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Para Munich Re, tecnologia levará a novos modelos de negócios

Novas tecnologias como a internet das coisas farão com que empresas de seguros e resseguros revejam os seus modelos de negócio.

De fato, a implementação bem-sucedida dessas novidades pode mesmo resultar em queda na demanda por coberturas em alguns segmentos.

Esta é a visão de Tom van den Bulle,. Ele é o líder global de Inovação na resseguradora Munich Re.

De acordo com Van den Bulle, a resseguradora alemã está se preparando para ter sucesso em um novo ambiente. Assim, mais do que coberturas, as empresas do setor vão prover uma série de serviços adicionais de gestão e prevenção de riscos.

Novo, mas útil

Da mesma forma, ele disse que um importante passo no processo de inovação é evitar se apaixonar por tecnologias simplesmente porque elas estão na moda.

“Nós tentamos vários caminhos de inovação nos últimos anos. Aprendemos que, para nós, a inovação tem ocorrer em torno dos riscos”, disse Van den Bulle.

“Não podemos simplesmente introduzir novos produtos e serviços porque gostamos deles. As novas tecnologias nos permitem olhar os riscos desde diferentes perspectivas.”

Em resumo, isso significa buscar soluções que realmente satisfaçam necessidades dos clientes.

“Portanto, não devemos construir algo só porque é bonito, mas ninguém precisa”, disse Van den Bulle. “Em qualquer indústria que está investindo em inovação, um dos desafios é não se apaixonar por produtos e tecnologias para os quais não há demanda de verdade.”

Internet das coisas

Uma das novas tecnologias que a Munich Re acredita que tem potencial de causar disrupção no mercado é a internet das coisas.

Para Van den Bulle, trata-se do tipo de novidade que vai fazer os subscritores repensar seus modelos de negócios.

A Munich Re adquiriu no ano passado uma startup chamada Relayr. A startup desenvolveu um sistema que utiliza dados captados por sensores. Esses sensores servem construir modelos preditivos de mitigação de riscos.

A tecnologia da Relayr permite aos subscritores maximizar o uso de uma gigantesca quantidade de dados que as empresas coletam hoje em dia. Isso através de sensores, em suas cadeias de produções.

Previsão

“O objetivo é poder prever quando haverá um problema na cadeia de produção”, Van den Bulle observou. “Trata-se de um produto de seguros? Não, não se trata disso. É um produto de pura mitigação do risco.”

“Nós estamos caminhando em uma nova direção. Nela, poderemos contactar uma grande montadora. Por exemplo, para avisá-la que dentro de cinco horas vai passar algo em sua cadeia de produção, e é preciso fazer algo a respeito.”

“Nesse exemplo, não há interrupção do negócio. Haverá menor demanda por seguros. Isso porque já que seremos capazes de prever potenciais sinistros”, continuou o executivo.

“Mas estamos nos movendo em uma direção em que poderemos fornecer aos nossos clientes não só seguros de lucros cessantes. Também poderemos oferecer um produto que soluciona seus problemas. Igualmente de uma maneira bem melhor ao evitar que a interrupção do negócio ocorra em primeiro lugar.”

Menos perguntas

Outro objetivo da Munich Re é tornar o processo de subscrição de riscos mais baseados em dados e informações do que no “feeling” do profissional responsável pela conta.

Para isso, a empresa está desenvolvendo um sistema que utiliza dados e tecnologias de autoaprendizagem para realizar tarefas de seleção de riscos e definir preços de coberturas.

“Estamos construindo uma ferramenta de precificação. Essa ferramete visa evitar que os clientes tenham que responder a um número altíssimo de perguntas quando compram um seguro”, explicou Van den Bulle.

“Quando se vende uma cobertura de seguro para empresas, os seguradores fazem de 60 a 80 perguntas a seus clientes. Portanto, queremos assegurar que será possível preencher com antecipação uma grande quantidade de informação com os dados que já estão disponíveis.”




Austral e Terra Brasis criam 4ª maior resseguradora local

A Austral e a Terra Brasis anunciaram na quinta-feira, 13 de junho, a fusão de seus negócios de resseguros.

