AXA prevê lançar seguro paramétrico no Brasil em 2016
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- Rodrigo Amaral, em São Paulo
- 25 de novembro de 2015
- Sem categoria
Empresa visará setores de agricultura e energia com ênfase em custo e rapidez na tramitação de sinistros oferecidas pelo produto
As mudanças climáticas estão entre os principais desafios enfrentados hoje pelas empresas e pelo mercado internacional de seguros, que necessita prover aos seus clientes com soluções inovadoras para eventos causados por anomalias do clima.
É por isso que algumas empresas estão trazendo para o país o chamado seguro paramétrico, que utiliza índices ligados a fenômenos climáticos, ao invés de avaliações objetivas das perdas sofridas, para calcular o pagamento de indenizações.
Trata-se de uma metodologia crescentemente utilizada no mercado internacional para prover coberturas ligadas à agricultura. Instituições como o Banco Mundial, em parceiras com o setor privado, possuem programas para garantir a colheita de agricultores pobres em países em desenvolvimento por meio do seguro paramétrico.
Mas as seguradoras estão cada vez mais introduzindo essas técnicas também no mercado comercial e expandindo seu uso para outros setores, incluindo turismo, energia, transportes, alimentação e até mesmo a produção de roupas.
“Há anomalias climáticas que não são cobertas pelos seguros tradicionais” disse à Risco Seguro Brasil o francês Tanguy Touffut, diretor de Seguros Paramétricos da AXA Corporate Solutions.
Segundo Octavio Bromatti, vice-presidente comercial para o Brasil da AXA CS, o plano é lançar em 2016 uma oferta de seguros paramétricos ainda a ser definida, mas a princípio dirigida à agricultura, com ênfase em grandes empresas agrícolas, e ao setor de energia.
Rapidez
Touffut esteve no Brasil para explicar aos profissionais do mercado presentes no XI Seminário Internacional de Gerência de Riscos e Seguros, no final de outubro, as novidades que estão sendo implementadas em uma área que promete introduzir inovações para os compradores de seguros.
De acordo com ele, entre as principais vantagens dos produtos paramétricos está a possibilidade de oferecer coberturas mais baratas para as empresas, além de agilizar o pagamento das indenizações.
Isso porque, por sua natureza, o seguro paramétrico dispensa o deslocamento de peritos para averiguar os danos causados por um evento climático, o que é problemático especialmente em áreas agrícolas de localização remota.
“Os detalhes da indenização são claramente especificados no contrato, e isso torna muito mais fácil para processar o sinistro”, afirmou Touffut, que recebeu a reportagem na nova sede da AXA CS em São Paulo.
O que diferencia o seguro paramétrico é que se trata de uma cobertura ativada quando um determinado evento climático atinge uma certa amplitude, independentemente dos estragos causados.
No caso de chuvas ou secas, por exemplo, um dos indicadores que podem acionar o seguro é uma precipitação pluviométrica superior ou inferior, respectivamente, a um determinado índice acordado entre segurador e segurado. O valor da indenização também é fixado previamente.
O que faz com que clientes possam receber indenizações mesmo que não sofram danos significativos em um temporal onde os níveis de precipitação sejam superiores ao índice constante da apólice. Da mesma maneira, se cair menos chuva que o índice, não se paga a indenização mesmo que danos aconteçam.
A tramitação do sinistro tende a ser rápida, segundo Touffut, porque depende apenas da compilação de informações de estações meteorológicas, satélites e outras fontes.
“A tendência é receber informações satisfatórias das estações meteorológicas em sete dias”, disse o especialista.
Dados confiáveis
O desafio principal para os seguradores com esse tipo de cobertura é justamente conseguir informações confiáveis sobre os eventos climáticos.
Touffut explicou que os dados podem ser coletados de estações meteorológicas e satélites. No caso brasileiro, as informações são providas por entidades como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Inpe, e a Embrapa, além de organizações internacionais.
Ele disse que no Brasil, por ser um país muito grande, não há estações suficientes para garantir o funcionamento do seguro paramétrico. Por isso os dados são coletados também de satélites geridos pela Nasa e outas agências espaciais, e, no caso de alguns clientes, a seguradora pode instalar pequenas estações meteorológicas individuais em suas propriedades.
Os dados coletados vão desde índices pluviométricos até níveis de radiação solar, temperatura e outros fatores que podem influenciar a colheita, no caso dos seguros agrícolas.
Lançamento
A agricultura é o setor em que as coberturas baseadas em seguro paramétrico estão mais avançadas em todo o mundo, e por onde a AXA CS deve começar a trabalhar seus produtos no Brasil.
A avaliação da empresa é que a oferta de seguros agrícolas disponíveis atualmente no mercado está direcionado especialmente a produtores de menor porte, e por isso há espaço no mercado de grandes empresas agrícolas para um produto mais sofisticado.
Mas a empresa também quer lançar coberturas baseadas no seguro paramétrico para outras áreas, como o setor de energia.
Nesse caso, por exemplo, plantas de energia fotovoltaica podem se proteger contra a ausência de radiação solar, e usinas de energia eólica, contra a falta de vento.
No exterior, a metodologia já é utilizada, entre outros fins, para assegurar operadores de turismo de que o mau tempo não vai afetar demais o faturamento durante temporadas de férias.
Potencialmente, a utilização pode incluir também a proteção do faturamento de fabricantes de roupas de inverno contra uma onda de frio menos aguda do que se esperava, ou de picolés e cervejas, no caso de um verão mais ameno.
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