Buffett & Cia pregam senso comum em governança das empresas
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- Rodrigo Amaral
- 22 de julho de 2016
- Sem categoria
Titãs dos negócios americanos criam site e publicam anúncio em campanha para aprimorar o papel dos conselhos nas empresas
A Operação Lava Jato e eventos como a tragédia de Mariana, o supercalote da Oi e os problemas da Infraero deixaram mais claro do que nunca que a qualidade da governança nas empresas brasileiras ainda deixa muito a desejar.
De acordo com alguns dos mais importantes empresários do mundo, a melhor maneira de mudar esta situação é utilizar doses generosas de senso comum.
Esse, no entanto, parece ser um artigo bastante em falta no mercado. Por isso, um grupo de titãs dos negócios americanos decidiu botar no papel os princípios que eles consideram fazer parte do senso comum da governança corporativa.
O grupo de 13 luminares inclui gente do calibre do megainvestidor Warren Buffet (da seguradora Berkshire Hathaway), a CEO da General Motors, Mary Barra, e o CEO do banco JP Morgan, Jamie Dimon.
Eles criaram um website para divulgar os princípios da boa governança e botaram a mão no bolso para publicar um artigo de página inteira em grandes jornais americanos expondo os pontos principais do pensamento do grupo. O foco está, especialmente, no papel que deve ser desempenhado pelos conselhos das empresas.
Os próprios titãs empresariais admitem que não estão totalmente de acordo entre si a respeito dos princípios de governança corporativa. Mas há alguns pontos, segundo eles, que servem para qualquer tipo de empresa. Por exemplo, os conselhos devem procurar equilibrar o apetite de risco das empresas e zelar pela sua cultura corporativa – esta sim uma boa mensagem para o empresariado brasileiro, visto o nível de envolvimento dos altos escalões das empresas nos escândalos da Lava Jato.
“Como empresas bem administradas e governadas são o motor da nossa economia, boas práticas de governança devem ser mais do que um refrão ou uma moda”, argumentam os signatários do documento. “Trata-se de um imperativo.”
Leia abaixo algumas das pepitas de senso comum empresarial listadas por Buffett e seus colegas:
Escolha de diretores
“Acionistas de longo prazo devem sugerir candidatos a diretor caso conheçam bem os indivíduos e acreditem que eles adicionarão valor ao conselho.”
“Uma empresa tem mais chance de atrair e reter diretores de alta qualidade se o conselho se focar em temas estratégicos e delegar outros assuntos aos administradores.”
Remuneração do conselho
“As empresas devem considerar a possibilidade de pagar uma parte substancial (por exemplo, em algumas companhias, chegando a 50% ou mais) da remuneração dos diretores em ações, ‘performance units’ ou instrumentos similares ligados ao capital acionário da empresa. As companhias também devem avaliar a opção de exigir que os diretores retenham uma parcela significativa de remuneração em ações pelo decorrer de seus mandatos, de modo a incrementar o alinhamento econômico entre os diretores e o desempenho da empresa.”
“As empresas devem ter políticas de ‘clawback’ para a remuneração tanto em dinheiro como em ações.” (As políticas de ‘clawback’ prevêem o reembolso por parte dos diretores de parte de sua remuneração em alguns casos de má performance ou irregularidades.)
Preparação dos membros dos conselhos
“As empresas devem promover um programa de orientação aprofundado e robusto para os novos diretores, incluindo preparação a respeito da indústria e o ambiente competitivo em que a empresa opera, ademais dos negócios da empresa, suas operações, temas legais regulatórios importantes etc.”
Renovação
“A renovação dos conselhos deve ser levada em conta a fim de assegurar que o leque de talentos e seu ponto de vista permaneçam suficientemente atualizados e abrangentes na medida em que lidam com dinâmicas de negócios que mudam em alta velocidade. Mas a importância de novas ideias e perspectivas deve ser temperada com a compreensão de que a idade e a experiência trazem sabedoria, capacidade de julgamento e conhecimento.”
“Os conselhos devem ter um processo robusto para avaliar a si mesmos com regularidade, liderado pelo presidente não-executivo, pelo principal diretor independente ou pelo chefe de comitê apropriado. O conselho deve ter o poder de substituir diretores ineficientes.”
O que deve estar na agenda do conselho
“O desempenho do atual CEO e outros membros essenciais da administração da empresa e os planos de sucessão de cada um deles. Um dos trabalhos mais importantes dos conselhos é assegurar que a empresa tem o CEO que necessita. Se a empresa não possui o CEO apropriado, o conselho deve atuar de forma imediata para substituí-lo.”
“Riscos importantes, incluindo os riscos reputacionais. O conselho não deve ser contra a tomada de risco; deve buscar a calibragem do risco e da recompensa na medida em que se concentra no interesse de longo prazo dos acionistas.”
“Parâmetros de performance, incluindo a manutenção e fortalecimento da cultura e dos valores da empresa.”
“Temas de responsabilidade material da empresa.”
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