Reputação e cibercrime são destaques em encontro de gestores de riscos
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- Rodrigo Amaral
- 7 de outubro de 2015
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Reunião bianual da Ferma, que reúne associações europeias, marca lançamento de certificação oficial para profissionais do setor.
A emergência dos riscos de reputação e dos crimes cibernéticos no mundo empresarial ganhou destaque nesta semana durante a reunião dos gestores de riscos europeus, um dos mais importantes eventos do gênero em todo o mundo.
Durante sua conferência bianual, a Ferma (federação de associações de gestão de riscos europeias, na sigla em inglês) também apresentou detalhes de seu projeto de certificação da profissão, uma importante iniciativa que visa incrementar o perfil dos gestores de riscos nas empresas.
Centenas de gestores de risco e profissionais do mercado de seguro compareceram a Veneza, na Itália, para discutir os temas mais relevantes para a profissão na Europa.
A corretora AON divulgou no evento um estudo segundo o qual executivos de empresas cativas afirmam que as corporações não estão dando a importância adequada para o risco reputacional, apesar de recentes casos de dano de marcas consagradas, como o escândalo Volkswagen.
As cativas são empresas seguradoras formadas por grandes corporações para reter parte de seus riscos seguráveis, transferindo-os diretamente ao mercado de resseguro. Por isso, segundo a AON, seus executivos possuem uma visão privilegiada da percepção de risco das empresas.
Em uma pesquisa divulgada há alguns meses pela corretora, realizada com gestores de riscos de empresas globais, os riscos de imagem e reputação foram elevados ao topo das ameaças enfrentadas pelas companhias.
Mas o relatório apresentado em Veneza afirma que apenas 44% dos diretores executivos e não-executivos das cativas afirmam que o risco é o primeiro de suas prioridades.
A corretora observa que é provável que haja uma tendência para aumentar a percepção da gravidade do risco reputacional devido ao impacto de casos como o escândalo da Volkswagen e a ação de mídias sociais e outras formas de comunicação.
“Por outro lado, é altamente provável que os executivos das corporações não estão conscientes do impacto do risco reputacional nos resultados de uma empresa”, afirma a AON no estudo. “Eles tendem a acreditar que a reputação corporativa somente exige atenção quando há um desastre de relações públicas.”
De fato, 70% dos executivos chefes de empresas cativas entrevistados pela AON acreditam que o risco reputacional segue negligenciado no mundo empresarial.
Riscos cibernéticos
Outro risco que vem sendo subestimado, de acordo com a AON, são os cibernéticos.
Entre as empresas entrevistadas na pesquisa, apenas 58% afirmaram que já realizaram uma avaliação de sua exposição a este dano.
A falta de ênfase é refletida em outra pesquisa divulgada em Veneza, desta vez pela corretora Marsh, a respeito do mesmo tema.
Segundo a Marsh, muito ainda precisa ser feito para que a identificação e a gestão do risco cibernético pelas empresas atinja níveis satisfatórios.
A empresa entrevistou empresas europeias para avaliar a sua percepção do risco cibernético, e concluiu que 8 entre 10 dos entrevistados possui um entendimento que é, na melhor das hipóteses, limitado sobre esta crescente ameaça.
Um total de 43% das empresas entrevistadas afirmaram que não identificaram os cenários em que estão expostas ao risco cibernéticos, e 62% não possuem uma estimativa no dano financeiro potencial que um ataque cibernético lhes pode causar.
Certificação
As pesquisas divulgadas em Veneza reforçam a crescente importância do trabalho do gestor de riscos nas empresas, e também o elevado nível de preparação que os profissionais do setor necessitam ter hoje em dia.
É com o objetivo de certificar que os profissionais da área estão preparados para desempenhar este difícil trabalho que a Ferma lançou um projeto de certificação europeia da função de riscos.
Para receber a certificação, que tem o título de “Rimap”, abreviatura para Risk Management Professional, os profissionais passam por um processo de avaliação calcado em quatro itens básicos: conhecimento da gestão de riscos, experiência profissional, educação continuada e um código de ética.
O objetivo é certificar, para outros setores do mundo corporativo, que o professional que detém um título Rimap está qualificado para desempenhar com alta qualidade as funções de gestão de riscos.
“Hoje, há uma forte expectativa dos stakeholders sobre a gestão de riscos”, disse Michel Dennery, membro do conselho da Ferma e um dos idealizadores da certificação, durante o evento. “É por isso que nós criamos a primeira certificação pan-europeia de alto nível da profissão do gestor de riscos, que vai atender a estas expectativas.”
A certificação é reconhecida nos países cujas associações nacionais são membros da Ferma. Interessados poderão se inscrever para as avaliações a partir do ano que vem. Há dois níveis em que o título pode ser concedido, o básico e o avançado. O custo do processo de certificação é de €200 para o nível básico e €300 para o avançado, com um custo anual de €100 depois que o título é concedido.
Um dos objetivos da certificação é elevar o perfil da profissão, que enfrenta em todo o mundo o desconhecimento de suas funções por outras categorias profissionais e por um caráter difuso das atividades desempenhadas pelo gestor de riscos.
Outras regiões do mundo estão buscando seguir o exemplo das associações europeias. A Parima, que reúne gestores de risco da Ásia, está trabalhando com a Ferma para lançar sua própria certificação.
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