Produto com defeito lidera perdas de responsabilidade, diz AGCS
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- Rodrigo Amaral
- 12 de abril de 2017
- Sem categoria
No Brasil, danos ambientais tomam dianteira após tragédia de Mariana; país também aparece como quarto maior em prejuízos com riscos cyber
Produtos com defeito constituem a principal origem das perdas de seguros corporativos de responsabilidade em todo o mundo. Isso de acordo com a Allianz Global Corporate & Specialty.
Segundo relatório divulgado em abril pela unidade de seguros corporativos da empresa alemã o setor traz peculiaridades. Por exemplo, o estudo revela que sinistros envolvendo produtos ou serviços que apresentam defeitos constituíram quase um quarto das indenizações pagas pela empresa e outros subscritores que compartilharam riscos com ela entre 2011 e 2016.
A segunda maior causa são os acidentes envolvendo colisão de veículos. Esse tipo de acidente motivou 22% dos pagamentos feitos no período. Apesar de estar em baixa graças a melhorias nos sistemas de segurança.
Em terceiro lugar vêm as perdas causadas por erro humano. Representam 19% do total. A AGCS analisou mais de 100 mil sinistros registrados em mais de 100 países. O relatório apontou US$ 9,3 bilhões em indenizações.
No Brasil, a maior causa de perdas de seguros de responsabilidades nos cinco anos pesquisados foram os danos ao meio-ambiente. Representam quase 60% dos pagamentos.
Em grande parte, este resultado foi influenciado pela tragédia de Mariana (MG). O resultado foi as empresas envolvidas (Samarco e suas controladoras, Vale e BHP Billiton) concordando em pagar US$ 48 bilhões em indenizações e multas. Além de US$ 2,8 bilhões para sanear danos ambientais.
O valor médio dos sinistros de seguros de responsabilidade pagos pela Allianz e outras seguradoras pesquisadas no Brasil no período foi de €219,6 mil. Para comparar, nos Estados Unidos, o valor foi de € 32 mil. E, em todo o mundo, € 88,4 mil. O que também aponta para uma influência de Bento Rodrigues nos números.
Tendências
Segundo a AGCS, a tragédia de Mariana ilustra uma tendência que já vinha sendo observada no Brasil. O aumento da exposição das empresas a perdas derivadas de danos ambientais.
Outra tendência é a de que há um potencial cada vez maior para grandes perdas de responsabilidade no setor industrial. Isso na medida em que as atividades das empresas se concentram em alguns nichos. Por exemplo, como os portos e as zonas industriais e as companhias expandem sua presença no exterior.
“O potencial para grandes sinistros no Brasil está crescendo. E vemos grandes sinistros tornarem-se ainda maiores,” afirma Tiago Santos Baldim no relatório. Ele é gerente de Sinistros da AGCS no Brasil.
Da mesma forma, o documento destaca como exemplo o incêndio que atingiu o porto de Santos em abril de 2015. Foi quando o fogo em um depósito de combustíveis da Ultracargo causou não apenas pesadas perdas materiais, mas também perdas de lucros cessantes e danos ambientais. Igualmente para as empresas diretamente afetadas como para terceiros.
Os riscos cibernéticos constituem outro tipo de sinistro em que o Brasil se destaca no relatório da AGCS.
A empresa estima que o Brasil é o quarto país que mais tem perdas deste tipo em todo o mundo, com US$ 7,7 bilhões por ano. Apenas Estados Unidos (US$ 108 bilhões), China (US$ 60 bilhões) e Alemanha (US$ 58 bilhões) sofrem mais com o problema.
Situação global
A estudo da AGCS mostra que as causas mais frequentes de sinistros de responsabilidade em todo o mundo são os acidentes envolvendo colisão de veículos e os tombos, tropeções e quedas de objetos, com 48% do total.
Como muitas destes sinistros envolvem baixos valores, porém, sua frequência não corresponde a uma proporção equivalente no total de valores pagos pelas seguradoras.
De fato, as dez maiores perdas ocorridas nos cinco anos analisados corresponderam a cerca de um terço do total de indenizações pagas, segundo a empresa. Quase três quartos do total de indenizações foram resultantes de apenas 754 sinistros.
A empresa também observa que são cada vez mais comuns os sinistros sofridos por grandes empresas que envolvem várias jurisdições diferentes, como a falsificação dos testes de emissão envolvendo a Volkswagen.
Esse caso também ressalta um dos motivos por que as perdas causadas por produtos e serviços defeituosos estão em alta. Com ações coletivas se tornando mais comuns em vários países (incluindo o Brasil) e órgãos supervisores se mostrando cada vez mais rígidos, esta é uma tendência que deve continuar no futuro, afirma a empresa.
Por exemplo, nos Estados Unidos, houve recall de 53,2 milhões de automóveis em 2016, contra 15,5 milhões há cinco anos. Outro caso ilustrativo foi o do Samsung Galaxy Note 7, um smartphone que foi alvo de um recall global por risco de explosão de sua bateria. O custo deste evento para a Samsung chega a US$ 5 bilhões, aponta o estudo.
Clique aqui para acessar o relatório em inglês.
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