Seguro P&C na Argentina é setor de risco muito alto, alerta S&P
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- Rodrigo Amaral
- 17 de agosto de 2016
- Sem categoria
Fatores como inflação alta, recessão, ameaça de calotes, judicialização de sinistros e regulamentação fraca afetam o mercado no país vizinho
Inflação alta, instabilidade econômica e insegurança sobre o pagamento de dívidas são alguns dos motivos que fazem do mercado de seguros de bens e responsabilidades (P&C) da Argentina um setor de risco muito alto, de acordo com a agência de classificação creditícia Standard and Poor’s.
Em nota, a agência também alertou que alguns subsetores do mercado P&C apresentam uma situação preocupante. É o caso dos seguros obrigatórios de acidentes de trabalho, que representam cerca de 35% do mercado P&C, estão sujeitos a um elevado grau de judicialização, e sofrem com a imprevisibilidade das decisões dos tribunais, segundo a S&P.
A avaliação negativa do mercado P&C se deve à delicada situação econômica do país, que passa por um momento de transição após a adoção de uma série de medidas liberalizantes pelo governo do presidente Mauricio Macri.
A S&P acredita, por exemplo, que a alta inflação e a recessão enfrentadas pela Argentina devem colocar mais pressão sobre os índices combinados do setor. A agência estima que a economia deve contrair 1% neste ano e que a inflação deve rondar 42%, ainda que os números devem melhorar em 2017.
Fatores como a frágil cultura de pagamento de dívidas e as dificuldades em garantir o cumprimento dos contratos atuam como obstáculos adicionais para as seguradoras no país.
Rentabilidade ameaçada
Além dos problemas relacionados à situação geral do país, o setor de seguros P&C enfrenta desafios particulares que acentuam seu nível de risco, segundo a S&P.
Um deles é a manutenção da rentabilidade das operações das empresas do setor.
Apesar de que as 20 maiores seguradoras P&C apresentam um índice médio de retorno sobre capital de 21% entre 2011 e 2015, a performance é inferior à inflação estimada para o mesmo período, afirma a agência.
Além disso, os resultados técnicos da indústira têm sido fracos, já que índice combinado médio da indústria foi de 107% nos últimos cinco anos.
Por esse motivo, os lucros dependem do rendimento dos investimentos financeiros, que devem ter menor efeito na medida em que a inflação e as taxas de juros caiam nos próximos anos.
O portfólio da indústria é altamente dependente da performance dos títulos da dívida das empresas e do governo, o que representa um risco elevado considerando o histórico de calotes do país.
Risco de produto
A S&P também avalia que o setor de P&C argentino enfrenta um elevado risco de perdas em alguns produtos.
A agência diz que a alta inflação e a desvalorização do peso tendem a fazer disparar as despesas com o pagamento de sinistros em produtos como os seguros de automóveis, que representam 44% dos prêmios do setor.
Outro problema é o difícil alinhamento dos compromissos de longo prazo no segumento de seguro de acidentes de trabalho com as reservas de capital, também devido à flutuação das taxas de inflação.
Para completar, o arcabouço regulatório do setor é avaliado como “fraco” pela agência, que observa que os métodos utilizados para calcular os índices de solvência são menos sofisticados que em outros países latino-americanos.
A S&P também critica as constantes intervenções do governo argentino na indústria de seguros, que tornam as dinâmicas do mercado “instáveis e imprevisíveis”.
Do lado positivo, a S&P acredita que a economia argentina deve se recuperar, nos próximos anos, e, como resultado, os prêmios de seguro P&C devem se beneficiar.
A agência estima que o volume de prêmios deve crescer 1,6% em 2016 e 2,7% no ano que vem, em ambos os casos já descontada a inflação.
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