Crise de economias emergentes é ameaça para o seguro, alerta Swiss Re
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- Rodrigo Amaral
- 31 de maio de 2016
- Sem categoria
Ao lado de juros baixos no mundo desenvolvido e fragmentação da internet, desaceleração em países como o Brasil encabeça lista de 21 riscos
A crise das economias emergentes é um dos mais urgentes desafios para a indústria global do seguro, afirma a resseguradora Swiss Re em um estudo.
De acordo com a empresa, a desaceleração dos países emergentes ameaça as estratégias comerciais de grandes grupos, que nos últimos anos apostaram em mercados como o Brasil para compensar o fraco crescimento no mundo desenvolvido, mas também podem afetar os resultados de subscrição e os investimentos das seguradoras.
O relatório Sonar sobre riscos emergentes, divulgado anualmente pela Swiss Re, observa que crises prolongadas podem gerar desordem e consequentemente um grande volume de perdas por danos em seguros de bens, responsabilidade civil e grandes riscos. Falências em alta também aumentam a sinistralidade das linhas de seguro de crédito.
As falências e a queda do valor das ações se refletem em possíveis perdas para os portfólios de investimento das seguradoras, que aumentaram nas últimas duas décadas suas exposições a ativos financeiros em mercados emergentes.
Essas perdas, por sua vez, podem resultar em ações de classes contra as seguradoras movidas por investidores que se sintam prejudicados pelas estratégias implementadas pelas companhias.
E os governos dos países mais afetados podem sentir a tentação de impor controles de capitais, o que limitaria a capacidade das seguradoras de repatriar lucros obtidos em mercados emergentes.
Fragmentação da internet
A crise dos mercados emergentes aparece como um dos dois mais prementes para o mercado segurador no relatório da Swiss Re. O outro é a continuação do que a empresa chama de “longa experiência monetária” nos países desenvolvidos.
O relatório observa que ainda não se pode dizer que as jamais vistas taxas de juros próximas a zero aplicadas nos Estados Unidos, Europa e Japão tiveram notáveis efeitos sobre o crescimento e a inflação nas economias em questão. Mas está claro que elas terão um impacto negativo, no longo prazo, sobre os fundos de pensão e atividades de empresas seguradoras, especialmente em ramos de longa cauda, como os seguros de vida.
Além disso, a prolongação das atuais políticas monetárias podem seguir dando fôlego às operações de fusões e aquisições no setor.
No longo prazo, a ameaça emergente mais grave para a indústria é a “fragmentação da internet”, que consiste na possível ruptura da rede global por parte de governos ou outras entidades que pretendem aumentar a segurança ou o controle de suas conexões.
Isso já está acontecendo, por exemplo, na China, onde o governo monitora todo o conteúdo postado na rede no país, assim como a estrutura física necessária para seu funcionamento.
A Swiss Re alerta que um aumento nos controles nacionais ou regionais sobre as comunicações digitais podem fazer crescer o custo do uso de tecnologias de informação pelas seguradoras. Além disso, poderia gerar mais sinistros em linhas de responsabilidade civil, como D&O. Custos relacionados ao compliance legal de processos realizados on line também poderiam aumentar.
Oportunidades
As tendências observadas pela Swiss Re no estudo, que é elaborado a partir de consultas a subscritores, clientes e gestores de risco, também podem criar oportunidades para a indústria seguradora.
O relatório observa que o crescente aperto orçamentário dos governos está forçando o setor público a transferir cada vez mais riscos para o setor privado. Outra tendência secular é o aumento da longevidade das pessoas. A confluência de ambas faz prever que as seguradoras privadas venham a desempenhar um papel cada vez mais importante na provisão de aposentadorias.
“Isto exige novas soluções de seguro a abre oportunidades para parcerias entre iniciativas públicas e privadas”, afirma o documento.
Em tempos em que a reforma da Previdência Social está na pauta do novo governo, o tema parece muito relevante para a economia brasileira.
A proliferação de empresas que fazem grande uso dos dados de consumo de seus clientes, como o Uber e a Airbnb, também pode criar oportunidades para as seguradoras que buscarem parcerias com este tipo de agente.
Por outro lado, hoje é difícil para a indústria atrair talentos, especialmente em áreas como tecnologia digital, e a situação não deve melhorar muito no futuro.
Estratégias de retenção de risco por parte das seguradoras, que se aproveitam do excesso de capital no mercado, apresentam desafios para o setor ressegurador, observa a Swiss Re.
Veja os riscos emergentes para o seguro, segundo a Swiss Re:
Horizonte de menos de 3 anos
Alta intensidade
– Crise dos mercados emergentes
– A grande experiência monetária nas economias desenvolvidas
Média intensidade
– Crise de confiança (em governos, na mídia, nas empresas etc.)
– Terremotos causados pela atividade humana
Baixa intensidade
– Mau uso de identidades digitais
– Migração em massa
– Nutracêuticos (alimentos cujos fabricantes dizem que podem ter importantes efeitos positivos para a saúde)
– Poluição dos oceanos por microplásticos
– Mobilização viral de pessoas sem líderanças
Horizonte de mais de três anos
Alta intensidade
– Fragmentação da internet
Média intensidade
– Riscos de blockchain (tecnologia em que se baseiam moedas virtuais como os bitcoins)
– Geração distribuída de energia
– Engenharia genética (genes drives)
– Riscos legais e de precificação da economia compartilhada
– Falsificação de dados
– Medicina de precisão
– Os riscos do FinTech
– O futuro do trabalho
– Mudanças nos hábitos no consumo de carne
Baixa Intensidade
– Geoengenharia
– Mineração submarina
Clique aqui para ler o estudo em inglês.
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