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Preço e regulamentação travam inovação no seguro

A inovação deve ser levada em conta em todos os setores. Por exemplo, com os riscos empresariais evoluindo a toque de caixa, a capacidade de inovação se tornou chave para as seguradoras conseguirem satisfazer as necessidades das empresas.

Mas, no Brasil, fatores ainda atrasam a introdução de novos produtos que já fazem parte do arsenal de transferência de riscos disponível para as empresas internacionais.

Paul Conolly, diretor de Resseguros da corretora Bowring Marsh no Brasil, acredita que o mercado evoluiu muito neste sentido. Isso desde o fim do monopólio estatal do resseguro, em 2018, mas ainda há fatores regulatórios e de mercado que freiam a introdução de coberturas inovadoras no país.

Preços

Um exemplo, na opinião do executivo, é a tendência que muitas seguradoras cedentes mostram em valorizar preços baixos em seus contratos de resseguro. Dessa forma colocando menos ênfase em outros fatores, como a qualidade das coberturas ou sua abrangência.

“O que impede a modernização do seguro é, de certa maneira, a competitividade do mercado,” disse Conolly à RSB.

Ele observou que as seguradoras até demonstram interesse em saber mais a respeito de novas coberturas e serviços. Porém, com muita frequência se mostram relutantes em pagar mais por produtos mais completos.

“A questão de que o mercado é muito direcionado por preço é um dos motivos que impedem o desenvolvimento de algumas linhas,” afirmou.

Susep

Tampouco, a burocracia de aprovação de novos clausulados por parte da Susep ajuda, observou o executivo.

“Ao mesmo tempo, existem dificuldades de clausulado por parte da Susep. O mercado brasileiro ainda é fechado neste sentido”, disse Conolly. “Se a empresa quer aprovar um clausulado para um produto ou um segmento, deve obter autorização da Susep. Isso que demanda tempo, paciência e perseverança.”

Ele ressaltou que, com o engessamento dos clausulados, os corretores acabam tendo menos condições de buscar produtos diferenciados. Igualmente para as necessidades complexas de cada cliente.

“No exterior, um broker pode ter um clausulado para trabalhar a conta de um cliente, e outro para um cliente diferente,” disse. “Aqui o broker está amarrado ao clausulado da seguradora.”

Evolução

No entanto, esta situação parece que está evoluindo.

Nesta semana, segundo o jornal Valor Econômico, a Susep está lançando uma consulta pública. A consulta trata sobre a ideia de flexibilizar a vigência e prazos de contratos de seguros. A medida seria parte do projeto da atual liderança da autarquia de aumentar a flexibilização do mercado.

E mesmo com as atuais restrições, segundo Conolly, o setor tem buscado trazer inovações na medida do possível.

“O mercado brasileiro evoluiu muito desde o fim do monopólio de resseguro”, afirmou. “Ainda temos gaps com relação ao mercado internacional na velocidade com que a gente consegue aprovar um produto, mas, 11 anos atrás, todo o mundo tinha que usar o clausulado que o ressegurador monopolista usava.”

Cyber

Um produto que pode se beneficiar de regras mais flexíveis é o seguro cibernético, cujo risco está em constante evolução e, especialmente no caso de grandes clientes, com frequência necessita contemplar as peculiaridades de cada empresa.

“Hoje em dia já é possível lançar produtos diferenciados”, disse Conolly. “O risco cyber pode causar mudanças no mercado no futuro. Trata-se de um risco ainda muito desconhecido, ninguém sabe quais serão os grandes sinistros do cyber. Algumas seguradoras já estão emitindo esta apólice no Brasil, mas só quando elas têm ou o apoio de resseguro de sua casa matriz, ou o suporte de alguma resseguradora de fora com expertise para isso.”

De qualquer maneira, ele nota que os novos produtos às vezes demoram para pegar no mercado nacional. Estima-se, por exemplo, que ainda só haja cerca de 150 ou 170 apólices de cyber no Brasil, e Conolly acredita que algum evento cibernético de grande repercussão pode ser necessário para que a demande engrene.

“O mercado brasileiro é um pouco lento para reagir a produtos novos,” disse o executivo. “Veja o caso do D&O, que é mais ou menos novo, que só deu uma disparada após a Lava Jato. Creio que vai ser o mesmo com o cyber.”

