Sucessão é tema delicado que fundadores têm receio de abordar
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- Oscar Röcker Netto
- 12 de janeiro de 2016
- Sem categoria
Mas gestão deste e outros riscos ligados à família proprietária ajuda a aumentar o valor de mercado da empresa
Apesar de ser um problema com vasto histórico de conhecimento público e um sem-número de profissionais e programas para auxiliar a resolvê-lo, o risco-família ainda é encarado como um tabu por muita gente, dizem os especialistas.
O plano de sucessão, por exemplo, é um assunto delicado de tratar. Muitos fundadores de empresas simplesmente não querem abordar um fato que lhes é sensível: o de que um dia não estarão mais ali para resolver as coisas, seja por aposentadoria ou morte.
Mas há resistência também em outros temas. Muitas questões do dia a dia costumam ser proteladas.
“Os administradores tomam uma série de precauções com outros riscos — financeiro, de crédito, estratégicos etc — e esquecem deste [o risco-família]. Aí de repente aparece um alien, que é tratado como uma surpresa; mas surpresa ele não deve ser”, diz Robert Juenemann, conselheiro de administração do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC).
Segundo ele, o estímulo para se tentar resolver as questões costuma ir surgindo de acordo com a ocasião. A busca de soluções, portanto, ocorre pela demanda “autoimposta”. “A maioria das empresas ainda não consegue lidar com este tema de forma sistematizada. Mas é importante não fazer isso de afogadilho”, diz Juenemann.
Natureza humana
Uma pesquisa da PwC feita em 2014 mostrou que apenas 11% das companhias tinham plano de sucessão bem organizado no Brasil.
Seja como for, mesmo programas bem implementados podem não ser suficientes para blindar adequadamente a empresa. “Ser humano vai ser sempre ser humano”, diz Nijalma Cyreno, advogado especializado em direito empresarial do escritório Pellon & Associados, para lembrar todo o manancial de situações que a espécie é capaz de criar.
Há casos de o processo de sucessão ter sido devidamente definido em vida pelo fundador. O problema é que ele não se dava bem com os irmãos, que foram questionar o testamento na Justiça.
Em outros casos, o processo até começou a ser tocado pelo fundador, mas logo ele percebeu se tratar de uma missão impossível de resolver de forma satisfatória entre os herdeiros.
“Ainda assim, é um processo que precisa ser feito em vida [pelo fundador], para que a transição na empresa seja a mais tranquila possível”, diz Cyreno.
Juenemann lembra ainda que, na medida em que a família vai deixando de ser vista pelo mercado como um problema, a empresa se valoriza. “O risco-família tratado de forma adequada faz a empresa passar de uma situação de risco para uma situação de oportunidade, de valorização dos negócios. Mas o processo precisa ser ‘de verdade’”, afirma o advogado.
“Programa de governança gera valor para a empresa. Paga-se mais por uma companhia bem organizada administrativamente”, completa Juenemann.
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