A operação deve resultar na formação da quarta maior resseguradora local do Brasil, segundo as duas empresas.

Bruno Freire, da Austral (foto), será o CEO da empresa, enquanto que Rodrigo Botti, da Terra Brasis, será o CFO.

A fusão ocorre em um momento em que ambas companhias buscam crescer no exterior. Uma tarefa que exige maior esforço de capital e uma maior capacidade de assumir riscos às vezes não muito familiares ao mercado brasileiro.

Mais vendas?

Em contrapartida, também formam uma empresa de maior escala potencialmente mais atraente para um eventual investidor como um grupo estrangeiro.

Fala-se no mercado sobre a possibilidade de a Vinci Partners, proprietária do grupo Austral, vender a empresa.

O grupo Austral também inclui uma seguradora, que não está incluída na fusão. A companhia de private equity será a maior acionista da nova resseguradora, com mais de 60% do capital.

Com um processo de consolidação em pleno vapor no mercado global de resseguros, e sendo o Brasil um mercado que sempre intriga os grandes do setor, não é de descartar a possibilidade de que a nova resseguradora desperte maior interesse de grupos internacionais.

Vale notar que Freire disse ao Valor Econômico que a empresa pode recorrer a um IPO para aumentar seu poder de fogo atraindo mais capital.

Sinistralidade

Os níveis de sinistralidade, e consequente pressão sobre os resultados, também podem estar influenciando este tipo de movimento no mercado.

Na Terra Brasis, a sinistralidade passou de 54% em 2017 para 72% em 2018. Na Austral, caiu 2 pontos no ano passado, mas seguiu elevada, em 85%.

O índice combinado da Austral chegou a 109%, e o da Terra Brasis, a 103%. Os dados são de relatório elaborado pela Terra Brasis a partir de dados da Susep.

Sinergia

As empresas argumentam que a operação traz vantagens em termos de sinergia, por exemplo, em sua expansão pela América Latina.

Enquanto a Austral já tem operações no Cone Sul, a Terra Brasis iniciou sua expansão pelos países andinos e o Panamá.

No mercado nacional, a complementaridade do negócio parece menos evidente. A Austral fechou 2018 com um volume muito superior de prêmios: R$ 346 milhões contra R$ 140 milhões, de acordo com a Susep.

A principal linha de negócio da Terra Brasis é o resseguro patrimonial, que também é a principal área de atuação da Austral, de acordo com os dados da Susep.

Outros segmentos em que a Terra Brasis concentra suas atividades, como Riscos Financeiros e Transportes, a Austral também está presente, com volumes similares ou maiores de prêmios.




Preço e regulamentação travam inovação no seguro

A inovação deve ser levada em conta em todos os setores. Por exemplo, com os riscos empresariais evoluindo a toque de caixa, a capacidade de inovação se tornou chave para as seguradoras conseguirem satisfazer as necessidades das empresas.

Mas, no Brasil, fatores ainda atrasam a introdução de novos produtos que já fazem parte do arsenal de transferência de riscos disponível para as empresas internacionais.

Paul Conolly, diretor de Resseguros da corretora Bowring Marsh no Brasil, acredita que o mercado evoluiu muito neste sentido. Isso desde o fim do monopólio estatal do resseguro, em 2018, mas ainda há fatores regulatórios e de mercado que freiam a introdução de coberturas inovadoras no país.

Preços

Um exemplo, na opinião do executivo, é a tendência que muitas seguradoras cedentes mostram em valorizar preços baixos em seus contratos de resseguro. Dessa forma colocando menos ênfase em outros fatores, como a qualidade das coberturas ou sua abrangência.

“O que impede a modernização do seguro é, de certa maneira, a competitividade do mercado,” disse Conolly à RSB.

Ele observou que as seguradoras até demonstram interesse em saber mais a respeito de novas coberturas e serviços. Porém, com muita frequência se mostram relutantes em pagar mais por produtos mais completos.

“A questão de que o mercado é muito direcionado por preço é um dos motivos que impedem o desenvolvimento de algumas linhas,” afirmou.

