BMG aposta em garantia para crescer no seguro corporativo
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- Oscar Röcker Netto
- 13 de junho de 2016
- Sem categoria
Com judicial como carro-chefe, seguradora visa grandes empresas e espera estar entre os três maiores players do segmento já no ano que vem
A BMG Seguros está entrando no segmento corporativo com uma firme convicção de que o mercado de seguro garantia terá uma “significativa ampliação” no Brasil nos próximos anos.
Com planos de crescimento rápido, a companhia, ligada ao banco homônimo, está lançando uma linha de seguros garantia, cujo carro-chefe é o garantia judicial. O foco são empresas com patrimônio acima de R$ 200 milhões.
Em entrevista a Risco Seguro Brasil, o diretor-presidente Jorge Sant’Anna prefere não falar em metas de prêmios, mas diz que no final de 2017 a seguradora deverá estar entre as três maiores do segmento.
Na família do seguro garantia — que inclui o judicial e os ligados a obras e projetos — a liderança em 2015 coube à Pan Seguros, com R$ 369 milhões em prêmios diretos, segundo os dados compilados pela Susep. Em seguida vieram JMalucelli (R$ 309 milhões), Pottencial Seguros (R$ 188 milhões) e Swiss Re (R$ 133 milhões).
No ano passado, o total de prêmios registrou um crescimento de 50% em relação ao ano anterior, para R$ 1,6 bilhão. Movimento de alta que se mantém em 2016. Nos quatro primeiros meses do ano, o volume de prêmios subiu 22% na comparação anual.
Para Sant’Anna, o judicial é o grande puxador desse desempenho. “Em 2015, ainda houve [muito prêmio] de seguro garantia performance”, diz ele, para quem o judicial este ano está sendo responsável por cerca de 70% dos prêmios. Com recessão e crise, o garantia ligado a obras perdeu espaço.
Apesar do movimento na carteira, Sant’Anna acredita em continuidade do crescimento. “O setor corporativo vai demandar cada vez mais seguro garantia”, assegura ele. “O segmento judicial é um mercado muito promissor.”
Perfil
Trata-se de um produto que vem sendo crescentemente utilizado como alternativa a instrumentos bancários na apresentação de garantias judiciais.
Mudanças na legislação foram fundamentais para o garantia judicial emplacar. A Lei de Execução Fiscal (em 2014) e o Novo Código Civil (em março deste ano) autorizaram o uso do seguro como garantia de pagamento em ações na Justiça.
Liberado, o seguro mostrou ser uma alternativa mais em conta do que as fianças bancárias, numa proporção de custo que fica entre 0,5% e 1,5% do valor da ação ao ano contra 1,5% e 6% da segunda opção. E, também, cada vez mais aceita pelo juízes.
“É um mercado que tem ganhado proporção e que deve crescer entre 30% e 35% este ano”, afirma. “A garantia financeira ainda é muito pouco explorada no Brasil.”
Sant’Anna também acredita que o bancos vão diminuir suas posições de fianças às empresas. Segundo ele, o setor bancário enfrenta mais restrições por conta do acordo de Basiléia 3, que obrigou os bancos a aumentar suas reservas de capital.
“Isso faz com que os bancos se retirem cada vez mais do mercado de garantia do Brasil”, diz ele. “Dentro dessa ótica, desenvolvemos uma estratégia para entrar neste mercado. Há uma série de possibilidades de [criar] mais valor agregado às seguradoras.”
Além do judicial, a BMG vai comercializar outros seguros da família garantia: financeira, imobiliária e de infraestrutura. “O garantia judicial é o carro-chefe pela demanda de hoje, que nos dá possibilidade de trabalhar soluções diferenciadas como segurador.”
Estratégia
Para chegar entre os líderes do mercado, a BMG Seguros vai focar em grandes empresas, com patrimônio superior a R$ 200 milhões, aproveitando-se de um setor em que o banco BMG já tem uma forte presença, diz o diretor-presidente.
Segundo ele, a expertise do banco na área de avaliação de crédito também será importante para o trabalho da nova seguradora. “A concorrência é de muito bom nível, mas a ampla capacidade de avaliação de crédito será um grande diferencial para a gente”, afirma. “Produtos mais assemelhados ao financeiro, como garantia judicial, demandam expertise que não é muito comum nas seguradoras.”
Por ora, a seguradora vai se dedicar ao garantia; ainda não está definido se entrará em outras carteiras corporativas.
No ramo de seguros, a BMG trabalha há anos em parceria com o Itaú com produtos massificados, como acidentes pessoais e prestamista, que são negociados como auxiliares aos empréstimos consignados em que o banco tem forte atuação.
Na nova linha que começa a trabalhar agora a operação é independente.
Mercado
De acordo com dados da Susep, de janeiro a abril deste ano o seguro garantia obteve R$ 553,1 milhões em prêmios diretos — um crescimento de 22% sobre o mesmo período do ano passado. A seguradora paranaense JMalucelli vem liderando o setor nos primeiros meses do ano, com R$ 87,6 milhões no período. No ano passado, ela ficou em segundo no acumulado do ano.
No primeiro quadrimestre, a Pottencial ficou em segundo lugar (R$ 79,9 milhões), seguida de Pan Seguros (R$ 77,9 milhões), Mapfre (R$ 71,4 milhões) e Swiss Re (R$ 37 milhões).
Cinquenta e uma companhias seguradoras estão aptas a trabalhar com o seguro garantia, segundo o site da Susep, das quais 25 estão com prêmios ativos este ano.
Pelo dados consolidados da Susep não dá para saber como se dividem os prêmios entre o garantia judicial e os demais da família.
Reportagem recente do jornal Valor Econômico estimou que entre 80% e 90% dos prêmios do garantia durante o primeiro trimestre deste ano foram provenientes do judicial, com tendência de crescimento, já que os Estados estão em vias de aceitar o seguro garantia judicial nas disputas envolvendo recolhimento de ICMS.
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