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Protecionismo pode limar US$ 18 tri do PIB global, diz estudo

O avanço do protecionismo pode limar US$ 18 trilhões do PIB global até 2035. Isso de acordo com um relatório da seguradora Zurich.

Segundo o documento, os maiores prejudicados por um retrocesso no comércio internacional seriam os países emergentes. Por exemplo, as estimativas de crescimento do Brasil seriam reduzidas entre 2,6% e 3,3%, caso o aumento do protecionismo resulte em um conflito comercial aberto entre os Estados Unidos e a China.

O alerta é feito em um estudo sobre riscos geopolíticos encomendado pela Zurich e o Atlantic Council. Um think tank sediado em Washington.

O estudo aponta os desafios que três grandes riscos geopolíticos vão criar para os governos. E também para as empresas nas próximas décadas.

O avanço do protecionismo preocupa muitos analistas desde o ano passado. Desde que a a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos e a aprovação da saída do Reino Unido da União Europeia revelaram o quanto tais ideias ganharam força nos países desenvolvidos nos últimos anos.

Discurso

A eleição presidencial francesa, em que dois candidatos de discurso protecionista acumularam mais de 40% dos votos, confirmou que esta tendência não está restrita aos países anglo-saxões.

Com relação aos governos, os autores estimam que uma eventual vitória abrangente de forças protecionistas nos debates comerciais terá consequências. A princípio, levará a um aumento do número de pessoas que vivem em extrema pobreza. Além de fomentar instabilidade em nada menos do que 64 países.

Já no caso dessas últimas, as repercussões serão sentidas. Tanto no acesso a mercados externos quanto em turbulências em suas cadeias de suprimento, entre outros efeitos. O relatório convoca as empresas a dar ênfase à gestão de riscos geopolíticos em suas estratégias de negócios.

Além do protecionismo, os outros cenários analisados são uma crise energética derivada de um conflito no Oriente Médio. O que pode custar até US$ 54 trilhões ao PIB global até 2035. Além de uma piora acentuada no acesso à água. Assim agravada por maior escassez de alimentos, com um custo de até US$ 7 trilhões.

Protecionismo

O estudo da Zurich projeta dois cenários para um dos riscos geopolíticos analisados. E olha também para as interligações entre eles.

Contudo, os cenários ligados ao protecionismo preveem uma vitória convincente das forças protecionistas. Ou uma reversão da tendência atual que levaria a uma retomada do processo de globalização.

Ambos os casos são comparados ao que os autores chamam de cenário-base. Ou seja, que se materializaria caso as condições atuais fossem mantidas.

Dessa forma, o cenário-base, o estudo projeta que o PIB global chegará a US$ 141,4 trilhões em 2035. Caso o protecionismo se reforce, este número seria US$ 18 trilhões mais baixo. Da mesma maneira, em um cenário otimista, haveria um aumento de US$ 25,9 trilhões na riqueza global.

Portanto, um mundo duramente protecionista contaria com 743 milhões de pessoas vivendo em estado de extrema pobreza em 2035, o que seria 33 milhões de pessoas a mais do que no cenário-base. A classe média perderia 54 milhões de membros com base nos mesmos critérios.

Crescimento

O crescimento seria afetado em todo o mundo. Os autores preveem por exemplo que a América do Sul crescerá 2,5% ao ano no cenário-base, mas o número cairia para 1,9% no cenário pessimista. Caso a globalização ganhe novo ânimo, a expansão do GDP poderia chegar a 3% anuais.

Além do custo direto para as pessoas e as economias, os autores também alertam para outras possíveis consequências de um mundo mais protecionista, como o aumento da instabilidade em 64 países e uma maior possibilidade de conflitos armados.

O relatório diz que, caso o protecionismo continue avançando, as empresas terão que desenvolver planos de continuidade de negócio que levem em conta altos níveis de turbulência em suas cadeias de suprimento. Os custos de produção também podem aumentar como resultado de imposições de tarifas de importação mais elevadas.

Os governos também devem tentar entender como os problemas causados a cadeias de suprimento podem afetar sua própria capacidade de prover serviços fundamentais à população.

Crise energética

A interligação entre os riscos políticos é exemplificada pela possibilidade de uma crise energética causada pelo acirramento dos conflitos no Oriente Médio.

Os autores notam que, caso o protecionismo aumente a instabilidade nos países emergentes, áreas do mundo já problemáticas, como o Oriente Médio, se tornarão ainda mais combustíveis.

Além disso, a região é fortemente afetada pelo terceiro risco analisado, o de escassez de água e alimentos, que já foi um dos motivos das revoluções árabes do começo da década.

O relatório diz que o risco de conflitos mais graves no Oriente Médio é real desde a invasão do Iraque pelos Estados Unidos, já que a instalação de um governo xiita no país afetou o equilíbrio de forças da região. Os dos grandes rivais regionais, Irã e Arábia Saudita, têm governos xiitas e sunitas, respectivamente.

Os conflitos podem ganhar um caráter militar mais forte, mas também tomar outras formas, como a guerra cibernética, já manifestada por um poderoso ataque sofrido pela estatal petrolífera saudita Saudi Aramco em 2012, notam os autores.

No cenário mais pessimista elaborado pelos analistas, que prevê grandes restrições ao acesso de energia como resultado dos conflitos, o preço do petróleo chegaria a US$ 76 por barril e o PIB global cairia US$ 54 trilhões, na comparação com o cenário-base.