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Com preços em alta, mercado deve aprimorar subscrição de riscos

O endurecimento das condições e preços do resseguro proporcionam uma oportunidade para aprimorar a gestão de riscos do setor de seguros. Da mesma forma, descobrir quem são os subscritores que de fato vieram ao Brasil para ficar.

Esta é a opinião expressada por Eduardo Toledo, diretor presidente de Resseguros da corretora Som.us, em entrevista à RSB.

Segundo ele, ainda que o mercado brasileiro esteja menos exposto às perdas catastróficas que inverteram a tendência de queda de preços a nível global, há uma situação peculiar. À primeira vista, muitos compradores de seguro e resseguro estão vendo um aumento significativo das tarifas no mercado local.

Para Toledo, ainda que esta nova tendência coloque pressão sobre os orçamentos das empresas, ela também tem um lado positivo para o futuro do setor no Brasil.

Aventureiros

“Estes momentos de mercado duro criam condições para reeducar os clientes. Da mesma forma para trazer-lhes para uma realidade da percepção verdadeira de seus riscos e a precificação real desses riscos”, disse Toledo.

“No mercado duro não existem tantos aventureiros que vêm aqui sem conhecer o negócio. Assim, sem um histórico de perdas, botam a taxa lá embaixo e, depois de dois anos, sofrem sinistros e saem do mercado.”

Com menos players espremendo os preços, as resseguradoras que realmente prezam seus resultados técnicos tendem a encontrar mais oportunidades, observou.

“É um momento positivo para os resseguradores internacionais investirem no Brasil. Com mais capacidade em condições condizentes com o risco e pedindo contrapartidas em termos de gerenciamento de riscos, mitigação, sistemas operacionais etc”, disse Toledo.

Subscrição pode melhorar

Da mesma forma, na visão do executivo, o longo período de preços baixos a nível nacional e global fez com que houvesse um certo relaxamento nos processos de subscrição. Igualmente com algumas empresas tomando mais e piores riscos do que deviam.

“O nível de subscrição caiu muito no mercado brasileiro. Até por excesso de capacidade técnica no mercado internacional. Situação que vinha para cá de certa forma já mastigada”, afirmou. “E aqui no Brasil não se formam subscritores como deveriam se formar. Então o nível de subscrição caiu, as empresas estavam de certa forma olhando o que o vizinho estava fazendo e tentando fazer igual ou um pouco melhor.”

“São raros os casos em que se nota que houve uma subscrição do risco. Assim também que alguém dedicou tempo para fazer uma análise aprofundada, buscou mais informações sobre ele.”

A subscrição relaxada se torna mais arriscada. Porém, em um mercado em que o resseguro viu perdas significativas nos últimos anos.

“No ano passado, mesmo clientes que nunca tiveram sinistros viram um aumento significativo de seu prêmio”, disse Toledo. “O mercado colapsou, teve prejuízos irreparáveis, e os que ficaram, se não precificarem desta forma, não sobrevivem. E, se o cliente buscar uma alternativa, vai bater no mesmo ressegurador.”

Catástrofe humana

Toledo também acredita que o mercado não é ajudado pelas carências que o Brasil. Contudo, vive em áreas como a infraestrutura e segurança pública, que complicam o trabalho de quem vive de tomar riscos.

“Nossas perdas catastróficas são a falta de credibilidade e infraestrutura. A segurança pública não existe, falta investimento”, afirmou. “E os clientes que investem, que estão preocupados com a gestão do risco, acabam sofrendo as consequências.”

“Nossas catástrofes são humanas”, concluiu Toledo.




Resseguro, sinistros e lucros crescem no início do ano

O mercado de resseguro do Brasil teve forte alta no primeiro trimestre de 2019. Assim aponta a prévia do Terra Report, relatório de mercado elaborado pela resseguradora Terra Brasis.

Os dados da Susep (Superintendência de Seguros Privados) compilados pelo estudo mostram crescimento de 21,8%, para R$ 3,3 bilhões, no volume de resseguros cedidos. As resseguradoras locais representaram 72% desse total, ou R$ 2,3 bilhões.

As locais registraram uma evolução ainda mais acentuada nos resseguros feitos no exterior. Eles chegaram a R$ 842 milhões nos três primeiros meses do ano. A alta foi de 44% frente aos R$ 584 milhões registrados no mesmo período do ano passado.

