'Troca na Susep ilustra deturpação do conceito de agência reguladora'
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- Oscar Röcker Netto
- 21 de julho de 2016
- Sem categoria
Consultor critica indicação política, diz que gestão Westenberger teve “visão ultrapassada” e torce por mudança pró-consumidor
Motivada por critérios políticos, a troca de comando na Susep é mostra de que o papel ideal das agências reguladoras ainda está muito longe de ser atingido no Brasil, na opinião do consultor de seguros e resseguros Walter Polido.
A função, que seria a de zelar pelos interesses dos consumidores, necessita, segundo ele, que os chefes de tais órgãos sejam indicados de maneira independente e isenta, de forma a evitar corporativismos. “Em países desenvolvidos , dirigente de agência não pode ser indicado politicamente ou por entidades”, afirmou ele a Risco Seguro Brasil. “Estamos muito longe disso ainda. O conceito, que começou bem quando foi criado por FHC, foi totalmente deturpado no Brasil.”
Crítico, o consultor se disse decepcionado pela gestão de Roberto Westenberger por ela não ter avançado no que considera “primordial” para o setor: o afastamento do Estado de questões eminentemente de mercado.
Segundo Polido, Westenberger manteve “com mãos de ferro” as bases contratuais nos seguros dentro de uma “visão ultrapassada”, de padronização de produtos e clausulados. “Achei que ele fosse combater essa sanha de determinar produto para iniciativa privada, mas isso não ocorreu. A Susep chegou a criar uma diretoria de Novos Produtos. Não é prerrogativa dela. Quem tem de ter esse tipo de diretoria são as seguradoras.”
Corretores no poder
Joaquim Mendanha de Ataídes, presidente do Sincor-GO indicado pelo Solidariedade para o cargo, vai trabalhar nessa direção? “Não sei”, diz Polido. “Fiquei conhecendo o nome dele agora.”
Mas o consultor torce que sim. Ele avalia que, pelo fato de o novo superintendente, ainda a ser oficializado, ser corretor, o foco do órgão pode mudar.
“Os corretores estão no comando agora. Em tese, eles estão mais alinhados aos consumidores diretos”, analisa. “Espero que ele conheça o tema e não só a atividade de corretagem. Mas sempre acende uma luz, um desejo, de que realmente ocorra alguma coisa positiva.”
Para Polido, as seguradoras ligadas a banco “devem estar atentas” com a mudança. “As outras talvez estejam um pouco aliviadas; há uma sinalização de novas perspectivas de maior abertura, espero que em prol dos consumidores.”
As seguradoras não ligadas a bancos dependem quase exclusivamente dos corretores para fazer sua comercialização, já que não dispõem de agências bancárias pulverizadas para fazê-la. Para Polido, seguro é mais sofisticado “do que um produto financeiro a ser comercializado em agência de banco”.
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