índice combinado da empresa no terceiro trimestre vai mostrar que tipo de riscos o IRB Brasil esteve disposto a tomar a fim de vitaminar seu portfólio internacional às vésperas da IPO. Em dezembro de 2016, 6% da receita líquida do IRB vinha de clientes na Europa, e 3%, nos Estados Unidos.

Prêmios

O ranking da AM Best mostra que a Swiss Re assumiu a liderança do mercado de resseguros no final de 2016. Assim totalizando US$ 35,6 bilhões em prêmios brutos.

Ela ultrapassou assim a Munich Re, que fechou o ano com US$ 33,2 bilhões.

As duas têm grande vantagem sobre a terceira colocada. A Hannover Rück, com US$ 17,2 bilhões.

Em quarto lugar aparece a francesa Scor, com US$ 14,6 bilhões. O top 5 mundial é completado pela Berkshire Hathaway, com US$ 12,7 bilhões.

O Lloyd’s ficou na sexta colocação, com US$ 11,6 bilhões. Enquanto que duas resseguradoras de países emergentes aparecem entre as dez maiores. A China Re (oitava com US$ 7,9 bilhões) e a Korean Re (décima, US$ 5,6 bilhões).

A empresa que mais galgou postos no ranking foi a japonesa MS&AD, que assimilou em 2016 os prêmios da britânica Amlin, o que lhe valeu 11 posições no ranking. A empresa fechou 2016 como 16ª maior do mundo.

Em seguida aparece o IRB, que subiu da 36ª colocação para a 28ª. Endurance e Peak Re ganharam 7 posições cada.

Rentabilidade

No ranking de rentabilidade da Willis Re, os 27,5% de retorno sobre patrimônio líquido obtidos pelo IRB no primeiro semestre de 2017 deixam longe a segunda colocada, Beazley, com 17,6%.

Everest Re (12,9%), Korean RE (12,7%) e African Re (12,65%) fecham o top 5, ainda que no caso dessa última os dados se refiram ao ano de 2016.

O IRB também se destaca por ter um dos mais baixos índices combinados entre as 34 empresas avaliadas pela Willis Re, com 86% no final de junho.

Apenas Arch Capital (83,1%), Validus (82,9%), Renaissance Re (79,7%) e Lancashire (78,4%) tiveram índices inferiores.

 




Preços em queda devem resistir a furacões e terremoto

O que justifica os preços em queda?

No último mês, os Estados Unidos e o Caribe foram atingidos por dois fortes furacões. Já o México, por um poderoso terremoto. E fortes inundações também afligiram a Itália e partes da Ásia.

Ainda assim, a expectativa do mercado é que a tendência de baixa de preços no resseguro mundial não seja interrompida.

Para analistas reunidos em Monte Carlo para o encontro anual da indústria de resseguros, nesta semana, o impacto dos furacões Irma e Harvey no setor serão significativos. Assim devem afetar os resultados de vários subscritores, resultando em preços em queda.

Mas as catástrofes de agosto e setembro não devem ser suficientes para corroer a base de capital do mercado global de resseguros. O que, se ocorresse, poderia gerar um aumento dos preços nas próximas renovações.

A mais recente estimativa das perdas causadas pelo furacão Irma, divulgadas pela empresa de modelização catastrófica Karen & Co, colocou as perdas asseguradas em US$ 25 bilhões, US$ 18 bilhões dos quais nos Estados Unidos.

São perdas consideráveis. Porém, muito distantes dos US$ 130 bilhões que faziam parte da estimativa mais pessimista divulgada pelo Lloyd’s de Londres. O Irma perdeu força antes de atingir em cheio a Flórida e mudou de rumo. Dessa forma afastando-se das regiões mais habitadas. O que minimizou o seu impacto econômico.

Outros analistas de riscos divulgaram estimativas de perdas seguradas entre US$ 15 bilhões e US$ 40 bilhões devidos à passagem do Irma. Por sua vez, a agência de ratings AM Best, calculou que o furacão pode ter causado perdas de até US$ 12,5 bilhões ao mercado de títulos catastróficos. Uma importante fonte de capital adicional para o mercado ressegurador.

Harvey

Já o impacto do furacão Harvey, que atingiu o Texas e outros estados americanos uma semana antes do Irma, continua gerando debate no mercado.

