Onda de fusões e aquisições alimenta seguro transacional
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- Rodrigo Amaral
- 22 de dezembro de 2015
- Sem categoria
Preço e condições de produto que protege contra litígios após fechamento do negócio melhoram; volume de transações é recorde
A onda mundial de fusões e aquisições está incrementando a procura por coberturas de seguros transacionais, que protegem os participantes das operações de litígios surgidos após o fechamento do negócio.
De acordo com corretores internacionais, coberturas do tipo Representations & Warranties (R&I), também conhecidas como Warranties & Indemnities (W&I), se tornam aspectos cada vez mais comuns nas transações, ainda que o número de negócios cobertos por elas continue sendo minoritário.
Os especialistas também dizem que as coberturas em questão já chegaram ao Brasil. A Marsh britânica reportou ter fechado ao menos um contrato de W&I para uma operação envolvendo empresas brasileiras. Especialistas presentes no XI Seminário Internacional de Riscos e Seguros, no final de outubro em São Paulo, afirmaram que a tendência é que a procura por estes produtos aumente no país.
De acordo com a Dealogic, uma empresa de pesquisa de mercado, o volume global de fusões e aquisições em todo o mundo chegou a US$ 4,9 trilhões entre janeiro e a metade de dezembro deste ano, estabelecendo um novo recorde histórico.
No Brasil, o volume de fusões e aquisições se desacelerou em 2015 devido à crise econômica e a incertezas políticas, mas especialistas acreditam que mais negócios surgirão no futuro, na medida em que investidores internacionais sintam mais confiança para aproveitar as barganhas que existem hoje no país.
Boom
“A demanda por coberturas W&I tem disparado desde a crise financeira global, quando os participantes se tornaram mais conscientes dos riscos envolvidos”, disse Clemens Kueppers, diretor de Riscos Transacionais da corretora Willis em Londres.
“O atual boom das fusões e aquisiões, porém, está levando a um crescimento sem precedentes em termos de operações que são asseguradas e da entrada de novos atores no mercado. Nós esperamos que o crescimento continue no futuro.”
De acordo com a Marsh, até poucos anos atrás, havia apenas um par de seguradoras que ofereciam as chamadas coberturas de seguro transacionais no mercado global. Hoje já há mais de 15 apenas no mercado londrino, e players regionais estão surgindo na Europa, na Ásia e outras partes do mundo.
Como resultado, os preços destas coberturas estão caindo, e as condições se tornam mais favoráveis aos compradores das apólices. Em geral, estes são os investidores que realizam as aquisições, ainda que vendedores também possam ter interesse em adquirir o produto em determinadas situações.
“Há poucas jurisdições no mundo em que já não fechamos algum negócio”, disse Andrew Hunt, diretor de Private Equity e Fusões & Aquisições na Marsh em Londres. Transações em alguns setores, como o farmacêutico e o financeiro, podem ter maior dificuldade em obter as coberturas devido ao alto risco de litígio futuro inerente às transações.
O crescimento da demanda não é de hoje. Em 2014, a Marsh já havia registrado um aumento de 36% na venda de apólices de seguro transacional. Mas Hunt vê potencial para mais crescimento, uma vez que se estima que não mais que 10% a 15% das transações de F&A em todo o mundo são cobertas por este tipo de seguro.
Private equity e compliance
Um dos fatores por trás do aumento da demanda é a crescente participação de fundos de private equity em operações de F&A. Tais investidores são especialmente interessados em vender seus ativos sem ter que se preocupar em enfrentar problemas legais no futuro, dizem os especialistas.
Uma crescente preocupação de investidores com temas de compliance e de gestão de riscos também ajuda o segmento a se desenvolver.
Além das apólices de R&W ou W&I, como são conhecidas nos Estados Unidos e Reino Unido respectivamente, outros tipos de seguros transacionais incluem coberturas contra passivos tributários e outros temas.
Sua função é basicamente garantir que o comprador de uma empresa não tenha que arcar com os custos de um passivo trabalhista, ambiental, tributário ou outro risco que não tenha sido encontrado durante o processo de due diligence.
Em geral, os riscos cobertos são desconhecidos dos compradores. As exclusões dos contratos abrangem áreas como corrupção e compliance, riscos cibernéticos, alguns riscos tributários, guerra, terrorismo e outros riscos, de acordo com Kueppers, além dos riscos já identificados durante o processo de due diligence.
Hunt afirma, no entanto, que, em alguns casos em que é considerado de muita baixa probabilidade, é possível convencer as seguradoras a também tomar algum risco identificado previamente.
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