Setor elétrico precisa de 'pontes' e soluções de seguro inovadoras
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- Oscar Röcker Netto, em São Paulo
- 27 de outubro de 2015
- Sem categoria
Especialista de riscos da Light critica clausulado de produtos de prateleira, mas também diz que compradores precisam fazer melhor trabalho interno
Enfrentando pressão em várias frentes e com riscos cada vez mais complexos, os gestores de riscos do setor elétrico precisam construir mais pontes, internas e externas, a fim de enfrentar de maneira mais eficaz as ameaças que rondam as empresas do setor.
A avaliação é de Marcia Santos Ribeiro, especialista em seguros da Light e coordenadora do comitê do setor elétrico da Associação Brasileira de Gerência de Riscos (ABGR).
“O que a gente quer são soluções inovadoras”, disse ela, que participou nesta terça-feira, ao lado de Rodrigo Violaro, da Swiss Re, e da Victor Garibaldi, da MDS Seguros, do painel Gestão de Risco Energético, no XI Seminário Internacional de Gerência de Riscos da ABGR, realizado em São Paulo entre 26 e 28 de outubro.
“Precisamos de gente interessada em fazer produtos [de seguros] diferentes, inteligentes e aderentes. Os produtos de prateleira, muitas vezes com clausulado que fica difícil até para inglês ver, precisam ser melhorados.”
Ribeiro entende que esse desenvolvimento depende do esforço do mercado segurador, mas também – no caso do setor elétrico – é necessário focar mais o trabalho das próprias empresas, a fim de calibrar as reais necessidades para a companhia mitigar com mais precisão seus diferentes riscos.
“Para ir ao mercado também precisamos fazer um trabalho interno”, afirmou ela. “Queremos mais diálogo para termos produtos com mais substância. Se o mercado entender melhor nossos riscos, terá mais eficácia.”
Desafios
As pontes que Ribeiro defende ganham mais força quando se olham as fontes de pressão para os gestores de risco e para os desafios do setor elétrico, sejam empresas geradoras, distribuidoras ou transmissoras de energia.
A pressão vem de acionistas, executivos, conselhos de administração e stakeholders variados. Já o campo das ameaças é vasto, complexo e diversificado: riscos hidrológicos e crise hídrica; instabilidade regulatória e riscos políticos; riscos climáticos e outros.
Para Victor Garibaldi, diretor da MDS, os riscos mais importantes atualmente são os hidrológicos e os ligados à legislação e regulação, além da necessidade de investimentos grandes e recorrentes, que fazem pressão no caixa da empresas.
Sentido médio das coisas
Ainda que não seja um produto customizado, o seguro paramétrico caminha no sentido proposto pela especialista da Light. O modelo trabalhado pela Swiss Re CS, uma das pioneiras no Brasil neste setor, “é um instrumento adicional para gestão do caixa no curto e médio prazo”, explica Rodrigo Violaro, diretor de energia da seguradora de soluções corporativas. “Ele atende riscos que não estavam sendo administrados.”
O seguro paramétrico trabalha com médias de ocorrências climáticas. Acima ou abaixo de determinado nível, o seguro é acionado automaticamente.
“Não é um seguro para casos extremos, para eventos que ocorrem a cada 40 ou 50 anos”, explicou Violaro à Risco Seguro Brasil. “É um seguro para ocorrências mais frequentes, a cada 10 ou 20 anos, mas para perdas menores. Não trabalha com riscos de probabilidades pequenas de grandes eventos, mas frequência maior para perdas menores. Tem uma função mais operacional.”
As coberturas incluem precipitação (chuva, vazão de rio), vento, temperatura, irradiação solar, terremoto, El Niño e preço de commodities – todos fatores que impactam diretamente as empresas de energia.
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