Os resseguros emitidos pelas locais chegaram a R$ 3,2 bilhões, no Brasil e exterior. Portanto, a alta de 28,9% sobre o mesmo período do ano anterior.

O estudo considera esse resultado expressivo. Porém, nota para a possibilidade de volatilidade, uma vez que se refere a apenas três meses do ano.

Sinistros crescem

A sinistralidade também cresceu. Dessa forma,  chegando a 76%, contra 41% no primeiro trimestre do ano anterior.

Com isso, o índice combinado do conjunto do mercado piorou, passando de 90% para 93%. Assim, quanto mais baixo, melhores os resultados para as empresas.

Lucro

Já o lucro líquido do setor ficou em R$ 410 milhões — 35% maior que em 2019.

O IRB, que tem 55,2% de market share, abocanhou R$ 350 milhões desse montante (ou 85,3% do total).

Entre as demais 15 resseguradoras, a segunda maior fatia do bolo ficou com a Munich Re, 7%.  A BTG conquistou 5,6%, sendo a terceira maior.

As outras resseguradoras listadas são a JM, Mapfre, XL, Chubb, Austral, AIG, Zurich, Markel, Swiss Re, Terra Brasis, Allianz, Scor e Axa.

 

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Gallagher fecha compra de área de aviação da JLT

A corretora Arthur J Gallagher anunciou a conclusão da aquisição da área de seguros aeroespaciais de sua rival Jardine Lloyd Thompson, JLT.

A empresa afirmou que a operação vai aumentar sua capacidade para operar no setor de aviação em várias partes do mundo. Assim também, incluindo a América Latina.

A unidade adquirida pela Gallagher inclui 250 profissionais, bem como sua base de clientes.

Transferência

As operações baseadas em Londres, Índia, Estados Unidos e Singapura serão absorvidas imediatamente pela Gallagher. Assim como a Hayward Aviation. A empresa é especializada em aviões a jato e helicópteros.

Da mesma forma, outras equipes da JLT serão integradas gradualmente aos quadros da empresa, anunciou a Gallagher.

A venda da unidade aeroespacial da JLT faz parte do compliance regulatório. O compliance é relacionado à aquisição da corretora pela Marsh & McLennan, em setembro do ano passado.

Em contrapartida, a MML pagou US$ 5,6 bilhões pela corretora britânica, em um acordo que foi finalizado no começo de abril.

Todavia, a venda das operações de aviação da JLT teve o objetivo de mitigar temores das autoridades de competição da União Europeia. Isso a respeito da concentração do mercado de corretores nas mãos da Marsh.

Liderança

A JLT avaliou a venda de sua unidade aeroespacial em US$ 251 milhões, de acordo com informações divulgadas pela mídia.

“A adição do negócio aeroespacial global da JLT ao nosso time de aviação impulsiona a Gallagher em uma posição de liderança no mercado. Assim também em uma indústria que tem visto um forte crescimento nos últimos 20 anos”, disse Simon Matson, CEO da operação britânica da Gallagher.

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Seguros paramétricos se expandem e cobrem novos riscos

Os seguros paramétricos foram criados para revolucionar o mercado de coberturas para eventos climáticos em setores como a agricultura. Porém, agora, as coberturas baseadas em índices estão chegando também a outros segmentos do mercado.

Nos países desenvolvidos, a profusão de dados indexáveis colhidos por sensores e equipamentos em várias áreas diferentes estão facilitando o desenvolvimento de coberturas paramétricas. Isso  em segmentos como os seguros contra terrorismo, de transportes, de viagens e até de saúde.

De acordo com executivos, este tipo de cobertura, que tem o potencial de facilitar tanto os processos de subscrição quanto a gestão de sinistros, está sendo mais bem recebida pelos compradores de seguro. E a demanda está aumentando.

“Nos últimos três anos, nosso portfolio de seguros paramétricos dobrou a cada ano”, disse Christian Wertli, diretor de Soluções de Risco Inovadoras na Swiss Re Corporate Solutions. “Hoje há mais dados, índices e pontos mesuráveis. Assim os produtos paramétricos estão ficando mais refinados como consequência disso.”

Como funciona

As coberturas paramétricas são acionadas automaticamente. Isso acontece quando um determinado índice ultrapassa um limite acordado entre o segurador e o segurado.

Um exemplo típico é a chuva. Risco comumente coberto por este tipo de seguro no setor agrícola.