A Karen & Co estima que o Harvey causou prejuízos segurados de US$ 15,4 bilhões. As perdas foram minimizadas pelo fato de que a maior parte dos contratos de seguro patrimoniais na região atingida cobrem danos causados pelos ventos. Mas não por inundações, principal perda causada pelo furacão.

A empresa estima que, do total de danos segurados do Harvey, apenas US$ 2,5 bilhões foram resultado da ação dos ventos. Enquanto que as inundações chegaram a US$ 12,5 bilhões. O alto valor se deve, sobretudo, às coberturas de seguros de automóveis que devem ser acionadas por causa das cheias.

Mas o número pode ser maior. Uma vez que forem computados os prejuízos cobertos pelo NFIP. Trata-se de programa de proteção contra inundações mantido pelo governo americano.

Em depoimento à AM Best, David Flandro, responsável pela área analítica da corretora JLT Re, estimou que, uma vez computados os gastos do NFIP, as perdas asseguradas causadas pelo Harvey podem chegar a US$ 45 bilhões. Porém, não está claro que parcela dos riscos cobertos pelo NFIP seria derivada ao mercado de resseguros. Estimativas divulgadas em Monte Carlo colocam as perdas totais do Harvey entre US$ 20 bilhões e US$ 30 bilhões.

Todavia, Flandro estima que o mercado de resseguros tem um excesso de capacidade de US$ 60 bilhões. O que indica que o impacto dos dois furacões devem ser absorvidos sem grandes dificuldades pela indústria.

Mercado alternativo

Além disso, analistas calculam que o mercado alternativo fornece entre US$ 80 bilhões e US$ 100 bilhões de capacidade extra.

Em Monte Carlo, diretores da AM Best disseram que, se o custo dos furacões tivesse alcançado um patamar entre US$ 100 bilhões e US$ 150 bilhões, o mercado poderia ver uma reversão de tendência. Da mesma forma, com os preços passando a aumentar.

Mas, como isso não aconteceu, deve seguir o cenário atual de baixos preços. Assim como termos e condições mais amistosas,. Bem como redução na liberação de reservas e abundância de capital.

A AM Best colocou o mercado de resseguros em uma perspectiva futura negativa.

Empresas com forte exposição ao mercado da Flórida, em especial, tendem a ter seus resultados afetados como resultado da temporada de furacões.

O Harvey causou a morte de ao menos 70 pessoas. Enquanto que o Irma já está diretamente associado a mais de 30 mortes nos Estados Unidos e 38 no Caribe.

México X preços em queda

Já o terremoto mexicano do começo de setembro, que chegou a 8,2 pontos na escala Richter, deve ter pouco impacto no mercado. Já que atingiu principalmente uma região de baixa densidade populacional.

Os estados afetados foram principalmente Oaxaca, Chiapas e Tabasco. São áreas onde o potencial de perdas asseguradas é reduzida.

A Cidade do México, onde os prejuízos poderiam ser bem mais significativos, foi em grande medida poupada pelo tremor.

O estado mexicano deve arcar com a maior parcela das perdas. Assim, parte dos prejuízos devem ser cobertos por títulos catastróficos de US$ 360 milhões que foram emitidos pelo governo mexicano nos últimos anos.

A catástrofe deixou mais de 90 mortos. Especialmente em Oaxaca.

Enchentes no estado de Bihar, além de outra partes da Índia, Nepal e Bangladesh, também causaram grande destruição em agosto, matando mais de 600 pessoas. Porém, seu impacto sobre a indústria de seguros tende a ser limitado.

Na Itália, as enchentes têm atingido principalmente a região da Toscana, causando a morte de ao menos seis pessoas.

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Harvey deve ter impacto reduzido sobre seguros

O furacão Harvey, que atingiu os Estados Unidos esta semana, deve ter um impacto significativo, mas mitigado,l sobre a indústria de seguro e resseguro. Isso segundo a agência de avaliação de riscos AM Best.

Da mesma forma, governo do Texas, estado americano mais afetado pelo furacão, divulgou estimativa de que serão necessários US$ 125 bilhões em ajuda federal para reconstruir os estragos.

O valor, se confirmado, será superior até mesmo ao dos danos causados pelo furacão Katrina. O Katrina devastou New Orleans em 2005.

Já a empresa de modelação de riscos RMS estima que as perdas econômicas ficarão entre US$ 70 bilhões e US$ 90 bilhões. Por sua vez, com uma pequena parcela coberta por seguros. Porém, a RMS alertou, que a estimativa pode mudar na medida em que fique mais clara a amplitude dos estragos causados.

