Instabilidade política e corrupção intimidam investidores
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- Rodrigo Amaral
- 13 de janeiro de 2016
- Sem categoria
De acordo com consultoria britânica, barganhas podem atrair estrangeiros, mas medo de mudanças deve frear investimentos em 2016
A instabilidade política alimentada pela reação da sociedade contra a corrupção constitui o principal risco para investidores no Brasil em 2016, segundo a consultoria britânica Verisk Maplecroft.
Em seu mais recente relatório sobre os cenários de risco global, a empresa britânica afirma ver poucas possibilidades de que a presidente Dilma Rousseff seja afastada em um processo de impeachment, mas também indica que o governo encontrará dificuldades para aprovar medidas no Congresso durante o ano.
O tema da corrupção preocupa não só no Brasil, mas também em outros países latino-americanos como a Venezuela, Argentina, o México e até mesmo o Chile, economia frequentemente apontado como a mais bem gerida da região.
“De nenhuma maneira a corrupção é um novo tema na América Latina”, disse Jimena Blanco, chefe da divisão Américas da consultoria, em entrevista à Risco Seguro Brasil. “Mas se trata de um tema que agora preocupa a sociedade em toda a região. Na medida em que os países enfrentam mais dificuldades para gerar renda, as pessoas ficam preocupadas com a eficiência dos gastos públicos e os efeitos da corrupção sobre a qualidade de vida.”
É neste caso que se encontra o Brasil, na opinião da analista, segundo quem a instabilidade política, intensificada pelas investigações da Operação Lava Jato, preocupa os investidores, que estão adotando uma postura de precaução com relação ao rumo que o país vai tomar.
“Quando há um alto nível de instabilidade política, os investidores se preocupam com possíveis regras do jogo, e como elas podem afetar os seus investimentos”, afirmou Blanco. “Portanto, muita gente vai preferir esperar para ver o que vai acontecer no Brasil nos próximos 12 meses.”
Fusões e aquisições
Assim como outros países da região, o Brasil ainda enfrenta os efeitos da queda dos preços das commodities, que deve continuar neste ano, de acordo com a Verisk Maplecroft.
Ao mesmo tempo, no entanto, a desaceleração da economia brasileira, aliada à queda do real e ao alto endividamento das empresas, pode criar oportunidades de fusão e aquisição para investidores estrangeiros. Em 2015, houve maior volume de aquisições feitas por estrangeiros do que por brasileiros no país.
Devido à incerteza política e econômica, porém, muitos investidores podem se sentir intimidados a colocar dinheiro no país, especialmente pensando em negócios de curto prazo, segundo Blanco.
“Depende do setor de atividade da empresa e do horizonte do investidor”, disse a analista. “Para quem está vendo o curto prazo, até o final do governo Dilma Rousseff, por exemplo, o cenário não é animador. O governo não tem o capital político necessário para aprovar no Congresso as reformas que precisa realizar.”
A análise pode dificultar, por exemplo, a entrada de fundos de private equity, que têm se destacado no mercado de fusões e aquisições nos últimos anos, mas que muitas vezes buscam retorno rápido ao reestruturar empresas com problemas.
Maior é a chance de que investidores com uma visão de longo prazo se interessem por ativos brasileiros, especialmente no caso de investimentos estratégicos que visam a expansão futura de seus negócios na região. Setores como a agricultura, a indústria e energia renovável podem se tornar alvo do interesse de empresas estrangeiras.
“O Brasil vai continuar a ser o mercado-chave para empresas com planos de crescer na América Latina”, disse Blanco. “Mas isso depende do setor de atividade. Ativos em áreas como o petróleo e a mineração, por exemplo, podem não parecem muito atrativos devido a episódios recentes como a Operação Lava Jato e o acidente de Mariana.”
Reputação
Outra preocupação é o dano reputacional que pode ser causada pelo envolvimento do nome de uma empresa em um caso de corrupção.
“Estamos vendo algumas companhias que tiveram seus nomes publicados em veículos de comunicação internacionais com relação a escândalos de corrupção”, disse Blanco. “É lógico que isso não vai trazer nenhum ganho para as marcas em seus mercados natais.”
Por esse motivo, consultorias como a Verisk Maplecroft estão recomendando a seus clientes que sejam especialmente cuidadosos em implantar controles internos eficientes quando estiverem operando no Brasil e outras economias emergentes onde o risco de corrupção é elevado.
“É preciso implementar sistemas que vão garantir que a empresa não se envolva ou seja relacionada com práticas ilegais”, observou Blanco.
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