Generali reforça seguro corporativo para crescer no Brasil
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- Oscar Röcker Netto, em São Paulo
- 11 de outubro de 2016
- Sem categoria
Seguradora, que está se reposicionando no mercado, mira empresas com faturamento acima de R$ 90 milhões e aposta em programas globais
Uma das primeiras seguradoras internacionais a se instalar no Brasil, em 1925, a Generali está buscando, após algumas idas e vindas no mercado nos últimos anos, consolidar no país uma posição mais condizente com a força da seguradora na Europa, onde é a terceira maior companhia de seguros, segundo executivos da companhia
Este trabalho inclui o reforço dos seguros corporativos, setor em que atualmente tem um desempenho modesto e que deve ser um dos carros-chefes da companhia no país.
Para liderar o desenvolvimento da área, a seguradora recrutou o suíço Werner Stettler, head da plataforma Generali Global Corporate & Commercial no Brasil, cargo que assumiu em janeiro passado depois de 28 anos na Zurich Seguros no país, onde era vice-presidente de seguros corporativos.
Trata-se de uma plataforma desmembrada das operações de varejo e relativamente nova na companhia. Segundo o head para América Latina, Nery Silva, a unidade GGC&C foi criada globalmente há apenas três anos, mas registrou logo de início 2,2 bilhões de euros em prêmios, o equivalente segundo ele ao desempenho de players globais mais tradicionais no setor. O escritório da unidade brasileira foi inaugurado no início de outubro.
Segundo Stettler, a área corporate é um dos quatro pilares de desenvolvimento da empresa no país, ao lado do varejo (auto, residencial), massificados em parceria com o Banco BMG (com o qual fechou contrato recentemente) e vida.
“Estamos num caminho de posicionar a Generali num nível diferente do que temos hoje”, disse Stettler à Risco Seguro Brasil. “Hoje, a Generali não está representada do jeito que merece no país.”
Nos seguros corporativos, por exemplo, a empresa fica de fora das 20 com maior volume de prêmios, de acordo com levantamento de Risco Seguro Brasil. (link)
Foco
O foco do GC&C são as empresas com faturamento superior a 25 milhões de euros (cerca de R$ 90 milhões atualmente).
A seguradora, no entanto, não pretende atuar em todas as áreas — mineração e óleo e gás, por exemplo, estão fora do escopo.
As linhas prioritárias, de acordo com Stettler, são os Riscos Nomeados e Operacionais, Patrimonial, RC Geral, Riscos de Engenharia, D&O (cujo produto está em processo de aprovação na Susep) e o ciber, um produto ainda pouco comercializado no mercado em geral do país e que a empresa pretende começar a vender até dezembro.
Sem citar metas de prêmios ou de ocupação de mercado, o head diz que seu objetivo nos próximos três anos é tornar a Generali “uma boa opção” para os compradores de seguros corporativos nos segmentos em que atua.
A volta do crescimento econômico depois de dois anos de forte recessão deve ajudar no desempenho, mas Stettler pondera que a área não depende de um crescimento muito intenso da economia em geral. Segundo ele, como o setor está começando praticamente como uma startup dentro da empresa, o posicionamento almejado virá mesmo com crescimento menor da economia nacional.
De qualquer forma, a seguradora italiana estima que o PIB nacional irá crescer entre 1,5 e 2,5% nos próximos anos a partir do ano que vem. “Não deve ser superior a isso até 2019.”
Reforçando que o mercado brasileiro é um “jogo de longo prazo” que traz “oportunidades fantásticas de negócios”, ele diz que o desafio para a Generali é se posicionar bem em grandes riscos para aproveitar adequadamente a retomada da economia.
“Muitas coisas vão acontecer nos próximos anos”, avalia. “Outros países em desenvolvimento gastam 5% ou 6% do PIB em projetos de infraestrutura. O Brasil no auge gastou 1,5% e hoje não gasta nada. Mais cedo ou mais tarde esses investimentos vão ser retomados.”
Programas internacionais
Os programas internacionais de seguros são uma das apostas da Generali nos grandes riscos. Trata-se de uma área que ainda engatinha no Brasil.
A ideia é utilizar a grande rede de um grupo que hoje atua em toda a América do Norte, na maior parte da América Latina, em praticamente toda a Europa e Ásia, e com presença na África e na Oceania.
De acordo com Stettler, há mais de cem programas internacionais sendo trabalhados atualmente pelo grupo. Eles poderão ser operacionalizados localmente quando o país fizer parte da cadeia.
Outro ponto que considera um diferencial para a Generali é o início das alterações previstas na Resolução 322, que permite gradual aumento de transferências intragrupos a partir do ano que vem. “É um diferencial importante para qualquer empresa de fora e é, de fato, uma volta, aos poucos, ao que foi combinado na abertura do mercado”, analisa ele, sobre o impacto das mudanças.
Reposicionamento
O resposicionamento da Generali não se restringe à área corporativa. A empresa anunciou recentemente uma parceria de 20 anos com o Banco BMG na área de seguros prestamista, acidentes pessoais, viagem, auxílio funeral, entre outros. A expectativa é que nesse período, a distribuição pulverizada via banco gere cerca de R$ 27 bilhões em prêmios, conforme noticiado pelo jornal Valor Econômico.
A movimentação atual ocorre cerca de dois anos depois de Hyung Mo Sung ter assumido o cargo de CEO da companhia, em 2014, com a missão declarada de reestruturar e posicionar a empresa “entre as principais do país”.
Neste processo, Nery Silva foi contratado para tocar a GGC&C de toda a América Latina. Também ocorreram novas contratações em diretorias estratégicas da companhia no país, e Antonio Cassio dos Santos assumiu o cargo de CEO para as Américas (englobando nove países da América Latina mais os Estados Unidos).
A companhia reviu sua posição e deixou de trabalhar com algumas linhas, como os seguros patrimoniais de pequenas empresas e transportes. Também reviu sua área de automóveis.
Com isso, a situação é de queda nas receitas. No ano passado, os prêmios diretos somaram R$ 489,9 milhões, 39,5% a menos que os R$ 810 milhões de 2014, de acordo com dados da Susep.
De janeiro a agosto deste ano, a cifra está 30% abaixo dos R$ 359 milhões do mesmo período de 2015.
A empresa também luta para estancar os prejuízos, que este ano, de acordo com dados consolidados pela consultoria Siscorp, está em R$ 60 milhões, sendo o terceiro maior prejuízo entre as seguradoras que operam no país. De qualquer forma, segundo o balanço de 2015, a empresa conseguiu reverter parte dos prejuízos, passando para R$ 144 milhões, contra R$ 499 milhões que ficaram no vermelho em 2014.
Na área de grandes riscos, os italianos se reforçam num mercado que vem demonstrando forte apetite estrangeiro no Brasil.
Em 2014, a Ace comprou a carteira de grandes risco da Itaú Seguros e a HDI Gerling, braço de seguros industriais da HDI, começou a operar no Brasil. Em 2015 foi a vez da francesa Axa adquirir a unidade de seguros corporativos da Sul América. Já a Swiss Re é a mais cotada para assumir os 49% da carteira de grandes riscos que a Bradesco Seguros está negociando.
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