Instabilidade e regulamentação preocupam indústrias extrativas
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- Rodrigo Amaral
- 25 de julho de 2016
- Sem categoria
'Megatendências' de risco também incluem ameaças cibernéticas e ambientes operacionais mais complicados, aponta relatório
A instabilidade geopolítica e regulatória constitui a principal “megatendência” de riscos para as atividades de indústrias que atuam no setor da extração e comercialização de recursos naturais, segundo um relatório da corretora Willis Towers Watson.
A segunda tendência que mais preocupa é a da digitalização dos negócios e as novas tecnologias, o que reflete um crescente temor das empresas com respeito aos ataques de hackers e outas ameaças cibernéticas.
Em estudo sobre o tema divulgado em julho, a corretora listou a dificuldade de implementar modelos operacionais complexos em um cenário global como a terceira grande tendência que pode causar transtornos para as indústrias de recursos naturais.
Ao todo, são cinco grandes temas que preocupam o setor, segundo o relatório. Os outros dois são a gestão da força de trabalho e a necessidade de adaptar seus modelos de negócios a uma conjuntura em transformação.
Especificamente na América do Sul, o tema que mais preocupa é a instabilidade política e regulatória, seguida da digitalização das atividades. Na América do Norte, a ordem das duas principais tendências de risco é inversa.
A Willis Towers Watson entrevistou 350 executivos da indústria extrativa, 9% dos quais são baseados na América do Sul. Um terço dos entrevistados atuam no setor de mineração, 42% no de gás, petróleo e petroquímica, e 24%, no de energia elétrica.
Setenta dos entrevistados têm cargo de CEOs, 60 são diretores financeiros (CFOs), e outros 60 desempenham a função de Chief Risk Officers, ou CROs.
Mercados complicados
Os executivos também foram interrogados a respeito dos riscos individuais que mais lhes preocupam. Neste caso, a necessidade de operar em lugares que apresentam desafios técnicos mais avançados lidera o ranking (ver tabela abaixo).
As flutuações cambiais e das taxas de juros ficaram em segundo lugar, com os riscos cibernéticos ocupando a terceira colocação.
Entre as grandes tendências, os riscos geopolíticos e regulatórios ganharam força desde as chamadas revoluções árabes, que alimentaram a instabilidade em vários mercados importantes para a indústria extrativa.
Mais preocupante ainda, porém, são as frequentes mudanças na regulamentação dos setores de matérias-primas fomentadas por vários governos.
O estudo cita, por exemplo, dados do American Petroleum Institute, segundo os quais novas leis que estão sendo implementadas pelo governo americano podem custar à indústria do petróleo US$ 31,8 bilhões nos próximos dez anos.
Já na América Latina segue forte a preocupação com o chamado Chavismo, uma corrente política que se caracteriza por uma aversão a empresas estrangeiras aliada a um forte apetite pelos lucros que podem ser gerados pela extração de matérias-primas, na definição da corretora.
Dificuldades técnicas
Em termos dos desafios técnicos e operacionais, os executivos observaram que a busca por novas reservas de matérias-primas está levando suas empresas a explorar ambientes inóspitos como as profundidades dos oceanos e o Ártico.
As políticas de manutenção de baixíssimas taxas de juros nos países desenvolvidos, por sua vez, aumentam a incerteza econômica em um setor que foi afetado pela baixa dos preços das commodities nos últimos anos.
O mercado das matérias-primas, porém, é altamente cíclico, e os preços devem se recuperar na medida em que a economia global ganhe fôlego. Quando isso acontecer, porém, as empresas do setor devem enfrentar um outro desafio: o de encontrar pessoal qualificado para permitir a expansão de seus negócios.
O relatório observa que está havendo uma onda de aposentadorias de engenheiros especializados nas atividades extrativas em todo o mundo, e não vai ser fácil para as empresas encontrarem profissionais talentosos para substituí-los.
Até porque o setor enfrenta a competição por engenheiros e outros profissionais por parte de outras atividades como a indústria das tecnologias de informação.
Clique aqui para ver o documento completo, em inglês.
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