Susep

Tampouco, a burocracia de aprovação de novos clausulados por parte da Susep ajuda, observou o executivo.

“Ao mesmo tempo, existem dificuldades de clausulado por parte da Susep. O mercado brasileiro ainda é fechado neste sentido”, disse Conolly. “Se a empresa quer aprovar um clausulado para um produto ou um segmento, deve obter autorização da Susep. Isso que demanda tempo, paciência e perseverança.”

Ele ressaltou que, com o engessamento dos clausulados, os corretores acabam tendo menos condições de buscar produtos diferenciados. Igualmente para as necessidades complexas de cada cliente.

“No exterior, um broker pode ter um clausulado para trabalhar a conta de um cliente, e outro para um cliente diferente,” disse. “Aqui o broker está amarrado ao clausulado da seguradora.”

Evolução

No entanto, esta situação parece que está evoluindo.

Nesta semana, segundo o jornal Valor Econômico, a Susep está lançando uma consulta pública. A consulta trata sobre a ideia de flexibilizar a vigência e prazos de contratos de seguros. A medida seria parte do projeto da atual liderança da autarquia de aumentar a flexibilização do mercado.

E mesmo com as atuais restrições, segundo Conolly, o setor tem buscado trazer inovações na medida do possível.

“O mercado brasileiro evoluiu muito desde o fim do monopólio de resseguro”, afirmou. “Ainda temos gaps com relação ao mercado internacional na velocidade com que a gente consegue aprovar um produto, mas, 11 anos atrás, todo o mundo tinha que usar o clausulado que o ressegurador monopolista usava.”

Cyber

Um produto que pode se beneficiar de regras mais flexíveis é o seguro cibernético, cujo risco está em constante evolução e, especialmente no caso de grandes clientes, com frequência necessita contemplar as peculiaridades de cada empresa.

“Hoje em dia já é possível lançar produtos diferenciados”, disse Conolly. “O risco cyber pode causar mudanças no mercado no futuro. Trata-se de um risco ainda muito desconhecido, ninguém sabe quais serão os grandes sinistros do cyber. Algumas seguradoras já estão emitindo esta apólice no Brasil, mas só quando elas têm ou o apoio de resseguro de sua casa matriz, ou o suporte de alguma resseguradora de fora com expertise para isso.”

De qualquer maneira, ele nota que os novos produtos às vezes demoram para pegar no mercado nacional. Estima-se, por exemplo, que ainda só haja cerca de 150 ou 170 apólices de cyber no Brasil, e Conolly acredita que algum evento cibernético de grande repercussão pode ser necessário para que a demande engrene.

“O mercado brasileiro é um pouco lento para reagir a produtos novos,” disse o executivo. “Veja o caso do D&O, que é mais ou menos novo, que só deu uma disparada após a Lava Jato. Creio que vai ser o mesmo com o cyber.”

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Com preços em alta, mercado deve aprimorar subscrição de riscos

O endurecimento das condições e preços do resseguro proporcionam uma oportunidade para aprimorar a gestão de riscos do setor de seguros. Da mesma forma, descobrir quem são os subscritores que de fato vieram ao Brasil para ficar.

Esta é a opinião expressada por Eduardo Toledo, diretor presidente de Resseguros da corretora Som.us, em entrevista à RSB.

Segundo ele, ainda que o mercado brasileiro esteja menos exposto às perdas catastróficas que inverteram a tendência de queda de preços a nível global, há uma situação peculiar. À primeira vista, muitos compradores de seguro e resseguro estão vendo um aumento significativo das tarifas no mercado local.

Para Toledo, ainda que esta nova tendência coloque pressão sobre os orçamentos das empresas, ela também tem um lado positivo para o futuro do setor no Brasil.

Aventureiros

“Estes momentos de mercado duro criam condições para reeducar os clientes. Da mesma forma para trazer-lhes para uma realidade da percepção verdadeira de seus riscos e a precificação real desses riscos”, disse Toledo.

