Como os seguros cyber podem chegar às PMEs
- 18730 Visualizações
- Rodrigo Amaral, rodrigo@riscoseguro.com.br
- 6 de agosto de 2019
- Sem categoria
Como o ministro Sergio Moro e o procurador da República Deltan Dallagnol bem podem atestar, ninguém está a salvo de sofrer um ataque de hackers . Coisa que os seguros cyber estão cobrindo com cada vez mais intensidade.
Isso vale para autoridades descuidadas no uso de apps de mensagem. E também para empresas de pequeno e médio porte. Afinal, cada vez mais elas dependem da internet para tocar seus negócios.
Por esse motivo, o mercado de PMEs é o novo eldorado para as seguradoras que oferecem coberturas contra riscos cibernéticos no mercado mundial. São milhões e milhões de clientes em potencial. Cada vez mais estes potenciais clientes estão acordando para a necessidade de se proteger contra os pilantras virtuais.
Mas vender sofisticadas apólices contra riscos tecnológicos para empresas com estruturas reduzidas não é nada fácil. Por esse motivo, uma série de iniciativas estão sendo desenvolvidas nos Estados Unidos. A ideia é levar os seguros cyber para os pequenos negócios.
Veja o que está sendo discutido neste mercado:
Seguros cyber, compra online
Para os especialistas da área, uma das formas de levar as coberturas cibernéticas a um número maior de clientes é vendê-las pela internet.
A CoverWallet e a CyberPolicy, duas corretoras virtuais americanas, hoje oferecem algumas possibilidade. Os clientes comprarem coberturas contra hackers, por exemplo. Da mesma forma, até mesmo contra violações de leis de proteção de dados com alguns cliques do mouse.
Outra empresa, a SSL Endeavour. A corretora de atacado desenvolveu um sistema digital. Através dele, as corretoras de varejo com quem trabalham podem realizar os trabalhos por seus clientes em um portal na internet.
A SSL Endeavour coloca assim à disposição do mercado de PMEs capacidade de seguros cibernéticos do Lloyd’s de Londres.
“Uma das grandes mudanças no mercado de cyber para pequenas empresas foi poder fazer a subscrição das apólices online”, disse Inaki Berenguer, CEO e co-fundador da CoverWallet.
“A compra do seguro cibernético costumava ser um processo longo, analógico e complexo em que os donos dos negócios com frequência ficavam confusos sobre se tinham ou não comprado a cobertura correta.”
Subscrição simplificada
Para poder vender apólices de seguro cibernético via internet primeiro é necessário simplificar o processo de subscrição das coberturas.
Empresas como a Coalition, uma agência de seguros americana, fez este trabalho. Como? Utilizando tecnologias de análise de dados e inteligência artificial. Dessa forma promoveu a redução dos questionários de cerca 20 páginas para apenas meia dúzia de perguntas.
“Pegamos um processo de subscrição que pode levar entre 10 e 15 dias e, através dos corretores de nossa rede, fizemos com que dure menos de três minutos”, disse Shawn Ram, o chefe da área de Seguros da Coalition.
Agora também está chegando ao mercado internacional uma plataforma da britânica CFC Underwriting. A plataforma promete entregar uma cotação do seguro cibernético para empresas de pequeno e médio porte com uma única pergunta: “Qual é o seu domínio na internet?”
Mais detalhes em breve na RSB.
Pacotes cyber
Uma das maneiras que as seguradoras estão conseguindo convencer clientes de menor porte a comprar coberturas cibernéticas é vendê-las em pacotes junto com outras coberturas.
Ou seja, junto com as apólices de seguro compreensivo empresarial. Por um pequeno valor adicional, inclui-se um nível de proteção contra riscos cibernéticos.
Muitas vezes a cobertura também é incluída nas apólices de RC profissional, ou E&O. Isso tem sido facilitado devido à estandardização dos clausulados para as coberturas cibernéticas mais simples.
Isso, inclusive, tem possibilitado a entrada de novos atores no segmento. As seguradoras de menor porte podem se valer dos clausulados-padrão. Além disso, também da farta capacidade de resseguro disponível no mercado para transferir até 100% do risco cibernético de seus portfólios. Isso segundo a agência de avaliação de riscos AM Best.
Pressão de clientes
Analistas dizem que a venda em pacote também ajuda a vencer a resistência de corretores mais tradicionais. Eles costumam ver nas coberturas cibernéticas um produto complicado demais para as comissões que recebem.
