Estrangeiros se queixam de piora do ambiente de negócios na China
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- Rodrigo Amaral
- 10 de junho de 2016
- Sem categoria
Múltis europeias se sentem menos bem-vindas no país que há dez anos; 41% podem reduzir investimentos, e 11%, transferir unidades a outros mercados
A economia da China está se tornando cada vez menos receptiva às empresas estrangeiras, de acordo com uma associação de empresários europeus que têm negócios no país.
A Câmara Europeia de Comércio na China, CECC, alertou que os níveis de pessimismo entre seus associados é o maior já registrado pelas pesquisas anuais feitas pela organização. Sete de cada dez acreditam que sua presença no país é menos bem-vinda hoje do que há uma década.
Os motivos por trás do pessimismo incluem a não-implementação de medidas prometidas pelo governo chinês para facilitar as operações de empresas estrangeiras, um ambiente de negócios cada vez mais hostil e a persistente adoção de políticas que visam beneficiar produtores locais.
“Políticas anticompetitivas profundamente estabelecidas e a inabilidade de implementar reformas tangíveis em áreas cruciais como o Estado de Direito, a eliminação do protecionismo local, a remoção de barreiras de acesso aos mercados [locais], o excesso de capacidade produtiva e os altos níveis de endividamento doméstico são apenas algumas das razões principais”, afirma o relatório.
Como resultado, 41% dos membros da câmara estão pensando em reavaliar sua presença no país asiático, o que pode dar lugar à redução custos e investimentos. Um total de 11% considera mesmo transferir suas operações chinesas para outros mercados.
Mudança de clima
Os dados são relevantes porque, nas últimas décadas, a China tem sido um destino privilegiado de investimentos de multinacionais atraídas por seu vasto mercado, mão-de-obra acessível e vantagens oferecidas pelo governo à instalação de novas empresas.
Mas vários problemas sempre ocorreram no mercado chinês, incluindo riscos ligados à propriedade intelectual, o aumento da influência de produtores locais com fortes ligações com o governo e, mais recentemente, o encarecimento da mão-de-obra e a desaceleração econômica do país.
As empresas também se queixam de um endurecimento das políticas de segurança do governo chinês, que, segundo analistas, assumiu um controle praticamente absoluto sobre o que pode ou não ser acessado na internet por quem está no país.
Caso as empresas continuem encontrando um ambiente desfavorável na China, elas podem transferir parte de suas atividades para outros países emergentes que oferecem suas próprias vantagens competitivas – como já vem acontecendo com mercado como o Vietnã ou o México.
Segundo a CECC, 31% de seus membros estão pessimistas com respeito à lucratividade de suas unidades na China. Planos de continuar investindo no país asiático hoje são bem menos firmes do que no passado. Três anos atrás, 86% das empresas europeias presentes na China tinham projetos para expandir sua presença no país. Agora o número caiu para 47%.
Ao todo, os investimentos europeus no mercado chinês caíram 9% em 2015, fechando o ano em €9.3 bilhões (R$ 36 bilhões).
Queixas
Os setores que mais se queixam da piora do clima de negócio são os de mídia e mercado editorial, maquinaria, TI e telecomunicações e óleo e petróleo.
“Na medida em que a China tenta fazer uma transição tranquila de seu modelo econômico rumo a um novo modelo baseado em um crescimento qualitativo, o governo tem prometido repetidamente realizar reformas que visam colocar o mercado no coração da economia”, afirma a câmara em seu relatório.
“Mas aqui, também, as empresas europeias têm se decepcionado com a vontade demonstrada. De fato, com frequência parece que Pequim está se movendo na direção oposta, promulgando leis de formulação vaga, ligadas a questões de segurança, e estrangulando o acesso à internet de forma a danificar os negócios dentro e fora do país.”
Os resultados da pesquisa feita com as empresas europeias dão uma ideia dos problemas enfrentados hoje por investidores estrangeiros na China:
- 56% disseram que fazer negócios na China se tornou mais difícil, comparado com 51% em 2015;
- 57%, que as empresas estrangeiras recebem um tratamento desfavorável, em comparação com as locais;
- 57% acreditam que legislações ambientais são aplicadas com maior rigor junto às empresas estrangeiras do que às locais;
- 58% esperam um impacto negativo nos negócios derivados dos controles mais rígidos ao acesso à internet pelo governo chinês (em 2015, 41% tinham essa visão);
- 70% das empresas disseram se sentir menos bem-vindas na China hoje do que 10 anos atrás.
Clique aqui para ler o relatório, em inglês.
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