“No mercado duro não existem tantos aventureiros que vêm aqui sem conhecer o negócio. Assim, sem um histórico de perdas, botam a taxa lá embaixo e, depois de dois anos, sofrem sinistros e saem do mercado.”

Com menos players espremendo os preços, as resseguradoras que realmente prezam seus resultados técnicos tendem a encontrar mais oportunidades, observou.

“É um momento positivo para os resseguradores internacionais investirem no Brasil. Com mais capacidade em condições condizentes com o risco e pedindo contrapartidas em termos de gerenciamento de riscos, mitigação, sistemas operacionais etc”, disse Toledo.

Subscrição pode melhorar

Da mesma forma, na visão do executivo, o longo período de preços baixos a nível nacional e global fez com que houvesse um certo relaxamento nos processos de subscrição. Igualmente com algumas empresas tomando mais e piores riscos do que deviam.

“O nível de subscrição caiu muito no mercado brasileiro. Até por excesso de capacidade técnica no mercado internacional. Situação que vinha para cá de certa forma já mastigada”, afirmou. “E aqui no Brasil não se formam subscritores como deveriam se formar. Então o nível de subscrição caiu, as empresas estavam de certa forma olhando o que o vizinho estava fazendo e tentando fazer igual ou um pouco melhor.”

“São raros os casos em que se nota que houve uma subscrição do risco. Assim também que alguém dedicou tempo para fazer uma análise aprofundada, buscou mais informações sobre ele.”

A subscrição relaxada se torna mais arriscada. Porém, em um mercado em que o resseguro viu perdas significativas nos últimos anos.

“No ano passado, mesmo clientes que nunca tiveram sinistros viram um aumento significativo de seu prêmio”, disse Toledo. “O mercado colapsou, teve prejuízos irreparáveis, e os que ficaram, se não precificarem desta forma, não sobrevivem. E, se o cliente buscar uma alternativa, vai bater no mesmo ressegurador.”

Catástrofe humana

Toledo também acredita que o mercado não é ajudado pelas carências que o Brasil. Contudo, vive em áreas como a infraestrutura e segurança pública, que complicam o trabalho de quem vive de tomar riscos.

“Nossas perdas catastróficas são a falta de credibilidade e infraestrutura. A segurança pública não existe, falta investimento”, afirmou. “E os clientes que investem, que estão preocupados com a gestão do risco, acabam sofrendo as consequências.”

“Nossas catástrofes são humanas”, concluiu Toledo.




Resseguro, sinistros e lucros crescem no início do ano

O mercado de resseguro do Brasil teve forte alta no primeiro trimestre de 2019. Assim aponta a prévia do Terra Report, relatório de mercado elaborado pela resseguradora Terra Brasis.

Os dados da Susep (Superintendência de Seguros Privados) compilados pelo estudo mostram crescimento de 21,8%, para R$ 3,3 bilhões, no volume de resseguros cedidos. As resseguradoras locais representaram 72% desse total, ou R$ 2,3 bilhões.

As locais registraram uma evolução ainda mais acentuada nos resseguros feitos no exterior. Eles chegaram a R$ 842 milhões nos três primeiros meses do ano. A alta foi de 44% frente aos R$ 584 milhões registrados no mesmo período do ano passado.

Os resseguros emitidos pelas locais chegaram a R$ 3,2 bilhões, no Brasil e exterior. Portanto, a alta de 28,9% sobre o mesmo período do ano anterior.

O estudo considera esse resultado expressivo. Porém, nota para a possibilidade de volatilidade, uma vez que se refere a apenas três meses do ano.

Sinistros crescem

A sinistralidade também cresceu. Dessa forma,  chegando a 76%, contra 41% no primeiro trimestre do ano anterior.

Com isso, o índice combinado do conjunto do mercado piorou, passando de 90% para 93%. Assim, quanto mais baixo, melhores os resultados para as empresas.

Lucro

Já o lucro líquido do setor ficou em R$ 410 milhões — 35% maior que em 2019.

O IRB, que tem 55,2% de market share, abocanhou R$ 350 milhões desse montante (ou 85,3% do total).

Entre as demais 15 resseguradoras, a segunda maior fatia do bolo ficou com a Munich Re, 7%.  A BTG conquistou 5,6%, sendo a terceira maior.