No cenário “otimista”, em que as energias renováveis recebem incentivos para compensar parcialmente os problemas causados pelos conflitos da região, o preço do petróleo chegaria a US$ 54 por barril, com o PIB global perdendo US$ 46,4 trilhões comparado com o cenário-base.

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Gestor de risco deve ter papel central contra ameaças cibernéticas

O gestor de risco deve assumir um papel de liderança em suas empresas. Isso para enfrentar os riscos cibernéticos e outros temas ligados às novas tecnologias. É o que afirma uma das principais representantes europeias da profissão.

Brigitte Bouquot, presidente da AMRAE, a associação de gestão de riscos da França, convocou os profissionais do setor a ganhar espaço em suas empresas. Eles devem mostrar “liderança” em temas como os riscos cibernéticos. Bem como providencir uma visão estratégica sobre o tema para os conselhos de direção.

Da mesma forma, ela também afirmou que o mercado de seguros está trabalhando duro para oferecer soluções de transferência deste risco. Porém, que elas ainda seguem sendo uma mistura “barroca” de produtos e serviços.

“Em um mundo em que a conectividade entre as organizações está aumentando de forma exponencial, a gestão de riscos é global. E os gestores de riscos (ocupam um lugar) central”, disse Bouquot em discurso. A fala foi proferida na abertura da 25ª edição dos Rencontres de l’AMRAE. Trata-se da reunião anual dos gestores de riscos franceses, em Deauville, no norte da França.

“Gestão de risco, neste caso, não é algo que podemos impor: é algo que temos que conquistar”, acrescentou ela. Também observando que isto se faz mostrando liderança na hora de enfrentar os novos desafios das organizações.

Riscos e oportunidades

Antes de mais nada, o encontro anual da AMRAE é um dos principais eventos do setor em todo o mundo. Fica atrás apenas do americano RIMS em termos de presença de público e de companhias do setor.

Assim, neste ano, os riscos cibernéticos e novas tecnologias como a biotecnologia e a nanotecnologia ocupam lugar de destaque no evento. O encontro celebra em 2017 um quarto de século de existência.

O tema ganhou relevância ainda maior com os efeitos que as redes sociais e as chamadas “verdades alternativas” tiveram nas recentes eleições americanas. Bem como na difusão de ideologias contrárias à globalização.

Afinal, a própria França enfrenta eleições presidenciais e legislativas em 2017. Da mesma maneira, partidos contrários à globalização, como a Frente Nacional de Marine Le Pen, estão ganhando espaço nas pesquisas de intenção de votos.

Em seu discurso de abertura, Bouquot ressaltou que, quando a AMRAE começou a organizar os encontros, não havia nem sinal dos riscos tecnológicos que as empresas estão enfrentando hoje.

Porém, ela também lembrou que as novas tecnologias também trazem grandes oportunidades para as empresas. E que o principal risco que elas enfrentam é não ter a capacidade de aproveitar tais oportunidades.

Uberização da profissão

Os próprios profissionais de riscos podem ter de enfrentar ameaças. Como a de se tornar obsoletos devido ao surgimento de atores que rompem com os modelos de negócios em seu campo de atuação.

“Precisamos ter cuidado para não ser ‘uberizados’ pelos sistemas preditivos. Sistemas que visam causar um curto-circuito nas atividades de gestores de riscos e seguradores”, disse Bouquot. Ela também é a chefe de gestão de riscos e seguros da gigante de defesa Thales.

Igualmente,  ela expressou uma visão otimista do papel que os gestores de riscos podem desempenhar no seio das organizações. Assim como da sociedade como um todo. Principalmente como resultados das transformações que estão ocorrendo atualmente.

“Vendo o quadro mais amplo, a gestão de riscos é uma das forças positivas que estão unindo interesses macro e micro. Isso ao reconciliar (os interesses de) acionistas e empregados, consumidores e eleitores”, afirmou a presidente da AMRAE.

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AXA CS cobra mais apoio do resseguro contra risco ‘cyber’

Risco cibernético: o mercado de resseguros tem sido muito tímido neste campo. Porém, está começando a dar mais apoio às seguradoras que trabalham neste segmento.

A observação foi feita por Mathieu Caillat. Ele é CEO da AXA Corporate Solutions na França. Afirmou a sentença no primeiro dia dos Rencontres de l’AMRAE. Trata-se da conferência anual dos gestores de riscos franceses.

A princípio, ele fez o comentário ao falar da expansão da oferta de produtos e serviços para a transferência de riscos cibernéticos. Um segmento do mercado que está mais desenvolvido nos Estados Unidos. Contudo, agora ganha corpo também na Europa.

Ao mesmo tempo, Caillat observou que os riscos “cyber” são um segmento-chave para a AXA CS em seus planos de desenvolvimento global. Assim, a empresa está procurando expandir sua gama de coberturas. E diz já poder prover apólices que incluem temas espinhosos. Por exemplo, c omo a proteção contra a interrupção de negócios sem danos materiais. Essa é uma antiga demanda dos gestores de riscos de empresas multinacionais.

A AXA CS espera que o volume de prêmios cyber chegue a US$ 1 bilhão na Europa na década de 2020. Isso na medida em que a demanda cresce com a percepção do risco cada vez mais acentuada entre as empresas.

