‘Economia vai piorar antes de melhorar’, diz Mailson na ABGR
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- Rodrigo Amaral, em São Paulo
- 26 de outubro de 2015
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Na abertura de seminário de gestores de risco em São Paulo, ex-ministro afirma que país reúne condições para se recuperar em período de 3 a 5 anos
A economia brasileira vai piorar antes de melhorar, mas não há risco de que o país enfrente uma ruptura política ou que derive para um processo semelhante ao da Argentina ou da Venezuela.
Foi o que disse ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega, no discurso de abertura do XI Seminário Internacional de Gerência de Riscos e Seguros, em São Paulo.
O evento bienal organizado pela Associação Brasileira de Gerência de Riscos (ABGR) começou nesta segunda-feira, 26/10, na sede da Amcham. Durante três dias, gestores de riscos, representantes do mercado de seguros e especialistas em diversas áreas vão discutir os riscos mais importantes enfrentados pelas empresas brasileiras.
Na abertura do seminário, Mailson expressou otimismo com relação ao futuro do Brasil, mas reconheceu que, no curto prazo, a economia ainda vai passar por maus pedaços.
“O Brasil tem tudo para se recuperar deste momento ruim”, disse o ex-ministro, mas acrescentou: “A situação piora antes de melhorar”.
Já foi pior
Mailson, que fundou a consultoria Tendências, afirmou que a situação da economia brasileira, ainda que grave, não é tão negativa quanto à do final do governo José Sarney, nos anos 1980.
Ao mesmo tempo, a crise política não chega ao nível de paralisação do governo João Goulart, no começo dos 1960, quando o presidente foi deposto por um golpe militar.
“Não há sinais de ruptura”, observou. “Não há nenhum risco de o Brasil encaminhar para uma situação semelhante à da Argentina ou da Venezuela.”
Mailson disse, no entanto, que serão necessários de três a cinco anos para consertar o que chamou de erros cometidos pelos governos do PT e possibilitar a retomada do crescimento da economia.
O país enfrenta dois anos consecutivos de recessão, o que não acontecia desde 1932. Além disso, em sua análise, a presidente Dilma Rousseff vai se dedicar nos futuro próximo a sobreviver no cargo apesar da sua impopularidade, sem dar a atenção necessária às reformas de economia necessita.
“Uma presidente impopular e um governo fraco fazem com que a possibilidade de aprovar reformas seja muito reduzida”, analisou Mailson.
Riscos
Na opinião de Mailson, as reformas são importantes porque a economia só vai voltar a crescer se houver uma recuperação da competitividade.
Ele também expressou preocupação com a provável perda do grau de investimento das duas agências de avaliação de crédito que ainda não rebaixaram a nota do país (Fitch e Moody’s) e com a oposição de meios políticos a medidas de saneamento das contas públicas como a aprovação da nova CPMF. “Sem CPMF a situação piora muito,” ressaltou Mailson.
Ainda assim, porém, o ex-ministro vê aspectos positivos na atual situação que mostram que o país conseguiu avanços importantes nas últimas décadas. “A situação hoje é infinitamente melhor que em 1989”, disse ele.
Segundo Mailson, a economia hoje é mais sólida do que 25 anos atrás. As instituições estão mais estabelecidas, o sistema financeiro é saudável e bem regulado, e o país desenvolveu uma classe média significativa.
Estes fatores, aliados a uma democracia consolidada, uma imprensa livre e um Judiciário independente, entre outros, indicam que o país vai se recuperar de seu atual momento.
Crise bancária e cambial
Mailson não vê risco nem de uma crise cambial nem de uma crise bancária, que em anos passados multiplicavam os efeitos de períodos de incerteza política e econômica como o atual.
“A probabilidade de isso acontecer agora é próxima de zero,” afirmou Mailson, lembrando que as reservas do governo continuam altas e o câmbio flutuante reduz o engessamento da economia.
Além disso, efeitos da crise, como a desvalorização do real, podem alimentar reações positivas como um aumento das exportações e um processo de substituição das importações.
E uma ampla rede proteção social, em que, segundo alguns cálculos, mais da metade da população conta com algum tipo de renda garantida pelo Estado, ajuda a mitigar os efeitos da crise.
Ele observou que a liderança de Dilma Rousseff é bastante pior que a de José Sarney no final dos anos 1980, o que eleva a gravidade dos riscos políticos. Mas o ex-ministro afirmou que não há razão para pedir o impeachment da presidente e que um processo de afastamento poderia agravar a situação como um todo.
“O impeachment da presidente Dilma não altera a crise econômica”, disse ele, ressaltando que o processo de afastamento de um presidente só deve ser usado em casos extremos.
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