As outras resseguradoras listadas são a JM, Mapfre, XL, Chubb, Austral, AIG, Zurich, Markel, Swiss Re, Terra Brasis, Allianz, Scor e Axa.

 

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Capital cai, mas capacidade de resseguro ainda é suficiente, diz Aon

O mercado global de resseguros segue em boa saúde. Isso, apesar de um período de fortes perdas que levou a uma queda no volume de capital disponível. É o que afirma a corretora Aon em um novo relatório.

De acordo com a empresa, o mercado ressegurador dispunha, ao final de 2018, de uma capacidade de US$ 585 bilhões. Contudo, o número foi 3% menor do que em 2017. Isso quando havia US$ 605 bilhões de capacidade.

A queda ocorreu principalmente no chamado capital tradicional de resseguros, que fechou o ano em US$ 488 bilhões após uma redução de 5,4%.

Ainda assim, a Aon estima que há capital suficiente no mercado para suprir a demanda por resseguro nas próximas renovações.

Desde 2011, o volume de capital alocado para o mercado de resseguro aumentou 30%, calcula a empresa.

Alternativo

Por outro lado, o capital alternativo aumentou em 9% para chegar a US$ 97 bilhões. É maior número já registrado.

Porém, a Aon nota que este capital inclui montantes que servem de acessório para grandes perdas catastróficas sofridas por veículos de resseguro alternativos em 2017 e 2018.

Ainda assim, como investidores obtiveram bons retornos com instrumentos alternativos de transferência de riscos nos últimos anos, como os chamados cat bonds, a expectativa é que capital continue fluindo para o setor.

A Aon estima que, nos dois últimos anos, o mercado ressegurador teve que absorver US$ 240 bilhões em perdas decorrentes de eventos como os furacões. Como o  Harvey, Irma e Maria em 2017 e os grandes incêndios florestais que vem atingindo a Costa Oeste americana.

No entanto, poderia ter sido pior. A Aon observa que os altos níveis de retenção dos seguradores primários, seguindo estratégias de gestão de capital em anos recentes, limitaram o impacto das catástrofes no resseguro.

Menos desastres

Após atingir 106,6% em 2017, o índice combinado do resseguro global bateu em 99,7% no ano passado. Assim como o primeiro trimestre de 2019 também criou um ambiente mais favorável para o setor.

As perdas cobertas por resseguro nos primeiro três meses do ano se limitaram a US$ 7,1 bilhões, um valor 47% mais baixo do que a média dos 15 anos anteriores.

As maiores perdas ocorreram nos Estados Unidos, com cinco dos dez maiores eventos registrados no país.

A catástrofe natural individual mais custosa do trimestre, entretanto, foi a tormenta Eberhard, que atingiu a Alemanha, França, Bélgica, República Checa e Holanda, deixando perdas superiores a US$ 1,1 bilhão.

Clique aqui para baixar o relatório em inglês.




Brasil ainda faz uso limitado do resseguro global

O Brasil se abriu ao resseguro internacional, mas ainda faz uso limitado da capacidade de transferência de risco disponível no mercado global.

Essa é uma das conclusões a que se pode chegar com a leitura do mais recente estudo sobre o mercado de resseguros publicado pela Terra Brasis.

Pela primeira vez, a empresa conseguiu integrar ao seu estudo informações coletadas pela Susep sobre as cessões de resseguro no exterior.

E um dos achados do estudo é que, apesar do registro de mais de 100 resseguradoras para operar no país, há menos players do que se imagina com uma participação significativa no setor.

Resseguradoras: pouca competição

Segundo a Terra Brasis, os cinco maiores grupos resseguradores somavam 55,8% dos prêmios em 2018. Contido, os dez primeiros detinham 74,8%, e os 20 maiores, 94,1%.

O relatório nota que o grau de concentração já foi maior. Isso com as cinco primeiras somando 62,7% do mercado em 2013. Mas é inegável que a gradual reabertura do mercado nos últimos anos parece ter tido efeito limitado nas decisões de compra das cedentes locais.

