Em ano de crise, Lockton visa nichos pouco explorados
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- Oscar Röcker Netto
- 11 de janeiro de 2016
- Sem categoria
Corretora vê demanda crescente em risco político, seguro ambiental, garantia judicial e outras linhas de seguros para clientes corporativos
A Lockton terminou 2015 estruturando duas operações envolvendo seguro contra risco político no Brasil. Foram as primeiras do gênero durante o ano na corretora e servem para antecipar uma movimentação que deve ocorrer de maneira mais acentuada em 2016, segundo o vice-presidente da empresa, Guilherme Perondi.
As operações são de empresas estrangeiras que farão negócios aqui. As apólices cobrem o risco de calote do governo brasileiro com a dívida soberana.
Trata-se de uma possibilidade bastante remota. Mas, com a perda do grau de investimento do país em duas agências de classificação de riscos, o seguro passou a ser uma exigência do negócio.
“É o preço que se paga pela ausência do grau de investimento. É uma oportunidade de negócio [para o setor de seguros]”, diz Perondi. “A boa notícia é que ainda existe apetite para assumir risco no Brasil.”
O aumento da procura no risco político ocorre principalmente por parte de bancos multinacionais que estão estruturando algum tipo de financiamento no país.
É um exemplo de como a crise econômica e política vai afetar o setor de seguros em 2016.
Inovação
De acordo com Perondi, o mercado segurador deve buscar ampliar a participação de linhas de produtos pouco utilizadas no Brasil atualmente. O objetivo é compensar eventuais quedas nas linhas tradicionais. Os clientes da carteira de transportes da corretora, por exemplo, registraram quedas de até 50% na movimentação de cargas.
O novo movimento no risco político deverá ser acompanhado por outras linhas de seguro. “O mercado precisa mudar um pouquinho”, disse Perondi em entrevista à Risco Seguro Brasil.
“Nas linhas tradicionais, o mercado não está conseguindo absorver alguns riscos, existe um mercado soft com queda de taxas e tanto as corretoras como as seguradoras estão tentando inovar.”
De acordo com Nicholas Weiser, novo diretor da área de varejo da empresa, a inovação deve passar pela valorização de linhas novas ou muito pouco utilizadas no país, como seguros na área de fusões e aquisições (F&A), seguros ambientais, novas operações estruturadas com seguro garantia, garantia judicial e seguro de sequestro, por exemplo.
“Há muitos produtos novos entrando no mercado”, afirma ele, que assumiu o posto após a Lockton adquirir a VIS, corretora da qual era CEO.
Reclamação trabalhista
Um produto que a Lockton acredita que terá mais demanda com a crise é o chamado EPL (Employment Pratices Liability), pouco utilizado hoje pelas empresas.
Com o desemprego em alta, a tendência é de aumento no número de ações trabalhistas, sendo que muitas delas tendem a incluir as questões cobertas pelo EPL.
Trata-se de um seguro que protege contra reclamações por danos morais e assédio, com apólices que podem ser individuais ou coletivas. “É um seguro pouco conhecido no mercado brasileiro, mas que tem gerado demanda em função do momento atual”, afirma Perondi.
A base ainda é pequena, mas número de apólices negociadas na corretora pulou de cinco para nove em questão de dias no fim do ano.
“Sem dúvida que a demanda [por essa linha] vai ser muito forte”, afirmou Perondi. “A crise vai ajudar a impulsionar esse mercado.”
A corretora diz que também irá reforçar o trabalho nas linhas mais clássicas.
“A estratégia para 2016 é buscar novos mercados e expandir para novos clientes”, disse Márcio de Araújo, gerente técnico de transportes da Lockton. “Estamos com uma equipe muito focada nas vendas.”
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