Da mesma forma, cálculos preliminares colocam as perdas seguradas entre US$ 8 bilhões e US$ 20 bilhões. É o que firma a AM Best em relatório.

Outra agência de análise de risco de crédito, a Standard & Poor’s, acredita que os danos das seguradoras serão praticamente todos absorvidos pelos seguradores primários. Isso com reduzido efeito sobre o resseguro global.

Se for assim, não deve ser suficiente para mudar a tendência do mercado global. O mesmo mercado já se beneficiou de um primeiro semestre favorável. Isso em termos de perdas catastróficas.

Contudo, até a sexta-feira, 1º de setembro, o Harvey, um furacão de categoria 4, já havia sido responsável pela morte de 44 pessoas no Texas e regiões vizinhas.

Todavia, especialistas dizem que o furacão causou inundações de um nível que só se espera que ocorram uma vez a cada mil anos na região.

Inundações

A AM Best nota que o volume total de perdas seguradas será relativamente baixo. Isso porque as principais causas de danos patrimoniais causados pelo Harvey são as inundações. Elas não são normalmente cobertas pelas apólices de seguro habitacional nos Estados Unidos.

As coberturas por inundações são mais comuns. Porém, nas apólices de seguro empresarial. Elas também devem ser acionadas para cobrir perdas de lucro cessante com dano físico direto ou indireto.

Mesmo assim, se entre os riscos cobertos não há referência específica às inundações, as coberturas tampouco podem ser acionadas.

Ainda que a indústria dos seguros seja poupada, o estrago causado pelo Harvey deve ser maiúsculo sobre a economia do Texas. Em especial sobre Houston, a metrópole mais afetada.

O Centro de Riscos Cambridge divulgou estimativa que, além das grandes perdas sofridas pela cidade em termos de danos patrimoniais, a economia da cidade deve perder US$ 60 bilhões em riqueza como resultado da catástrofe natural.

“Ademais da perda de vidas humanas e a destruição física de propriedades, as inundações vão causar perturbação na economia da cidade. O que por sua vez influenciará a economia da região. Assim com possíveis impactos na economia dos Estados Unidos e a nível internacional”, disse Simon Ruffle. Ele é diretor de Inovação e Pesquisa do centro, que é ligado à Universidade de Cambridge.

O prejuízo será causado pelo fechamento de estabelecimentos comerciais. Além de perda de mão-de-obra, cortes de energia elétrica e fornecimento de água. Bem como suspensão de tráfico aéreo e marítimo. Redução da demanda por parte da população e um possível surto de inflação pós-desastre, afirma o centrol.

Ruffle espera que a economia da cidade volte ao normal dentro de um ano ou dois. Uma vez que Houston é qualificada pelo centro como uma economia “altamente resiliente”.

Impacto local

De maneira geral, segundo a AM Best, o impacto do Harvey deve ser assimilado sem grande dificuldade pela indústria de seguros texana. Com algum impacto no setor ressegurador global, uma vez que as políticas de retenção dos subscritores locais sejam ultrapassadas.

Assim, o impacto sobre o resseguro global deve constituir um evento significativo nos resultados trimestrais das resseguradoras. Porém, sem afetar suas reservas de capital. É o que prevê a AM Best. Segundo a agência, tanto o mercado de Londres quanto o de Bermuda e as grandes resseguradoras globais estão expostos ao furacão.

Parte da exposição se dá através do NFIP. Trata-se d programa federal de seguros contra as inundações. Mas ainda não está claro a partir de que volume de perdas os danos serão repassados às resseguradoras.

A RMS calcula que a penetração do NFIP em Houston chega a apenas 20% das propriedades. Cerca de 500 mil apólices cobertas pelo programa devem ser afetadas pelo furacão, acredita a empresa.

As seguradoras ativas no Texas podem ver seus resultados abalados. Porém, ainda parece pouco provável que tenham problemas de solvência como consequência da catástrofe.

As maiores seguradoras empresariais no Texas incluem a CNA, Liberty Mutual, Chubb INA, AIG, Travelers, Zurich, Sompo, Germania, Farmers e Assurant.




Seguro para empresas cresce mais que a média no primeiro semestre

Seguro para empresas: o mercado brasileiro  cresceu 6,4% no primeiro semestre deste ano. Isso na comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com dados da Susep.

