Só em seguros de bens, terremotos podem custar US$ 3,75 bilhões
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- Rodrigo Amaral
- 22 de abril de 2016
- Sem categoria
Sem dinheiro e com baixo nível de cobertura, Equador aumenta impostos para custear estragos. Japão deve ser responsável por US$ 2,9 bi das perdas da indústria com os tremores de abril
As perdas causadas pelos terremotos de abril no Equador e no Japão podem custar à indústria de seguros e resseguros mais de US$ 3,75 bilhões em perdas só em seguros de bens e propriedades, de acordo com estimativas de empresas especializadas em riscos catastróficos.
A maior parte das perdas, ou US$ 2,9 bilhões, se originariam dos terremotos que mataram 58 pessoas e feriram mais de 900 na ilha de Kyushu, no sul do Japão.
Já os terremotos equatorianos, que mataram ao menos 577 pessoas e feriram mais de 4.600, devem gerar perdas de até US$ 850 milhões à indústria seguradora. Ambas estimativas foram divulgadas pela empresa de modelização Air Worldwide.
A diferença nos prejuízos reflete o valor econômico dos ativos atingidos em cada país, além da discrepância da penetração do mercado de seguros. No Japão, os prêmios de seguro representam cerca de 7% do PIB, enquanto que no Equador a proporção ronda 2%.
A falta de recursos públicos e privados para cobrir os prejuízos causados pelos tremores levou o governo equatoriano a anunciar aumentos de impostos para arrecadar dinheiro para a reconstrução das zonas afetadas.
Japão
De acordo com a consultoria de riscos catastróficos RMS, os prejuízos resultantes da destruição de edificações residenciais e comerciais, além de seus conteúdos, ficará entre US$ 2,5 bilhões e US$ 3,5 bilhões. Os dois terremotos mais fortes que atingiram Kyushu chegaram a 7,0 e 6,2 pontos na escala Richter.
Mas o número deve ser consideravelmente maior uma vez que se incluam no cálculo os danos causados à infraestrutura da região pelos movimentos do solo e pelos deslizamentos de terra originados pelos tremores, que ainda não foram avaliados pela empresa. Infraestruturas afetadas incluem estradas, ferrovias, pontes, aeroportos, barragens e outras.
A empresa tampouco incluiu em suas estimativas as perdas de lucro cessante sofridas pelas empresas que operam ou possuem parceiros comerciais em Kyushu, ou os gastos que serão necessários para reconstruir o Castelo de Kumamoto, um tesouro nacional japonês que foi fortemente atingido pelos abalos.
Já a Air Worldwide, estimou que os danos causados pelo sismo a propriedades que estão cobertas por seguro ficarão entre US$ 1,7 bilhão e US$ 2,9 bilhões.
O cálculo inclui apenas propriedades comercias e residenciais e seus conteúdos, deixando de fora o impacto sobre os seguros de automóveis, lucro cessante e vários tipos de coberturas que incidem sobre as infraestruturas e os transportes.
Equador
Por seu lado, a Air Worldwide acredita que as perdas asseguradas causadas pelos tremores de 7,8 pontos e de 6,1 pontos que devastaram o noroeste do Equador em abril oscilarão entre US$ 325 milhões e US$ 850 milhões. As perdas econômicas, porém, devem ser muito mais elevadas, segundo a empresa.
A empresa cita estimativas das autoridades locais de que ao menos mil edificações foram destruídas e outras 800 severamente danificadas nas províncias de Esmeraldas, Manabí e outras.
As estimativas incluem danos a propriedades residenciais, comerciais e industriais, além de perdas diretas de lucro cessante.
Como apenas uma pequena parte das perdas devem ser cobertas pelos mercados de seguro e resseguro, e o país se encontra em meio a uma forte desaceleração econômica, o presidente do Equador, Rafael Correa, anunciou uma série de aumentos de impostos para custear a reconstrução das áreas atingidas.
O imposto de valor agregado foi aumentado de 12% a 14%. Sobre os lucros das empresas incidirá uma tarifa extra de 3%, enquanto as pessoas com riqueza pessoal superior a US$ 1 milhão deverão pagar uma taxa de 0,9% sobre seu patrimônio, a ser cobrada uma só vez.
Além disso, trabalhadores que ganham mais de US$ 1.000 ao mês deverão contribuir com um dia de salário ao fundo de reconstrução. Os que ganham mais de US$ 2.000 contribuirão com dois dias de salários, e assim progressivamente, até o máximo de cinco dias para quem ganha mais de US$ 5.000.
Finalmente, o governo anunciou que tentará vender empresas e outros ativos públicos para levantar recursos. O governo conta com uma linha de crédito de US$ 600 milhões concedida por organizações multilaterais para enfrentar custos de catástrofes naturais.
Correa estimou que serão necessárias seis semanas para estimar os custos de reconstrução das áreas atingidas, mas que eles devem chegar a vários bilhões de dólares.
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