Contudo,  o desenvolvimento do setor depende de que o mercado ressegurador dê mais apoio aos subscritores primários. Foi o que alertou o executivo.

Risco cibernético X timidez

“O resseguro tem sido muito tímido com os riscos cibernéticos, o que é compreensível”, afirmou Caillat durante um encontro com a mídia especializada em Deauville. “A modelização do risco ainda não se encontra no mesmo nível de outras linhas. E há o problema da acumulação dos riscos.”

Caillat se referia às incertezas causadas pelas chamadas exposições ocultas dos riscos cibernéticos. Ou seja, os danos que podem ser causados por eventos cibernéticos. Porém, que o mercado ainda não consegue antecipar.

Devido a esta incerteza. E à própria natureza do mercado ressegurador, que tende a agregar exposições dos seguradores primários, os resseguradores têm se mostrado relutantes a oferecer capacidade para o segmento.

Mas Caillat disse que a situação está melhorando. Ainda que não para todo o mundo. “Em 2017, temos coberturas [de resseguro cyber] melhores do que em 2016”, afirmou ele. “Mas isso exigiu uma atividade intensa de lobby [junto ao mercado ressegurador].”

“Nós notamos que as resseguradoras estão mais preparadas para acompanhar as seguradoras. Empresas que investiram nos meios adequados para lidar com essas exposições de forma apropriada. Assim como investiram em ferramentas internas e externas para entender melhor o risco”, acrescentou.

O executivo disse ainda que, entre as novas soluções que empresas como a AXA CS podem oferecer no futuro, encontra-se a possibilidade de adotar índices paramétrico. Isso para acionar as coberturas de riscos cibernéticos.

O que vai depender, porém, de o mercado evoluir cada vez mais na compreensão de um risco que segue sendo bastante difícil de quantificar. “A questão, nesse caso, é realmente encontrar os índices corretos”, afirmou.

Prioridades

Os riscos cibernéticos e paramétricos foram apontados por Caillat como duas das grandes prioridades da AXA CS em seus planos de crescimento global.

Outra área em que a empresa está olhando com carinho é a de riscos de energia. Especialmente as atividades de “midstream” e “downstream”. Ou seja, no caso de petróleo, por exemplo, incluindo o refino e distribuição. Mas não a exploração.

A AXA CS também está buscando expandir cada vez mais sua presença global. Com o executivo citando especificamente a América do Sul como uma região de interesse. Ao lado da China e da Austrália. Vale lembrar aqui que a empresa comprou em 2015 a área de grandes riscos da Sul América no Brasil.

A presença territorial também se explica pelo investimento que a AXA CS está fazendo no setor de programas internacionais para grandes clientes corporativos.

A habilidade de prestar serviços em vários países é fundamental neste segmento. E a AXA CS hoje em dia até presta serviços para outras seguradoras menores em vários mercados internacionais, disse Caillat.

Em 2016, a seguradora francesa registrou um aumento de 11% no volume de apólices locais emitidas como parte de programas internacionais de seus clientes. Essas apólices chegaram a mais de 10.300 no ano passado.

A AXA CS afirma ter mais de 1.900 programas internacionais em seu portfólio. Um aumento de 12% comparado a 2015, representando €1 bilhão em prêmios. As perdas seguradas ligadas a estes programas chegaram a €708 milhões em 2016. Foram relacionadas a nada menos do que 43.200 sinistros.

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Coface vê recuperação no Brasil, mas desafios continuam

Recuperação no Brasil: em meio a um cenário global conturbado, a seguradora de crédito Coface vê “raios de esperança” para a economia brasileira.

A empresa francesa apontou o Brasil como um dos prováveis pontos positivos para a economia mundial em 2017. Um ano em que as empresas devem enfrentar uma série de desafios ligados às incertezas vigentes na Europa. Bem como nos Estados Unidos e na China.

Em relatório global de riscos divulgado em Paris, a Coface estima que a economia brasileira crescerá 0,4% neste ano. Isso após dois anos consecutivos de forte retração. O mesmo deve acontecer com a Rússia, cujo PIB deve se expandir 0,8% em 2017.

Dessa forma, a reversão de tendência nessas duas economias emergentes deve ser suficiente para compensar a gradual desaceleração econômica da China. O país deve crescer 6,3%, após ter registrado 6,7% em 2016. E 6,9% em 2015.

Por outro lado, a Coface lista os quatro membros do chamado BRIC (que também inclui a Índia) como fonte de preocupação. Isso devido ao alto nível de endividamento das empresas.

A situação é mais preocupante na China. No país,  além de o nível de endividamento das empresas ter atingido mais de 160% do PIB e seguir em alta, o governo local segue injetando crédito na economia em uma tentativa de conter a desaceleração econômica.

Desafios

Ainda que a Coface expresse certo otimismo com a recuperação da economia brasileira, a empresa não deixa de ressaltar os sérios desafios que o país ainda enfrenta.

Por exemplo, a seguradora nota que o consumo das famílias, principal motor do crescimento econômico, está cada vez mais fraco. Em grande parte devido à alta do desemprego.

Por sua vez, a fraca demanda, aliada a taxas de juros ainda elevadas, está inibindo os investimentos, que seguem abaixo de 20% do PIB. O real pode voltar a se desvalorizar na medida em que os Estados Unidos aumentarem suas taxas de juros.

Ao mesmo tempo, a incerteza política alimentada pelas investigações e protestos contra a corrupção aumentam a incerteza para as empresas. Em um quadro social já agravado pelas tensões causadas pela alta desigualdade de renda.