Portanto, o crescimento foi superior ao do mercado como um todo. O mercado registrou aumento anualizado de 3,5%, segundo a CNSeg.

Ficou também acima da inflação anualizada em junho. Assim, chegou a 2,71%, conforme o IPCA calculado pelo IBGE.

Porém, análise de 37 linhas de seguro de perfil empresarial, que excluem as de seguro rural, mostra que apenas 16 delas mostraram crescimento superior à inflação no período.

Contudo, algumas das linhas classificadas pela Susep, como as de Riscos Nucleares e DPEM, o seguro obrigatório para embarcações, sumiram do mercado.

O DPEM deixou de ser obrigatório no ano passado. No entanto, há informações de que já não é mais oferecido por seguradoras que trabalhavam no ramo.

Da mesma forma, a falta desse seguro foi colocada em evidência pelos recentes acidentes com embarcações na Bahia e no Pará. Estes acidentes causaram a morte de 40 pessoas. Em 2015, o volume de prêmios de DPEM chegou a R$ 4,4 milhões.

O grosso do negócio

Todavia o mercado de seguros empresariais fechou o primeiro semestre com quase R$ 8,2 bilhões em prêmios de seguros. Assim comparados com R$ 7,7 bilhões no mesmo período de 2016. Em 2015, o número foi de R$ 7,1 bilhões.

Logo, duas linhas contribuíram de forma mais intensa para o crescimento de R$ 500 milhões observado pelo setor. A de Garantia Segurado – Setor Público acrescentou R$ 340 milhões em novos prêmios. Dessa forma chegando a R$ 1,13 bilhão em prêmios de seguros. O crescimento foi de 43%.

Igualmente a de Riscos Diversos  teve um aumento de quase 19%. Chegando a também a R$ 1,13 bilhão – um acréscimo de R$ 178 milhões em prêmios.

Essas duas linhas, mais as de Riscos Nomeados e Operacionais (R$ 1,44 biilhão) e Compreensivo Empresarial (R$ 1 bilhão) representam mais da metade do mercado. No caso da primeira, houve um aumento de 3,8% no volume de prêmios. E, no da segunda, uma queda de 3,9%.

Altos e baixos

A linha que teve maior crescimento no primeiro semestre foi a de Garantia ao Segurado – Setor Privado, que registrou aumento de 70,4%.

Ainda assim, o volume de prêmios dessa linha, R$ 72,3 milhões, ficou abaixo do registrado em junho de 2015, que foi de R$ 90,3 milhões.

Em segundo lugar veio o seguro facultativo de responsabilidade civil para embarcações, RCF. Este subiu 43,4%, mas trabalha com valores baixos, totalizando apenas R$ 1,6 milhão em prêmios.

Dessa forma, entre as grandes linhas, a de Crédito Interno se expandiu 23%, até R$ 400 milhões, a de D&O aumentou 11%, chegando a R$ 465,5 milhões.

Contudo, entre os negócios que se desaceleraram de forma dramática, um dos casos mais notáveis é o dos Riscos de Engenharia, cujos prêmios baixaram 20% para R$ 173 milhões.

No primeiro semestre de 2016, os prêmios do segmento já haviam caído quase 28%. Em junho de 2015, totalizavam quase R$ 300 milhões.

Em contrapartida, outro setor em queda livre desde junho de 2015, é o de Riscos de Petróleo. Assim, o setor fechou o primeiro semestre com prêmios de R$ 145 milhões, queda anualizada de quase 17%. Dois anos antes, os prêmios totalizavam R$ 340 milhões.

Já os seguros Aeronáuticos tiveram uma evolução de -29%, os Marítimos, de -20%, e os de Transporte Internacional, de -19% no primeiro semestre.

As linhas incluídas no levantamento

Compreensivo Empresarial
Lucros Cessantes
Riscos de Engenharia
Riscos Diversos
Global de Bancos
Riscos Nomeados e Operacionais
Riscos de Petróleo
Riscos Nucleares
Satélites
D&O
Responsabilidade Civil (RC) Ambiental
RC Geral
RC Profissional
Transporte Nacional
Transporte Internacional
RC Ônibus
RCFV Ônibus
RC Transportador de Carga em Viagem Internacional
RC Transporte Ferroviário de Carga
RC Viagem Internacional de Pessoas
RC Transporte Aéreo de Carga
RC Transporte Rodoviário de Carga
RC Transporte Desvio de Carga
RC Transporte Aquaviário de Carga
RC Operador de Transporte Multimodal
Stop Loss
Crédito Interno
Crédito à Exportação
Garantia Segurado – Setor Público
Garantia Segurado – Setor Privado
Seguro Compreensivo de Operadores Portuários
RC Facultativo para Embarcações
Marítimos (Cascos)
DPEM
RC Facultativo para Aeronaves
Aeronáuticos (Cascos)
RC Hangar
Responsabilidade do Explorador ou Transportador Aéreo

