Para IBGC, falhas de gestão de risco expõem sociedade a catástrofes
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- Oscar Röcker Netto
- 17 de fevereiro de 2016
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Em Carta de Opinião sobre responsabilidade corporativa ligada a desastres ambientais, instituto cobra enfoque em lucro 'ótimo', e não 'máximo'
O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) considera “urgente” que empresas envolvidas com questões ambientais façam uma revisão de seus processos decisórios, cobra um posicionamento mais consistente de diretores e conselhos de administração e avalia que a pouca atenção dada por eles à área tende a gerar falhas no gerenciamento de riscos — que por sua vez podem resultar em “verdadeiras catástrofes”.
“A ocorrência ainda frequente de desastres ambientais relacionados à atividade empresarial impõe aos conselheiros de administração, diretores e demais agentes de governança uma necessidade urgente: revisar seus processos de tomada de decisão, de prestação de contas, de transparência e de comunicação com as partes interessadas e o público como um todo”, diz o instituto por meio de uma Carta de Opinião emitida em 12 de fevereiro.
Trata-se da primeira manifestação formal do IBGC sobre o tema após o desastre em Minas Gerais, em 5 de novembro de 2015. O documento pode vir ser desdobrado em outras análises e recomendações do instituto na área de governança.
De acordo com o instituto, “investidores, conselheiros e diretores estão sujeitos a uma nova realidade, que concebe um papel abrangente da empresa na sociedade, muito além do mero agente do mercado financeiro”.
O documento lembra que além de “perdas irreversíveis para o meio ambiente, o patrimônio público e a sociedade” os danos causados por catástrofes podem ser fatais para as empresas envolvidas, com “danos na reputação, multas e prejuízos financeiros”.
Como é praxe na instituição, nenhuma empresa é citada nominalmente. A ligação óbvia, no entanto, é a Samarco, responsável por um dos maiores desastres ambientais do país.
A empresa está envolvida em ações que envolvem até R$ 20 bilhões em compensações e pagamentos pelos danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana.
Mais pressão
Para o IBGC, a maior pressão da opinião pública exige uma conduta mais responsável das empresas na área ambiental. “Essas cobranças podem e devem ser encaradas como fontes de oportunidades, inovação e vantagem competitiva – e não como entraves ou custos adicionais”, aponta o documento. “Os desastres ambientais são uma dolorosa oportunidade de reforçar essa visão e adotar novas e melhores condutas.”
De acordo com o documento, as empresas precisam ter um enfoque de longo prazo, com opção por buscar um “lucro ótimo” e não “lucro máximo”. “As considerações envolvendo aspectos socioambientais serão refletidas, mais cedo ou mais tarde, nas demonstrações contábeis, no valor econômico e de mercado da empresa, podendo afetar decisivamente sua longevidade.”
Para fazer valer essas premissas, as empresas precisam se ancorar no que a Carta de Opinião chama de pilar da responsabilidade corporativa: “Os agentes de governança corporativa devem zelar pela viabilidade econômico-financeira das organizações, reduzir externalidades negativas de seus negócios e suas operações e aumentar as positivas, levando em consideração, no seu modelo de negócios, os diversos capitais (financeiro, manufaturado, intelectual, humano, social, ambiental, reputacional, etc.) no curto, médio e longo prazos”.
Para quem tem dúvidas sobre como proceder, o IBGC faz ainda recomendações concretas, retiradas da 5ª edição do Código de Melhores Práticas de Governança Corporativa, publicado pelo instituto.
São ações como: mapear riscos, medir probabilidade de ocorrência, tomar medidas para preveni-los ou mitigá-los, cumprir código de conduta e treinar os públicos por ele afetados, ser transparente, entre outras.
“Hoje, mais importante que obter resultados, é atentar à forma pela qual são obtidos”, orienta o instituto.
Clique aqui para ler a íntegra da carta.
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