A Coface compara a situação do Brasil com a da África do Sul, que enfrenta problemas similares. Porém, a empresa manteve a avaliação de risco de crédito brasileira. Enquanto que a sul-africana foi rebaixada de B (algo elevada) para C (elevada).

Verdade seja dita, o Brasil já se encontrava no patamar C e aí ficou. Já a avaliação de risco da Argentina melhorou. Passou de C para B. Ou seja, superior à do Brasil. Já que a Coface espera que as reformas econômicas promovidas pelo presidente Mauricio Macri comecem a dar frutos no decorrer de 2017.

Situação global

Vários países emergentes enfrentam situações desafiadoras em 2017, segundo a Coface. Ainda assim, eles devem ser o principal motor de um crescimento mais dinâmico da economia global neste ano.

A seguradora prevê que o PIB global vai se expandir em 2,7% comparado com 2,5% em 2016. As economias emergentes respondem pelo grosso do novo vigor. E devem crescer 4,1%. Contra 3,7% no passado.

Pela primeira vez desde a metade de 2015, a Coface também atribuiu um número maior de melhorias na avaliação de risco dos países do que de degradações.

Afinal, onze economias, incluindo Argentina e Espanha, tiveram sua nota elevada. Apenas quatro, entre as quais México e África do Sul, receberam notas piores do que a da última avaliação divulgada pela empresa.

Estagnação avançada

As economias avançadas devem repetir neste ano o crescimento de 1,6%, em média, de 2016. A Coface aponta uma série de incertezas pesando sobre os Estados Unidos e a Europa. Receios que podem impedi-los de crescer de forma mais acelerada.

Nos Estados Unidos, as esperadas políticas protecionistas e expansionistas do novo presidente Donald Trump devem ter um efeito apenas modesto sobre a economia local. E podem mesmo afetar setores como a construção civil e as montadoras de automóveis, afirma a Coface. Da mesma forma, de quebra, países como México, Vietnã e Tailândia podem ser severamente prejudicados por um aumento do protecionismo americano.

No Reino Unido, incertezas sobre a negociação de sua saída da União Europeia podem adiar decisões de investimento das empresas. Bem como afetar setores como o farmacêutico e o automotivo. A Coface espera que o número de falências aumente 8% em 2017 no país.

Já na UE, a principal sombra sobre o que a Coface chama de uma “economia resistente” é a ascensão de movimentos populistas. França, Alemanha, Holanda e possivelmente Itália terão eleições neste ano em que candidatos anti-europeus podem chegar perto do poder. Na França, por exemplo, a ultranacionalista Martine Le Pen, do partido de extrema direita Frente Nacional, já lidera as pesquisas para as eleições presidenciais de abril.

Caso políticos nacionalistas consigam causar novos choques como o Brexit em seus países, o impacto sobre o crescimento do PIB pode chegar a 0,7 ponto percentual na França e 0,5 ponto percentual na Alemanha, estima a Coface.

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Pesquisa vê fraudes em alta no mundo e abaixo da média no Brasil

As fraudes, roubos e incidentes cibernéticos estão em alta nas empresas de todo o mundo. Com os próprios colaboradores das companhias emergindo como a principal fonte de risco. Isso segundo a consultoria Kroll.

O relatório global elaborado todos os anos pela consultoria descobriu que o tipo de fraude mais comum segue sendo o roubo de ativos físicos das empresas. Algo enfrentado por 29% das organizações pesquisadas.

Em seguida vêm as fraudes realizadas por provedores ou agentes comerciais e o roubo de informações, com 26% e 24%.

Entre os incidentes cibernéticos, os mais comuns foram os ataques de vírus e worms, enfrentados por 33% das empresas. Assim seguido pelos ataques de phishing via email, sofridos por 26% do total, segundo a Kroll.

Curiosamente, as empresas brasileiras reportaram à consultoria números inferiores de exposição a fraudes e incidentes cibernéticos no ano passado.

Enquanto 82% das empresas de todo o mundo encontraram casos de fraude, no Brasil a porcentagem foi de 68%. Incidentes cibernéticos foram diagnosticados por 76% das companhias brasileiras. Contra 85% em todo o mundo. No caso dos incidentes de segurança, a discrepância é ainda maior. Foram 53% de casos no Brasil. Contra 68% a nível global.

Cabe perguntar, porém, se os índices mais baixos de incidentes no Brasil se devem a um ambiente de segurança mais favorável ou à ineficiência dos controles internos e de compliance, sistemas de gestão de risco cibernético e práticas de reporting das empresas nacionais. A Risco Seguro Brasil tende a se inclinar pela segunda explicação.

Consequências

A Kroll ressaltou a importância de detectar e combater as causas das fraudes nas empresas. Uma vez que elas podem ter efeitos negativos em termos de continuidade de negócio e reputação empresarial. Bem como satisfação dos clientes e moral dos empregados.

“Com fraudes e incidentes cibernéticos e de segurança tornando-se o ‘novo normal’ para as empresas de todo o mundo, está claro que as organizações necessitam contar com processos sistêmicos. Processos para prevenir, detectar e reagir a esses riscos, caso elas queiram evitar danos reputacionais e financeiros”, afirmou Tommy Helsby ao apresentar o relatório. Ele é co-presidente da unidade de Investigações e Disputas da Kroll.