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Metade do top 10 do seguro para empresa perde prêmios

Seguro para empresa: metade das dez maiores empresas do Brasil teve queda no volume de prêmios no primeiro semestre de 2017. Isso na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo levantamento da Risco Seguro Brasil.

Da mesma forma, entre as top 10, apenas Zurich, Sompo, Porto Seguro, Axa e HDI fecharam o primeiro semestre com um maior volume de prêmios do que em junho de 2016 entre as 39 linhas de seguros para empresas analisadas. A pesquisa foi realizada com base em dados da Susep.

Assim, o desempenho mais acelerado foi a da Axa. A empresa é a número 9 no ranking. A Axa postou um crescimento de 62% em prêmios de seguros. Por outro lado, a Zurich, número 3, cresceu 22%. Já a HDI, 20%.

Igualmente as duas líderes, Mapfre (que atua em conjunto com o Banco do Brasil) e Chubb (antiga Ace), apresentaram quedas de 2,6% e 3,6%, respectivamente.

Porém, no caso da Chubb, a redução do volume de prêmios parece ter sido bem maior. Afinal, computando os prêmios reportados pelas duas unidades da Chubb no Brasil que ainda operavam em 2016, a queda no volume de prêmios chega a 17%.

Seguro para empresa X liderança consolidada

Apesar da redução no volume de negócios, a Mapfre passou a liderar com maior folga o ranking de seguros para empresas da Risco Seguro Brasil.

Dessa forma, o total de prêmios nas linhas pesquisadas, que não incluem seguros rurais, foi de R$ 1,11 bilhão no primeiro semestre. Ou 13,6% do total do mercado, que atingiu R$ 8,19 bilhões no período.

A distância em relação à Chubb, segunda colocada, aumentou. Ao mesmo tempo que a já que a antiga Ace viu seu volume de prêmios cair quase pela metade desde o primeiro semestre de 2015. Isso se computados os prêmios combinados da então Ace e da velha Chubb.

A Zurich, incluindo sua unidade Zurich Minas e a operação conjunta com o Banco Santander, pulou da quarta para a terceira posição, chegando a R$ 579 milhões em prêmios de seguros.

Como resultado, a empresa suíça trocou de lugar com a Tokio Marine. Cujo volume de prêmios caiu 4,3% para R$ 566 milhões.

Ranking

A Sompo manteve o quinto lugar com R$ 493 milhões (aumento de 9,2%). Enquanto que a Bradesco Auto/Re segue na sexta posição com R$ 427 milhões (queda de 1,45%). Apesar de ter cedido parte de seu portfólio para a joint venture com a Swiss Re Corporate Solutions.

Dessa forma, a Porto Seguro, em sétimo, e Allianz, em oitavo, trocaram de lugar. Isso após a primeira aumentar os prêmios de seguros 9% até R$ 369 milhões. A Allianz reportou queda de 2,4%, para R$ 357 milhões.

Enfim, a novidade nos dez primeiros postos do ranking é a Axa do Brasil. A empresa passou da 13ª para a 9ª colocação. Com R$ 295 milhões em prêmios de seguros nas linhas pesquisadas após dar um salto de 62%.

Assim, fecha o top 10 a HDI, com 20% em prêmios a mais do que em junho de 2016, totalizando R$ 243 milhões.

Outros destaques

Por outro lado, o levantamento da Risco Seguro Brasil também encontrou notáveis avanços nas posições 11 a 20 do ranking.

Por exemplo, a Pan Seguros, que pertence ao BTG Pactual, postou crescimento de 89% de prêmios de seguros nas linhas pesquisadas. Chegando a R$ 201,5 milhões e abocanhando a 12ª posição.

Já a Austral, que tem sido alvo de boatos de venda, viu seu total crescer 76% até R$ 144 milhões. O suficiente para ficar na 19ª posição.

Outra empresa que pode trocar de dono no futuro próximo, a Pottencial, registrou aumento de 29,5%. Assim chegando R$ 201 milhões em prêmios.

