Para regulador e agência, mercado segue difícil para resseguro em 2017
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- Rodrigo Amaral
- 13 de dezembro de 2016
- Sem categoria
Há tanto capital no setor que supervisor europeu vê capacidades resistindo até mesmo a catástrofe como o furacão Katrina
O ano de 2017 deve continuar trazendo sérios desafios ao mercado ressegurador global, colocando em risco a lucratividade das empresas do setor, alertam uma agência de avaliação e o supervisor do mercado de seguros europeu.
A AM Best divulgou nota afirmando que, devido à contínua queda de preços e aos parcos resultados obtidos por investimentos financeiros, o setor vai depender de condições favoráveis para obter até mesmo resultados exíguos no ano que vem. As condições necessárias incluem mais um ano período de baixas perdas catastróficas e estabilidade financeira global.
Já a EIOPA, que regula o mercado segurador da União Europeia, prevê em seu Relatório de Estabilidade Financeira que os preços dos prêmios vão continuar caindo ao mesmo tempo em que as resseguradoras terão que seguir ampliando os serviços e melhorando as condições oferecidas para seus clientes.
Para completar, elementos que adicionam incertezas ao cenário macroeconômico, como as medidas econômicas do governo de Donald Trump nos Estados Unidos e as negociações para a saída do Reino Unido da União Europeia, tornam o cenário para o setor ainda mais perigoso, diz a AM Best.
Uma conjunção de fatores que pode representar uma boa notícia no curto prazo para os compradores de seguro, mas que, no longo prazo, pode ter efeitos bastante negativos para o setor.
Afinal, como vêm alertando vários observadores, as resseguradoras têm conseguido garantir retornos aos acionistas por meio de mecanismos como a liberação de reservas de capital (ver gráfico acima), o que vem sendo possível porque as perdas catastróficas têm sido excepcionalmente baixas nos últimos anos.
“A realidade da presente situação é que, em algum momento, vai acontecer uma catástrofe de grande porte, e a máscara de reservas redundantes terá que ser eventualmente removida para revelar as verdadeiras ramificações das condições do mercado”, alerta a AM Best. “Se a história serve como guia, isso pode ser mais nefasto do que alguns acreditam.”
Perspectiva negativa
Em sua nota, a AM Best reafirmou a perspectiva negativa para o setor ressegurador, uma avaliação que já vem sendo aplicada há algum tempo.
A agência afirma que, no momento, as empresas que recebem sua avaliação de crédito apresentam reservas de capital adequadas para enfrentar cenários de estresse. A preocupação, porém, está no que pode acontecer com o setor no futuro.
Entre os fatores que estão motivando a visão negativa se incluem o persistente mercado brando, as baixas taxas de retorno das aplicações financeiras e um fluxo insustentável de capital para a formação de reservas.
Além disso, também coloca pressão sobre o setor a abundância do chamado “capital de convergência”, ou seja, dinheiro que se dirige a instrumentos alternativos de transferência de risco no mercado de capitais. A agência estima que 20% da capacidade do resseguro global hoje seja representado por este tipo de investimentos.
Solvência
Já a EIOPA observa que o setor também enfrenta uma queda de demanda devido à adaptação das estratégias de gestão de capital das seguradoras às condições do mercado.
O supervisor europeu diz que as seguradoras estão pondo mais foco na gestão de risco, e, como resultado, têm aumentado seus níveis de retenção.
Com isso tudo, a EIOPA espera que a rentabilidade das resseguradoras continue se deteriorando.
Ainda assim, graças à abundância de capital que há hoje no mercado, a instituição calcula que o setor possui solvência suficiente para enfrentar uma catástrofe do tipo que acontece uma vez em cada 100 a 250 anos. A EIOPA estima que o volume de capital tradicional tenha chegado a US$ 510 bilhões neste ano, um aumento de 3% em relação a 2015.
Mesmo um evento como o furacão Katrina, que causou perdas seguradas de US$ 62,2 bilhões em 2005, seria insuficiente para mudar a dinâmica atual dos preços de resseguro, avalia a EIOPA.
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