África testa inovações contra riscos catastróficos
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- Rodrigo Amaral, em Lille
- 4 de fevereiro de 2016
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Continente sofre com vários tipos de desastres naturais, mas tem baixos níveis de cobertura; Marrocos discute criação de sistema de pool
A África é uma das regiões do planeta mais afetadas por catástrofes naturais, mas também um laboratório para soluções inovadoras para gerir estes riscos, de acordo com especialistas reunidos na França.
Durante um plenário no primeiro dia do Les Rencontres de l’Amrae, o encontro anual da associação francesa do setor, gestores de risco, seguradores e resseguradores apresentaram experiências internacionais na mitigação de enchentes, secas, terremotos e outros eventos catástróficos.
As experiências incluem discussões para a formação de pools de seguro e resseguro envolvendo o mercado e governos para garantir que os custos de reconstrução de áreas afetadas não caiam apenas sobre os contribuintes.
É o caso da iniciativa chamada African Risk Capacity, apoiada por países como os Estados Unidos, a Alemanha e a França, que estabeleceu um mecanismo de mutualização de riscos de seca por meio dos mercados de seguro e resseguros globais e também através da União Africana, um pacto regional.
O sistema beneficia atualmente nove países da África subsaariana e em breve o número deve chegar a 20, de acordo com Tanguy Touffout, o chefe do departamento de Risco Paramétrico da AXA Corporate Solutions, que participou do debate.
“A África é um laboratório para soluções inovadoras para os riscos catastróficos que podem ser levadas para outros países”, afirmou Touffout.
Gafanhotos
O continente certamente precisa de soluções inovadoras. De acordo com Hervé Allou, o diretor-geral da Globus Re, a África está particularmente exposta a catástrofes naturais, cuja frequência e severidade vêm aumentando com o passar dos anos.
Ao mesmo tempo, disse ele, as soluções que hoje são acionadas pelos governos locais para reconstruir as áreas atingidas e atender as populações afetadas são pouco efetivas, e a gestão de riscos naturais no continente é “marginal”.
“O mercado africano é especialmente vulnerável às mudanças climáticas”, disse ele. Ao mesmo tempo, o continente tem níveis de penetração de seguros muito baixos.
A lista de eventos catastróficos que costuma atingir os países africanos, causando destruição de rendas agrícolas, surtos de fome, epidemais e mortes inclui secas, terremotos, inundações, erupções vulcânicas e até mesmo pragas de gafanhotos.
Allou fez um apelo para que os governos da região procurem formas de colaborar com o mercado de seguros e resseguros para buscar maneiras viáveis de gerir tais riscos.
Marrocos
Um país em que o processo está em andamento é o Marrocos, afirmou Bachir Baddou, o diretor geral da FMSAR, a associação de seguros e resseguros do país norte-africano.
Segundo ele, um projeto de lei está sendo discutido com o governo para criar um sistema de seguros obrigatórios para cobrir eventos catastróficos.
O sistema se basearia na cobrança de tarifas suplementares em alguns tipos de apólices de seguro, como as coberturas de habitação, automóveis e responsabilidade civil por danos a terceiros.
O dinheiro arrecadado seria acumulado para criar um pool catastrófico que seria acionado em casos decretados como tal pelo governo marroquinho. As catástrofes cobertas seriam tanto naturais (enchentes, terremotos e tsunamis) quanto causadas pelo homem (terrorismo e desordem civil).
O problema é que o projeto de lei já está em discussão há dez anos, segundo Baddou. Ele estima que as exposições potenciais do Marrocos a catástrofes naturais chegam a mais de 1 trilhão de dirhams, o equivalente a mais de US$ 100 bilhões.
As apresentações foram feitas durante uma sessão da conferência dedicada ao Club Franco Risk, uma iniciativa voltada a difundir a gestão de riscos em países francófonos. O site do clube é www.clubfrancorisk.com.
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