Falta fiscalização para os seguros obrigatórios no país
- 961 Visualizações
- Oscar Röcker Netto, em São Paulo
- 26 de novembro de 2015
- Sem categoria
Plano de coberturas para frota de veículos é mais bem administrado em empresa que tem gestão de risco implementada, diz especialista
A lei brasileira estabelece uma série de seguros obrigatórios para as empresas, mas a falta de fiscalização faz com muitas delas simplesmente deixem de contratá-los, de acordo com o diretor de risco e seguros da DHL, Guilherme Brochmann.
“Há multa? Há. São aplicadas? A gente conta nos dedos de uma mão se algo aconteceu neste sentido nos últimos anos, porque não há fiscalização”, disse ele no III Congresso Latino Americano de Seguros de Transporte e Cascos, realizado em São Paulo em novembro.
Os seguros obrigatórios estão determinados em lei há quase 50 anos, pelo decreto 73, de 1966, que regula as operações de seguros no país.
Na área de transportes, há duas linhas de seguro obrigatório: a do embarcador (que cobre a carga) e a do transportador (que cobre as responsabilidades civis, em todos os modais).
De acordo com o especialista, muitas empresas não gerenciam adequadamente seus seguros. “Muitas não fazem nem os obrigatórios”, afirmou. Os programas de seguros, diz Brochmann, são mais bem administrados nas companhias que dispõem de uma área de gerenciamento de riscos — “normalmente, as multinacionais”.
O problema é que a maioria ainda não trabalha dessa forma — problema que a gestão de riscos enfrenta em vários setores. Ainda há muita dificuldade em estabelecer um departamento de gestão de riscos, considera o gestor.
“A implementação é complicada. Se não for uma decisão ‘top-down’ [da alta direção] já nasce morta”, disse Brochmann, que tem 33 anos de experiência no setor e lançou recentemente o livro “Gerenciamento de Riscos – 30 anos de história”, em co-autoria com Francisco Wanderley Sigali.
A DHL, por exemplo, que atua em 220 países, tem uma equipe de gestão de riscos e seguros de 260 pessoas em todo o globo. Só no Brasil são 20 pessoas. “Eu me sinto um privilegiado”, disse ele.
Cultura
Cristiane França Alves, presidente da Associação Brasileira de Gerenciamento de Riscos (ABGR), que também participou das discussões do congresso, lembrou que a setor vem vencendo resistências culturais e se firmando de maneira sólida no país.
“O mundo mudou, e o Brasil vem mudando”, disse ela. “O brasileiro está percebendo melhor a gestão de risco.”
Para Alves, a apólice é peça fundamental dessa gestão, que, no entanto, vai além de contratar seguro.
“A apólice serve para repor perdas. Isso é importante, mas precisamos também evitá-las”, disse, ressaltando que esse trabalho inclui identificar os riscos, quantificá-los, tratá-los, transferi-los e monitorá-los.
“Hoje a grande preocupação dos gestores de risco é com aquilo que não controlamos e precisamos controlar.”
- Brasil 97
- Compliance 66
- Gestão de Risco 200
- Legislação 17
- Mercado 247
- Mundo 102
- Opinião 25
- Resseguro 105
- Riscos emergentes 10
- Seguro 198