Saindo do zero, seguro corporativo dá pulo de canguru na QBE
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- Oscar Röcker Netto
- 19 de maio de 2016
- Sem categoria
Australiana amplia portfólio em setor que deve representar cerca de 40% de seus negócios até 2020. Serviço e cobertura são diferenciais, garante CEO
De volta aos grandes riscos há cerca de um ano e meio, a QBE, seguradora de origem australiana, está dando saltos de canguru no Brasil.
Na próxima semana, a companhia lança oficialmente sua linha de seguros corporativos no país, que apesar da crise continua sendo o ponto focal de desenvolvimento da empresa na América Latina, com projeções de crescimento expressivo.
De acordo com Raphael Swierczynski, CEO no país, os R$ 285 milhões faturados pela companhia em 2015 deverão ser multiplicados por quatro até 2020. Até lá, as linhas de seguros corporativos serão responsáveis por 35% a 40% dos negócios.
A empresa recomeçou do zero na área corporativa, na qual havia deixado de trabalhar em 2006, tendo retornado no final de 2014.
Para 2016, Swierczynski projeta uma alta de 40% a 60% nos prêmios gerais, com os produtos corporativos sendo responsáveis por entre 15% e 20% dos negócios. “A gente pretende crescer forte”, resume.
São número robustos, mesmo que se considere a base menor de crescimento em relação a muitos concorrentes. De acordo com o Índice Valor 1000, a QBE ocupou a 33ª colocação entre as seguradoras brasileiras em 2014.
De qualquer forma, massificar ou brigar por ranking não faz parte das pretensões dos australianos no Brasil . A estratégia exposta pelo principal executivo demonstra um postura bem mais “low profile” de posicionamento no mercado.
Estratégia
A estratégia da QBE se fixa em selecionar bem os riscos que vai cobrir, prestar um serviço que considera especial e incluir coberturas nem sempre trabalhadas pelas seguradoras concorrentes.
O CEO quer que seus clientes percebam que “a proposta de preço pode não ser a melhor do mercado, mas o serviço é o melhor”.
Uma das formas de chegar a essa situação é estar mais perto do segurado no momento em que ele mais precisa: na ocorrência de sinistro. “A gente dá assessoria mais próxima. Não queremos ser aquela empresa que só cobre riscos e indeniza depois. Procuramos ser mais pró-ativos no momento do sinistro. Durante a renovação [da apólice] isso vai pesar mais do que o prêmio que ele vai pagar.”
Nessa linha, a QBE vai ter cada vez mais oportunidade de mostrar seus diferenciais, e os segurados, cada vez mais chance de conferir a qualidade do produto e do serviço. O portfólio da linha corporativa está em plena fase de expansão.
Na retomada de grandes riscos, no fim de 2014, a QBE se concentrou em seguros de grandes equipamentos de construção e mineração — uma especialidade de uma companhia vinda de um país com forte tradição mineradora.
Em dezembro de 2015, avançou para o seguro de Transportes, que “está rodando forte” e se beneficiou da saída de concorrentes deste setor. Property começou a ser comercializado em fevereiro passado e “já estamos cumprindo meta”. “É um mercado superconcorrido, tem taxas soft, mas que está aberto a novos players que venham para fazer alguma diferença”, diz Swierczynski sobre essa linha.
Responsabilidade Civil está começando a ser comercializado agora; e no terceiro trimestre chegam os produtos para Engenharia, Energia, mais o complemento de RC, com D&O e E&O.
Os resultados obtidos ao longo do ano passado em grandes riscos animam a expansão da QBE. Segundo Swierczynski, os prêmios para seguro de equipamentos de grande porte ficaram entre R$ 8 milhões e 10 milhões, “com resultado operacional positivo”. Ele prevê dobrar o desempenho este ano.
Passada essa fase de lançamentos, a ideia é amadurecer os produtos — sempre visando a meta de 2020. “Nos próximos trimestres não deveremos ter novos lançamentos. Mas a gente nunca deixa de estudar novas oportunidades.”
Inovação
Uma das estratégias da companhia é trazer modelos de seguro bem sucedidos no exterior para o Brasil, o que depende de aprovação da Susep.
Segundo o CEO, isso não está sendo um problema. O seguro para equipamentos pesados, por exemplo, é bem diferente do que existe no mercado e foi aprovado sem grandes dificuldades, disse ele a Risco Seguro Brasil. “O que houve foi dificuldade em fazer o resseguro, já que os resseguradores não conheciam o produto.”
A cobertura nessa área no mercado brasileiro, segundo Swierczynski, normalmente se enquadra em Riscos Nomeados, no qual o cliente elenca a proteção que precisa. A QBE optou por enquadrar o seguro como “All Risks”. Com isso, ampliou o leque de cobertura, incluindo na apólice a operação dos equipamentos sobre água ou subterrânea e cobrindo erro do operador da máquina, por exemplo. “O que o mercado trata com muita dificuldade, a gente incluiu”, diz o executivo.
Esse modelo aplicado no seguro de grandes equipamentos parece alinhado à filosofia com a qual a companhia afirma trabalhar. “A gente tem esse propósito: de buscar solução para o que não tem solução, de tornar possível o que aparentemente não é possível ou cotar seguro que ninguém quer fazer. Com isso fizemos algumas operações mais complexas, que o mercado não estava conseguindo encaixar, principalmente na área de equipamentos [pesados]”, afirma o CEO. “Agora, temos estudado novas coisas.”
E a crise?
Mas a crise não atrapalha os planos de crescimento? “Atrapalha, sem dúvida”, diz Swierczynski. Com grandes projetos de engenharia travados, por exemplo, o lançamento do seguro na área já era para ter ocorrido, mas foi postergado. Já o varejo, mais consolidado na seguradora, foi mais afetado. Uma de suas especialidades, seguros de viagem, por exemplo, sofre com a queda dos embarques de brasileiros.
“Mas no segmento corporativos, como estamos partindo quase do zero, não precisamos que o país cresça para a gente crescer”, diz o executivo. “Precisamos pegar uma parte do market share, dentro do target que nos interessa. Não adianta ficar brigando por preço e pegar negócio que vai trazer prejuízo.”
Ele diz que a seleção deste target está bastante criteriosa, mas nem por isso o mercado deixa de ser abundante. “No seguro corporativo existe uma demanda aberta a novos players com capacidade de fazer e com capacidade de produtos”, afirma. “Estamos conseguindo crescer mesmo com o cenário pessimista de economia e política”.
Esse cenário chegou a pôr em dúvida os investimentos da companhia no país. Mas, segundo Swierczynski, o receio da matriz não foi suficiente para desistir da atual fase de expansão. Ele lembra que notícias negativas sobre o Brasil lá fora vem sendo veiculadas já há algum tempo. Então não houve propriamente uma surpresa dos executivos globais da empresa com a situação brasileira de agora, embora “há três anos ninguém imaginasse que estaríamos nesta situação”.
“Houve questionamentos se seria o momento adequado para investir aqui”, conta o CEO. “Mas com os números conseguimos demonstrar que era. Mesmo com todo esse cenário, estamos crescendo forte. E agora a tendência é de que o cenário melhore.”
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