Ataque cibernético no Brasil cresce 7 vezes mais que média mundial
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- Oscar Röcker Netto
- 23 de fevereiro de 2016
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Pesquisa aponta que empresas de menor porte estão sofrendo mais em todo o mundo. Varejo é campeão de casos e perdas; veja situação em 9 setores
O número de ataques cibernéticos aumentou sete vezes mais no Brasil do que a média mundial em 2015, mostra a Pesquisa Global de Segurança da Informação 2016, elaborada pela PwC. Enquanto no mundo o avanço foi de 38%, no Brasil atingiu 274% — com um total de 8.695 casos.
Os valor médio das perdas financeiras causadas por ataques no país chegou a US$ 2,45 milhões.
Segundo o relatório, as pequenas empresas (em todo o mundo) registraram um “aumento dramático” nos casos. As perdas médias neste segmento mais que dobraram, passando de US$ 428 mil para US$ 940 mil. Já o segmento de médias empresas registrou estabilidade, na casa de US$ 1,3 milhão, enquanto entre as grandes houve recuo para US$ 4,9 milhões, contra US$ 5,9 milhões em 2014.
Quarenta e seis por cento das empresas brasileiras reportaram que os ataques resultaram em comprometimento dos dados de clientes.
Na média global, houve diminuição de 5% nas perdas financeiras. Mas o dado nem chega a representar uma melhora geral. Há setores com aumentos expressivos de prejuízos. Os campeões foram o varejo, com estimativa de alta de 159%, a energia, com 95%, e as telecomunicações, com 45%.
Mesmo com número de incidentes digitais menores, houve aumento de danos. No setor financeiro, por exemplo, os casos diminuíram 3% entre 2014 e 2015, e a estimativa é que as perdas financeiras recuaram 12%. Mas o roubo de propriedade intelectual no setor cresceu 183%.
Este quadro se repetiu na área de produtos manufaturados, com 25% menos de casos, perdas financeiras 24% menor, mas crescimento de 100% nos desvios de propriedade intelectual.
No varejo, não há respiro em nenhuma frente. Além de ser o campeão nas estimativas de perdas financeiras para o ano (159%), o varejo registrou 154% mais casos e 72% mais danos de imagem ou reputação.
Com ataques acelerados e danos elevados, houve aumento dos orçamentos para segurança digital. Na média global, eles ficaram 24% maiores em relação a 2014.
A pesquisa
A pesquisa ouviu mais de 10 mil executivos de 127 países, dos quais aproximadamente 600 respondentes estão localizados Brasil. O levantamento foi feito entre 7 de maio e 12 de junho de 2015.
O estudo considera que pequena empresa é aquela que tem faturamento anual de até US$ 100 milhões; as médias ficam com valores entre US$ 100 milhões e US$ 1 bilhão; e as grandes, acima de US$ 1 bilhão.
Como comparativo, para o BNDES, por exemplo, pequena no Brasil é a que tem receita bruta entre R$ 2,4 milhões e R$ 16 milhões — no teto, seriam atualmente em torno de menos de US$ 4 milhões. Do que resulta que muitas “pequenas” empresas podem ser consideradas de porte maior aqui no Brasil.
A América do Norte entrou com 37% do universo pesquisado; Europa com 30%; Ásia-Pacífico, 16%; América do Sul, com 14%; e Oriente Médio e África, 3%. A maior parte é de grandes empresas (34%), seguida de médias (32%) e pequenas (26%); 3% não têm fins lucrativos e 5% não informaram.
Por setor
Veja como foi o desempenho em cada um dos setores pesquisados pela PwC em 2015 sobre 2014. Os resultados referem-se ao dados globais.
Serviços financeiros
Número de incidentes: -3%.
Roubo de propriedade intelectual: +183%.
Gastos com segurança digital: +14%.
Estimativa de perdas financeiras: -12%.
Possui estratégia global de segurança: 65%.
Análise da PwC: Com ciberatques em alta nos últimos anos, o setor investe em soluções inovadoras em segurança cibernética,utilizando-se de nuvem, análise de Big Data e autenticação avançada, incluindo dados biométricos.
Varejo
Número de incidentes: +154%.