Por exemplo, se uma estação meteorológica capta que o nível de precipitação é mais alto do que o acordado. Assim, a cobertura é atividade automaticamente. Isso sem necessidade de enviar um perito. A indenização é paga ainda que nenhum dano tenha sido sofrido pelo segurado.

Tradicionalmente, as coberturas paramétricas se focam em eventos climáticos como a chuva e a seca. São riscos cuja intensidade pode ser averiguada de forma científica e confiável.

Passos

Mas seguradoras como a Swiss Re CS estão trazendo a metodologia para outras áreas. A empresa lançou recentemente na Europa uma cobertura de lucros cessantes para companhias. Afinal, são empresas que fazem transporte de mercadorias através de rios, uma importante via de comunicação em países como a Alemanha.

O produto, chamado Flow, cobre perdas sofridas pela interrupção do negócio do cliente. Isso quando o nível dos rios que ele utiliza fica acima ou abaixo do que é necessário para sua navegabilidade.

Lucro cessante

Lucros cessantes também formam o principal atrativo de outro produto oferecido pela empresa. Antes de mais nada, o novo produto cobre as perdas ocorridas quando o número de visitantes em aeroportos, shopping centers, estações de trem e hotéis. Assim como em outros tipos de negócios que ficam abaixo de uma quantidade combinada com o cliente.

Na Europa e outros centros desenvolvidos, as seguradoras têm acesso a dados confiáveis sobre o número de pessoas que trafegam em determinados locais. Assim, permite a criação deste tipo de produto. O volume de visitante pode cair em razão de motivos como catástrofes naturais, atos terroristas ou epidemias.

“Se o número de visitantes cai demais em um aeroporto, pode causar graves perdas. Especialmente em termos de interrupção de negócios”, disse Thomas Keist, diretor de inovação na Europa na Swss Re CS.

Aon e o valor intangível

No caso da corretora Aon, as técnicas paramétricas permitiram a elaboração de um produto. Na visão da Aon, ele pode proteger empresas cujo valor está mais focado em sua marca que em seus ativos físicos, como as companhias de comércio digital, car sharing e similares.

O seguro paramétrico elaborado pela Aon cobre lucros cessantes sem danos à propriedade (conhecido em inglês como non-damage business interruption, ou NDBI). Afinal, essa é uma velha demanda das grandes empresas.

Por exemplo, empresas em setores como o car sharing ou room sharing podem ter grandes prejuízos. Principalmente em casos de terremotos, furacões, epidemias, atos terroristas e outros eventos. São situações que diminuem a utilização de seus serviços. Ainda que os bens diretamente afetados não pertençam a elas.

Para solucionar este problema, a cobertura da Aon é acionada quando um evento afeta o balanço da empresa. Bem como, quando as perdas financeiras chegam a um determinado nível acordado com o cliente.

“O valor das empresas está cada vez mais movendo-se dos ativos tangíveis para os intangíveis. O seguro paramétrico permite o desenvolvimento de soluções que protegem o valor intangível das empresas”, disse Kurt Cripps, diretor de Inovação e Soluções na Aon. “Nossa cobertura paramétrica NDBI cobre todos os riscos, exceto casos de insolvência ou fraude.”

Viagens na medida

Outro segmento que está vivendo a chegada dos seguros paramétricos é o seguro de viagens.

Em 2017, a Axa lançou na Europa uma cobertura que automaticamente paga uma indenização na conta corrente do cliente, caso seu voo atrase por mais tempo do que um período previamente acordado.

As técnicas paramétricas também foram usadas pela Steel City, uma agência de subscrição americana. Ela criou uma apólice de risco reputacional. Esta apólice é ativada por um índice elaborado a partir de uma série de dados que estão associados à boa ou má imagem da empresa.

Saúde

Experiências em outras também estão sendo desenvolvidas. Por exemplo, o Banco Mundial, tem um projeto para implementar seguros paramétricos contra pandemias em países pobres.

Já a seguradora americana MetLife está testando em Singapura uma cobertura baseada em dados sobre a saúde dos pacientes que protege mulheres grávidas contra um tipo de diabetes.

A empresa coleta dados dos registros médicos eletrônicos das seguradas. Nesse caso, pode ser acionada em questão de minutos após o diagnóstico da enfermidade, segundo a empresa.

“A única limitação ao desenvolvimento de produtos paramétricos é que precisamos encontrar índices confiáveis e independentes”, disse Wertli.

