Interesse do gestor tem de ir além da apólice de seguro
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- Rodrigo Amaral
- 27 de maio de 2015
- Sem categoria
Área de risco demanda profissionais com boa formação técnica, mas versáteis, diz presidente da federação internacional de GR
Capacidade de comunicação e vontade de aprender coisas novas são características essenciais do gestor de riscos na economia global, segundo um dos mais importantes representantes da profissão em todo o mundo.
Em entrevista exclusiva à Risco Seguro Brasil, Carl Leeman, presidente da Federação Internacional das Associações de Gestão de Riscos e de Seguros (Ifrima, na sigla em inglês), defende que um bom gestor de riscos tem de se interessar por assuntos que vão muito além da compra de apólices de seguro.
Ele ressalta que uma formação técnica em áreas como engenharia, finanças ou direito constitui um ponto de partida importante para quem quer ingressar em um setor em que há alta demanda por profissionais de alta qualificação, tanto no Brasil quanto no exterior.
Mas o gestor de risco de sucesso vai estar sempre expandindo seus conhecimentos na busca de novas ameaças ao desenvolvimento ou mesmo à sobrevivência da empresa.
“Os gestores de risco precisam ser especialistas em alguma coisa, e generalistas em todo o resto”, afirma Leeman, que também é CRO (chief risk officer) da multinacional de logística Katoen Natie. “Você não pode parar jamais de se educar.”
Adaptabilidade
Hoje em dia, gestores de risco de grupos multinacionais precisam estar atualizados com temas tão diferentes quanto os riscos cibernéticos, legislações ambientais e as condições sociais, políticas e econômicas dos países onde suas empresas operam.
Para Leeman, isso exige uma capacidade de adaptação muito grande por parte dos profissionais da área, e essa é uma tendência que já chegou a países emergentes como o Brasil. “No Brasil, as habilidades e talentos que se esperam dos gestores de risco não são diferentes do que acontece em outros países”, afirma.
“Em primeiro lugar está a habilidade de se comunicar de maneira efetiva. Você precisa ser capaz de conversar com todo mundo em sua empresa e de assegurar que a informação flua dentro da organização. Gestores de risco não podem simplesmente ficar sentados em um escritório lendo planilhas de cálculo e falando com seguradores. Visitar o chão de fábrica e educar as pessoas é um trabalho mais importante.”
Mas o gestor de risco não tem condições de ser um especialista em todas as áreas de uma grande companhia. No final das contas, ele é um facilitador que procura orientar e animar cada setor a cuidar seus próprios. Mas é necessário ao menos ter uma noção de quais são os temas envolvidos para interrogar outras áreas a respeito de suas preocupações.
“Outro aspecto importante é saber fazer as perguntas corretas,” Leeman disse. “Ao questionar como as coisas estão sendo feitas, o gestor de riscos às vezes consegue descobrir que elas não sendo feitas como deveriam.”
Confiança
Outra característica do bom gestor de risco é a capacidade de ganhar e manter a confiança de seus colegas de empresa. “Você precisa tomar muito cuidado com a maneira como maneja a informação recebida”, aconselha o presidente da IFRIMA. “Caso contrário, ninguém vai lhe dizer mais nada no futuro.”
De acordo com Leeman, houve um fortalecimento da gestão de risco em geral desde o início da crise global, em 2008. Ele acredita que hoje em dia muitas empresas, especialmente no setor financeiro, estão implementando sistemas de gestão de risco para cumprir regras de mercado implementadas após o colapso do banco Lehman Brothers — o que não deixa de ser um desdobramento positivo da crise.
“Mas é importante que isso seja feito com o objetivo de garantir o futuro da empresa, e não só para ser complacente por meio de um exercício de marcar o quadradinho”, ressalta.
Um dos principais desafios para o setor segue sendo a dificuldade de convencer os conselhos das corporações de que a gestão de riscos não cria só despesa, mas sim agrega valor para a empresa.
“Os conselhos hoje estão mais conscientes da importância da gestão de riscos. Mas com frequência essa conscientização só se observa dentro da sala de reuniões, nada acontece ou muda fora dela em termos de gestão de riscos”, avalia ele. “Aí as coisas ficam realmente complicadas na hora de fazer as mudanças e investimentos de que a empresa necessita. Alguns conselhos simplesmente não querem investir.”
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