Da mesma forma, o total de prêmios nas linhas pesquisadas da Swiss Re CS, que assumiu parte do portfólio da Bradesco Auto/Re, cresceu 60%, atingindo R$ 137 milhões.

Porém, o aumento não foi suficiente para a empresa ingressar entre as 20 maiores dos seguros para empresas, fechando o ranking na 21ª colocação.

As linhas incluídas no levantamento

Compreensivo Empresarial
Lucros Cessantes
Riscos de Engenharia
Riscos Diversos
Global de Bancos
Riscos Nomeados e Operacionais
Riscos de Petróleo
Riscos Nucleares
Satélites
D&O
Responsabilidade Civil (RC) Ambiental
RC Geral
RC Profissional

Transportes

Transporte Nacional
Transporte Internacional
RC Ônibus
RCFV Ônibus
RC Transportador de Carga em Viagem Internacional
RC Transporte Ferroviário de Carga
RC Viagem Internacional de Pessoas
RC Transporte Aéreo de Carga
RC Transporte Rodoviário de Carga
RC Transporte Desvio de Carga
RC Transporte Aquaviário de Carga
RC Operador de Transporte Multimodal
Stop Loss

Crédito

Crédito Interno
Crédito à Exportação
Garantia Segurado – Setor Público
Garantia Segurado – Setor Privado
Seguro Compreensivo de Operadores Portuários
RC Facultativo para Embarcações
Marítimos (Cascos)
DPEM
RC Facultativo para Aeronaves
Aeronáuticos (Cascos)
RC Hangar
Responsabilidade do Explorador ou Transportador Aéreo

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Perdas catastróficas foram baixas no primeiro semestre

Perdas catastróficas: O mercado de seguros sofreu um impacto bastante moderado de eventos catastróficos no primeiro semestre. Isso de acordo com estimativas da Swiss Re.

Segundo levantamento preliminar da resseguradora, as perdas econômicas causadas por eventos catastróficos de janeiro a junho chegaram a US$ 44 bilhões (R$ 139,3 bilhões).

Deste total, US$ 23 bilhões (R$ 72,7 bilhões) estavam cobertos por seguro.

Contudo, são números bastante inferiores ao da média histórica registrada pela Swiss Re. Essa média chega a US$ 120 bilhões em perdas econômicas. E US$ 33 bilhões em perdas seguradas.

Dessa forma, esses números devem tornar ainda mais improvável que chegue ao fim, no curto prazo, o atual mercado brando. A princípio, os preços já caíram por 17 trimestres consecutivos, segundo a corretora Marsh.

2016 foi pior

No ano passado, as perdas catastróficas também foram muito maiores do que no primeiro semestre de 2017. Assim chegando a US$ 117 bilhões de prejuízos econômicos. Da mesma maneira, com US$ 36 bilhões cobertos por seguros.

Em contrapartida, a queda foi de 62% nas perdas econômicas. E 38% naquelas que foram absorvidas pelo mercado segurador.

Por outro lado, o número de vítimas mortais em eventos catastróficos foi bastante similar ao dos seis primeiros meses de 2016.

Ao todo, 4.400 pessoas morreram em decorrência de furacões, tempestades e outros desastres de janeiro a junho, contra 4.800 no mesmo período do ano passado.

A Swiss Re observa, porém, que este número pode aumentar uma vez que sejam computadas as mortes ocorridas durante a onda de calor que atingiu a Europa no mês de junho.

Os eventos

As maiores perda do primeiro semestre foram causadas por tempestades nos Estados Unidos.

Quatro eventos do tipo que ocorreram entre fevereiro e maio geraram perdas de mais de US$ 1 bilhão cada.

A maior de todas aconteceu no estado de Colorado. Ela foi acompanhada de fortes ventos e queda de granizo, gerando perdas econômicas de US$ 2,9 bilhões, e seguradas, de US$ 1,9 bilhão.

No total, uma série de tempestades americanas causou perdas de US$ 16 bilhões para o mercado de seguros.

Fora dos Estados Unidos, o evento mais caro foi o ciclone Debbie, de categoria 4, que gerou sinistros no valor de US$ 1,3 bilhão.

Em 2016, houve no primeiro semestre vários grandes eventos, incluindo fortes terremotos no Equador e no Japão e o gigantesco incêndio florestal de Fort McMurray, no Canadá.

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