Eventos climáticos

Novidades também estão aparecendo nos segmentos de riscos climáticos em que os seguros paramétricos começaram a sua trajetória no mercado.

Em março, a resseguradora Swiss Re e a seguradora Falls Lakes lançaram nos Estados Unidos uma cobertura contra terremoto que é acionada automaticamente. Isso acontece se a região onde se localiza o imóvel segurado sofre um terremoto de magnitude superior a 4 na escala Richter.

Já em 2018 o mercado americano viu surgir a primeira cobertura contra granizo baseada em técnicas paramétricas.

Novas estações

Segundo Tanguy Touffout, fundador da agência de subscrição francesa Descartes Underwriting, essa cobertura se tornou possível com o desenvolvimento de novas estações meteorológicas para a medição de chuvas de granizo.

As novas estações são muito mais baratas do que as que haviam anteriormente no mercado, possibilitando sua instalação em mais pontos, e a captação de um volume maior de dados sobre as precipitações.

“Hoje podemos avaliar o tamanho das pedras de granizo de forma muito precisa, então podemos oferecer coberturas para concessionárias ou fabricantes de automóveis para que protejam os veículos de danos causados por chuvas de granizo”, explicou Touffout. “Mesmo nos segmentos de riscos climáticos há muitos novos produtos paramétricos sendo desenvolvidos.”




Novas tecnologias podem facilitar criação de mais seguradoras

As soluções paramétricas e outras tecnologias como o blockchain e a inteligência artificial podem ajudar novos atores a entrar no mercado de seguros.

Esta pelo menos é a expectativa da fintech suiça Etherisc. A empresa desenvolve sistemas informatizados open source para startups do setor.

A Etherisc coloca à disposição de seus parceiros sistemas baseados em novos dispositivisos. São tecnologias como blockchain, inteligência artificial e soluções paramétricas para que elas mesmas desenvolvam seus planos de negócio e comecem a atuar no setor.

Por exemplo, um grupo de estudantes de computação de Porto Rico está se valendo dos sistemas da Etherisc. A princípio, o objetivo é criar uma cobertura paramétrica contra furacões. A cobertura é baseada em índices de velocidade do vento. A ideia surgiu após Porto Rico ter sido devastado por furacões em 2017.

Automação

Para Stephan Karpischek, as novas tecnologias criam as condições ideais para descentralizar o processo de seguros. Assim como facilitar a entrada de novos atores no mercado.

Isso porque ele permite a coleta de dados necessária para soluções paramétricas. Bem como sua manipulação através de sistemas baseados na tecnologia blockchain, que permite o compartilhamento seguro de informações.

“Com o nosso modelo geral de seguros, as empresas são capazes de escolher seus próprios provedores de dados, os gatilhos e os parâmetros para seus modelos de risco”, disse Karpischek.

“A partir daí, elas podem desenvolver seus próprios negócios com a tecnologia blockchain, mesmo sem saber muito sobre os detalhes técnicos.”

Obstáculo regulatório

Um obstáculo que estes novos atores podem enfrentar, porém, é a questão regulatória.

Em vários países, as autoridades supervisoras podem torcer o nariz para a ideia de que um produto tão simples seja chamado “seguros”, observou Karpischek.

Porém, ele acredita que nada impede as empresas inovadoras de utilizar outras denominações para mecanismos de transferência de risco. Por exemplo, de produtos financeiros como os derivativos.

“O maior obstáculo no momento atual é regulatório”, disse ele. “Tecnicamente, trata-se de algo simples, se você não o chama de seguros.”

Parceria no Sri Lanka

Em uma experiência similar, a mescla das soluções paramétricas com a tecnologia blockchain e inteligência artificial está na origem da insurtech britânica Skyline Partners.

Sob o mesmo ponto de vista, a empresa desenvolveu um modelo de distribuição de seguros aliado à gestão de sinistros. A métrica está sendo testada em comunidades de pequenos agricultores no Sri Lanka.

Elaborado em parceria com a corretora Aon, o modelo prevê o pagamento automático de indenizações aos segurados se a apólice for acionada por excesso de chuvas ou secas.

Eu escolho

Quando estiver plenamente operacional, o produto deve permitir que os próprios agricultores elejam os tipos de eventos meteorológicos dos quais desejam proteção.

