Incêndio no Canadá deve gerar até US$ 6,9 bilhões em sinistros
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- Rodrigo Amaral
- 18 de maio de 2016
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Perdas catastróficas globais se acumulam enquanto resultados das resseguradoras caem. Nos EUA, começa temporada "intensa" de furacões
Os incêndios florestais que atingem o Canadá podem causar perdas asseguradas entre US$ 3,4 bilhões e US$ 6,9 bilhões, de acordo com a empresa de modelização de riscos Air Worldwide.
Caso a estimativa se confirme, os incêndios que devastam a região de Fort McMurray, no estado de Alberta, serão a maior catástrofe natural da história da indústria de seguros canadense. A agência de qualificação de riscos AM Best afirma que o valor supera em quatro vezes o maior desastre anterior, uma tempestade de gelo que atingiu o país em 1998.
A estimativa inclui perdas de seguro residencial, de automóveis e de interrupção de negócio, mas não contempla as indústrias da madeira e do petróleo, que são vitais na região.
Os incêndios começaram no dia 1º de maio e continuam fora de controle. Segundo o governo da província de Alberta, cerca de 355.000 hectares estão sendo atingidos pelo fogo. Ainda que a região afetada esteja longe de grandes centros urbanos, cidades como Fort McMurray e Anzac foram evacuadas por medidas de precaução.
Algumas aglomerações urbanas apresentam perdas de residência, com a Air Worldwide calculando que 2.400 estruturas, incluindo casas, comércios e infraestruturas, já podem ter sido destruídas.
Mais de 1.750 bombeiros, com o apoio de 208 helicópteros, estão tentando apagar o fogo, de acordo com as autoridades.
Acumulação
O incêndio dá sequência a uma tendência de acumulação de perdas catastróficas no mercado global de seguros e resseguros. Em abril, houve terremotos no Equador e no Japão, ainda que o volume de perdas asseguradas não tenha sido extremo até agora nos países atingidos.
A Air Worldwide calcula que o terremoto que matou cerca de 700 pessoas no Equador em abril causará perdas asseguradas de até US$ 850 milhões. Já os tremores que atingiram a ilha de Kyushu, no Japão, matando 49, devem custar até US$ 2,9 bilhões ao mercado.
A acumulação de perdas catastróficas não chega a ser preocupante até o momento para um mercado que está nadando em capital, mas a situação pode se alterar um pouco com o início da temporada de furacões nos Estados Unidos, um tradicional período de perdas acentuadas para o setor.
O serviço meteorológico do Reino Unido prevê que a atividade dos furacões no Oceano Atlântico será levemente acima da média neste ano, enquanto que a Universidade Estadual da Carolina do Norte espera uma temporada bem mais ativa do que a média, especialmente na Costa Leste americana.
A entidade prevê que serão formados entre 15 e 18 furacões no Oceano Atlântico, Golfo do México e Mar do Caribe, enquanto que a média entre 1950 e 2014 é de 11.
Impacto
O impacto do acúmulo de catástrofes pode ser importante para a indústria resseguradora global, que enfrenta uma série de desafios, mas tem se beneficiado nos últimos anos de níveis bastante modestos de sinistralidade catastrófica.
De acordo com a Swiss Re, as perdas catastróficas atingiram US$ 37 bilhões em 2015, um volume muito inferior à média de US$ 62 bilhões dos dez anos anteriores.
Ainda assim, a rentabilidade do capital das empresas do setor caiu para 9,3% no ano passado, comparado com 11,3% em 2014, segundo a corretora Willis Re. Os dados se baseiam nas empresas que compõem o índice de Resseguros da corretora. Restringindo a amostra a empresas que divulgam publicamente seus dados sobre perdas catastróficas e reservas, a rentabilidade caiu de 5,8% para 3,4%.
Os resultados se apertam na medida em que os preços continuam caindo, as seguradoras seguem aumentando seus níveis de retenção e o setor enfrenta concorrência cada vez mais intensa dos mercados de capitais.
Além disso, como as taxas de juros nos mercados desenvolvidos seguem próximas de zero, está difícil para as resseguradoras compensarem os resultados técnicos em deterioração com a performance dos investimentos financeiros.
Resultados em queda
De fato, neste ano, grandes empresas do setor começaram a divulgar resultados menos chamativos do que em períodos anteriores. A Munich Re, maior resseguradora do planeta, obteve lucro de € 436 milhões no primeiro trimestre, comparado com € 790 milhões no mesmo período de 2015. A empresa também rebaixou sua expectativa de lucro para a totalidade de 2016.
Na Swiss Re, o lucro líquido na área de Property & Casualty caiu de US$ 808 milhões nos três primeiros meses de 2015 para US$ 587 milhões no mesmo período deste ano, apesar de um aumento no volume de prêmios. O índice combinado (combined ratio) aumentou de 84,3% para 93,3%.
O lucro líquido também caiu na Hanover Re (de € 280 milhões para € 271 milhões) e na Scor (de € 175 milhões para € 170 milhões).
De acordo com a Willis Re, um fator que vem ajudando a deteriorar a rentabilidade das resseguradoras é o aumento das despesas operacionais, uma vez que as empresas estão investindo nos seus departamentos de subscrição e na diversificação de seus negócios.
A corretora calcula que o índice combinado do setor passou de 91,6% para 94,5% em 2015. Com os preços em queda contínua, a tendência é que este número chegue ainda mais perto de 100%. Um índice superior a 100% indica que a companhia está tendo resultados de subscrição inferiores à soma de seus gastos com o pagamento de sinistros e despesas operacionais.
Por esse motivo, Johan Cavannagh, CEO da Willis Re, afirmou que, ainda que a saúde do setor continue robusta, as resseguradoras terão que contar com mais um ano benéfico em termos de catástrofes naturais para poder apresentar “resultados aceitáveis” em 2016.
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