Na comparação com anos anteriores, a Kroll observou um número crescente de casos de incidentes. Em 2015, 75% das empresas reportaram ter sofridos fraudes. Porém, no ano passado este número chegou a 82%.

Os tipos de fraude que mais cresceram no ano passado foram os conluios de mercado. Estes foram observados por 17% das empresas em 2016 contra 2% em 2015. Assim como desvio de dinheiro da empresa, que passou de 7% a 18% no período de um ano.

A pesquisa também reforçou a noção de que o principal risco de fraudes e incidentes cibernéticos e de segurança se encontra dentro das próprias empresas. De cada 10 companhias que registraram incidentes no ano passado, seis disseram que eles foram causados por empregados, ex-empregados ou parceiros comerciais. Os principais perpetradores foram os empregados de baixo escalão, com 39% dos casos.

Brasil

No Brasil, os principais perpetradoras das fraudes são os ex-empregados, responsabilizados por 43% dos casos reportados, contra 27% a nível global.

Empregados temporários ou freelancers vêm em seguida com 26% das referências, enquanto que os empregados de baixo escalão foram identificados como culpados por fraudes por 22% das empresas que as sofreram.

Os ex-empregados também são os principais responsáveis pelos incidentes cibernéticos e de segurança nas empresas brasileiras, segundo a Kroll.

A Kroll observa que as empresas brasileiras entrevistadas reportaram os mais baixos níveis de fraudes em todo o mundo em 2016, ao lado da Índia e da Itália.

Segundo a pesquisa, 85% das companhias nacionais pesquisadas investiram em medidas antifraude a nível gerencial.

Mas há dados que também apontam a possibilidade de que os casos de fraude na verdade não estão sendo encontrados pelas empresas brasileiras.

Por exemplo, 44% dos pesquisados afirmaram que casos de fraude foram descobertos por canais de denúncia (whistleblowing), uma ferramenta de gestão de compliance que ainda engatinha no Brasil.

Outros 39% afirmaram que foram auditorias internas que descobriram as irregularidades. Mais uma vez, há sérias dúvidas sobre a eficácia das estruturas de auditoria no país.

Clique aqui para descarregar o estudo em inglês.




Turbulência de 2016 impõe desigualdade à agenda de Davos

(Foto: Reprodução)

Segundo o Fórum Econômico Mundial, o aumento da desigualdade é o mais importante fator por trás do incremento do risco global, tanto para as sociedades como para as empresas.

As crescentes diferenças entre os “vencedores” e os “perdedores” da globalização constituem, por exemplo, um dos principais fatores detrás da polarização política que se nota hoje em dia nos países desenvolvidos, alerta a entidade no relatório global de riscos publicado às vésperas de seu encontro anual em Davos, na Suíça.

Essa polarização foi ilustrada recentemente pela vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais americanas e o triunfo dos defensores da saída do Reino Unido da União Europeia durante um referendo realizado em junho passado e corre o risco de se repetir em países como a França, a Alemanha e a Itália, onde movimentos extremistas, tanto de esquerda quanto de direita, estão ganhando popularidade entre os eleitores.

Não que seja preciso buscar lá fora exemplos de polarização política, ou dos efeitos da desigualdade sobre a harmonia social. De certa maneira, vários dos problemas que os plutocratas mundiais vão discutir em Davos neste ano já vêm se manifestando no Brasil por muito tempo.

Cinco fatores

O relatório foi elaborado com o apoio da corretora Marsh e da seguradora Zurich.

De acordo com os organizadores do Fórum de Davos, os cinco principais fatores que estão determinando o cenário de riscos global são:

– Crescente desigualdade e estagnação do crescimento da economia;
– Mudanças climáticas;
– Polarização crescente da sociedade;
– Aumento da dependência cibernética;
– Envelhecimento da população.

Vacinada pelos extraordinários acontecimentos de 2016, a elite econômica global reunida na Suíça vai ter que discutir este tipo de tema, ao invés de celebrar os benefícios da globalização e da abertura econômica, que costumava ser a tônica do evento em tempos mais tranquilos.

“Vivemos tempos agitados em que o progresso tecnológico também cria desafios”, disse Cecilia Reyes, CRO da Zurich, durante a apresentação do relatório, em Londres. “Os governos já não podem fornecer níveis históricos de proteção social, e uma narrativa contrária ao establishment ganhou força, com novos líderes políticos culpando a globalização pelos desafios (enfrentados pelas) sociedades, criando um círculo vicioso em que baixo crescimento econômico apenas amplifica a desigualdade.”

Reforma do capitalismo

Observando que sociedades estão cada vez mais polarizadas devido aos efeitos da globalização, o fórum chega a declarar que “a reforma do capitalismo de mercado também deve ser acrescentada à agenda” da elite econômica mundial.

Os efeitos de tentar varrer este problema para debaixo do tapete podem ser bastante graves. Um dos sintomas do aumento da desigualdade tem sido um crescente desapreço à democracia, nota o relatório. O Brasil é citado como um dos países onde este risco de desencanto democrático tem se manifestado recentemente.

A entidade insta as empresas a se engajar na defesa da democracia e da liberdade de expressão e dos movimentos sociais, que estão sob ameaça cada vez maior de repressão por parte de governos e de forças de cunho autoritário no interior das sociedades.

