Com lucro recorde, IRB desiste de IPO e da África
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- Oscar Röcker Netto
- 19 de fevereiro de 2016
- Sem categoria
Condições adversas do mercado adiam a abertura de capital; exterior cresce e é responsável por 24% dos negócios da resseguradora

Com um total de RS$ 4,3 bilhões de prêmios emitidos em 2015, o IRB Brasil Re registrou em 2015 o maior lucro líquido de sua história: R$ 764 milhões, quase o dobro do obtido em 2014. O volume de prêmios cresceu 35%.
Ao mesmo tempo em que apresentou os dados consolidados do ano passado, a principal da resseguradora do país, “dona” de quase metade do mercado local, informou que não irá fazer sua aguardada abertura de capital em 2016.
O adiamento é por prazo indepterminado. Em entrevista ao Valor Econômico, o presidente José Carlos Cardoso disse que as condições adversas de mercado fazem com que mesmo o prazo de 2017 seja otimista. “Ainda é prematuro avaliar”, afirmou ao jornal.
A oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) do IRB vem sendo aguardada desde meados de 2015. O governo contava com ação — ao lado do IPO da Caixa Seguridade, também suspenso — para amenizar a grave crise fiscal em que se encontra. A União é sócia majoritária da resseguradora. A expectativa inicial era de que os dois IPOs movimentassem em torno de R$ 13 bilhões, cifra que foi sendo significativamente jogada para baixo com o agravamento da situação econômica ao longo do ano.
Cardoso também apontou uma mudança de rota na estratégia internacional do IRB. A África — menina dos olhos do presidente anterior, Leonardo Paixão — deixa de ser prioridade e dá lugar à América Latina, principalmente México, Colômbia, Peru e Argentina, relata o Valor.
De qualquer forma, o resultado dos negócios externos do IRB deram um salto em 2015. Dos R$ 4,3 bilhões em prêmios totais emitidos, R$ 1 bilhão veio de fora, fazendo com que a participação externa pulasse de 11% do total em 2014 para 24%.
As linhas de property, rural e vida representaram 74% dos prêmios emitidos no exterior — e 62% dos emitidos no Brasil —, de acordo com o balanço
Resultados
O IPO não parece um bom negócio por enquanto, mas os demais resultados relatados pelo IRB mostram um desempenho positivo.
Além do lucro recorde, o balanço mostra que o resultado de subscrição somou R$ 511 milhões, o que representa 85% do mercado de resseguros do Brasil (segundo dados da Susep até novembro) e uma alta de 21% de um ano para o outro. O lucro representa 80% do resultado das resseguradoras locais no país e o desempenho de subscrição fica com uma fatia de 85% dos resseguros.
Ao lado do resultado técnico, o desempenho financeiro da companhia também registrou avanço, somando R$ 880 milhões (R$ 350 milhões nominais), 67% acima do de 2014. A carteira de investimento no ano somou R$ 6,2 bilhões e obteve um retorno nominal de 16%.
O retorno sobre patrimônio líquido (ROE, em inglês), que mede a performance da companhia, foi de 29%, quase o dobro do índice no ano anterior (15%).
Sinistro
O IRB registrou R$ 1,9 bilhão em sinistros retidos, um aumento de 38% sobre 2014, “como reflexo da ocorrência de diversos sinistros ao longo do ano”. O índice de sinistralidade ficou em 63,8%, um aumento de 5,3 pontos porcentuais. Mas, segundo a companhia, isso não afetou os resultados de subscrição. E ela aponta que espera “alcançar a redução do índice de sinistralidade nos próximos anos com base na contínua melhora na gestão de regulação dos sinistros; e nos novos contratos de proteção vigentes a partir do segundo semestre de 2015”.
Resumindo, o IRB destaca em seu relatório que: “A ampliação de nossa participação em contratos de grandes clientes e a disciplina na subscrição de riscos por parte de nossa equipe técnica foram determinantes para que atingíssemos 34% de participação do mercado total de resseguros no Brasil; e 48% de participação entre as resseguradoras locais, mantendo-nos como líder no país por mais um ano consecutivo, de acordo com dados dos últimos doze meses divulgados pela SUSEP”.
Segundo o IRB, o resultado de 2015, obtido em uma situação macroeconômica de desafios, mostra que a empresa está bem estruturada para continuar a “extrair valor do cenário adverso”.
Acesse aqui o relatório completo.
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