O processo de subscrição é baseado nos dados coletados sobre as regiões cobertas pela apólice. Assim, sua simplicidade permite que as coberturas sejam comercializadas através de fornecedores de implementos agrícolas.

“As soluções paramétricas são as mais adequadas para as mudanças pelas quais o mercado está passando neste momento. Elas podem ser totalmente automatizadas e a transferência de riscos pode ser feita quase que à perfeição”, disse Laurent Sabatié, co-fundador da Skyline Partners.

“Quando se tem acesso a dados confiáveis, é possível analisá-los antecipadamente. Bem como elaborar produtos sob medida exatamente como os clientes querem.”




Zurich visa PMEs com seguro cibernético mais simples

A seguradora Zurich está apostando que nenhuma empresa, por menor que seja, pode abrir mão de se proteger contra os riscos cibernéticos.

Por esse motivo, está lançando no Brasil um seguro cibernético voltado ao mercado das pequenas e médias organizações.

Segundo Fernando Saccon, responsável pela área de Linhas Financeiras da Zurich no Brasil, o Seguro Proteção Digital visa companhias com faturamento de até R$ 40 milhões. Igualmente oferecendo limites entre R$ 500 mil e R$ 5 milhões.

O preço da cobertura varia entre R$ 10 mil e R$ 60 mil. Isso de acordo com os limites solicitados e o faturamento da empresa.

Perda de dados

“Trouxemos a expertise do produto lá de fora. A Zurich atua nesta área há mais de dez anos nos Estados Unidos e outros países”, disse Saccon à Risco Seguro Brasil.

Ele explicou que o principal risco coberto pela apólice é o de perda de dados. Com a entrada em vigor de leis de proteção de dados no Brasil e outros países, este é um risco crescente para as empresas. O problema atinge mesmo àquelas que podem não parecer alvos óbvios para gangues de hackers.

Os dados de terceiros também podem ser afetados por descuido. Como um vazamento involuntário e pela falta de controles internos da empresa. Ou mesmo um email enviado de maneira equivocada, explicou Saccon.

Funcionários ou ex-funcionários da empresa podem estar na origem dos eventos. Seja de maneira criminosa ou acidental.

Extorsão, comigo não

A apólice cobre o possível pagamento de indenizações a terceiros que se sintam prejudicados pelo vazamento de seus dados. Assim, multas derivadas de leis de proteção de dados também podem ser cobertas. Bem como os custos legais dos processos resultantes.

Outro elemento da cobertura diz respeito à reação ao evento cibernético. À primeira vista, isso inclui os custos de investigação sobre a extensão do problema. Assim como a substituição de arquivos digitais, a recomposição de dados perdidos e outras tarefas.

A cobertura também inclui os custos relacionados a ataques de negação de serviço, como o famoso WannaCry de dois anos atrás. Por exemplo, as perdas financeiras pelo período em que a empresa deixou de operar por causa do evento cibernético.

A cobertura também atinge o pagamento de extorsão, em casos em que meliantes pedem um resgate para dar à empresa a senha necessária para desbloquear o sistema.

Reação

“É extremamente importante que a resposta seja rápida. A divulgação de informações é muito rápida, e nem sempre elas refletem o que de fato ocorreu,” disse Saccon. “É essencial que exista um suporte ao segurado para que dê uma resposta rápida à sociedade e aos seus clientes.”

Custos de reação incluem serviços jurídicos, de contabilidade, de investigação, consultores na área de extorsão e também profissionais de relações públicas.

Para empresas de maior porte, que buscam coberturas feitas sob medida, a Zurich também oferece engenharia de riscos, estratégia para prevenção de incidentes e outros serviços adicionais.

Adaptação

Saccon disse que a Zurich trouxe o produto ao Brasil no final de 2016. Desde então vem trabalhando na sua adaptação ao regime regulatório local.

A meta é suprir uma demanda por seguros cibernéticos por parte de PMEs que, segundo ele, já pode ser sentida.

O público-alvo é composto por associações profissionais, comércio, consultorias, escritórios de advocacia, instituições de educação, imobiliárias, farmácias e outros setores. A apólice simplificada não é oferecida, porém, a áreas muito expostas como as instituições financeiras.

Condições

As condições de aceitação incluem domicílio no Brasil, políticas mínimas de segurança da informação e não ter sido objeto de incidentes cibernéticos nos últimos dois anos.

A apólice é vendida pelas 27 filiais que a Zurich tem no Brasil, além da rede de corretores da empresa.

