Resseguro mundial torce para que ciclo brando esteja chegando ao fim
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- Rodrigo Amaral
- 16 de setembro de 2016
- Sem categoria
Reunidos em Monte Carlo, resseguradores expressam esperança, mas analistas preveem continuidade do cenário de preços em queda
Reunidas no grande evento anual do mercado de resseguros em Monte Carlo, as principais empresas do setor expressaram esperança de que o longo ciclo de queda de preços no setor esteja chegando ao fim.
Mas analistas do mercado voltaram a afirmar que as condições são difíceis para as resseguradoras e que o longo mercado brando pode seguir valendo por um bom tempo.
Executivos de todo o mundo se reúnem todos os anos em setembro nos Rendez-Vous de Monte Carlo, uma tradicional reunião setorial sediada no principado europeu.
Neste ano, o evento ocorreu entre os dias 10 e 15 de setembro, e os líderes presentes procuraram mudar um pouco a mensagem que vinha sendo transmitida aos cedentes nos últimos anos, quando se via pouca perspectiva de uma mudança de dinâmica na indústria.
Torsten Jeworrek, um membro do Conselho da Munich Re, afirmou que há sinais de o ritmo de queda dos preços do resseguro ao menos parou de se acelerar, especialmente em alguns segmentos do mercado americano.
“Quem sabe isso já seja um primeiro sinal de estabilização nos mercados globais”, disse o executivo.
Lucratividade afetada
A Hannover Re também demonstrou esperança de que a deterioração dos preços esteja se desacelerando, ainda que a empresa reconheça que as condições do mercado, caracterizado especialmente pela abundância de capacidade, não tenham mudado em relação ao ano passado.
“É evidente que as resseguradoras estão tentando evitar mais quedas dos nos níveis de preços”, afirmou Ulrich Walling, CEO a empresa, durante o evento.
A francesa Scor foi mais longe, com representantes da empresa afirmando à revista britânica Commercial Risk Europe que esperam que os preços de seguro corporativo, que exercem efeito importante na demanda por resseguro, vão aumentar em até 20%, em alguns mercados, até 2019.
Por sua vez, a corretora Guy Carpenter também divulgou nota em que afirma que as resseguradoras estão se mostrando mais resistentes a aceitar reduções de preços a pedido dos cedentes.
A agência de avaliação de riscos Standard & Poor’s, no entanto, afirmou que as tarifas de resseguro devem continuar a cair, a não ser que o setor sofra algum sinistro catastrófico de muito grande porte.
A empresa afirmou em relatório divulgado antes do início do evento que o ambiente de negócio para as resseguradoras continua ruim, ainda que as grandes empresas globais sigam apresentando reservas de capital de solvência extremamente fortes.
A S&P também disse que a lucratividade do setor deve continuar se deteriorando, com os índices de retorno sobre o patrimônio ficando entre 7% e 9% neste ano e em 2017. Seriam os patamares mais baixos desde 2011.
Entre 2012 e 2015, o retorno sobre o patrimônio médio anual das grandes resseguradoras globais ficou acima de 12%.
Pouco crescimento
A visão de que o ambiente de negócios não é dos mais favoráveis foi confirmada por participantes da reunião de Monte Carlo.
“Não esperamos que nem o mercado de seguros nem o de resseguros cresça de maneira significativa”, disse Jeworrek.
A empresa espera que os prêmios globais de resseguros cresçam uma média de 1% ao ano, em termos reais, entre 2016 e 2018, enquanto o mercado primário apresente expansão de 3%. Na América Latina, a expectativa de crescimento é de 1% e 2%, respectivamente.
Os maiores impulsos ao crescimento devem vir das regiões da Ásia Pacífico, onde o seguro primário pode chegar a crescer a um ritmo de 6% ao ano, e na África e Oriente Médio, com 5%.
Apesar disso, na Ásia, o volume de prêmio de resseguros deve estancar, devido especialmente a uma esperada redução da demanda na China devido a mudanças regulatórias, afirma a resseguradora alemã.
Para assegurar resultados em um entorno de negócios difícil e em transformação, executivos presentes em Monte Carlo insistiram na necessidade de apresentar produtos e serviços cada vez mais inovadores.
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