Resultado do resseguro global se deteriora no primeiro semestre
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- Rodrigo Amaral
- 16 de agosto de 2016
- Sem categoria
Baixas taxas de juros nas economias desenvolvidas e perdas catastróficas no segundo trimestre têm efeito sobre lucros; queda de preços desacelera
Com a temporada de resultados semestrais chegando ao seu fim, uma das constatações é que os grandes grupos de resseguros internacionais apresentaram lucros em queda no primeiro semestre deste ano.
Os quatro maiores grupos do setor estão sofrendo com as baixas taxas de juros nas economias desenvolvidas, que afetam a performance de seus investimentos, e um aumento das perdas catastróficas, especialmente no segundo semestre, quando houve terremotos no Japão, Equador e Taiwan, além de enchentes e tempestades na Europa e um grande incêndio florestal no Canadá.
Outra mensagem transmitida pelas resseguradoras é que o ciclo de queda de preços continua, mas está perdendo intensidade. Não parece haver sinais claros, porém, de uma reversão de tendência no resseguro internacional.
Qualquer mudança de tendência deve ficar mais clara em setembro, quando ocorre o grande evento anual do resseguro internacional, em Monte Carlo.
Mas os resultados dão fôlego à mensagem de que o setor está sob pressão e pode passar por maus bocados se as perdas catastróficas continuarem aumentando.
Em relatório divulgado nesta terça-feira, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s, a redução das margens das resseguradoras implica um maior risco de volatilidade nos resultados do setor.
“Se as resseguradoras enfrentarem uma série de eventos catastróficos de médio porte, resultando em um ano de perdas levemente superiores à média, o setor pode entrar em um território de resultados negativos de subscrição”, afirma o relatório.
O desempenho das líderes
Veja abaixo um resumo dos resultados dos principais players do mercado:
Munich Re
A maior resseguradora do mundo apresentou uma queda de 24,4% nos lucros do primeiro semestre, em comparação com o mesmo período do ano passado. Ainda assim, foi um desempenho superior ao esperado pelos mercados financeiros, de acordo com analistas.
Os prêmios de resseguro emitidos caíram 3%, para € 13,7 bilhões, e o desempenho da carteira de investimentos foi 37,4% inferior ao do primeiro semestre de 2015. Na América Latina, os prêmios de resseguros aumentaram 21%, de € 472 milhões para € 572 milhões.
No subsetor de resseguro de bens e responsabilidades (P&C), os prêmios aumentaram 1,3%, chegando a € 9,2 bilhões. Mas os resultados técnicos caíram 19,5%, refletindo um aumento da sinistralidade resultante de eventos catastróficos no segundo trimestre. As perdas catastróficas atingiram € 325 milhões, contra € 87 milhões um ano antes.
O índice combinado da empresa fechou o semestre em 94,3%, comparado com 92,8% em julho de 2015, e os preços nas renovações de janeiro, abril e julho caíram 1%, 1,5% e 0,4%, respectivamente. Segundo a empresa, tais números refletem uma desaceleração das quedas dos preços de resseguro.
O resultado consolidado da operação de resseguros P&C caiu 13,2% para € 1,2 bilhão.
Em uma carta aos acionistas, o presidente do conselho, Nikolaus von Bomhard, observou que os efeitos do Brexit sobre as atividades da empresa foram mitigados até o momento, mas poderiam ser importantes no futuro, especialmente se implicar um incremento das políticas de baixas taxas de juros nos países desenvolvidos.
Swiss Re
Os lucros do grupo suíço caíram 17% no primeiro semestre, atingindo US$ 1,67 bilhão. A queda foi mais acentuada na operação de resseguros P&C, que chegou a 32% (US$ 870 milhões).
Os prêmios de resseguros P&C aumentaram 11% no período, enquanto que o índice combinado aumentou de 88,3% de janeiro a julho de 2015 para 97,2% no mesmo período deste ano. Segundo a empresa, o aumento de prêmios se deve especialmente a grandes operações realizadas nos Estados Unidos e na Europa.
A empresa estima o impacto dos eventos catastróficos em US$ 350 milhões no primeiro semestre. O efeito das catástrofes do segundo trimestre se refletem no índice combinado registrado entre abril e junho, que chegou a 101%.
Outro destaque negativo foi o resseguro de crédito, cujo índice combinado chegou a 108,1%, comparado com 87%, em parte devido ao impacto de um grande sinistro não especificado sofrido no Brasil.
Já os investimentos do negócio de resseguros apresentaram um retorno de 3,5% nos seis primeiros meses, comparados com 4,2% no primeiro semestre de 2015, o que mostra o efeito das baixas taxas de juros sobre os portfólios do setor.
“Os preços de resseguros P&C estão em patamares muito baixo, mas nós vemos sinais de estabilização nas tarifas”, disse Christian Mumenthaler, CEO da Swiss Re, em uma conferência com analistas.
Hannover Re
A terceira maior empresa do setor teve uma queda anualizada de 8,6% nos lucros do primeiro semestre, enquanto os prêmios brutos caíram 3,5% para € 8,3 bilhões.
Os resultados de subscrição foram negativos (-€ 2,7 milhões), enquanto que os resultados dos investimentos caíram 6,8%, para € 744,8 milhões.
A Hannover Re também sofreu os efeitos de um segundo trimestre com alta sinistralidade catastrófica, e o índice combinado nas operações P&C chegou a 95,4% nos seis primeiros meses.
A empresa estima que suas perdas com sinistros chegaram a € 353 milhões de janeiro a junho. No mesmo período de 2015, o número foi de € 197 milhões.
O CEO Ullrich Walling afirmou, em um comentário ao relatório de resultados, que os preços continuam em baixa, mas as quedas estão se desacelerando, especialmente nos Estados Unidos. Nas mais recentes renovações, a variação das tarifas ficou entre -3% e 3%, mas a empresa observa que os preços continuam sob pressão na Europa e na América Latina.
Scor
A resseguradora francesa também apresentou queda de resultados no primeiro semestre, com o lucro líquido caindo 15,9% comparado com o mesmo período de 2015.
Os prêmios de resseguro P&C baixaram 2%, para € 2,8 bilhões, enquanto que o índice combinado passou de 90,9% para 93,8% no mesmo período.
A empresa observou ainda que os preços de resseguro P&C caíram 0,2% nas renovações de junho e julho, o que mostra um ritmo mais moderado de reduções do que em períodos anteriores. No total das renovações de 2016, a queda chega a 0,8% em todo o mundo, e 1,5% nas Américas.
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