Catástrofe pode 'derrubar máscara' do resseguro em 2016
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- Rodrigo Amaral
- 22 de dezembro de 2015
- Sem categoria
Para AM Best, saúde financeira do setor se beneficia de baixas perdas catastróficas, mas um evento forte pode revelar fragilidades
O mercado de resseguros ingressa 2016 em uma situação desafiadora e pode estar a uma grande catástrofe de enfrentar problemas, afirma a agência de classificação de risco AM Best.
Em nota sobre o setor, a agência expressa preocupação a respeito dos efeitos que o longo mercado brando – que já dura mais de uma década – tem sobre o balanço das resseguradoras e das estratégias usadas pelas empresas para garantir sua rentabilidade na atual situação.
A AM Best manteve como negativa a perspectiva para o setor de resseguros, que neste ano viu uma série de operações de fusões e aquisições, em uma tendência que deve continuar nos próximos meses, de acordo com a agência.
“A realidade da atual situação é que uma grande catástrofe vai acontecer em algum momento, e que a máscara das reservas redundantes será eventualmente removida para revelar as ramificações reais das condições atuais do mercado”, afirma a nota.
“Se a história serve de guia, [a realidade] pode ser mais feia do que algumas pessoas acreditam.”
Condições desfavoráveis
A AM Best afirma que as empresas de resseguro que qualifica estão bem capitalizadas, com reservas suficientes para cobrir perdas significativas em cenários de estresse.
As reservas de capital têm sido auxiliadas por um período de perdas catastróficas abaixo da média histórica, o que permite a resseguradores alavancar seus resultados por meio da liberação de reservas.
Mas as condições de mercado se encontram de outro modo desfavoráveis, uma vez que, para não perder mercado, as resseguradoras seguem baixando tarifas e ampliando as condições dos contratos.
Além disso, os rendimentos derivados das carteiras de investimentos financeiros continuam achatados pelos baixos juros praticados nos mercados desenvolvidos.
Para completar, os seguradores primários estão tirando proveito da abundância de capital para aumentar sua capacidade de retenção de riscos, o que constitui um fator de pressão adicional sobre o faturamento das resseguradoras.
A conjunção de todos estes fatores faz com os desafios no longo prazo sejam consideráveis para o setor, o que pode causar a absorção das empresas menos saudáveis por rivais mais robustas.
“É provável que várias empresas que existem hoje estejam esgrimindo o logotipo de outra marca no dia em que o mercado brando chegue ao fim”, afirma a nota.
Catástrofes em baixa
Os baixos níveis de perdas catastróficas enfrentadas pelo mercado ressegurador são ilustrados pelo relatório preliminar da Swiss Re sobre as perdas registradas em 2015 em todo o mundo.
De acordo com a resseguradora suíça, o total de perdas catastróficas causadas por eventos naturais chegou a US$ 23 bilhões neste ano, comparado com US$ 28 bilhões em 2014 e uma média anual de US$ 55 bilhões observada na última década.
Já os desastres causados por ações humanas chegaram a US$ 9 bilhões, um volume superior em US$ 2 bilhões ao total do ano anterior.
Ao todo, catástrofes naturais ou causadas pelo homem causaram perdas econômicas de US$ 85 bilhões, mas a percentagem de perdas cobertas pelo mercado é reduzida porque alguns dos principais eventos aconteceram em países de baixa penetração de seguros.
Foi o caso do Nepal, onde um forte terremoto matou cerca de 9 mil pessoas no mês de abril, causando prejuízos materiais superiores a US$ 6 bilhões, dos quais apenas US$ 160 milhões estavam cobertos por seguro.
Ao todo, cerca de 26 mil pessoas morreram em 2015 em virtude de catástrofes naturais ou causadas pelo homem.
Entre as últimas, a principal foi a explosão que matou 173 pessoas e causou perdas asseguradas de pelo menos US$ 2 bilhões no porto de Tianjin, na China.
“Foi mais um ano de muitos desastres naturais, que infelizmente resultaram em um alto número de vítimas”, disse Kurt Karl, economista-chefe da Swiss Re. “O impacto total destes eventos foi devastador para as áreas afetadas. Com frequência, essas áreas são as menos preparadas e têm um baixo nível de penetração de seguros.”
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