Gestão de riscos em alta reúne mais de 2.000 pessoas em São Paulo
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- Rodrigo Amaral e Oscar Röcker Netto, em São Paulo
- 28 de outubro de 2015
- Sem categoria
Presidente da ABGR diz que crise está dando impulso ao setor; meta da instituição é levar conhecimento sobre a função para mais regiões do Brasil
Os gestores de riscos brasileiros participaram nesta semana em São Paulo de sua 11ª conferência em um momento em que sua voz está sendo mais ouvida no interior das empresas.
É o que afirma Cristiane Alves França, a presidente da Associação Brasileira de Gerência de Riscos (ABGR), instituição que organiza o evento.
O XI Seminário Internacional de Gerência de Riscos e Seguros reuniu cerca de 2.000 pessoas na sede da Amcham, na capital paulista, entre gestores de riscos, seguradores, corretores e outros profissionais do setor.
Eles discutiram vários dos temas-chaves para a profissão, incluindo assuntos presentes no noticiário como a crise hídrica, os seguros para fusões e aquisições, as coberturas D&O, a consolidação do mercado de seguros, a gestão da saúde dos funcionários da empresa, as perspectivas para a economia brasileira, riscos climáticos e os programas internacionais de seguros.
Uma pauta variada de temas que interessam as empresas e que cada vez mais caem no âmbito de responsabilidades dos profissionais que tratam da gestão de riscos empresariais. Um grupo que, para Alves, vem ganhando peso nas empresas nos últimos anos.
Isso porque os altos executivos estão tendo que prestar mais atenção a uma área que, em outros tempos, não representava necessariamente uma prioridade.
Empurrãozinho da crise
“A crise, neste sentido, foi positiva”, afirmou Alves em entrevista à Risco Seguro Brasil. “Hoje há uma percepção maior do risco entre as empresas.”
Ela acrescentou que não só o gestor de riscos ou o diretor de seguros estão se preocupando com o tema. Na verdade, o profissional tem trabalhado com todos os departamentos das organizações com o objetivo de identificar e mitigar riscos.
“Sempre foi complicado levar para dentro da empresa a necessidade da gestão de riscos”, disse a presidente da ABGR. “Mas eu tenho notado que, no atual momento difícil em que a gente está vivendo, as empresas estão mais preocupadas em fazer o seguro de crédito, o seguro de garantia. Está havendo um envolvimento de todas as áreas dentro da empresa e isso recaindo sobre o gestor de riscos e seguros. É um processo que está começando a se espalhar para além das empresas grandes.”
Até mesmo eventos que causam transtornos a muitas companhias no curto prazo estão tendo um efeito salutar no que diz respeito à governança corporativa. “A questão da Lava Jato ressaltou como é importante fazer a gestão de riscos relacionados ao compliance, à parte financeira da empresa”, disse Alves. “De uma certa forma o gestor de risco também participa deste processo.”
Ela acrescentou: “É preciso conversar com o pessoal do departamento financeiro, com a área legal, com todas as áreas da empresa, para mapear os riscos e identificar onde existe exposição, o que se deve monitorar ou o que exige que se tome uma ação.”
ABGR
Dentro deste contexto, a ABGR está trabalhando para disseminar a cultura do risco e aprimorar os processos de gestão empresarial.
“A função da ABGR é educar o gestor de riscos, trazer o que há de mais avançado lá de fora para o Brasil”, observou.
O desafio para a associação é cumprir esta tarefa em um país de dimensões continentais como o Brasil. Com sede em São Paulo, a ABGR já possui membros e representantes em outros estados, como o Rio de Janeiro, Paraná e Bahia. O objetivo é conseguir mais associados que levem a mensagem a outras partes do país.
“O Brasil é um país muito grande”, disse Alves. “Nós queremos encontrar pessoas que façam em outros Estados o que já fazemos em São Paulo.”
Ela notou que é importante estar em contato com as empresas em todo o país até porque os desafios enfrentados por elas podem variar amplamente de acordo com a região onde elas estão sediadas.
“Em Santa Catarina, por exemplo, as empresas do setor têxtil sofrem muito com seguro negado”, mencionou Alves como exemplo. “Muitas vezes isso pode ser porque elas são atendidas por corretores menores, que tudo o que fazem é apresentar uma proposta aos seguradores.”
A associação recentemente reformou sua estrutura de governança, incluindo a contratação de um secretário-executivo para agilizar a organização de iniciativas que promovam a gestão de riscos no país.
“Queremos fortalecer o nome da ABGR e tornar a associação mais presente dentro de empresas que hoje ainda não são associadas.”
Hoje há cerca de 260 empresas associadas à instituição, um número que varia um pouco de um ano para outro, mas que em geral está aumentando, segundo a presidente.
Mercados
Uma das funções da ABGR é se comunicar com o mercado para desenvolver as coberturas de seguros que as empresas necessitam.
No entanto, na opinião de Alves, que também é a gerente de riscos da CSN, o mercado tem feito escasso progresso nesta área no Brasil. “Houve pouca evolução,” disse ela.
A presidente da ABGR reconheceu que as seguradoras enfrentam problemas como as dificuldades de aprovar clausulados na Superintendência de Seguros Privados (Susep) o que torna mais difícil a oferta de coberturas que contemplem as necessidades específicas de grandes compradores.
Mas ela também disse que talvez esteja na hora de os próprios clientes fazerem um trabalho mais intenso neste sentido junto aos seus subscritores.
“Antes a gente acreditava que era uma questão de pedir às seguradoras que batessem na porta da Susep e tentassem aprovar as mudanças necessárias”, afirmou. “Agora eu estou achando que é a gente mesmo quem tem que fazer isso. Talvez as próprias seguradoras, por tentar e ver que não há evolução, tenham parado um pouco. É o caso portanto de a gente exigir isso das seguradoras.”
Ela também expressou dúvidas a respeito da entidade supervisora, uma preocupação compartilhada por vários palestrantes nos três dias do evento.
“Não sei se quem está hoje na Susep entende de seguros”, disse ela. “Não me refiro a quem está nos cargos de liderança, mas às pessoas que fazem o trabalho do dia-a-dia.”
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