De acordo com os cálculos da Terra Brasis, no final de 2018, os prêmios cedidos a resseguradoras no mercado brasileiro chegavam a R$ 12,6 bilhões. Deste total, 30,1% foi cedido a subscritores sediados fora do país, principalmente por meio de unidades registradas como resseguradoras admitidas.

Lloyd’s

O destaque entre as admitidas são os sindicatos do Lloyd’s de Londres. E conjunto, eles lideram as cessões para o exterior com mais de R$ 541,8 milhões em prêmios.

A Talanx, grupo que controla empresas como a Hannover Re e a HDI, vem em segundo lugar com R$ 401,7 milhões.

A Talanx, como boa parte dos sindicatos do Lloyd’s, não possui uma resseguradora local no Brasil. Ainda que opere no mercado primário. A Everest Re, quarta maior, e a FM Global, sexta, tampouco operam como locais.

Porém, outras grandes operadoras offshore, fazem parte de grupos que estão presentes como locais. É o caso da Mapfre (número 3 do ranking de admitidas), Chubb (5) e Swiss Re (7).

IRB Brasil dominante

A concentração do mercado começa no topo. Isso, já que o IRB Brasil Re mantém uma posição dominante. Com 35,4% do total de prêmios cedidos por entidades brasileiras em 2018.

Trata-se da mais elevada market share do antigo monopólio desde 2013, quando sua parcela dos prêmios passava de 40%.

O IRB Brasil lidera todos os segmentos do mercado local. Com exceção dos resseguros de garantia, ramo liderado pela Junto (antiga JMalucelli).

Outras empresas lideram o setor. Porém, viram sua participação cair nos últimos anos. A Munich Re fechou 2018 com 6,8% dos prêmios, após 40% de aumento na comparação com 2017. Mas bem abaixo dos 10,3% que tinha em 2015.

Já Swiss Re tinha detinha 6,9% do mercado em 2015 e chegou a 7,5% em 2011, mas no final do ano passado sua parcela havia caído para 4,7%.

A quarta colocada, Chubb, registrou forte crescimento no ano passado, quando seus prêmios subiram 124%. A empresa americana controla 4,5% do mercado e subiu nove posições no ranking.

Parcelas parecidas têm a Mapfre, quinta maior, e a Zurich, que baixou de segundo para sexto após uma redução de 39% em prêmios de resseguro.

 

 




Risco secundário em alta faz soar alerta para seguradoras

Perdas seguradas de US$ 76 bilhões em 2018, chegando a US$ 219 bilhões em dois anos, na maior alta da história para o período. Ascensão dos chamados riscos secundários, aqueles pequenos, médios ou que derivam de um risco primário, representando 60% das perdas e exigindo mais atenção da subscrição das seguradoras.

Em levantamento recém divulgado, a Swiss Re considera que o sinal de alerta está tocando para seguradoras de todo o mundo quando o assunto são catástrofes naturais.

“As perdas geradas por riscos secundários estão aumentando devido à urbanização. Também devido ao aumento da concentração de ativos em áreas expostas a condições meteorológicas extremas e a mudanças climáticas”, aponta o relatório. A pesquisa destaca que tendência é de continuidade deste cenário.

Em 2018, os riscos secundário representaram 62% das perdas seguradas. Em 2017, ano do recorde histórico de perdas por danos naturais no mundo, já haviam sido mais da metade.

Risco primário

Conforme aponta a Swiss Re, exemplo de risco primário é um terremoto ou ciclone. Riscos secundários podem ser independentes (como enchentes ou deslizamentos). Ou decorrentes do risco primário (como tsunami ou incêndios derivados de terremoto).

As devastações causadas por catástrofes naturais em 2018 incluíram a série de incêndios simultâneos na Califórnia e o furacão Florence. Este último, considerado “assombroso” pelos especialistas em climatologia.

“A lacuna de proteção existente é uma oportunidade para as seguradoras fortalecerem a resiliência global”, afirma Jérôme Jean Haegeli, economista-chefe do Swiss Re Group, citado no estudo.

