Aperto regulatório deve se somar a riscos enfrentados pelas mineradoras
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- Rodrigo Amaral
- 23 de dezembro de 2015
- Sem categoria
Reação à tragédia de Mariana tende a resultar em regras mais rígidas para o setor, que vive difícil conjuntura econômica em todo o mundo
As empresas de mineração devem sofrer uma crescente pressão regulatória em 2016, o que vem se somar a uma longa lista de desafios enfrentados pelo setor, de acordo com a consultoria Deloitte.
A empresa lançou recentemente um relatório em que ressalta os temas mais importantes para o setor em termos globais. O momento é difícil devido à queda dos preços das commodities no mercado internacional.
No Brasil, porém, os desafios são incrementados pela reação à tragédia de Mariana, que deve resultar em uma regulamentação mais rígida para o setor, e uma difícil conjuntura econômica doméstica.
“Toda vez que há um grande acidente, isso acarreta uma atualização regulatória”, disse Karla Costa, gerente da área de Sustentabilidade da Deloitte no Rio de Janeiro, à Risco Seguro Brasil. “A gente espera é que isso agora aconteça com a mineração.”
As mineradoras podem esperar, entre outros apertos regulatórios, novas exigências em termos de gestão de risco ambiental e de segurança operacional, além de requisitos de licenciamento de exploração mais estritos.
“É necessário que indústria aprenda com o que aconteceu e invista na prevenção,” disse Costa.
Condições pouco propícias
Devido às atuais condições do mercado, porém, é pouco provável que as empresas do setor tomem demasiadas iniciativas para melhorar seus processos de gestão de riscos, a não ser que se vejam obrigadas a isso.
“As empresas de mineração terão que tomar ações após o ocorrido, mas acredito que será muito mais através de pressão regulatória do que por iniciativa própria”, afirmou Costa.
Em seu relatório, a Deloitte lista uma série de fatores que estão complicando o desempenho das empresas de mineração.
Além da queda acentuada dos preços das commodities, agravada pelo desaquecimento da economia chinesa, o setor enfrenta as expectativas dos acionistas por dividendos sempre crescentes e uma carência de financiamentos para realizar novos investimentos.
Ao mesmo tempo, precisa atualizar seus procedimentos operacionais, adaptar-se a regulamentações sempre em mutação não só no Brasil, lidar com a sanha fiscal de governos ávidos por arrecadar mais impostos e investir na prevenção de riscos cada vez mais intensos em áreas como a segurança física de seus funcionários e os ataques cibernéticos.
Fusões e aquisições
Com todos estes fatores pressionando os resultados das mineradoras, a Deloitte afirma que que algumas terão dificuldade em manter sua independência e poderiam se tornar alvo de operações de fusão e aquisição.
De fato, algumas empresas que sofrem maior pressão por resultados estão vendendo ativos para poder aumentar os dividendos pagos a acionistas. A Anglo American, por exemplo, anunciou recentemente que vai vender 60% de seus ativos e fechar 85 mil postos de trabalho para se adaptar ao novo ambiente de negócios.
Mas há obstáculos para uma nova onda de transações no setor, incluindo a escassez de financiamento e uma acentuada aversão a riscos.
Este fator é especialmente importante no Brasil, onde os riscos que podem ser adquiridos junto com uma empresa se tornaram mais evidentes do que nunca no caso da Samarco.
A incerteza política e econômica e a pressão regulatória que vem por aí tornam ainda mais difícil que empresas em dificuldades encontrem um “cavaleiro branco” que lhes resgatem das complicações atuais, ainda que os preços dos ativos pareçam atraentes.
“Apesar de o momento ser ideal para fusões e aquisições, existe o outro lado da moeda, que é o risco que vem junto”, afirmou Costa.
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