“As condições de aceitação são menos rígidas que as exigências da Lei de Proteção de Dados”, disse Saccon. “São condições como políticas de educação para os profissionais sobre o tema, que não vão gerar um grande custo para as empresas.”

“A estratégia para este nicho de mercado tem que ser mais simples, até por conta de uma menor exposição ao risco do que a das grandes empresas,” completou.




China aposta nas massas para destravar seguro cyber

Seguro cyber. É hora de falar sobre ele. Com um potencial de crescimento fabuloso, o mercado de seguros espera que as coberturas cibernéticas venham a se tornar, um dia, um verdadeiro negócio da China.

Na própria China, porém, como em outras partes do mundo fora dos Estados Unidos e Europa, o segmento de seguro cyber está demorando para decolar.

Fontes consultadas pela Risco Seguro Brasil estimam que apenas cerca de 100 apólices corporativas de seguro cyber já foram vendidas na China. O volume é similar ao que se acredita já terem sido subscritas no Brasil.

Por isso, o mercado está buscando outras maneiras de dar vazão ao potencial chinês. Da mesma forma, uma das mais sucedidas iniciativas tem sido a venda de seguros cibernéticos para as massas.

Cobertura no banco

Seguradoras chinesas lançaram no mercado local uma cobertura que protege os usuários de serviços bancários online de fraudes cometidas por hackers. Contudo, os preços são baixos. Assim como os limites, modestos. Por isso a aceitação do público está sendo bastante boa. Isso segundo Frank Wang, responsável pela área de bens e propriedade da resseguradora Gen Re na China.

Tratam-se de coberturas compradas nos sites de seguradoras ou dos próprios bancos onde os clientes têm suas contas.

Elas garantem o reembolso de até US$ 1.000, caso fraudadores ataquem o banco e roubem o dinheiro da pessoa.

As apólices cibernéticas pessoais podem ser pagas por cartão de crédito e sua contratação é feita muito rapidamente, explicou Wang.

Exército de clientes

Não é difícil entender o atrativo que este produto, ainda que relativamente barato, tem para o setor, considerando o tamanho do potencial mercado chinês. Estima-se que 800 milhões de chineses façam uso frequente da internet.

“A internet está muito desenvolvida na China, talvez até mais do que nos EUA e na Europa”, disse Wang. “As pessoas estão acostumadas a comprar seguros pela internet.”

Ele notou que o êxito deste produto revela como o mercado está se adaptando às particularidades da China para aproveitar as oportunidades de negócios no segmento.

PMEs também

Algumas seguradoras e resseguradoras internacionais estão de olho em produtos mais massificados. Elas começam a oferecer coberturas para pequenas e médias empresas. Um dos motivos é justamente porque o mercado corporativo está tardando a engrenar.

As coberturas, neste caso, são menos abrangentes, os preços são mais baixo e o processo de subscrição é mais ágil.

Para Wang, algo que pode ser chave para vencer no mercado chinês é a venda de apólices simplificadas de seguro cibernético para PMEs por meio da internet.

Dinheiro vivo já era

“A China é um mercado grande, avançado digitalmente e que se baseia muito na tecnologia. No entanto, a penetração global de seguros cibernéticos é inferior a 5%, e na China é ainda menor”, disse Andreas Schmitt, responsável pela área de Seguros Cibernéticos na Ásia na Munich Re.

“O potencial do mercado de seguros cibernéticos é portanto significativo.”

Ele observou que a China é uma das economias onde o uso de dinheiro eletrônico avança de maneira mais rápida. Até pequenos comércios de bairro já aceitam pagamentos via aplicativos de smartphone como o Alipay e o WeChat.

“Esta rápida evolução indica que o mercado está cada vez mais vulnerável ao risco cibernético, o que alimentará a demanda por seguros cibernéticos na China”, disse Schmitt.

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Preços dos seguros aumentam 3% no primeiro trimestre, aponta Marsh

Os preços globais de seguros para empresas aumentaram 3% no primeiro trimestre de 2019, de acordo com a corretora Marsh.

Acima de tudo, a alta foi puxada pelas linhas de seguros D&O e patrimoniais.

As linhas financeiras, das quais o D&O é o principal componente, tiveram uma alta de 5,6%.

Catástrofes

Já os seguros patrimoniais registraram um aumento de 4,7% no trimestre. Dessa forma, refletindo o endurecimento do mercado após as catástrofes naturais dos dois últimos anos.