Lacuna de seguro

A Swiss Re mostra que as catástrofes causaram danos de US$ 165 bilhões no ano passado. Resultando em um número trágico de 13.500 pessoas mortas ou desaparecidas.

Assim. desse valor, as seguradoras bancaram US$ 85 bilhões das perdas econômicas. A média dos dez anos anteriores foi de US$ 71 bilhões.

Considerando 2017 e 2018 a lacuna de proteção contra catástrofes naturais globais atingiu US$ 280 bilhões. Contudo, mais da metade deste montante foi gerada por riscos secundários.

Segundo a empresa, as razões para falta de seguro incluem falta de consciência de risco do consumidor. Trata-se de um mau entendimento da cobertura disponível referente às catástrofes. Bem como a hesitação por parte do setor de fornecer cobertura quando a avaliação é incerta.

Dificuldade

“Avaliar os riscos secundários pode ser difícil devido às suas características únicas. Por exemplo, os riscos secundários geralmente são altamente localizados, mas com variáveis que se encontram em um estado de fluxo contínuo, devido a mudanças no uso da terra e a uma maior ocorrência de condições climáticas extremas.”

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Marsh funde três corretoras de resseguro na América Latina

O grupo Marsh & McLennan Companies (MMC) anunciou que vai fundir suas operações de resseguro facultativo na América Latina em uma só companhia.

Isso significa que as unidades de resseguro facultativo das corretoras Marsh, Guy Carpenter e Jardine Lloyd Thompson (JLT) passarão a operar como uma empresa integrada. Como resultado, sob o nome Carpenter Marsh Fac Re.

Assim, o grupo afirma que se tratará do maior intermediário de resseguros facultativos da região. A MMC, que já controlava a Marsh e a Guy Carpenter. Ao mesmo tempo adquiriu a JLT em uma operação concluída no dia 1º de abril.

A Carpenter Marsh Fac Re será liderada pelo CEO Andrew Perry, que atualmente lidera a Mercer Marsh Benefits (MMB), que pertence ao mesmo grupo. Perry será baseado em Miami e reportará a Dean Klisura, president de Global Placement da Marsh, e Ricardo Brockmann, CEO da Marsh América Latina e Caribe.

Juan Carlos Gomez, que atualmente comanda o escritório da Guy Carpenter na Colômbia, será o vice-CEO, baseado em Bogotá.

Resseguro facultativo

O resseguro facultativo destina-se a uma operação isolada, negociada entre segurador direto e ressegurador. Assim, nesta modalidade, o contrato de resseguro é firmado para um risco isolado. Dessa forma, a resseguradora tem liberdade de aceitar o risco ou não

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Dormir pouco é um dos riscos que tiram o sono do mercado

Vivemos em propriedades com grandes riscos de incêndio, muitas vezes construídas com materiais tóxicos como o amianto. Ao mesmo tempo em que a agitação política toma conta das ruas.

Para completar, dormimos cada vez menos, e não é de susto. Afinal, novos hábitos e tecnologias estão mantendo as pessoas acordadas por mais tempo do que deveriam. Dessa forma umentando o risco de erros humanos, obesidade, ataques cardíacos e outros problemas.

Esse é um mix dos riscos emergentes mais urgentes enfrentados pela indústria do seguro. Isso de acordo com o mais recente relatório sobre o tema divulgado pela Swiss Re.

O relatório Sonar, publicado a cada ano a partir de informações coletadas de subscritores, corretores e clientes, também põe o foco em temas como os ataques cibernéticos. Assim como os riscos ambientais e os perigos e oportunidades trazidas por desenvolvimentos tecnológicos. Como o uso cada vez mais intenso da inteligência artificial.

Leia abaixo alguns exemplos:

Edifícios inflamáveis

Alguns dos riscos emergentes não são exatamente novos. Assim como é o caso das ações de responsabilidade ligadas ao uso e manuseio do amianto.

A Swiss Re nota que sinistros ligados ao amianto, que está relacionado a enfermidades como o câncer, já causaram perdas de quase US$ 100 milhões para a indústria do seguro só nos Estados Unidos.

