A complexa arte de subscrever risco
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- por Paula Lopes*
- 15 de junho de 2015
- Sem categoria
Modelo atual de parametrização única nos seguros não atende ao trabalho de gerenciamento de riscos
Toda operação de seguro se constitui por meio de um contrato no qual as regras das relações entre a seguradora e o segurado são definidas. É o que chamamos de apólice. Cada seguradora estabelece as suas cláusulas neste contrato definindo limites de coberturas, franquias, garantias, riscos cobertos e não cobertos, participações obrigatórias, perdas de direitos, entre outras obrigações contratuais.
Em muitos países como no Brasil, devido à regulação local, os contratos ainda seguem parametrização única e essa padronização difere pouco o clausulado de uma seguradora para a outra. Diferentemente do que ocorre no mercado internacional e nos mercados maduros, onde os contratos de seguros são desenhados caso a caso, com coberturas personalizadas para cada negócio, para cada perfil de cliente e perfil de risco. Ou seja, um modelo taylor made.
Atualmente, cerca de 95% dos clausulados das seguradoras que atuam no Brasil segue uma parametrização única por ramo de seguro, que limita as possibilidades de desenvolvimento de coberturas adequadas para as especificidades dos riscos por atividade. Um exemplo é a apólice de risco operacional para empresas de grande porte e alta complexidade. Hoje, no Brasil, o clausulado de coberturas para os riscos de uma empresa de ferrovia, é o mesmo modelo padrão de clausulado de seguros para uma indústria siderúrgica ou de uma rede de supermercado.
Estes são alguns exemplos dentre outros que se enquadram no problema da padronização das apólices. O clausulado tem que ser elaborado de acordo com a política de gerenciamento de risco do cliente e não ao contrário.
A falta de cláusulas taylor made não só limita as coberturas, como pode gerar custos maiores para as empresas, pois em algumas situações elas têm de se enquadrar em condições contratuais não aderentes à dinâmica dos seus riscos e necessidades de gerenciamento de risco.
O que temos feito juntos às seguradoras, para oferecer apólices taylor made a diferentes perfis de indústrias, é um complexo serviço de análise para inclusão e/ou exclusão de cláusulas e adaptações em clausulados particulares.
Um trabalho de personalização em busca de soluções para riscos específicos de cada empresa. Assim, temos conseguido oferecer um serviço de ponta que segue práticas internacionais, modernas e atuais, em conformidade com as condições legais do órgão regulador brasileiro, aportando um diferencial competitivo aos clientes.
Temos novas empresas, novos modelos de negócios e novos riscos que exigem uma revisão do clausulado atual. O estabelecimento de cláusulas caso a caso, de acordo com necessidades peculiares de cada organização, é uma demanda do mundo moderno. Todas as atividades de negócios apresentam especificidade e não há modelo padrão para atender as amplas situações de riscos, principalmente no mundo globalizado.
A discussão em torno da necessidade de aperfeiçoamento e modernização do clausulado local é um pilar para o desenvolvimento do mercado segurador brasileiro e a chave para oferecermos uma abordagem diferenciada para os mais variados perfis de riscos. O nosso atual modelo não responde plenamente ao complexo trabalho de gerenciamento de risco das grandes empresas.
* Paula Lopes, superintendente de placement e da Bowring Marsh, divisão de resseguros da corretora Marsh Brasil.
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