Segundo a Marsh, os preços dos seguros patrimoniais estão em alta desde os eventos catastróficos do verão de 2017.

Entre os três grupos de seguros avaliados pela corretora, apenas os de responsabilidades apresentaram uma queda de preços no trimestre. A variação foi de -0,7%.

América Latina

Na América Latina, o período de alta de preços já dura seis trimestres.

O aumento entre janeiro e março chegou a 1,5%, puxado pelos seguros de responsabilidade, com 3,6%. As coberturas de automóveis foram as principais responsáveis pelo aumento.

A Marsh observou uma variação de 0,1% nos seguros patrimoniais e 2,1% nas linhas financeiras.

Mas os preços variam de acordo com o país. No Brasil, porém, as tarifas estiveram em baixa nos seguros D&O, assim como na Argentina. Na Colômbia, no entanto, houve aumentos de preços.

Mercado duro

As renovações de seguro estão sendo realmente duras na região do oceano Pacífico, que engloba Austrália e Nova Zelândia, onde os preços de coberturas para empresas subiram 16,1% no primeiro trimestre.

Nas linhas financeiras o aumento foi de 25,8%, o quarto trimestre consecutivo com taxas superiores a 23%. Uma onda de ações coletivas contra empresas tem dado o tom no mercado de linhas financeiras na região.

Já os seguros patrimoniais ficaram 14,5% mais caros na região, e os de responsabilidades, 5,7%.

Outras regiões

Nos países desenvolvidos, os preços também estão em alta, mas de forma menos acentuada.

Nos Estados Unidos, a variação das tarifas no primeiro trimestre foi de 1,1%, e no Reino Unido, de 2,9%.

Já na Europa a variação no período foi de 2%, e na Ásia, de 0,4%.

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Ping An, da China, é marca mais valiosa do seguro mundial; veja o top 10

A chinesa Ping An possui a marca mais valiosa do mundo no mercado de seguros. Isso de acordo com a consultoria Brand Finance.

A empresa estima que a marca da seguradora chinesa vale US$ 50,5 bilhões. Igualmente obteve uma valorização de 93% no último ano.

Em segundo lugar no ranking anual elaborado pela consultoria aparece a alemã Allianz. Da mesma forma, com um valor de marca de US$ 23,1 bilhões, após um incremento de 14,2%.

Outra empresa chinesa, China Life, ocupa a terceira posição com US$ 21,8 bilhões, e a francesa Axa vem em quarto com US$ 15,6 bilhões.

Refletindo o extraordinário crescimento do mercado chinês e seu potencial, seguradoras chinesas ocupam quatro das dez primeiras colocações do ranking.

As 10 marcas mais valiosas do seguro mundial

  1. Ping An (China), US$ 50,5 bi
  2. Allianz (Alemanha), US$ 23,1 bi
  3. China Life (China), US$ 21,9 bi
  4. Axa (França), US$ 15,6 bi
  5. AIA (Hong Kong), US$ 15,5 bi
  6. CPIC (China), US$ 10,7 bi
  7. PICC (China), US$ 9,1 bi
  8. GEICO (USA), US$ 8,8 bi
  9. Zurich (Suíça), US$ 8,2 bi
  10.  Allstate (USA), US$ 8 bi

Resseguros

No mercado de resseguros, a marca mais valiosa é a da Swiss Re, com um valor estimado em US$ 4,2 bilhões.

Em segundo lugar aparece a Hannover Re, com US$ 2,7 bilhões, seguida pela Munich Re, com US$ 2,4 bilhões.

Um setor pouco amado

Outra conclusão da pesquisa anual da Brand Finance é que as marcas de seguro, de maneira geral, não contam com boa reputação entre os consumidores.

O setor recebeu uma nota 6,6, de um máximo de dez, entre os consumidores pesquisados.

Para fins de comparação, a indústria de hotéis mereceu uma nota 7,3, e a de automóveis, 7,1.

Nenhuma marca brasileira aparece entre as 100 mais valiosas do seguro mundial.

No entanto, há outras empresas estrangeiras presentes no Brasil com boa colocação no ranking, como a Generali (16º lugar), Chubb (19º), Mitsui Sumitomo (20º ), Travelers (21º), Swiss Re (23º), Tokio Marine (24º) e AIG (25º).