Porém, o tema continua sendo uma bomba relógio implantado no coração da indústria seguradora. Assim, as enfermidades ligadas ao emprego ou mineração de amianto tendem a se manifestar 40 ou 50 anos depois que a pessoa teve contato com a substância tóxica. O mesmo passa, logicamente, com os sinistros de seguro.

Contudo, a Swiss Re nota que, apesar da literatura existente sobre o tema, o amianto continua sendo minerado. Da mesma forma, segue amplamente presente em construções em países como a Rússia, Índia, China e Indonésia.

E também, é claro, no Brasil. O Supremo Tribunal Federal demorou mais de uma década para julgar uma ação que proibia o uso do amianto em todo o país. Dessa forma, o veredicto só foi alcançado em novembro de 2017.

A Swiss Re recomenda que apólices de seguros tragam exclusões para o amianto, sempre que possível. Porém, as indenizações do futuro provavelmente já estão plantadas em contratos em vigor.

Outro risco emergente de alto impacto ligado a edificações diz respeito ao uso de revestimentos inflamáveis na construção de arranha-céus.

Da mesma forma, foi esse tipo de material que estava presente na torre Grenfell. A torre pegou fogo em Londres no ano passado, matando mais de 70 pessoas.

Mais uma vez, o Brasil tristemente ajuda a ilustrar o risco com o incêndio. Por exemplo, como o incêndio do edifício Wilton Paes de Almeida, em São Paulo. O sinistro pode ter sido agravado, entre outros fatores, pelo uso de materiais pouco resistentes ao fogo em sua construção. Ao menos sete pessoas morreram.

Geopolítica

A Swiss Re também recomenda aos executivos de seguro que fiquem de olho nas mudanças geopolíticas que estão acontecendo ao redor do mundo.

Vários países, incluindo o Brasil, estão vivendo a emergência de movimentos populistas de cariz mais radicalizado.

Os Estados Unidos estão adotando uma postura unilateral, acelerando a mudança de eixo de poder rumo à Ásia, com uma China cada vez mais confiante como protagonista.

Com a atual arquitetura multilateral sob ameaça, aumentam também as incertezas para as empresas de seguros e resseguros que têm negócios globalizados e fortamente ancorados nas atuais estruturas de governança.

Para complicar ainda mais, a deterioração das estruturas de governança também aumenta o risco de conflitos militares e reduz a possibilidade colaboração interenacional para frear processos como o aquecimento global. Ambos desdobramentos elevam os riscos de que o setor sofra perdas de valor cada vez mais elevado.

A cereja envenenada no bolo indigesto é a emergência do protecionismo e um aperto regulatório cada vez mais premente. Com economias se fechando para empresas de outros países, os grupos seguradores podem vir a perder acesso a mercados importantes, comprometendo estratégias de diversificação de riscos que são vitais para a sua sobrevivência.

Dormir pouco

Outros riscos emergentes parecem menos dramáticos, mas mesmo assim têm o potencial de tirar o sono dos executivos do setor.

Um deles é justamente o fato de que as pessoas estão dormindo cada vez menos. A Swiss Re alerta que, devido à difusão de novas tecnologias como telefones celulares e iluminação LED, além de práticas como o teletrabalho, as longas viagens para chegar ao trabalho ou a necessidade de ter vários empregos para sustentar a família, estão reduzindo o número de horas de sono dos cidadãos.

A falta de sono que obriga a dormir pouco tem dois efeitos principais para a indústria. Em primeiro lugar, dormir pouco aumenta o risco de condições como obesidade, ataques cardíacos e infartos, elevando a conta das seguradoras de saúde e, quando levam o segurado desta para uma melhor, também para as de vida.

Por outro lado, funcionários que dormem menos estão mais propensos a cometer erros em seus ambientes de trabalho, elevando o risco de acidentes que podem gerar perdas de propriedade e responsabilidade, além das próprias coberturas de acidentes de trabalho.

A Swiss Re lembra que, em todo o mundo, dois de cada três sinistros de seguro já estão ligados a erros humanos. Dormir pouco é um deles.

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