Seguro paramétrico busca oferecer solução para riscos climáticos
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- Rodrigo Amaral
- 25 de maio de 2016
- Sem categoria
Swiss Re CS lança produto no Brasil; rapidez na avaliação de sinistros é vantagem, mas requer dados confiáveis sobre fenômenos naturais
Os seguros paramétricos chegam ao mercado brasileiro com a promessa de prover uma cobertura efetiva contra os efeitos financeiros de fatores climáticos e que é acionada de forma simples e rápida em caso de eventos.
Por trás desta fórmula aparentemente simples, porém, se encontra uma metodologia complexa e sofisticada que utiliza desde estações de chuva até satélites na órbita da Terra para calcular os gatilhos que vão acionar as apólices.
Os seguros paramétricos são contratos em que o cliente chega a um acordo com o subscritor a respeito de um índice que vai acionar a cobertura.
O índice, ou parâmetro, pode se referir à quantidade de chuva que cai em uma região determinada, a quantidade de vento, a radiação solar e outros fatores climáticos mesuráveis.
“Um dos grandes desafios para o seguro paramétrico é trabalhar com os dados de chuva”, exemplificou Rodrigo Violaro, diretor de produtos climáticos para o setor de energia da Swiss Re Corporate Solutions, que acaba de lançar uma linha de seguros paramétricos no Brasil.
“Aqui no Brasil, é possível utilizar os dados do INMET, que é o instituto meteorológico do governo, ou trabalhar com as estações climáticas do próprio cliente. Neste caso, é preciso contratar uma empresa para auditar os dados.”
Também é possível utilizar informações de outras fontes como o ONS, ou Operacional Nacional do Sistema Elétrico. E para auferir dados sobre fatores como velocidade do vento ou radiação solar, uma das possibilidades é se valer dos serviços de satélites.
Uma das principais vantagens oferecidas por este tipo de cobertura, segundo Violaro, é que os pagamentos de indenizações são mais ágeis do que nas apólices normais, já que não se requer a avaliação dos danos por parte de peritos. Se o índice acordado entre as partes for atingido, a apólice é ativada.
Por esse motivo, é importante que os dados utilizados para determinar a quantidade de chuva ou vento ou a intensidade do calor ou frio sejam confiáveis para ambas as partes. “A medição é sempre feita por um terceiro, então não há muito espaço para discussão,” disse Violaro.
Uma vez acionada, a indenização pode ser utilizada pela empresa para restabelecer seu fluxo de caixa e financiar, desta maneira, as medidas de reação do negócio. No caso de uma colheita fracassada, por exemplo, o produtor teria ao seu dispor recursos para retomar o planteio. No caso de empresas hidrelétricas que sofrem com a falta de chuva, o dinheiro seria destinado à compra de outras fontes energéticas para manter a produção andando – em geral, petróleo.
Customização
“Trata-se de um produto desenvolvido a quatro mãos, muito customizado para cada cliente”, acrescentou Violaro. “Por isso é preciso ver exatamente qual é o tipo de evento climático que está afetando o resultado da companhia. Analisamos se o efeito climático está impactando a linha de custos ou de receitas da empresa, e como isto a está afetando ao longo do tempo.”
A cobertura pode ser acionada por um evento específico, como uma forte temporada de chuvas, ou por metas estabelecidas por um determinado período de tempo.
Violaro cita o caso de hidrelétricas que podem comprar a proteção apenas para os quatro meses em que há o maior risco de seca, e que podem assim afetar a produção durante todo o ano.
Mas, no caso de empresas de energia eólica, pode ser mais interessante estabelecer um parâmetro a ser calculado durante todo o ano como gatilho para a apólice.
“É possível adaptar a cobertura às necessidades e características específicas do negócio do cliente”, afirmou Violaro.
Além do desafio de encontrar dados de boa qualidade sobre fatores climáticos para embasar os contratos de seguro, outra questão enfrentada pelo setor para disseminar esta novidade no Brasil foi a forma de enquadrar estes produtos, que são necessariamente elaborados sob medida para os clientes, dentro do rígido esquema de clausulados da Susep.
A Swiss Re CS, porém, conseguiu aprovar seu seguro dentro da categoria de Riscos Diversos no sistema de estatísticas da Susep.
Setores variados
Há mais de 15 anos que a Swiss Re vem oferecendo seguro paramétrico e derivativos climáticos nos EUA e na Europa.
“Historicamente ficou claro que os setores do agronegócio e da energia são os que podem ser mais afetados por variáveis climáticas”, disse Violaro. Mas outros setores também podem utilizar este tipo de proteção.
“Podemos trabalhar com qualquer tipo de cliente que pode ser afetado por variáveis climáticas,” afirmou o executivo. Um exemplo é o setor de turismo, em que o bom o mau tempo durante a alta temporada podem determinar se uma empresa consegue ou não fechar seus resultados do ano. No exterior, já se reportaram casos de operadoras de turismo que utilizam seguros paramétricos para mitigar este risco.
Outro fator importante é que a cobertura, por ser baseada em uma avaliação científica de fenômenos muito específicos, vale para riscos derivados exclusivamente de fatores climáticos.
Portanto, eventos como as perdas sofridas pelas empresas de energia com os apagões que com frequência atingem o Brasil poderiam ou não ser cobertos por este tipo de seguro. Se a falta de energia se deve a problemas de geração causados pela falta de chuvas, a apólice poderia ser acionada se os índices acordados forem atingidos.
Se o apagão, no entanto, se deve não só a variações climáticas, mas também a outros fatores, como a má regulamentação do setor ou políticas de manutenção de preços abaixo do mercado, a história é diferente. Até porque ainda não se inventou um índice capaz de medir a capacidade dos governos de atrapalhar a atividade das empresas.
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