Austral aposta em recuperação de riscos do petróleo
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- Rodrigo Amaral
- 19 de abril de 2017
- Sem categoria
Resseguradora contrata ex-IRB Brasil Re para estruturar operação na área no Brasil e em outros mercados da América Latina
A Austral Re está apostando na retomada do setor de petróleo e gás no Brasil. Assim está expandindo sua presença na área de riscos de energia.
A empresa contratou Elias Silva Júnior para desenvolver a atuação da empresa em um segmento que enfrentou um duro período nos últimos anos. Porém, vê a possibilidade de dias melhores pela frente.
A indústria petroleira foi severamente atingida desde 2015. Principalmente pelos efeitos da operação Lava Jato. A operação que começou investigando escândalos centrados na Petrobras. Também pela dramática desaceleração da economia brasileira.
Para completar a “tempestade perfeita”, o preço do petróleo despencou. Chegando a menos de US$ 30 por barril no mês de março de 2016. O que deprimiu ainda mais os investimentos no setor.
A falta de atividade atingiu o mercado segurador. O mercado viu os prêmios de riscos de petróleo caírem quase pela metade entre 2013 e 2016 (de R$ 720 milhões para R$ 390 milhões).
Mas a retomada do preço do petróleo para cerca de US$ 50, a incipiente melhoria do cenário econômico doméstico. Bem como as mudanças das regras de exploração das reservas do pré-sal estão reanimando as empresas de seguros e resseguros que trabalham com o setor.
“O fim da exigência de participação da Petrobras nos projetos do pré-sal facilita a atração de novas empresas para o Brasil”, disse Silva Júnior a Risco Seguro Brasil. “A tendência é que a atividade no setor volte a ser igual ou superior à do auge da indústria do petróleo no Brasil, em 2013 e 2014.”
Pulverização do risco
“O setor de seguros vai voltar a ter oportunidades neste segmento. E nós estamos nos preparando para oferecer capacidade para o mercado”, acrescentou o executivo.
Afinal, o mercado de seguros de petróleo apresenta uma elevada parcela de utilização de resseguro. E a Austral identifica o cenário como uma oportunidade para as resseguradoras locais.
Segundo Silva Júnior, que antes trabalhava no IRB Brasil Re, a média de transferência de prêmios ao resseguro chega a 85%. Isso devido a alta intensidade dos sinistros que podem potencialmente afetar o setor.
Só para ter uma ideia, a BP estimou que o custo total do grande vazamento de petróleo em uma de suas plataformas no Golfo do México (EUA), em 2010, chegou a quase US$ 62 bilhões. O que representa cerca de R$ 195 bilhões no câmbio atual.
Os próprios mercados de resseguros tendem a pulverizar muito estes riscos. Dividindo as exposições em consórcios formados por vários atores globais.
“É um mercado extremamente dependente do resseguro”, afirmou Silva Júnior. “Ninguém fica com 100% do risco.”
Além do Brasil, a Austral planeja expandir sua oferta no ramo de energia para outros países da América Latina onde opera. Por exemplo, como Colômbia e Equador. Países que são importantes produtores de petróleo.
Silva Júnior afirmou que a Austral vai atuar em todas as coberturas disponíveis na cadeia do petróleo, desde a construção até riscos operacionais e a operação dos poços.
Da mesma maneira, a empresa está estruturando sua área de energia. Assim, Silva Júnior espera que já comece a operar no segmento em junho deste ano. A meta é aproveitar uma esperada retomada de negócios no setor em 2018.
Duro para todo mundo
Ao mesmo tempo não é só no Brasil que o mercado de riscos de energia anda complicado. Segundo relatório da Willis Tower Watson, o principal centro de resseguros para o setor viu uma queda significativa no volume de prêmios nos últimos dois anos.
Segundo a corretora, em 2014, os prêmios de seguros de energia do mercado Lloyd’s chegavam a mais de 1 bilhão de libras. No final de 2016, não passavam de 700 milhões.
Isso porque os preços estão sob pressão de baixa devido a uma abundância de capacidade no mercado internacional. A empresa estima que, para as atividades de exploração, a capacidade global chega a US$ 7,72 bilhões. Comparado com US$ 7,56 bilhões no relatório anterior, divulgado no ano passado.
Nas atividades downstream, ou seja, de refino e distribuição, a capacidade aumentou de US$ 6,19 bilhões para US$ 6,5 bilhões. E para cobrir riscos de responsabilidade das empresas de energia, de US$ 3,2 bilhões para US$ 3,3 bilhões.
Além disso, a competição está cada vez mais dura. Com um número crescente de resseguradoras mostrando disposição para assumir posições de liderança em contratos para todos os tipos de risco.
Contudo, a Willis Tower Watson observa que, apesar do mercado difícil, os portfólios de risco de energia continuam dando lucro para o setor. Mas também alerta que mesmo um modesto aumento nos níveis de sinistralidade pode reverter esta situação.
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