Para Ministério Público, Samarco foi omissa e negligente
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- 4 de dezembro de 2015
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Subprocuradora-geral da República também afirma que Samarco, Vale e BHP Billiton terão de arcar com os prejuízos de desastre em Mariana
Segundo a subprocuradora-geral da República, Sandra Cureau, já é possível dizer que houve “negligência e omissão” da Samarco na tragédia de Mariana (MG).
Em entrevista à Agência Brasil, Cureau afirmou que a própria localização da barragem que se rompeu em 5 de novembro, matando 13 pessoas e deixando outras 8 desaparecidas, já revela a inadequação dos cuidados tomados pela empresa.
“Houve negligência e omissão por parte da Samarco, indiscutivelmente”, disse Cureau. “Barragens de rejeitos são construídas, normalmente, mais ou menos baixas, e depois vão sendo elevadas, na medida em que se coloca mais e mais resíduos. No caso era lama – mas havia também mercúrio, havia resíduos até de outras mineradoras.”
Ela continuou: “Para fazer a elevação de barragens é preciso que haja controle técnico, é preciso saber quanto a barragem vai suportar, até quando está segura. E isso não foi feito, tanto que a barragem simplesmente se rompeu de uma hora para outra.”
Cureau também disse que a Samarco vai ter que arcar com todos os custos de reparação do desastre, e que, caso a empresa não tenha condições para tanto, a conta vai passar para a Vale e a BHP Billiton, que são as coproprietárias da companhia.
“Não vai ser o contribuinte que vai pagar pelos prejuízos do desastre”, disse a subprocuradora.
Sem plano de contingência
Na entrevista, Cureau é bastante crítica com as práticas de gestão de riscos da Samarco. O rompimento da barragem causou o que alguns especialistas consideram ser a maior catástrofe ecológica da história do país.
“A Samarco não tinha um plano de contingência, não tinha sirene, alarme ou qualquer maneira de avisar à população”, disse Cureau.
“A barragem ficava na parte mais elevada da região, juntamente com os escritórios da Samarco, enquanto a comunidade e o distrito todo ficavam na parte mais baixa. Se a empresa tivesse, por exemplo, uma sirene, as pessoas imediatamente saberiam que a barragem se rompeu e talvez todas tivessem sido salvas. Porque as pessoas que conseguiram fugir, subiram. Os que não conseguiram subir a tempo, morreram.”
Ela também criticou a falta de fiscalização das barragens e a decisão da presidente Dilma Rousseff de classificar a catástrofe como “desastre natural” para possibilitar o saque de FGTS pelas vítimas. Clique aqui para ler a íntegra da entrevista.
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