Danos de imagem ou reputação: +72%.
Gastos com segurança digital: +67%.
Estimativa de perdas financeiras: +159%.
Possui estratégia global de segurança: 56%.
Análise da PwC: Ataques estão em nível acelerado. As empresas do setor estão reforçando sua segurança cibernética, sendo que 90% delas relataram ter adotados estrutura de segurança baseada em risco. Violações mais graves fizeram com que os gastos com segurança aumentassem substancialmente. O desafio, no entanto, é ver a efetividade desse investimento.
Setor público
Número de incidentes: +137%.
Roubo de propriedade intelectual: +159%.
Gastos com segurança digital: +23%.
Estimativa de perdas financeiras: +27%.
Possui estratégia global de segurança: 56%.
Análise da PwC: Os sinais mostram que os ataques ao setor público não vão diminuir. Muitas empresas estão repensando a segurança cibernética entre suas prioridades. O relatório aponta também que mais organizações estão colaborando para compartilhar dados de inteligência cibernética.
Produtos manufaturados
Número de incidentes: – 25%.
Roubo de propriedade intelectual: +100%.
Gastos com segurança digital: -15%.
Estimativa de perdas financeiras: – 24%.
Possui estratégia global de segurança: 67%.
Análise da PwC: Setor está no limiar de profundas mudanças, com Big Data, dados em nuvem, impressão 3D, tecnologia de sensores e robótica, procurando capitalizar ao máximo as oportunidades geradas pela Internet das Coisas. Há enormes ganhos de eficiência e também abertura para novos ataques. Autenticação avançada e análise de Big Data ganham relevância. Após forte crescimento no ano anterior, gastos com segurança foram reduzidos.
Mídia, entretenimento e comunicação
Número de incidentes: +17%.
Roubo de propriedade intelectual: +151%.
Gastos com segurança digital: +26%.
Estimativa de perdas financeiras: Não informado.
Possui estratégia global de segurança: 47% .
Análise da PwC: Após um caso sem precedentes (Sony), os ataques no setor continuaram a crescer. A grande maioria das empresas adotou estruturas de seguranca baseada em riscos e está compartilhando mais informações sobre ameaças externas.
Telecomunicações
Número de incidentes: +45%.
Danos à marca ou reputação: +81%.
Gastos com segurança digital: +37%.
Total de perdas financeiras: +45%.
Possui estratégia global de segurança: 62%.
Análise da PwC: As empresas enfrentam um ambiente de rápida evolução. De um lado, novas oportunidades da Internet das Coisas, pagamento móvel e serviços digitais; por outro, intensa competição de startups, mais demanda de capacidade e serviços e estrutura de preços incerta.
Automotivo
Número de incidentes: +115%.
Roubo de propriedade intelectual: +35%.
Gastos com segurança digital: +54%.
Estimativa de perdas financeiras: -24%.
Possui estratégia global de segurança: 59%.
Análise da PwC: Segurança cibernética se tornou uma questão fundamental na medida em que incidentes se aceleram acompanhados de novos riscos com a gestão do ciclo de vida dos produtos, privacidade do consumidor, parceiros da cadeia produtiva e veículos conectados.
Tecnologia
Número de incidentes: +107%.
Roubo de propriedade intelectual: +48%.
Gastos com segurança digital: +51%.
Estimativa de perdas financeiras: +33%
Possui estratégia global de segurança: 62%.
Análise da PwC: O estudo lembra que o setor lidera as inovações e serviços, o que gera novas oportunidades de negócios, mas abre novas frentes de ataques cibernéticos. Daí que nos últimos 12 meses houve o dobro do número de incidentes.
Energia
Número de incidentes: -36%.
Roubo de propriedade intelectual: +234%.
Gastos com segurança digital: +9%.
Estimativa de perdas financeiras: +95%.
Possui estratégia global de segurança: 63%.
Análise da PwC: Evolução no modelo de negócios e novas demandas dos clientes resultam em grandes desafios para as empresas, que devem proteger seus sistemas operacionais de ataques cada vez mais qualificados de estados-nação.
Outras
A consultoria informa que ainda vai divulgar os dados detalhados de outras três áreas: saúde, farmacêutica e óleo e gás.
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