Consultoria alerta múltis sobre corrupção em parceiros no Brasil
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- Oscar Röcker Netto
- 5 de agosto de 2016
- Sem categoria
Com atual onda de escândalos, falta de due diligence pode ser "catastrófica", avalia consultoria Steele CIS em relatório sobre o país
Hoje, mais do que nunca, as empresas multinacionais com negócios no Brasil precisam ter muito cuidado e reforçar os controles (a due diligence) de seus parceiros terceirizados no país.
O alerta faz parte de um documento intitulado “Anatomia do Suborno no Brasil”, recém-lançado pela Steele Compliance & Investigarions Services, consultoria global norte-americana. “Como mostra a atual onda de escândalos, se envolver com parceiros errados pode ter consequências catastróficas e duradouras”, avalia Dennis Haist, consultor de compliance da empresa que assina o trabalho.
Segundo ele, “o interminável fluxo de subornos” e casos de alta corrupção colocam o governo numa situação precária num momento em que tem de lidar com uma rede de atividades criminosas com potencial de derrubar vários políticos — Haist não cita nominalmente, mas a ligação com Lava Jato e Zelotes é clara. “Enquanto o governo luta com uma série de investigações entrelaçadas, as multinacionais devem agir com cuidado”, recomenda.
O documento, focado na relação das empresas com seus parceiros comerciais, faz parte de uma série de artigos da Steele CIS destinada a dar um panorama da corrupção brasileira aos seus clientes.
Momento especial
De acordo com Haist, o país vive um momento especial com a Olimpíada, e em circunstâncias normais o evento seria palco para políticos e empresários mostrarem-se ao mundo. Não é o que ocorre, diz ele, uma vez que “muitos da elite” não podem ou não querem se associar a um evento “visto por muitos como emblemático da corrupção no país”.
Para o especialista, enquanto luta contra a corrupção sistêmica, o país sofre com perda de reputação. Ele lembra que a Lei Anticorrupção (ou Lei da Empresa Limpa) trouxe responsabilizações para companhias envolvidas em desvios, apontando-a como um esforço para mudar uma situação que “não é nova no país”. “A lei é um atestado de que suborno e corrupção não serão mais tolerados”, acredita o consultor.
Alerta vermelho
Ao abordar a forma como os “terceirizados” podem complicar a vida de uma empresa, Haist lista motivadores clássicos que podem levá-los a prevaricar.
“Pressão por resultados, falta de fiscalização ou a crença de que pagar subornos é a única maneira de fazer negócios”, lista o consultor. “O reforço da due diligence é fundamental para descobrir parceiros corruptos e prevenir violações da conformidade.”
O especialista diz que não há fórmula perfeita para detectar esquemas de suborno, mas antes de fechar acordos de negócios com parceiros é essencial dar atenção a alguns indicadores.
Para a consultoria, parceiros com tendências corruptas emitem uma série de “alertas vermelhos”.
Os sinais incluem:
– Ter uma descrição vaga dos serviços que presta;
– Cobrar comissões acima das do mercado;
– Não oferecer vantagem competitiva consistente para vencer contratos;
– Oferecer, em compensação, presentes ou entretenimento com frequência;
– Parecer incapaz de dar suporte financeiro para a operação ou então pagar valor inflados por serviços comuns;
– Subcontratar outra empresa para prestar o serviço;
– Ter histórico de ações civis e/ou criminais;
– Ser dono de uma reputação questionável;
– Não demonstrar interesse por práticas anticorrupção;
– Trabalhar num local que destoa dos serviços que presta.
Já os controles internos da empresa também precisam seguir alguns requisitos para serem considerados aptos a identificar parceiros inconvenientes.
O “alerta vermelho interno” deveria soar se a firma que vai contratar parceiros:
– Não tem controles suficientes para monitorar funcionários e funções de alto risco;
– Não possui política anticorrupção;
– Tem aplicação limitada de suas políticas;
– É incapaz ou relutante em fornecer documentação de trabalhos concluídos e contratos negociados;
– A auditoria interna não dá atenção adequada às unidades de alto risco.
Clique aqui para acessar o artigo da Steele CIS na íntegra, em inglês.
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