Entre as receitas genéricas para reverter esta situação, o relatório recomenda “fomentar uma maior solidariedade e visão de longo prazo para o capitalismo de mercado”. Poucas vezes as montanhas nevadas de Davos terão ouvido menção a este tipo de coisa.

Clique aqui para descarregar o documento em inglês.




Interrupção de negócios é principal risco para as empresas em 2017

A interrupção dos negócios (coberta no Brasil pelas apólices de lucro cessante) constituem o principal risco para as empresas globais em 2017, de acordo com a Allianz Global Corporate and Specialty.

O mais recente Barômetro de Riscos publicado anualmente pela seguradora alemã também mostra que os riscos cibernéticos ganham espaço na agenda das empresas, chegando à segunda colocação no ranking nos Estados Unidos e à primeira na Alemanha e no Reino Unido.

No Brasil, a interrupção dos negócios também lidera o ranking elaborado pelo braço de grandes riscos da Allianz, que coletou os resultados através de entrevistas com mais de 1.200 profissionais de risco, a maioria dos quais trabalha em grandes empresas sedidas em mais de 50 países.

Os resultados brasileiros refletem a atual conjuntura vivida pelas empresas, já que o segundo principal risco apontado pelos entrevistados no país é entorno macroeconômico, que fica apenas no sexto lugar no ranking global.

Vale também destacar a alta percepção de risco de corrupção, risco de roubo e fraude no Brasil, onde ficou na quinta posição do ranking. Em termos globais, a corrupção fica em 11º lugar. (Veja acima alguns dos resultados da pesquisa).

O terceiro principal risco no Brasil é o cibernético, enquanto que a volatilidade de mercado ficou em quarto. As mudanças regulatórias ficaram empatadas com a corrupção em quinto lugar.

Ano difícil à vista

Uma das conclusões mais claras do estudo é que, após um 2016 difícil, as empresas devem enfrentar um 2017 que também promete ser bastante complicado.

“As empresas de todo o mundo estão se preparando para um ano de incertezas”, afirmou o CEO da AGCS, Chris Fischer Hirs.

“Mudanças imprevisíveis no ambiente legal, geopolítico e de mercado ao redor do planeta são itens constantes na agenda dos gestores de risco e dos conselhos. Uma gama de novos riscos está emergindo além das ameaças permanentes dos incêndios e das catástrofes naturais, o que requer que se repense as ferramentas atuais de monitoramento e gestão de riscos.”

A interrupção de negócios lidera o ranking dos riscos corporativos da Allianz pelo quinto ano consecutivo.

Mas as razões porque este risco preocupa as empresas têm evoluído com o passar dos anos. Enquanto o principal motivador desta preocupação alguns anos atrás eram as interrupções de operações devido a eventos naturais que afetam a cadeia de suprimentos, como exemplificado pelas enchentes na Tailândia em 2011, agora as consequências de riscos cibernéticos e geopolíticos sobre as atividades das empresas ganham cada vez mais peso.

A pesquisa reflete um dos grandes desafios enfrentados hoje pelo mercado de seguros, que é a elaborar coberturas satisfatórias na área de interrupção de negócios sem danos físicos, ou seja, em que as estruturas físicas das empresas não são afetadas diretamente por uma perda.

Protecionismo

O segundo principal risco apontado pelos entrevistados é a volatilidade em seus mercados, um problema agravado pela perspectiva da adoção de medidas protecionistas nos Estados Unidos e outros países. A Allianz cita levantamento de sua subsidiária Euler Hermes, segundo a qual de 600 a 700 medidas protecionistas foram adotadas globalmente a cada ano desde 2014.

“Estamos vendo medidas protecionistas em mercados emergentes como a China, Brasil ou Indonésia, mas também oriundas dos Estados Unidos e do Reino Unido”, disse Ludovic Subran, chefe de Pesquisa Econômica da Allianz Research.

No que diz respeito ao riscos cibernéticos, terceiros no ranking, a AGCS alerta que eles não se restrigem aos ataques de hackers, a ação de funcionários descontentes ou outras causas comuns de problemas nesta área. A adoção de novas leis de proteção de dados em vários países aumenta o desafio que as empresas enfrentam nesta área.

É o caso, por exemplo, da dura legislação de proteção de dados que a União Europeia adotará a partir de maio do ano que vem e que deve afetar qualquer empresas que tenha operações no bloco.

As catástrofes naturais e as mudanças regulatórias completam a lista dos cinco principais riscos enfrentados pelas empresas globais.

Cique aqui para descarregar o relatório em inglês.




Aon alerta para alta de risco de violência política e terrorismo

O risco de terrorismo seguirá em alta em 2017, um ano que também pode ver um aumento de casos de violência política nos Estados Unidos e na Europa, de acordo com a Aon.

Em seu mais recente relatório sobre o risco de terrorismo e violência política, a corretora americana também afirma que a emergência de movimentos populistas nos países ricos implica um aumento das preocupações com o tema por parte de empresas com operações internacionais.

Por outro lado, as recentes perdas sofridas pelo Estado Islâmico no Iraque e na Síria indicam para um recrudescimento dos ataques terroristas em países envolvidos nos combates contra o movimento fundamentalista.

A Aon nota que, desde o início da grande operação contra o EI em Mosul, no Iraque, até a metade de dezembro, mais de uma dúzia de atentados reivindicados por simpatizantes do movimento já foram registrados fora do Iraque e da Síria, que são hoje os principais palcos de atuação do grupo.