Mas essa resistência tem sido vencida pela exigência cada vez mais frequente de grandes clientes. Afinal, eles exigem das PMEs com que trabalham garantias de que elas estão se protegendo contra as ameaças virtuais.
“O impacto global do GDPR [a lei de proteção de dados europeia], aliado às demandas contratuais de instituições e parceiros comerciais, estão fazendo com que as PMEs exijam cada vez mais que seus brokers lhes orientem sobre os riscos cibernéticos”, disse David Price, diretor de seguros Specialty na SSL Endeavour.
Coberturas adaptadas
O mercado também aprendeu que as PMEs não necessitam de coberturas tão profundas e sofisticadas como as pedidas pelas empresas de maior porte.
Assim, seguradoras que visam esse segmento, portanto, estão adaptando seus produtos cyber às peculiaridades dos pequenos clientes. Na maioria das vezes, eles não possuem nem gerentes de riscos nem chefes de segurança cibernética no quadro de funcionários.
As coberturas mais baratas protegem contra danos causados por ataques cibernéticos aos equipamentos da própria empresa e pouco coisa a mais.
Mas companhias com exposições mais complexas podem também acrescentar serviços como gestão de crises, relações públicas e outros por um preço um pouco maior.
E também há serviços adicionais feitos sob medida para empresários que têm que lidar eles mesmos com os riscos cibernéticos sem conhecer o tema.
Por exemplo, algumas seguradoras preveem ajudar seus clientes a comprar criptomoedas, caso sejam vítimas de ransomware e tenham que pagar o resgate com bitcoin ou coisas do gênero.
Já a Coalition oferece a seus clientes um serviço de monitoramento permanente da internet para identificar se algum bandido está tentando duplicar o site da empresa para executar uma fraude.
Seguros cyber com preços acessíveis
Nada disso funcionaria, porém, se as coberturas de seguros cibernéticos continuassem custando o olho da cara, como era o caso há alguns anos.
Os preços em geral têm caído. Afinal, na medida em que o mercado entende melhor o risco e a concorrência no setor aumenta. Mas é preciso fazer um esforço extra para fazer uma cobertura cyber caber no orçamento de segurança de uma PME. O que é muitas vezes inexistente.
A Coalition, por exemplo, oferece coberturas básicas a preços tão baixos como US$ 25,00 ao ano. Isso corresponde a cerca de R$ 100,00.
No entanto, os preços dos seguros cyber variam de acordo com o setor de atividade do cliente.
Anita Sathe, chefe da área de Estratégia da CyberPolicy, observa que uma padaria que tem pouca exposição a riscos de proteção de dados pode conseguir nos EUA até US$ 1 milhão de limite em uma apólice cibernética por módicos US$ 30,00 ao mês.
Mas uma clínica médica, que armazena dados pessoais de muitos pacientes, pode ter que desembolsar até dez vezes mais pelo mesmo limite.
Limites mais baixos para seguros cyber
Aliás, os limites constituem outra característica das coberturas cibernéticas que estão tendo que ser adaptadas para chegar nas PMEs.
As grandes empresas que tradicionalmente constituem o público comprador do produto com frequência pedem limites de centenas de milhões de dólares. Além disso exigem a formação de consórcios e extensa participação do resseguro para chegar a tais valores.
E para as PMEs, obviamente, as necessidades são muito mais modestas. Corretores dizem que, nos Estados Unidos, muitas procuram limites de cerca de US$ 1 milhão (R$ 3,92 milhões). Isso porque seus clientes assim o exigem.
Mas quando não é este o caso, e a intenção é puramente proteger os equipamentos e pequenas exposições potenciais de reponsabilidade civil, podem ser tão baixos como US$ 25.000,00 ou US$ 50.000,00, observou Tim Francis, chefe da área de Cyber na seguradora Travelers.
A ideia das seguradoras é começar oferecendo estes baixos limites para ajudar os clientes a entender o valor dos seguros cyber. Em contrapartida, no futuro, poderão buscar níveis de proteção mais significativos.
- Brasil 97
- Compliance 66
- Gestão de Risco 200
- Legislação 17
- Mercado 247
- Mundo 102
- Opinião 25
- Resseguro 105
- Riscos emergentes 10
- Seguro 198