Risco ambiental se intensifica e demanda por seguro cresce
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- Rodrigo Amaral, em São Paulo
- 5 de novembro de 2015
- Sem categoria
Compradores dizem que apólices de seguro ambiental são caras, mas especialistas alertam que sinistros podem chegar a valor bastante elevados
As empresas brasileiras estão cada vez mais expostas a sofrerem punições relacionadas à poluição e desatenção com meio ambiente, motivo pelo qual as apólices de seguro para riscos ambientais estão crescendo no país, disseram especialistas reunidos em São Paulo.
O exemplo mais recente do tamanho deste risco ocorreu com o rompimento da barragem em Mariana (MG), na quinta-feira (5/11), que atingiu a comunidade de Bento Rodrigues.
Participantes de um painel sobre o tema durante o XI Seminário de Gerência de Riscos e Seguros, no final de outubro, observaram porém que poucas empresas ainda oferecem esta cobertura no Brasil, ainda que o número deva aumentar no futuro.
Gestores de risco que participaram do mesmo painel observaram porém que os preços das coberturas para riscos ambientais são elevados no Brasil. Em resposta, os seguradores presentes argumentaram que os custos de não ter uma apólice em vigor em caso de sinistro compensam o investimento.
“Pelo potencial de danos que pode trazer para a empresa, não é um produto caro”, disse Nathália Gallinari, coordenadora de Responsabilidades Ambientais da AIG.
“Os valores das penalizações são muito altos”, concordou Fábio Barreto, subscritor sênior de Meio Ambiente da ACE. “O próprio resultado da empresa pode ser comprometido.”
Eles também afirmaram que os preços podem cair na medida em que mais atores entrarem neste segmento, incrementando a oferta no setor.
Oferta restrita
Atualmente há apenas sete seguradoras operando no segmento de riscos ambientais no Brasil, e apenas três delas oferecem todos os três tipos de apólices utilizadas para transferir este risco, conhecidas pelas siglas em inglês PPL, CPL e TCL.
Mas os participantes do painel disseram que a oferta deve se ampliar com a maior conscientização das empresas brasileiras com relação à severidade do risco. Em 2014, o volume de prêmios no segmento aumentou 150%, e a expectativa para este ano é de um incremento de 50%.
O aumento da demanda reflete a intensificação do risco, em grande parte associado a novas legislações ambientais adotadas nos últimos anos no Brasil.
Além disso, de acordo com os especialistas, os órgãos fiscalizadores estão cada vez mais firmes, autuando as empresas com frequência crescente.
Outro motivo por trás do incremento da demanda tem sido a exigência de coberturas para riscos ambientais por parte de investidores e financiadores de projetos.
Este tipo de exigência deve seguir em alta porque a legislação permite a responsabilização de empresas mesmo quando o dano ambiental é cometido por terceiros, em casos em que há alguns tipos de relação comercial entre as partes.
Exposição generalizada
Os especialistas alertaram contra a complacência por parte de empresas que acreditam não estar expostas a qualquer tipo de risco de poluição.
De acordo com eles, os riscos podem estar presentes não só na atividade direta de uma empresa, mas também na ação de sua cadeia de suprimentos ou parceiros nas áreas de transporte e outras atividades complementares.
“Todas as empresas possuem exposições relacionadas a questões ambientais. Algumas podem não ter entendido quais são as suas exposições”, disse Gallinari. “Todos os segmentos da indústria e dos serviços enfrentam o risco.”
Ela também alertou que apólices de responsabilidade civil que trazem cláusulas relativas à contaminação súbita muitas vezes não são suficientes para cobrir os danos causados por eventos ambientais.
Do lado positivo, algumas coberturas já incluem, em certos casos, proteção contra riscos pré-existentes – por exemplo, no caso em que uma instalação física adquirida por uma empresa apresenta contaminação derivada de ações realizadas pelo proprietário anterior.
Não é algo que todo segurador vai aceitar cobrir hoje em dia e que depende, por exemplo, do processo de due dilligence realizado pelo cliente antes da aquisição.
Mas os especialistas disseram que este tipo de cobertura deve ganhar espaço no mercado, a exemplo do que já está acontecendo nos Estados Unidos.
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Clique aqui para acessar a apresentação de Nathália Gallinari, Fabio Barreto e Marco Antonio Ferreira, da Sustenseg, no seminário.
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