Neste fim de semana, dez pessoas morreram e cerca de 30 ficaram feridas em um ataque de homens armados na região turística do castelo de Al-Karak, na Jordânia. Nenhum grupo reivindicou o ataque até o momento, mas suspeitas iniciais das autoridades apontam para fundamentalistas islâmicos.

Estados Unidos

Um dos países em que o panorama da violência política e terrorismo se deteriorou nos últimos meses foi o Estados Unidos, de acordo com a Aon.

A corretora nota que, desde a eleição de Donald Trump para a presidência americana, tem havido um aumento do número de casos de crimes relacionados à intolerância e à violência política.

Além disso, o país segue na mira dos terroristas, como mostraram ataques com bombas ocultas em outubro que deixaram 35 feridos em Nova York e Nova Jersey.

Trump também cria incertezas no cenário internacional, uma vez que não está claro qual será a postura de seu governo com relação à política externa. Seu recente telefonema à presidente de Taiwan, em claro desafio à China, é um exemplo de medida imprevisível com efeitos difíceis de estimar no cenário internacional.

A Aon elevou o nível de risco de terrorismo e violência política nos Estados Unidos de “baixo” para “moderado”.

Ao todo, houve oito ataques terroristas nos Estados Unidos em 2016, calcula a Aon. Mas a corretora afirma que, apesar do aumento do risco, não há sinais de um endurecimento no curto prazo do mercado de seguros para terrorismo no país.

Populismo em alta

Outro fator de preocupação para as empresas é o crescimento dos movimentos populistas na Europa, muitos dos quais possuem um nítido viés autoritário e/ou xenófobo.

A popularidade de tais movimentos reflete um descontentamento mais generalizado que muitas vezes acaba se traduzindo em violência contra grupos específicos da população.

A Aon nota, por exemplo, que, no Reino Unido, houve um aumento estimado de 41% nos casos de violência contra minorias após a votação do chamado Brexit, em junho.

A corretora cita estimativa da ONG sueca Timbro, segundo a qual 18,5% dos eleitores europeus hoje favorecem grupos de extrema direita ou extrema esquerda.

O aumento da popularidade dos grupos extremistas já está tendo efeitos na política dos países, como a saída do Reino Unido da União Europeia, que foi impulsionada pelo partido de extrema direita Ukip.

Em 2017, existe a possibilidade de que a Frente Nacional, também de extrema direita, ganhe as eleições presidenciais na França.

Na Itália, o Movimento 5 Estrelas, de extrema esquerda, emergiu como a principal força política do país após a renúncia do primeiro-ministro Matteo Renzi, que foi derrotado em um referendo constitucional oposto pelos esquerdistas.

“Estes desdobramentos políticos no Ocidente criam incerteza e acarretam ramificações mais amplas para empresas internacionais que têm uma preocupação com riscos de violência política”, afirma a Aon.

A corretora coloca como exemplo o caso das empresas de hotelaria e turismo, que constituem o quinto setor mais visado por ataques terroristas.

Segundo a Aon, mais de 1.100 pessoas morreram em 2016 devido a ataques terroristas realizados em hotéis ou outros recintos turísticos ou nas suas imediações. As regiões de maior risco são o Oriente Média, o Sul da Ásia e a África.




Universidade de Cambridge alerta para risco de grande choque

O risco de que a economia global sofra um grande choque está mais elevado, alertaram pesquisadores da Universidade de Cambridge.

Um relatório do Centro de Estudos sobre Riscos (CCRS) da universidade britânica atribui este aumento do nível de riscos a fatores geopolíticos, a intensificação das ameaças tecnológicas e a maior probabilidade da ocorrência de alguns tipos de crises financeiras.

O alerta foi feito durante a divulgação do Índice Global de Riscos 2017, preparado pela universidade, que mede a possibilidade de que as 300 maiores cidades do mundo sofram eventos capazes de gerar perdas financeiras superiores a US$ 1 trilhão.

São Paulo aparece no ranking como a 17ª no ranking das cidades expostas a maior potencial de perdas causados pelos riscos investigados pelos pesquisadores. Na versão anterior do ranking, a capital paulista estava na 16ª colocação.

A universidade estima que São Paulo está exposta a perdas financeiras equivalentes a US$ 7,09 bilhões no curto prazo que podem ser causadas pelos eventos analisados, que incluem desde um crash do mercado financeiro e ataques terroristas até catástrofes naturais como enchentes e secas.

As líderes do ranking são Taipei, com um potencial de perdas de US$ 20,57 bilhões, e Tóquio, com US$ 20,44 bilhões.

Cenários

A elaboração do ranking passa pela simulação de cenários catastróficos causados por uma série de eventos tanto financeiros como não-financeiros.

Os autores projetaram seus cenários em um período de dez anos, com ênfase no período entre 2017 e 2020. Eles afirmam que as perdas esperadas causadas pelos 22 riscos analisados chegam a uma média ponderada de 1,48% do PIB mundial em dez anos, e 1,51% no próximo triênio.

Isso significa uma perda financeira esperada de US$ 1,17 trilhão só em 2017, segundo Andrew Coburn, vice-presidente da empresa de modelação de risco RMS, que faz parte do CCSR.

Os cientistas explicam que são cenários extremos, com reduzida chance de ocorrer, mas que merecem ser levados em conta devido à sua extraordinária intensidade.

