Seguro sente a crise e cresce abaixo da inflação
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- Oscar Röcker Netto, em São Paulo
- 14 de dezembro de 2016
- Sem categoria
Arrecadação do setor acumulada em 12 meses até outubro subiu 7,9% contra IGPM de 10,8%; CNseg vê "resiliência" em ano difícil
A indústria do seguro sentiu a crise, mas vem registrando um desempenho melhor do que outros setores da economia.
O desempenho do mercado segurador em geral este ano atingiu o fundo do poço em março, quando o crescimento nominal acumulado da arrecadação em 12 meses ficou em 3,6%. Desde então, a curva voltou a subir, de acordo com a CNseg, a confederação das seguradoras. Em outubro, a alta chegava a 7,9%, um resultado melhor, mas que ficou quase três pontos porcentuais abaixo da inflação no período — de 10,8% pelo IGPM.
A queda real na arrecadação é um baque num setor que vinha bombando até 2015, com altas expressivas: +16,3% (2011), +18,3% (2012), +13,3% (2013), + 12,1% (2014) e + 11,6% (2015) — desempenhos obtidos diante de inflação mais baixa do que a de agora.
Comparado com a economia em geral do país — que deverá registrar retração acima dos 3% pelo segundo ano consecutivo — o desempenho de 2016, incluindo seguros, capitalização, previdência privada e saúde complementar, tem tons menos acentuados de vermelho, no entanto.
“Foi um ano muito difícil; o mercado tomou um susto danado”, disse Marcio Coriolano, presidente da CNseg, durante balanço parcial feito na semana passada.
Como boa notícia está sendo artigo raro atualmente, Coriolano saca um comparativo com outros setores produtivos — todos com baixas expressivas — para destacar o desempenho do mercado segurador: produção industrial, -7,8%; fabricação de veículos, -17%; financiamento imobiliário, – 41% (os dados são do IBGE até setembro deste ano).
“O setor tem uma dinâmica que não depende tanto dos outros atributos da economia”, diz. É o que ele gosta de chamar de “resiliência dos seguros”, um setor que apesar da ligação direta com o outras indústrias vem mostrando melhor fôlego para atravessar a tormenta da crise.
Só seguro
Os dados exclusivos de seguros, entretanto, mostram um desempenho um pouco aquém daquele obtido pelo mercado geral representando pela CNseg (capitalização, saúde e previdência privada).
De acordo com as informações disponibilizadas pela Susep, entre janeiro e outubro deste ano os prêmios diretos somaram R$ 79,8 bilhões, um número praticamente estável em relação ao mesmo período do ano passado (R$ 79,6 bilhões), enquanto o IGPM ficou em 6,6% no período, o que significa uma retração real das carteiras. A sinistralidade média este ano está em 49%.
A puxar o desempenho para cima, Coriolano destaca os seguros rural (alta de 17,2% até agosto), garantia (29,8%) e habitacional. O principal “freio” ficou por conta do ramo automóveis, o maior do setor no Brasil, que registrou prêmios diretos de R$ 18,1 bilhões até outubro deste ano (cascos) contra R$ 18,7 bilhões em 2015.
Diante deste cenário e com os dados ainda parciais, ele estima que o mercado como um todo cresça entre 8 e 10% até o final de 2016. (O VGBL, por exemplo, costuma ter impulso no final do ano.)
Para o ano que vem, Coriolano acredita que “o Brasil vai ter de ter recuperação”. Mas “dificilmente haverá uma mudança estrutural” na situação atual. Ele estima para 2017 um desempenho nominal um ponto percentual acima do que for registrado em 2016 — entre 9 e 11%, portanto.
De acordo com o presidente da confederação, as principais apostas do setor para continuar se desenvolvendo residem no desempenho do recém aprovado seguro Auto Popular, que segundo a CNseg vai atender uma frota potencial de 20 milhões de carros; no seguro garantia, com a expectativa de volta das concessões feitas pelo governo; no seguro agrícola, que pode aumentar a penetração numa área total de 61 milhões de hectares de plantio não coberta; e no Vida Universal, produto que tem125 milhões de potenciais beneficiários.
A reforma da Previdência Social também poderá representar um oportunidade para o setor, que destaca um contigente de 78 milhões de pessoas passíveis de contratar previdência privada.
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