Por exemplo, um dos cenários elaborados prevê uma crise da dívida soberana na América do Sul, com origem no Brasil. Os cientistas trabalham como uma probabilidade de 3% a 4% por ano de que o país sofra uma crise de pagamento da dívida.

Outros incluem a possibilidade de um calote do governo americano (como insinuado, e logo negado, por Donald Trump durante a campanha eleitoral), um conflito bélico entre China e Japão, uma nova guerra na península coreana, um grande ataque cibernético contra infraestruturas críticas ou uma pandemia causada por um vírus da gripe geneticamente modificado.

Ainda que os cenários em questão tenham pouca probabilidade de se materializar, episódios recentes como a eleição de Trump nos EUA e o chamado Brexit mostram que é preciso levar em consideração mesmo os riscos considerados de pequena probabilidade.

O CCRS estima, por exemplo, que um conflito entre a China e o Japão custaria US$ 17 trilhões à economia global, e um crash do mercado imobiliário global de US$ 13 trilhões. Uma pandemia centrada em São Paulo poderia ter um custo de até US$ 7 trilhões. Para comparação, os autores estimam que a crise financeira global iniciada em 2008 causou US$ 18 trilhões em perdas financeiras.

Principais riscos

No campo financeiro, os autores ressaltam a possibilidade de crises da dívida soberana, uma vez que vários países tiveram suas avaliações de riscos reduzidas pelas agências de  rating de crédito nos últimos anos.

Por outro lado, consideram que a possibilidade de contágio global de uma crise bancária se reduziu após as reformas regulatórias realizadas após a crise global iniciada em 2008.

O risco geopolítico, por sua vez, está claramente em alta, até porque os tradicionais enfrentamentos bélicos estão dando lugar, e quem sabe sendo antecipados, por choques entre países no mundo virtual. Os autores afirmam que o risco de um conflito militar entre dois grandes países segue sendo reduzido, mas está mais presente agora do que em anos anteriores.

Além disso, eles afirmam que o risco de terrorismo tende a se recrudescer como resultado das perdas militares sofridas pelo Estado Islâmico nos últimos meses.

No curto prazo, uma ameaça bastante presente é composta pelos ataques cibernéticos, que chegaram a níveis recordes no último ano. Os autores destacam a ação de hackers contra a rede de distribuição de energia elétrica da Ucrânia, em dezembro de 2015, como um exemplo do que pode estar vindo por aí.

O tema do risco cibernético tem o agravante da imprevisibilidade. Com a tecnologia utilizada por hackers em permanente evolução, é difícil prever que padrão este risco deve assumir nos próximos anos.

Os autores também afirmam que o impacto de vários riscos tende a ser ampliado hoje em dia pela elevada interconexão entre as economias e as empresas.

Clique aqui para acessar o estudo em inglês.




Consultoria vê Brasil como ‘alto risco’ de crimes violentos

O Brasil fez progressos na luta contra o crime nas grandes cidades, mas continua implicando um “alto risco” de crimes violentos, segundo uma consultoria de risco internacional.

O país ocupa a 31ª colocação no ranking dos países de maior risco de crimes violentos elaborado pela Verisk Maplecroft e divulgado no início de dezembro.

O ranking é liderado pelo Afeganistão, seguido da Guatemala e do México. A América Latina aparece como a região mais perigosa do mundo, de acordo com a empresa.

No caso do Brasil, a Verisk Maplecroft diz que houve sucesso nos últimos anos na redução das altas taxas de criminalidade nas grandes cidades brasileiras.

“No entanto, sua posição como o segundo maior mercado consumidor de cocaína das Américas e como uma rota chave para os narcóticos produzidos no Peru, Bolívia e Paraguai fazem com os níveis de criminalidade sigam altos”, afirma a empresa.

A consultoria também alerta que a profunda recessão em que o Brasil se encontra tem gerado cortes em investimentos em segurança pública que podem resultar na reversão dos avanços feitos nos últimos anos.

“Isso poderia habilitar os grandes grupos de crime organizado do país, que também estão envolvidos em extorsões e sequestros, a recuperar parte do terreno perdido, incluindo nas favelas do Rio e São Paulo”, afirma a Verisk Maplecroft.

Vizinhança perigosa

Dos 13 países considerados de “risco extremo” no ranking da consultoria, que presta serviços a empresas internacionais, seis estão localizados na América Latina, consolidando a região como a mais perigosa do planeta.

São eles Honduras (6º), Venezuela (7º), El Salvador (8º) e Colômbia (12º), além da Guatemala e do México.

Até mesmo o Iraque (4º) e a Síria (5º), países que vivem ferozes guerras civis, implicam um risco menor de crimes violentos do que o México e a Guatemala. A empresa estima que a criminalidade custa US$ 200 bilhões ao ano para as economias do México e da América Central.

A taxa de homicídios no México chega a 17 por 100.000 habitantes, afirma a Maplecroft, enquanto houve 26.000 desaparições forçadas no país desde 2007.

A empresa também nota que Caracas, na Venezuela, ganhou recentemente o nada invejável título de cidade mais violenta do mundo.

Já a categoria de “alto risco”, na qual o Brasil está incluído, também abrange a Argentina, o Paraguai e o Peru, além da Rússia, Índia e África do Sul.

O quinto membro dos Brics, a China, obtém a classificação de “risco médio”, compartilhada por países europeus como a Itália e a Grécia.